sábado, 2 de junho de 2012

JOSÉ LINS DO REGO E FOGO MORTO
postado por O Santo Ofício

junho 2, 2012
Por Antenor Laurentino Ramos

Nenhuma obra mais importante do escritor paraibano do que Fogo Morto. É, sem dúvida, seu melhor livro, a ponto de arrancar de Mário de Andrade o comentário seguinte: “Puxa, que obra prima é este fogo Morto!” Razão tinha o grande escritor paulista ao dizer isso. Quando muitos de seus críticos diziam que José Lins tornara-se repetitivo, esgotara sua veia criativa, eis que ele brinda-nos com esta obra maravilhosa. Pode ser considerada mesmo, como a síntese de seus livros anteriores, mormente aqueles que lhe estão ligados por um universo comum, o apogeu e a decadência dos engenhos de açúcar.
É o trovador trágico da província, dele disse Otto Maria Carpeaux, em toda trama romanesca linsdoreguiana, um sentimento de tristeza e de desmoronar. É o que faz do autor de Menino de Engenho, universal e regional, ao mesmo tempo, e não poderia deixar de ser, já que as duas condições nele coexistem.
Em Fogo Morto, nas três partes em que se divide o livro, os personagens padecem dos mesmos dramas. Na primeira, temos o capitão Tomas Cabral de Melo no seu apogeu açucareiro e adiante, o coronel Lula de Holanda Chacon, o seu genro, rumo à decadência e ao trágico na vida do engenho Santa Fé. Com eles, na segunda e na terceira parte, seguidamente, o seleiro Zé Amaro e o capitão Vitorino Carneiro da Cunha, senhor de engenho falido e amalucado, o Papa Rabo, a maior criação literária, talvez, do renomado escritor.
No decorrer e toda a história os três personagens vivem do mesmo drama: os sonhos de um mundo impossível que os redimissem de suas tragédias, para, no fim, só se haverem com a realidade sofrida e incerta de um futuro cruel e sem solução. Se em Jorge Amado, os personagens, mesmo a sofrer, morrem com a certeza de um mundo feliz, só assim tragicamente alcançado, com José Lins do Rego, no há final feliz; tudo os Eva a um epílogo infeliz e desde o inicio da trama, os sinais de derrota fazem-se sentir, Omo se fossem, para eles, uma espécie de premonição.
Lula de Holanda, dona Amélia e duas filhas, Neném, a dileta e Olívia, a louca, vivem da miséria de um tempo que se acabou, o da sociedade açucareira; Zé Amaro, morador do Santa Fé, espoliado pelo senhor de engenho, a viver da profissão de seleiro, sem horizonte algum de melhora na vida, a não ser que, Antonio Silvino, o cangaceiro, e Robin Hood do sertão nordestino, venha redimi-lo e salvá-lo pelo resto da vida e o capitão Vitorino, o Papa Rabo, que se pretende um herói sem alma e que, quixotescamente, enfrenta, em nome da justiça, os poderosos do Pilar e os desmandos do tenente Maurício, em defesa de um povo pobre que nele imagina seu herói. Mas terminam todos tragicamente no mesmo fim.
É com Fogo Morto que José Lins alcança o seu apogeu na arte de escrever. Sua prosa, lírica espontânea, seu universo telúrico nos envolve e nos emociona até. Somos também participantes de sua narrativa. A oralidade, dos seus escritos, o cheiro da terra, a crise existencial por que passam seus personagens, transmitem-nos, para nós, um certo ar de familiaridade. Amor não realizado, futuro incerto, uma sensação de algo de ruim vai acontecer, um sentimento de fragilidade e impotência permanentes e a ausência de remédio definitivo para os personagens, é que fazem deles, seres dicotômicos, hamletianos. Ser ou não ser, eis a questão! É o que se sente na obra de José Lins e no que toca a Fogo Morto, mais dolorosamente. Ler, portanto, este grande romance, é gozar das delícias de uma das mais belas páginas que a nossa literatura já produziu. Que pena que os nossos canais de veículos de comunicação não divulguem, amiúde, para o público, as obras de José Lins do Rego. Que belíssimas novelas ou peças de teatro não dariam Pureza, Água mãe ou Fogo Morto? Provas disso, já tivemos com Riacho Doce e Menino de Engenho que a /TV globo, há tempos, levou ao ar.
Se outro mérito não tivessem, faria mais conhecida do povo, a obra dos nossos grandes autores. Não é só Jorge Amado, Rachel de Queiroz ou Ariano Suassuna que merecem a nossa atenção na mídia. José Lins tem de sobra e da melhor qualidade, literatura para ser por nós apreciada. É pouco ainda o que se fala sobre esse admirável prosador, e ninguém melhor do que Mario de Andrade em seu livro O Empalhador de Passarinhos, dele disse: “Foi o escritor de linguagem mais saborosa e colorida que, jamais, entre nós existiu.



sexta-feira, 1 de junho de 2012

A HORA DO ESPANTO

Carlos Roberto de Miranda Gomes, advogado e escritor

Assunto extremamente incômodo, mas iniludivelmente presente à mesa do cidadão potiguar – o descaso governamental para com a saúde pública.

