sábado, 15 de abril de 2023

 





VALE A PENA COBRAR DE NOVO

 

Valério Mesquita*

mesquita.valerio@gmail.com

 

O rio Jundiaí, no trecho em que atravessa a cidade de Macaíba, perdeu o solo, o curso, o chão, o cheiro, a visão e é ameaça a segurança dos habitantes. Entre o parque governador José Varela e a praça Antônio de Melo Siqueira deixaram crescer no leito poluído imensos manguezais que enfeiam um dos mais bonitos logradouros urbanos. Essa selva esconde lixo doméstico, carcaças de animais, marginais do tráfico de drogas em todo o seu percurso e os galhos já ultrapassam a altura da ponte e das balaustradas. A imprensa já publicou, excelente matéria sobre tudo que ameaça e destrói os rios Potengi e Jundiaí. Mas, o foco da minha questão e, creio, dos cidadãos macaibenses, reside exatamente neste aluvião de perguntas: por que o Idema e o Ibama não evitam, aparando, podando, somente nesse trajeto o “matagal” entre o antigo cais histórico do porto até a outra lateral da ponte? Por que não permitem a prefeitura  o fazer?

A praça e o parque perderam o charme de antigamente. Ninguém enxerga ninguém, olhando de um lado para o outro. A conscientização ambiental deve ser obedecida até onde não prejudique a funcionalidade urbanística e o senso prático e plástico do mapa citadino. Desde quando, em 1950, se planejou e se construiu a estrutura de pedra e cal das duas margens, o choque do progresso jamais prejudicou a superfície do rio. Nem, tão pouco, o molestaram, a expansão e o desafio do crescimento habitacional. Pelo contrário, a construção ordenou a trajetória das águas e defendeu as ruas periféricas contendo os transbordamentos. Contemplo, hoje, que os problemas das inundações estão equacionadas com a construção da barragem de Tabatinga. Por que o Idema  e o Ibama, tão preocupados com o meio ambiente, não permitem, apenas, nesse, pequeníssimo trajeto fluvial o corte da poluição visual da paisagem urbana e memorial de Macaíba?

Ali, a vegetação gigantesca e desproporcional encobre um dos pontos históricos do município. Refiro-me ao cais das antigas lanchas que faziam o percurso fluvial entre Macaíba e Natal: a lancha do mestre Antonio, o barco de João Lau, além da lancha “Julita” que transportou tantas vezes Tavares de Lyra, Eloy, Auta e Henrique Castriciano de Souza, Augusto Severo, Alberto Maranhão, João Chaves, Octacílio Alecrim e tantas outras figuras notáveis da vida social, cultural, política e econômica. Todos se destacaram nos planos estadual, nacional e internacional. Ali, o centenário cais, jaz sob os escombros de verdes balizas envergadas e fantasmagóricas. A visão noturna é tétrica e arrepiante. Desfigura e mutila os padrões estéticos do planejamento da urbe que a faz parecer abandonada e suja. Até a lua cheia que nasce lá por trás do Ferreiro Torto foi encoberta.

Assim como se deve obedecer a educação ambiental, do mesmo modo, exige-se o tratamento e o corte do matagal por parte do Idema e do Ibama a fim de evitar o represamento do lixo no leito, exclusivamente urbano. Nas capitais e cidades importantes do Brasil banhadas por rios não se vê tratamento tão dispersivo e indiferente da parte dos órgãos responsáveis. Ao redimensioná-lo neste texto, cabe aos institutos prefalados uma reflexão, um reestudo sobre o cenário dantesco do rio Jundiaí na parte descrita. O povo macaibense tem o direito de ouvir e a coragem de duvidar que essa “selva amazônica” que devora e perturba a todos seja explicada e resolvida, sem slogans, clichês, palavras de ordem, lugares comuns, peças de marketing ou princípios dogmáticos. Que venha à lume as boas intenções e que não fique a história de Macaíba submersa na floresta de manguezais.

