sexta-feira, 31 de agosto de 2018

FOI UMA NOITE DE REENCONTROS




O lançamento deste livro, organizado por FRANCISCO DE ASSIS CÂMARA, traz uma série de depoimentos daqueles jovens que participaram da "República Potiguar de Montparnasse" - Marcos José de Castro Guerra, Maria Marta de Castro Guerra, Rejane Cardoso, José Augusto de Albuquerque Othon, Paul Ammann e Safira Bezerra Ammann, ocorrido ontem, no auditório da OAB-RN. 
Foi uma noite de reencontros e de resgate resgate de testemunhas da História, dos anos conturbados de nossa juventude em Paris de  1968. 
Foi servido um bufet da melhor qualidade e apresentada uma seleção musical sensacional, puxada pelo Mestre Carlos Zen. VALEU 

Em seguida, fotos da exposição de livros e revistas alusivos ao evento, que enriqueceu ainda mais a noite de alegria e confraternização.










A QUINTA CULTURAL DESTE DIA 30 FOI UM SUCESSO


Como era esperado, a QUINTA CULTURAL do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE, neste dia 30 passado foi indiscutivelmente um sucesso.




"O VIOLÃO - Evolução histórica e musical" foi a palestra proferida pelo Confrade CLÁUDIO GALVÃO e pelo Professor EUGÊNIO LIMA recebendo o entusiasmado aplauso dos que compareceram ao evento, aberto de forma aberta pelo Presidente ORMUZ BARBALHO SIMONETTI.




Alguns momentos da palestra e concerto, com execução virtuose do grande instrumentista/palestrante.
Uma surpresa agradável foi o convite do palestrante para que os diretores CARLOS DE MIRANDA GOMES e ODÚLIO BOTELHO cantasse estrofes da "Serenata do Pescador" (Praieira), de Otoniel Menezes e música de Eduardo Medeiros, na condição de antigos seresteiros e "meninos prodígios", nos idos de 1950 na Rádio Poti.

 

Flagrantes do público que prestigiou o evento.

Pela importância cultural desse tipo de evento, o Presidente do IHGRN vem fazendo veemente apelo aos associados através de mensagem do seguinte teor:

Caro(a) confrade/confreira/diretor,
O programa, que intitulamos de Quinta Cultural, tem grande importância para o IHGRN, eis que se trata de divulgação da nossa história e da nossa cultura, único programa em atividade no momento. Por outro lado, contamos com a colaboração de um palestrante que, de forma espontânea e gratuita, deixa os seus afazeres para colaborar com o Instituto.
Nos dirigimos a cada um de vocês que, na qualidade diretor desta Instituição, é o anfitrião da casa. Assim sendo, necessário se faz a presença de todos, para recepcionar os convidados e prestigiar o palestrante.
Contamos com a sua compreensão e colaboração.
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI
PRESIDENTE

terça-feira, 28 de agosto de 2018


ARARA DO PÉ ROXO

Valério Mesquita*

O radicalismo político dos anos sessenta desencadeou  paixões e ódios, às vezes, incontroláveis. Esse ambiente de alta combustão produzia com facilidade o surgimento de figuras folclóricas, esquisitas, extrovertidas e extravagantes como Janjão da rua do Vilar. Janjão bebia o veneno dos contrários. Defendia o seu partido como o evangélico a Bíblia. Gostava de repetir onde estivesse os ditos e os jargões dos comícios. Naquele tempo combatente como Janjão era pior que militante petista, xiita ou muçulmano. A ousadia tornara-se a marca registrada. Daí, a autodenominação de “arara do pé roxo” que significava dizer “dinartista extremado”.
Na campanha política de 1965, digladiaram-se dois senadores: Dinarte Mariz e Walfredo Gurgel. O Rio Grande do Norte cobriu-se de vermelho e verde. Araras contra bacuraus. O rolo compressor do governo Aluízio Alves dominava da capital ao sertão. Mas, em Macaíba, Janjão do Vilar ergueu-se contra o situacionismo tal e qual um paladino djalmista ou um samurai do rosadismo de Mossoró. Numa noite ruidosa de comício e vigília, o delegado de polícia local proibiu a passeata da arena vermelha. Protestos, insultos e prisões povoaram a noite da cidade. Tal um kamikaze ou um monge vietnamita, Janjão tremulava a bandeira e passava cantando em frente ao destacamento de polícia. “Queremos passeata e bacurau não empata. Queremos passeata e bacurau não empata...”. O mote ganhou as ruas e de repente de cada esquina e de cada janela das casas vozes uníssonas entoavam a frase da resistência. “Queremos passeata e bacurau não empata”. Janjão do Vilar transformara-se em Antônio Conselheiro, comandando a turba e organizando a massa. Mesmo com o carro de som apreendido pelo delegado e os músicos dispersos, a multidão se refez e com as pedras da rua “descalça” do Barro Vermelho desceram a rua Pedro Velho cantando alto: “Queremos passeata e bacurau não empata”. De outro flanco um  grupo atrevido sugeria em compasso bemol: “Daqui ninguém foge. Vamos comer bacurau assado com Mel Borges”. A essa altura a polícia foi impotente. O número de manifestantes a cada minuto aumentava. Chegaram os foguetões, as pistolas de cinco tiros e ninguém mais evitou o barulho, a festa enlouquecida e a paixão da turba se sobrepondo à razão e ao bom senso. Dia seguinte, o pior era suportar Janjão à porta de cada armazém, bar, farmácia e barbearia, cantando a musiquinha chata e provocante; “Queremos passeata e bacurau não empata...”. Ganhou o apelido pró-tempore: “Arara do Pé Roxo”.  
(*) Escritor.