Em que pese o preceito constitucional contido na Carta Federal: “Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”, temos, em verdade, um verdadeiro caos no sistema de saúde pública no Estado do Rio Grande do Norte.

As manchetes se repetem na imprensa local e, além fronteiras, como hoje repetidas: “Gizelda Trigueiro pede socorro”, onde os profissionais da saúde denunciam com a forte expressão: “genocídio assistido”.

Em outro momento, os Sindicalistas pedem a interdição completa do Hospital Walfredo Gurgel, haja vista já ter ocorrido anteriormente o registro de um boletim de ocorrência, contrastando com a evidência de que o nosso Estado já vive uma epidemia de dengue, superlotação do Hospital Gizelda Trigueiro; 13.724 notificações e 31 óbitos (DN, 01/6), caderno cidades.

O médico Geraldo Ferreira diz que seus colegas de profissão ficaram escandalizados com a situação encontrada e constataram ser o Hospital Walfredo Gurgel “o pior hospital do país de urgência e emergência”.

Será que o nosso Rio Grande do Norte está fadado a alimentar as manchetes nacionais com o temário negativo de corrupção, desvio de precatórios, aumento dos casos de aides, epidemia de dengue, falta de coleta de lixo e por aí em diante?

Mais uma vez convoco a todos para uma campanha de exigir respeito à dignidade à pessoa humana e ao cumprimento dos preceitos da Lei Maior, postulando junto ao Tribunal de Contas do Estado e Ministério Público ações enérgicas para o socorro imediato da população.

Estamos num ano eleitoral diferente de todos os outros, onde o cidadão, muito mais consciente do que nas eleições anteriores, certamente não vai admitir a demagogia dos que pretendem conseguir um mandato eletivo, seja para o Executivo ou o Legislativo, exigindo transparência em suas plataformas e avaliando aquelas que sejam sustentáveis para alentar, no futuro próximo, uma melhoria da qualidade de vida do cidadão.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Vernissage da exposição fotográfica "África Selvagem" acontece amanhã na Pinacoteca


A tradução da beleza da natureza selvagem das savanas africanas, em reservas de conservação da fauna e flora nativas, localizadas nos países das regiões sul do continente africano através de fotografias produzidas pelo fotógrafo e engenheiro Ricardo Chrisóstomo, durante a primavera de 2011, será enfatizada com a exposição “África Selvagem”. A vernissage será nesta sexta-feira, 01 de junho, no Palácio Potengi – Pinacoteca do Estado, a partir de 19h30 e visitação até o dia 30 de junho.

Durante a visitação à Exposição África Selvagem os convidados irão explorar os caminhos trilhados por Ricardo Chrisóstomo durante a estadia no continente africano em 2011. O safári fotográfico iniciou no extremo sul do continente, no Cabo da Boa Esperança, seguindo para o norte, cruzando os parques nacionais sul africanos, Kruger e Pilanesberg, chegando nas regiões mais remotas de influência das tribos zulus, entre as fronteiras da Zâmbia, Zimbábue, Botsuana e Namíbia.

Além de ser uma manifestação artística, que estimula a difusão das artes visuais com aspectos culturais, a exposição também procura “sensibilizar as pessoas sobre a importância da vida animal selvagem em seu habitat natural. Portanto, tem a proposta de incentivar e atrair a visitação, principalmente, da classe estudantil da rede de ensino pública e privada, e oferecer a oportunidade de uma nova perspectiva de aprendizagem, a arte da fotografia”, enfatizou Ricardo.

O engenheiro e pós-graduado, Ricardo Chrisóstomo encontrou na fotografia uma forma de expressar, além do aspecto artístico, o lado reflexivo de temas atuais e relevantes, de caracteres sociais e ambientais, como a preservação da cultura étnica. Exemplificam a busca peculiar do fotógrafo a exposição Cores do Mundo (2009) – composta por fotos de viagens pelo mundo inteiro, e a publicação do livro Olhares do Mundo, que atraem o olhar do público por seu caráter expressivo e reflexivo.