 Galo-das-Trevas 

Daladier Pessoa Cunha Lima Reitor do UNI-RN 

Em junho de 1983, deixei a direção do Centro de Ciências da Saúde da UFRN, após quatro anos na gestão dessa importante área. Ao me despedir, fui alvo de uma homenagem sincera e emocionante por parte de grande parcela de quantos fizeram parte daquela missão acadêmica, e, na ocasião, recebi um presente de um livro, no qual constavam cerca de 70 assinaturas. Tratava-se do livro Galo-das-Trevas, do médico e escritor Pedro Nava. Já conhecia a fama de Nava, mas ainda não tinha lido as suas obras memorialísticas. Esse presente que recebi dos diletos amigos do CCS teve o condão de me induzir à leitura do notável Pedro Nava, e conhecer um dos melhores autores em língua portuguesa. O livro Galo-das-Trevas (1981) abrange, na primeira parte, as reminiscências de Pedro Nava sobre o Rio de Janeiro, a cidade na qual por mais tempo viveu e a que mais amou. O autor também faz bela descrição do bairro da Glória, bem como do local onde residiu por dezenas de anos: Rua da Glória, 190, apartamento 702. Eis alguns trechos dessas páginas iniciais do livro: “Esse chafariz é como brasão da rua da Glória e mostra sua antiguidade colonial. Servia para aguada das embarcações quando a orla marítima era no nosso logradouro”. Mais adiante, fala da sua morada: “Aqui passei quase metade da minha vida. Aqui envelheci. Aqui caminho no escuro, como um cego sabendo onde estão as quinas hostis das paredes e os pontos contundentes dos móveis.” E continua a descrever cada rua, prédio antigo – os poucos que restaram –, inclusive os guardados na memória, cada mobília, retratos de ancestrais, lembranças do passado, o relógio “que bate as horas para minha gente há mais de cem anos”. Na segunda parte do livro, Pedro Nava deu ênfase ao seu alter ego, personagem que ele criou e chamou de José Egon Barros da Cunha, seu primo, amigo, suposto colega de turma no Colégio Pedro Segundo e na Faculdade de Medicina de Belo Horizonte. Na figura de Egon, Nava relata sua experiência médica no começo da carreira, em Juiz de Fora, nominada de Desterro, e, posteriormente, em Belo Horizonte. A figura do alter ego confere à narrativa o tom de ficção, o que só fez valorizar a memorialística do famoso escritor. Em outro livro, Nava relata um amor fortuito com uma bela mulher chamada Biluca, de um bordel de Belo Horizonte, rua Niquelina, no seu tempo de aluno do curso médico, 1921 a 1926. Biluca tinha “olhos muitos pretos, cabelos dum louro quente, admiravelmente torneada, verdadeiro milagre anatômico”. Voltemos ao livro Galo-das- Trevas, o autor, médico da Santa Casa de BH, em 1929, vai examinar uma paciente grave, fase final de tuberculose pulmonar e, surpreso, exclama: “Biluca ...” E a paciente: “Eu num queria que tu me visse assim”. “Agora eu já vi meu bem. Cê tá linda, como sempre”. Com grande emoção, seguiu o exame clínico, quando, então, a freira da sala falou: “Qué? isso gente! A doente e o médico chorando!”


quinta-feira, 13 de abril de 2023

 SERMÃO DO ETERNO



Nada temais

Nem o ilusório fim
nem o infinito que vos mostro
e não compreendeis

E muito menos o espanto
com seus instantâneos de sombra
que retira do olhar a transparência

Entretende-vos
com a vida santa e bela
que vos foi outorgada

Sempre estareis
na consciência Una
onde aliás
sempre estivestes

-  ou achais
que somente agora
viveis? 


-  Horácio Paiva

 

segunda-feira, 10 de abril de 2023

 

FOLHAS DE OUTONO

 

 

Valério Mesquita*

Mesquita.valerio@gmail.com

 

 

Os políticos favoráveis ao processo de reeleição jamais conseguirão manter o seu verdadeiro disfarce. Não sabem que o vício do poder esmaece com o tempo. Quem vai ganhar eleição futuramente é a nova postura. A coragem de quebrar os velhos tabus e a promiscuidade de relação antiga entre governo e deputados, prefeitos e vereadores. A palavra luta não pode mais continuar como sinônima de roubalheira. O povo exige mudanças de caras, de cartolas, de caretas e picaretas. Continuísmo no poder executivo é uma questão de caráter para o eleitor, o cidadão e o brasileiro.

