UM MOMENTO DE SAUDADE
E UM POUCO DE ESPERANÇA
Para os meus leitores, reproduzo a minha indignação contra o ato que se pretendia perpetrar e que efetivamente aconteceu. Tentei sensibilizar para a sua consumação, mas não consegui. Agora relembro aquela luta, mas PROTESTO contra aqueles que querem prejudicar o esperado sucesso da Copa de 2014. Não é por aí.
O fato é consumado e agora só nos resta pugnar pela realização das obras prometidas para que o legado da copa não seja mera ilusão.
Vamos procurar dar aos que aqui virão a segurança de que carecem para a sua passagem por Natal. Vamos mostrar que ainda existem resquícios de solidariedade em nosso povo. VAMOS COMEÇAR UMA NOVA HISTÓRIA!
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segunda-feira, 25 de abril de 2011
RÉQUIEM PARA UM ESTÁDIO (*)
Sob
o impacto da manchete de O Jornal de Hoje, edição de 23/24 deste abril:
“O último suspiro”, já recolhido à meditação da Semana Santa, ainda
mais voltei no tempo e me deparei com o desamor, com a insensatez e com a
falta de vontade política para atender às necessidades do povo, que
ainda persiste nestas plagas de Poti.
A imprensa vem alardeando o
fechamento de hospitais infantis em Natal e Parnamirim, a falta de
medicamentos, a insegurança, escola caindo, ruas alagadas, transporte
precário, ganância de alguns postos de combustíveis, falta de
fiscalização, constatação do caos nos hospitais e estabelecimentos
prisionais, estradas e ruas esburacadas. Ao reverso, os políticos
especulam o próximo titular da Prefeitura de Natal, os burocratas que já
atuaram ou atuam nos palcos da província, sem nada de novo, sem
proposta e sem projetos públicos estruturantes, mas apenas os da
sobrevivência das oligarquias.
Enquanto isso acontece, são
contadas as horas da demolição de um bem público que somou grandes
feitos, que alegrou a população mais desprovida de recursos, que ofertou
momentos de glória.
Num passe de mágica, tudo isso é passado,
não o passado que fica, mas o que se esquece. Alguns cronistas
especializados registram o fato como algo comum – Machadão com dias
contados - e até relacionam minúsculos acontecimentos negativos como
brigas, suicídios, crimes ou quedas fatais em simetria com conquistas.
Mas apontam lenitivos - a destruição é sem implosão para não incomodar
os vizinhos. Já se comenta como ex-colosso.
Há uma canção que
retrata bem esse episódio: “Nossa história acabou, sem um aplauso
sequer, quando o pano baixou, uma cena banal, mas um ponto final”.
Sim,
o Machadão vai ao chão, foi condenado sem nenhuma defesa, a não ser o
grito de um vetusto arquiteto que o concebeu e o apoio de poucos amigos.
Os órgãos públicos pouco fizeram; audiências frustradas por
orquestrações exóticas, inúteis – somente para seguir o figurino.
Muitos
pais e mães se apresentaram para a nova Arena do Futebol, chamada das
Dunas e até usaram como argumentos de campanha política. Esqueceram-se,
porém, que, de certa forma condenaram o próprio esporte bretão. O
América e o Alecrim ameaçam licenciamento, e será que o ABC terá como
sobreviver sozinho?
Não sei realmente, mas pressinto que alguma
coisa de ruim vai acontecer e justifico: primeiro um julgador declarou
improcedente ação do Ministério Público porque entre o tempo do
ajuizamento e o seu julgamento o megalomaníaco projeto foi modificado –
não mais atingiria outras áreas (o Centro Administrativo, por exemplo),
mas somente os Estádios Machadão e Machadinho, sem atentar que o
questionamento era em razão da ilegalidade da contratação, sem
licitação, para um projeto que não existia e sim uma simples maquete.
Mesmo assim o prazo de recurso foi perdido. Aliás, tudo começou com um
parecer de um jurista do Estado, que hoje está no píncaro da glória.
Depois
disso, dirigentes declararam que a FIFA e a CBF não condicionam,
necessariamente, a realização da copa em Natal à complementação do
aeroporto de São Gonçalo do Amarante e de obras de mobilidade urbana. Em
outras palavras, em relação a isso podemos mesmo continuar na “m”.
E
se a coisa der errado, quem vai assumir? Qual o discurso já preparado
para o insucesso? E o povo vai deixar impunes esses visionários?
Vão aprendendo logo a música de Chico Buarque sobre o destino da Geni.
Enquanto isso, constrangidamente faço o meu “Réquiem para um Estádio”:
Um dia, numa tarde - a grande festa.
A cidade se engalanava, em fantasia.
O povo, na sua incontida alegria,
Fazia um coro, como uma grande orquestra.
O tempo passa, a festa acaba – desilusão.
Momentos lúdicos ficam pra traz, sem constrangimento.
O povo, na sua infinita letargia, aplaudirá novo momento,
Da cruel, incontornável e definitiva demolição.
Não há certeza, se por algum milagre,
Um novo poema de concreto surja na cidade.
Se o povo, em dia de alegria, ainda poderá sentir,
O sabor de um gol perfeito de um Alberi.
A cidade se engalanava, em fantasia.
O povo, na sua incontida alegria,
Fazia um coro, como uma grande orquestra.
O tempo passa, a festa acaba – desilusão.
Momentos lúdicos ficam pra traz, sem constrangimento.
O povo, na sua infinita letargia, aplaudirá novo momento,
Da cruel, incontornável e definitiva demolição.
Não há certeza, se por algum milagre,
Um novo poema de concreto surja na cidade.
Se o povo, em dia de alegria, ainda poderá sentir,
O sabor de um gol perfeito de um Alberi.
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(*) CARLOS ROBERTO DE MIRADA GOMES – escritor
Fonte: Blog DO MIRANDA GOMES