As fotografias expostas podem ser adquiridas pelo preço unitário de R$ 75,00, que acompanham um exemplar do livro Olhares do Mundo.
Informações: Pinacoteca do Estado - Vandeci Holanda (84) 9969-6483.
Ricardo Chrisóstomo: ricardochrisos@uol.com.br

Denise Barcelos

Assessoria de Imprensa: 84 3232 5321 / 8137 2047
www.cultura.rn.gov.br
Siga-nos no twitter: @secultrn



EDUARDO GOSSON CONVIDA PARA A MISSA DE SÉTIMO DIA DO SEU FILHO FAUSTO.


CONVITE ESPECIAL

“Por onde passares fale/a palavra apascenta”

EDUARDO GOSSON convida Vossa Senhoria e família para a Missa de Sétimo Dia do seu filho FAUSTO GOSSON que, agora, habita entre o azul e o infinito.

Espera contar com a presença de todos porque, no atual momento, é a única forma de aliviar a sua DOR.

Data: 01.06.2012 (sexta-feira)
Hora: 18h30
Local: Convento Santo Antônio, no centro da cidade

quarta-feira, 30 de maio de 2012

AGENDE-SE PARA AMANHÃ, DIA 31 DE MAIO:

"ALGUMA PRATA DA CASA"




 MANOEL ONOFRE JUNIOR


C O N V I T E

Eduardo Gosson, presidente da União Brasileira de Escritores - UBE/RN -, convida Vossa Senhoria e família para o lançamento do livro: "ALGUMA PRATA DA CASA", do confrade Manoel Onofre Júnior, Vol.I, da Coleção Bartolomeu Correia de Melo, selo editorial Nave da Palavra.

Local: Academia Norte-Rio-Grandense de Letras - ANL
Rua Mipibu, 443 - Petrópolis
Data: 31 de maio de 2012 (quinta-feira)
Hora: 18h

terça-feira, 29 de maio de 2012

 NA PRÓXIMA SEXTA, 01-06-2012, EDUARDO ANTONIO GOSSON COMPLETA 53 ANOS EM PLENO DIA DA MISSA DE 7° DIA POR SEU FILHO FAUSTO.




DR. EDUARDO ANTONIO GOSSON

Desde que fui admitida na UBE/RN (União Brasileira de Escritores do Rio Grande do Norte), logo nutri grande admiração pelo seu Presidente - Dr. Eduardo Antonio Gosson.

Homem pacato, de atitudes muito honestas, bom esposo, excelente pai e avô dedicado.

Acompanhei sua ética em relação aos seus filhos gêmeos: Thiago e Fausto (in memória), no dia-a-dia e nos momentos de apreensão onde não faltava o bom diálogo, naquelas circunstâncias preocupantes diante do maldito vicio a que se entregaram, desde o começo de suas juventudes.

E Eduardo jamais transferia os seus múltiplos problemas para ninguém, agia normalmente, com muita calma, sublimando as agruras da vida.

Jamais se queixava dessa dor que tanto mutilava sua alma. Recebia as "pancadas" da vida com uma paz infinita, como se a mão de Deus regesse seus atos e uma água pura curasse suas feridas.

No domingo, 2O de maio, a 1:45 da madrugada, Eduardo Gosson telefonou-me do Hospital Walfredo Gurgel. Estava angustiadíssimo, mas, de voz baixa e palavras amenas. Para lá seus filhos gêmeos foram levados muito doentes, após uma overdose. Ele só queria falar com alguém de sua mais ilibada confiança, e falava calmamente.

No dia seguinte, o filho Fausto, acometido de uma parada cardíaca, foi transferido para a UTI do PAPI. Ali começou o calvário do pai e do filho, este, que chegou a dizer: "papai, eu queria dormir para sempre". E esse pai sentiu a dor do filho nessas palavras e ali permaneceu como podia, pelos corredores, sentado em cadeiras, olhando o filho nas horas de visitas.

Finalmente, no sábado passado, 26 de maio, às nove horas da manhã, seu filho morreu, como havia desejado, após longos anos de sofrimento pelo cruel vício.

Só pudemos velar o seu corpo após às 20 horas, no centro de velório da Rua São José, onde familiares, amigos, escritores da UBE e de outras entidades lá estiveram.

Mas, para mim, pessoalmente, não conseguirei esquecer o olhar daquele pai diante do filho morto. Não poderei esquecer o quanto Eduardo Gosson queria cantar a oração de São Francisco de Assis, mal conseguindo forças para ficar de pé. Foi ali que eu escrevi em minha mente e no meu coração, a canção de ninar Fausto Gosson, publicada neste blog.

Deus lhe recompense homem bom, decente, fiel aos seus princípios morais, religiosos, éticos e sociais.
Deus lhe dê muitos anos de vida! Você é uma lição!