 

O não à reeleição é uma questão de patriotismo, com o fim de preservar e defender o povo contra a ditadura do partidarismo, do personalismo. Alguns deles se comportam como bandos de interesses egoísticos guardados por leis casuísticas e milícias de cargos comissionados. Só em Brasília os partidos majoritários detêm nas mãos mais de vinte e cinco mil cargos comissionados há cerca de dez anos. A reeleição de gestores com a bunda na cadeira patrocina o desgaste do patrimônio público e a queda da economia por causa das obras eleitoreiras com o fito de reeleger o inquilino. Obras insensatas e sem o devido equilíbrio orçamentário e falso planejamento.

 

O regime democrático é caro e lento. O seu organismo é corroído de chagas protagonizadas por carnavalescos do “mamãe eu quero mamar”. Se não há no mundo nada inventado pelo homem que o tempo não destrua, o instituto da reeleição – que vem da época de Fernando Henrique Cardoso – já cumpriu a sua validade e exauriu os absurdos e abusos cometidos, à nível nacional, estadual e municipal. Provou que tudo foi comércio e fantasias saciadas. O político brasileiro, não absorveu ao longo do tempo status cultural e não se capacitou para o exercício do mandato único. Faltou maturidade dos seus atores e atrizes. É preciso deflagrar um renascer criterioso na forma e no conteúdo da gestão pública. Gustave Flaubert, ante a estupefação da sociedade francesa de sua época, com as aventuras e desventuras da sua personagem Madame Bovary, desvendou o mistério – que é o mesmo do privilégio da reeleição – “Madame Bovary sou eu!!”, disse de si próprio o célebre escritor romancista.

 

É preciso pôr um basta ao processo da reeleição pela busca do reavivamento dos métodos e costumes que venham moralizar o político e o país. A reeleição de candidatos a postos executivos induz ao nepotismo, ao favorecimento ilícito, à competitividade desigual e a imoralidades dos usos e desusos sociais e oficiais. Os candidatos às eleições, devem incluir em suas agendas e discussões na rede de comunicação eleitoral, o seu comprometimento com o fim da reeleição para o executivo sob pena de ser identificado facilmente no bloco das facções criminosas. É tempo de desmame! Não devemos desistir de acabar com essa corrução. Reeleições para a presidência, governos estaduais e prefeituras são folhas de outono que trazem desencanto e desilusão para o povo brasileiro. 

 

Por outro lado, existem prefeituras que se fortaleceram tanto, política e economicamente, alimentadas fortemente pela facilidade da moeda político-eleitoral denominada “emenda parlamentar”, que hoje se constituem em verdadeiras cidadelas, feudos, bastilhas, símbolos do absolutismo familiar. Aí o nepotismo campeia. E, no entanto, foram poupados pela legislação como se já não bastasse a permissividade da reeleição. De que adianta a propaganda oficial veiculada constantemente na televisão que pede ao eleitor a renovação na escolha do candidato, a insubmissão ao voto comprado e que recuse a chantagem eleitoral de qualquer natureza? 

 

 

(*) Escritor.

 

domingo, 9 de abril de 2023

 



É o momento mais ansiado 

pelos Cristãos 

Jesus ressuscitou

Considera-se o instante maior do Evangelho - a

ressurreição de Jesus. 

Só por meio da morte e ressurreição de Cristo

temos acesso ao Pai, temos salvação, vida eterna,

se crermos (João 3:16).

Esta é a essência da fé, que sustenta a nossa

esperança de vida eterna, 

como diz o apóstolo Paulo em 1 Coríntios 15:14-17.

A ressurreição de Jesus e o símbolo da Vitória sobre

tudo que existe debaixo do céu e o caminho para

o transcendental (Efésios 2:6), 

fomos justificados (Romanos 4:25) e a morte

não tem vitória sobre o crente (João 11:25).

Resta-nos comemorar com amor e fé na vida eterna por 

meio Dele (Romanos 4:25João 3:16).

F E L I Z     P Á S C O A