Elísio Augusto de Medeiros e Silva
Empresário,
escritor e membro da AEILIJ
elisio@mercomix.com.br
Em
agosto de 1773, nosso personagem Tibério desembarcou na cidade do Rio de
Janeiro. Após a longa viagem marítima da Inglaterra até o Brasil grande parte
da tripulação tinha contraído escorbuto, e precisavam de frutas frescas para
ajudar a combater a doença, que já tinha vitimado vários marujos a bordo.
Ao
chegarem à baía pediram licença para atracar no porto. No dia seguinte, o
capitão da embarcação solicitou audiência pública com o vice-rei no seu vasto
palácio. Após a audiência, todos voltaram para bordo, pois não era permitido
aos visitantes comer ou dormir em terras brasileiras.
Depois
das treze horas voltaram a terra, onde foram recebidos por três oficiais
portugueses, pois era costume na época os estrangeiros serem acompanhados por
militares locais.
Inicialmente,
foram até um mercado situado mais ou menos a meia légua da cidade. Ali foram
mostrados rubis, esmeraldas e diamantes, que vinham de minas bastante longes da
cidade.
Ali
estava o que procuravam, mas não em qualidade e preço desejado. Pedras
preciosas muito mal talhadas e por preços abusivos.
Desinteressados,
nem propostas chegaram a fazer e nada compraram. Já de retorno ao navio, nas
imediações da cidade, um dos escravos que os acompanhavam fez sinal para que o seguissem
até um local ali próximo, onde havia algumas pedras preciosas a venda.
Chegaram
a um jardim em que havia várias tendas. A primeira delas abrigava uma pequena
capela ricamente decorada com móveis de ouro maciço. Todos ficaram encantados
com o que viram.
Na
segunda tenda estavam quatro enormes camas, cujas cortinas eram de seda,
precioso tecido da China. As colchas das camas eram de Damasco e incrustadas de
franjas e grãos de ouro. Os lençóis eram de musselina bordada com fios do rico
metal. Uma riqueza espantosa!
A
terceira tenda era toda composta de peças de prata e pelo visto servia como
cozinha. Quando entraram na última e quarta tenda não podiam acreditar no que
seus olhos viam. Em cada um dos quatro cantos, havia um armário repleto de
baixelas de ouro e grandes vasos de cristal contendo bons vinhos. A enorme mesa
era coberta por uma rica toalha bordada, cravejada de rubis, esmeraldas e
diamantes. Sobre a mesa, frutos da terra, carnes exóticas, peixes e aves nunca
antes saboreados por eles. Um verdadeiro banquete!
Não
podiam acreditar no que estavam vendo. Sentaram-se à mesa e foram servidos generosamente
por mulheres negras bem vestidas, que aparentavam ser escravas.
O
proprietário de tudo aquilo era um mercador de aproximadamente 50 anos, muito
rico, que fazia questão de viver a vida luxuosamente.
No
outro dia, foram novamente convidados a voltar ao local. Nesse dia, o ambiente
estava mais requintado, com a presença de belas mulheres nativas. Foram
recebidos por elas com muita curiosidade. Quase todas eram morenas de longos
cabelos lisos. Os seus olhos negros davam certo ar de mistério e inclinação
para o amor.
Após
o almoço, um concerto foi apresentado para eles. Depois de algum tempo, as
comidas da mesa foram sendo retiradas, e em cima dela colocadas as mais belas
pedras preciosas que já tinham visto.
Depois
de muita negociação com o rico mercador português, suas ofertas foram aceitas. De volta a bordo, todos estavam muito
satisfeitos com as suas aquisições. Isso, sim, era o que eles desejavam!
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