NOTA: LOCAL, HORA E DATA DA MISSA SERÃO DIVULGADOS BREVE.
___________________
Fonte: Blog de Lúcia Helena - terça-feira, 29 de maio de 2012


EDITAL APOIO AOS NOVOS DA ARTE 2012/2013 se encerram dia 01 de junho

O Edital Apoio aos Novos da Arte, aberto pela Secultrn/FJA, selecionará 24 propostas de espetáculos nas áreas de teatro, poesia, dança e humor, incluindo-se também projetos correlatos oriundos de escolas da rede pública e privada do Rio Grande do Norte. Os Novos da Arte deverão se apresentar sempre nas primeiras terças-feiras de cada mês, no Teatro Alberto Maranhão,a partir de julho deste ano até julho de 2013. As inscrições podem ser feitas até dia 1º de junho de 2012. O resultado está previsto para o dia 8 de junho. Os grupos serão isentos da pauta e terão à disposição som e luz.

Informações no site da Secultrn/FJA (www.cultura.rn.gov.br, no link Editais Abertos).

Att,
Denise Barcelos
Assessoria de Imprensa: 84 3232 5321 / 8137 2047
http://www.cultura.rn.gov.br/
Siga-nos no twitter: @secultrn

__________________

Secultrn/FJA divulga: Agentes de Leitura - processo seletivo em curso

O processo de seleção dos 550 bolsistas para o programa “Agentes de Leitura”, do Governo do RN/MINC, Secretaria Extraordinária de Cultura/FJA, cumpriu com êxito, no domingo, 20 de maio, a primeira etapa: prova escrita nos 41 municípios pertencentes à área de cobertura do projeto.

Nessa primeira etapa, dos 1.928 candidatos que estavam aptos (2.179 pleitearam inscrições), apenas compareceram para realizarem provas escrita 1.345 candidatos. Foi registrado um índice de evasão de 30,03%. Nos municípios de Mossoró, São Gonçalo do Amarante e Natal o comparecimento foi inferior ao número de vagas disponíveis.

Estimular a leitura junto às famílias de baixa renda e nos aglomerados de maior vunerabilidade social, é o objetivo dos Agentes de Leitura, programa a ser implantado em 41 municípios potiguares. 550 agentes receberão bolsas para a realização desta tarefa.

As provas elaboradas pela Cátedra UNESCO de Leitura (PUC/RJ), será corrigida pela empresa CKM Serviços Ltda, de São Paulo, ganhadora da Licitação realizada pela Secretaria Extraordinária de Cultura/FJA.

A próxima etapa do processo seletivo consta de uma prova oral a ser realizada entre os aprovados na etapa escrita. A Secretaria de Cultura/FJA esta adquirindo 50 mil títulos já selecionados, dentre a literatura universal, nacional, regional e potiguar, para a implementação do programa que vai levar livro e leitura para mais de 15 mil famílias em 41 municípios do Rio Grande do Norte, com o objetivo de melhorar os índices de leitura no estado e no país.

Denise Barcelos
Assessoria de Imprensa: 84 3232 5321 / 8137 2047
http://www.cultura.rn.gov.br/
Siga-nos no twitter: @secultrn


Deu no Blog Diário do Tempo


Livro em homenagem a Nei Leandro de Castro [LANÇAMENTO HOJE]

O auxiliar de serviços correlatos da Urbana e graduado em Letras, Thiago Gonzaga, lançará na próxima terça-feira o livro Nei Leandro de Castro – 50 Anos de Atividades Literárias, em homenagem ao autor de As Pelejas de Ojuara.

O lançamento será realizado no Solar Bela Vista, às 18h. Na ocasião do lançamento do livro, o próprio Nei Leandro estará presente e, junto aos autores, autografará a obra em sua homenagem.

Thiago contou com a parceria de outro funcionário da Urbana, Luis Pereira da Silva, que trabalha nas máquinas roçadeiras e é formado em História. Após esforço, leitura e pesquisa, a dupla reuniu informações, depoimentos e imagens sobre Nei Leandro.

Além das pesquisas acadêmicas e do livro que será lançando com o colega Luis, Thiago também atualiza o blog 101 livros do RN que você precisa ler (http://101livrosdorn.blogspot.com.br).



O novo sorriso de Chico

29 de maio de 2012
Por Lívio Oliveira

(foto: divulgação)

É uma injustiça tremenda buscar transformar Chico Buarque de Hollanda, a cada novo lançamento de um CD (e show correspondente) ou livro de sua autoria, em novo representante maior da mediocridade artística brasileira. Injustiça e crueldade desmedidas é o que se faz nessas situações. Talvez se explique por exacerbada inveja ou por outros motivos de natureza obscura.
Os críticos que agem assim, invariavelmente o fazem movidos por uma análise menor, sem generosidade e sem verificar as nuances específicas da obra nascida, considerada – e deveria sempre ser vista por este ângulo – em si mesma. Fazem, talvez, na pressa inútil de destronar o célebre artista brasileiro. Ademais, estabelecem quase sempre uma comparação pra lá de óbvia e nem sempre adequada com a obra anterior de Chico (ou até mesmo, como preferem alguns, com a obra de Caetano Veloso. E não me perguntem o porquê). E ainda investem na “má voz” de Chico e outras besteiritas argumentativas mais, querendo desconhecer que um artista popular e criativo como Chico não se constrói somente com cordas vocais (o próprio Chico tem consciência disso e nunca se pretendeu um Caruso da vida).
A obra é a que o produtivo compositor conseguiu imortalizar. Ora, Chico Buarque é múltiplo e, sendo um artista que possui uma obra imensa, gigantesca mesmo – com pelo menos 44 discos trazidos à apreciação do público, além de mais tantos outros livros – não pode ficar por aí se repetindo, exibindo sempre a mesma fórmula.
Eu penso que Chico se renovou, sim. E penso assim, diferentemente dos que afirmam o contrário (os seus detratores quase que gratuitos, quase sempre montados no ombro do gênio). E digo mais: Chico não tem obrigação nenhuma (nem ninguém tem) de se manter nessa condição estereotipada de “gênio da raça”, que certamente nunca desejou.
Ora bolas, será que um artista não pode simplesmente ser competente, sofisticado, criativo e agradar? Tem que exibir sempre o lampejo da genialidade que assombra o mundo? Logo esse mundo que nem sempre é tão genial assim?!
Digo que gostei, sim, do novo CD de Chico, gostei do show (ultra-sofisticado) como gostei de seu último livro. Gosto especialmente do novo sorriso do cantor e compositor. Falo de um sorriso que transparece e que percebo num Chico leve, solto, feliz com um novo amor que encontrou nessa etapa de maturidade pessoal (“Hoje afinal conheci o amor/E era o amor uma obscura trama”). A jovem cantora que tem cativado nitidamente o coração do músico que se aproxima dos 70 anos talvez tenha uma responsabilidade peculiar nessa nova história. E o nosso Chico tem direito de ser feliz e continuar fazendo os seus admiradores felizes. Fiquemos, também, felizes por Chico e sua música!
Por sinal, para os seus críticos crudelíssimos, valem mais esses seguintes versos da canção “Querido Diário”, que abre o seu úlitmo CD “Chico” (que deu nome ao show visto em Natal), lançado pela gravadora Biscoito Fino: “Hoje o inimigo veio me espreitar/Armou tocaia lá na curva do rio/Trouxe um porrete a mó de me quebrar/Mas eu não quebro porque sou macio”.
Deixemos, então, que Chico sorria o seu mais novo sorriso.



segunda-feira, 28 de maio de 2012

Macbeth: um retrato em sombra e sangue

27 de maio de 2012 
Por Lívio Oliveira

Simon Keenlyside (Macbeth) e Liudmyla Monastyrska (Lady Macbeth) na produção, pela Royal Opera House, de ‘Macbeth’ de Verdi – foto por: Clive Barda

◊◊◊◊◊

“Salve Macbeth, que um dia há de ser rei!” (fala da 3ª bruxa, em Macbeth, obra escrita por William Shakespeare em1606 – trad. Barbara Heliodora, Clássicos Abril Coleções, vol. 10, 2010).

“Vinde, espíritos/Das idéias mortais; tirai-me o sexo:/Inundai-me, dos pés até a coroa,/De vil crueldade. Dai-me o sangue grosso/Que impede e corta o acesso do remorso;/Não me visitem culpas naturais/Para abalar meu sórdido propósito,(…).” (fala de Lady Macbeth – idem)

“O meu nome é Macbeth.”

“Fiz o feito. Não ouviste barulhos?”

(falas de Macbeth – idem, ibidem)
_____________

Sobre a ópera Macbeth

O que se viu nessa apresentação da ROH (reproduzida e difundida, felizmente, pelo Cinemark em salas de todo o país) foi uma montagem que fez jus à obra literária de Shakespeare, trazendo todo o lado sombrio e sangrento da tragédia escrita pelo célebre bardo, a começar de uma curiosa montagem do palco e cenário (quase sempre escuro, como em algumas obras de Goya) em que o trono era representado por uma espécie de gaiola ou cadeia dourada, a receber o novo rei, assassino covarde e usurpador.

Também colocou num patamar elevado e digno a transcriação operística (1847) de Giuseppe Verdi e de seu libretista Piave, com um regente vibrante à frente da Orquestra da ROH (Antonio Pappano é considerado por muitos o maior regente de ópera destes tempos atuais), além de um coro afinadíssimo, com destaque para as muito expressivas bruxas multiplicadas no palco (no livro são apenas três – recomendo a tradução de Barbara Heliodora, tida como a maior especialista em Shakespeare no Brasil).

Os figurinos sóbrios trouxeram um misto entre uma época imemorial dos pretensos acontecimentos do reino da Escócia e a modernidade, com exibição de algumas partes/peças de vestuário em plástico. Tudo com equilíbrio entre o preto sombrio, o vermelho sangrento e o dourado da pompa e corte.

Destaque mais que merecido para a dupla Simon Keenlyside (barítono que encarna Macbeth) e a soprano Liudmyla Monastyrska (a perversa Lady Macbeth), exibindo vozes vibrantes, perfeitas, redondas e desempenhando com maestria os principais papéis dramáticos da tragédia (os olhares maléficos de Ludmyla eram realmente assustadores). Também chamo atenção para o baixo-barítono Raymond Aceto (no papel de Banquo, uma das vítimas do casal ambicioso e cruel).

Aliás, nesses quatro atos, deu-se um casamento ideal entre a Literatura shakespereana e a música dos sonhos (ou dos pesadelos mais perturbadores e enlouquecedores dos assassinos Macbeth, afogados e destruídos pela culpa e pelo remorso e com os crimes sendo vingados pelos legítimos herdeiros do trono ensanguentado).

Sobre a temporada do ROH no Cinemark

A temporada 2012 de óperas e balés produzidos na Royal Opera House de Londres e exibidos em High Definition (HD) na rede de cinemas Cinemark fecha com chave de ouro neste fim de semana. Macbeth é a ópera que põe fim à temporada deste ano e faz constatar o sucesso (não necessariamente de público), mas da qualidade de um projeto já reconhecido pelos críticos em face do seu alto teor didático e de divulgação dessa forma de arte tão rara, principalmente nesse lado de cá entre os trópicos.

De logo, vale ressaltar a altíssima qualidade técnica das apresentações/reproduções. Nessa temporada em que o Cinemark exibiu pérolas como “Tosca”, “Giselle”, “Romeu e Julieta”, “Cendrillon (Cinderella), “Rigoletto”, “Così Fan Tutte”, “Il Trittico” e “Macbeth”, o meticuloso cuidado com as imagens e o primor dos sons foi algo que ficou evidenciado. E a tentativa de popularizar, minimamente que seja, tais gêneros artístico-musicais já valeu por si mesma, apesar do eventual barulho do mastigar de pipocas e do balançar do saquinho para misturar com o sal.

Puccini, Jules Massenet, Verdi, Mozart, Kenneth MacMillan, Marius Petipa, Angela Gheorghiu, Jonas Kaufmann, Antonio Pappano, Marianela Nuñez, Joyce DiDonato, Eglise Guttiérez, dentre muitos outros, foram nomes que fizeram a mistura principal e brilharam na telona como se todos pertencessem a uma só geração, uma só época: a era da boa música erudita (e da dança, também).

Lamentei, especificamente, pela não apresentação em Natal das peças exibidas “ao vivo” e diretamente de Londres: “Romeu e Julieta” e “Rigoletto”. Na bilheteria do Cinemark alguém me havia informado que o Midway Mall não havia autorizado a instalação dos equipamentos (antenas e outros trambolhos) para a transmissão direta. Triste, mas não apagou as emoções que vivi ao assistir às outras obras imortais.

Outro ponto que não consegui compreender: o longo intervalo de 15 minutos – após os bons comentários feitos sempre pelo expert Marcel Gottlieb – como se estivéssemos em Londres. Desnecessário. Pode ser reduzido, sim, para uns 5 minutos.

Um último ponto negativo: em alguns poucos momentos, a legenda em português não aparecia, dificultando a compreensão das falas/cantos (em italiano ou francês) presentes nos libretos, que não foram distribuídos (poderia ser um brinde razoável, frente ao preço dos ingressos). Nada que não possa ser corrigido.

Enfim, valeu a pena a iniciativa. Inoculou o bom vírus e a vontade de ver os artistas em “carne e osso” e ouvi-los em Londres ou em outros lugares onde a ópera exista de fato. Bom que o projeto prossiga e cresça em 2013.
♦♦♦♦♦









UMA SEXTA-FEIRA DE GRANDEZA

Nesta última sexta-feira tive a oportunidade de participar de mais uma sessão da ACADEMIA DE LETRAS JURÍDICAS DO RIO GRANDE DO NORTE – ALEJURN, presidida competentemente pelo Acadêmico ODÚLIO BOTELHO DE MEDEIROS e auxiliado pelo fiel escudeiro Anthúnio Maux.

A solenidade contou com três momentos:


 

Primeiramente tivemos uma palestra magistral do jornalista MARCOS AURÉLIO DE SÁ, que descreveu o caminho da imprensa no tempo e no espaço, destacando a necessidade de sua integral independência, peça que merece urgente publicação. Foi apresentado pelo Acadêmico ADALBERTO TARGINO.
No segundo momento tivemos o elogio do Patrono da cadeira nº 9, MAGISTRADO FRANCISCO DAS CHAGAS PEREIRA, feito pelo acadêmico FRANCISCO DE ASSIS CÂMARA, num trabalho magistral e que trouxe aos presentes grande emoção, em especial, da querida amiga SELMA PEREIRA e seus familiares.
Por derradeiro, encerramento a festa, uma apresentação de canto lírico pelo artista “GRILO”, figura conhecida na terra potiguar.

Na ocasião o Presidente distribuiu com os presentes uma plaquete sobre o Projeto “Resgate da Memória Jurídica Potiguar”, edição em homenagem ao Patrono FERNANDO DE MIRANDA GOMES, contando com sua viúva IÊDA FERNANDES DE MIRANDA GOMES.
Foi um dia de festa e de resgate da dignidade das pessoas que contribuíram para a grandeza das letras jurídicas do nosso Estado, com grande afluência de público, numa confraternização de carinho e amizade.











domingo, 27 de maio de 2012


Fausto Gosson, entre Eduardo e Carlos

HOJE É DOMINGO, DIA EM QUE ESCOLHO PARA CUIDAR DE AMENIDADES E DO BEM QUERER.


            Fatos inesperados, todavia, não permitiram que assim cuidasse hoje no meu Blog. É um fato triste num dia frio de inverno,melancólico. Devolvemos à terra o corpo de FAUSTO GOSSON, um jovem destruído pelas drogas.


            Foi curta a minha convivência com ele, como muito curta foi a sua existência na terra, mas o bastante para avaliar que era um jovem perfeitamente corrigível, pois era bom, prestativo e, paradoxalmente uma pessoa alegre.


            Não sei a razão, mas entre nós aconteceu uma amizade fraternal. Tratava-me com muito carinho e atenção.


             O nosso último encontro foi no lançamento recente do livro de Eider Furtado. Ele trazia para mim salgadinhos e refrigerante, enquanto papeava com Eduardo.


             No lançamento do livro do seu pai, dias atrás, pediu para tirar uma foto comigo e Eduardo e que agora reproduzo para registro perene de uma breve amizade.


DEUS NOS PÕE NO MUNDO E TAMBÉM NOS CHAMA DE VOLTA. SÃO OS MISTÉRIOS DA VIDA.


DESCANSE EM PAZ MEU QUERIDO AMIGO E QUE A SUA MORTE, NAS CIRCUNSTÂNCIAS COMO OCORREU, SEJA UMA ADVERTÊNCIA PARA OUTROS TANTOS JOVENS QUE SE FRAGILIZAM DIANTE DAS DROGAS E UMA REFLEXÃO PARA QUE A SOCIEDADE SEJA MAIS SEVERA COM OS BANDIDOS TRAFICANTES, QUE CONTINUAM DESTRUINDO A JUVENTUDE.


AOS SEUS PAIS E FILHAS, EM ESPECIAL AO SEU IRMÃO TIAGO,QUE RECEBAM A FORÇA DIVINA DA CONFORMAÇÃO.

***************PALAVRAS DO MEU FILHO FAUSTO:

HOMENAGENS

DE EDUARDO GOSSON AO SEU FILHO FAUSTO NAPOLEÃO DE MELO GOSSON




“QUERO DORMIR ETERNAMENTE” (*)
(*) Estas foram as últimas palavras pronunciadas por meu filho Fausto, antes de ir para a UTI, segunda-feira, 21.05.2012.



Para meu filho Fausto, morto pelas drogas


“Aquele que é limpo de mãos e puro de coração,
Que não entrega a sua alma à vaidade, nem
Jura enganosamente”
Este receberá a benção do Senhor e a justiça
Do Deus da sua salvação” (Sl 24: 4-5)
Meu filho Fausto
Porque em vida
Foste puro, justo e bom
Deus, na hora extrema,
Resgatou-te das trevas
Sim, meu filho
Quero dormir eternamente
Junto de ti
Porque agora dormes
com Deus.


Eduardo Gosson


******************

CANÇÃO DE NINAR FAUSTO GOSSON

Lúcia Helena Pereira


No salão as pessoas se amontoam
Um pai canta estribilhos da canção de Assis
E o seu olhar firma-se no derradeiro momento
Antes de ver seu filho dormir para sempre.


Vai, vai filho meu,
Tua pátria é mais além,
Naquele céu de algodão doce,
Onde anjos te esperam e cantam.


Mas o olhar do pai percorre ávido e triste,
O rosto do seu filho através do pequeno vidro
Que o separa de todos e de tudo
Dormindo para acordar no céu!


Vai, vai filho meu,
Tua pátria é em Deus,
Teus lírios florescerão num céu de luz
Entre anjos docemente entoando hinos!


O olhar do pai já não arde
Mas dói nas dores do seu filho morto
Por um vício sem remédio,
Por uma dor que ele não conseguiu poupar.


Vai, vai meu filho querido
Segue a tua estrela riscada de ouro
E dorme, enfim, o teu sono infinito
Enquanto o meu olhar te guiará.


Um olhar que fez-se angústia em sete dias,
Rodopiando pelo hospital enquanto as horas iam
Para ver o filho, numa UTI, sem sussurros, sem quase vida,
Enquanto um pai amoroso pedia um milagre que não se fez!


Vai, vai filho do céu,
Teu Pai eterno o receberá
Num afã de amor e ansiedade,
Para, enfim, dar- te o beijo paternal.
Um olhar de pai fica na terra
A recordar os passos do menino, do adolescente e do homem
Tragado pela desgraça de um vício
Que não entendemos e deixa sobrar perguntas!


Vai, vai meu filhinho querido
Há um cantinho bom só para ti.
Junto de Nossa Senhora que te abençoará,
E Jesus que te alumiará os passos.


E fica em mim um olhar de esperança
Para ver um mundo novo, sem drogas, dores,
Sem tantas desgraças e padecimento...
Oh! Filho meu...foste embora, dormiste, enfim!


POEMA DE LÚCIA HELENA PEREIRA


Secultrn/FJA divulga lista dos primeiros 12 títulos a serem publicados via Edital


A Comissão Editorial da Coleção Cultura Potiguar divulga os 12 primeiros títulos, resultado do processo seletivo do Edital de Publicações. O Edital segue aberto, em fluxo continuo, e devera selecionar outros trabalhos ainda este ano. Autores e pesquisadores como Zaíra Caldas (Os Olhos da Noite – Poesia), Carlos Adel (Radioamadorismo no RN –Prosa), Paulo Heider Feijó (Arquitetura Tradicional de Acari no século XIX – Prosa), Revista da Academia de Letras (Prosa) são alguns dos títulos selecionados.

Trabalhos como Asas sobre Natal de João Alves Filho (Fotografia), que aguardou 50 anos para ser publicado, desperta interesse pela riqueza da documentação fotográfica inédita. Inclusive lança luzes sobre a polêmica presença do piloto Exupery na nossa capital. Fragmentos Visuais da Cultura Potiguar de Alexandre Ferreira dos Santos é outra obra fotográfica de qualidade que recebeu aprovação.

Chamas do Passado: II livro de Calazans Fernandes, romance autobiográfico há muitos anos enviado ao Ex Presidente da FJA François Silvestre, que nunca o recebeu, foi recomendado para publicação pela comissão editorial. Também o trabalho poético Um Canto Conforme a Noite, de Yuri Hícaro Diógenes Moura, recebeu avaliação positiva.

Outras obras, serão publicadas após o cumprimento de ressalvas recomendadas pelo Conselho Editorial, são elas: As Aventuras de Nó Cego – Manoel Julião Neto – Prosa As Tiradeiras de Benditos – Maria Helena da Silva – Poesia História e Cultura Indígena – Aucides Sales – Prosa Mãe Luiza: Odisseia de uma Nação – José Bernardo da Silva – Prosa.

O Edital Publicação foi uma forma que a Secultrn/FJA encontrou para homenagear e recordar o Professor Henrique Castriciano de Souza, intelectual, poeta maior, escritor, vice-governador, fundador da Escola Domestica de Natal, mestre de varias gerações de intelectuais potiguares, pai e criador - no Governo Alberto Maranhão - da Lei Nº 06 de 1906, que determinou ao Estado a publicação de autores conterrâneos.

O conselho Editorial da Coleção Cultura Potiguar, criado e nomeado pela Governadora Rosalba Ciarlini é composto dos intelectuais e jornalistas: Iaperi Araújo, Vicente Serejo, Sérgio Vilar e Carlos de Souza e realiza um trabalho de relevância cultural, pois patrocina a forma democrática e publica que a Secultrn/FJA encontra para conceder transparência e justiça às publicações patrocinadas pelo Estado.

Denise Barcelos
Assessoria de Imprensa: 84 3232 5321 / 8137 2047
http://www.cultura.rn.gov.br/
Siga-nos no twitter: @secultrn