segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

ESCANDOLOSAMENTE MARAVILHOSO


Por esses dias tive a atenção voltada para as competentes performances de uma cantora radicada em minha terra, Natal/RN, que é muito elogiada entre seus pares por seu timbre, afinação e repertório. Lysia Condé vem conquistando, na capital potiguar, admiração e respeito de um público crescente, se apresentando em importantes palcos e espaços de valorização da música local. Do seu site próprio colhi alguns dados que passo a expor.
Lysia nasceu no ano de 1973, em Rio Pomba/MG, e desenvolveu desde criança seu gosto pelo canto, ajudada pelo convívio musical no ambiente familiar. Cresceu apreciando a poesia e sonoridade dos artistas que projetaram a música de Minas Gerais, como o Clube da Esquina. Ainda menina, por seu ouvido apurado, além de voz doce e suave, era sempre escolhida para apresentações escolares e teatrais. No teatro local encontrou espaço para expressar duas expressões de sua arte: a interpretação e o canto. Mas a alternativa para seu desenvolvimento profissional foi através do ensino universitário, na vizinha cidade de Juiz de Fora, onde cursou Ciências Sociais, tendo, em seguida, feito mestrado em Antropologia, na cidade de Niterói/RJ.
Lysia se transferiu para Natal/RN no ano de 2007, o que lhe possibilitou retomar o antigo sonho de se desenvolver como cantora. Para isso, frequentou curso específico na Escola de Música da UFRN, e passou a se apresentar em recitais da instituição. Em 2010 resolveu se profissionalizar, ampliando os locais de exibições, e gravando um EP de demonstração. Em 2014 gravou seu primeiro CD, o “Lysia Condé”, cujo show de lançamento ocorreu no dia 15 de fevereiro, na Casa da Ribeira. É desse show o vídeo que compartilho, em que ela canta, com magistral interpretação, o imortal “Corta-jaca”, da famosa Chiquinha Gonzaga.
CORTA-JACA
Chiquinha Gonzaga
Neste mundo de misérias
Quem impera
É quem é mais folgazão
É quem sabe cortar jaca
Nos requebros
De suprema, perfeição, perfeição
(Refrão)
Ai, ai, como é bom dançar, ai!
Corta-jaca assim, assim, assim
Mexe com o pé!
Ai, ai, tem feitiço tem, ai!
Corta meu benzinho assim, assim!
Esta dança é buliçosa
Tão dengosa
Que todos querem dançar
Não há ricas baronesas
Nem marquesas
Que não saibam requebrar, requebrar
Este passo tem feitiço
Tal ouriço
Faz qualquer homem coió
Não há velho carrancudo
Nem sisudo
Que não caia em trololó, trololó
Quem me vir assim alegre
No Flamengo
Por certo se há de render
Não resiste com certeza
Com certeza
Este jeito de mexer
Um flamengo tão gostoso
Tão ruidoso
Vale bem meia-pataca
Dizem todos que na ponta
Está na ponta
Nossa dança corta-jaca, corta-jaca!
— com Jarbas Martins e outras 97 pessoas.
YOUTUBE.COM
Show de lançamento do CD "Lysia Condé", ocorrido no dia 15 de fevereiro de 2014, na Casa da…

domingo, 27 de janeiro de 2019



CARTAS DE COTOVELO (VERÃO DE 2018/2019)
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes (nº 13) 

            É do domínio popular o adágio: “o que é bom dura pouco”. Contudo ele não representa mais do que uma forma de ver as coisas.

Um período de veraneio deve ser encarado como um momento infinito face às mudanças comportamentais no estilo de vida nem sempre o mais adequado, para convocar para um convívio mais aconchegante com a família e os amigos.

O contato mais relaxado com a natureza e o gozo pelas suas dádivas nos oferta a oportunidade de realizar tarefas inusitadas ou divertimentos incomuns, amadurecendo os mais jovens e dando algum alento de juventude aos idosos – todos caminhando sobre as areias alvas da praia e sendo tocados pelas águas limpas e mornas, quando do cair do dia.

Nesses momentos é fácil contemplar o que sempre existiu, mas não era percebido – o nascer e o entardecer de cada dia, acompanhando a trajetória do Astro Rei; a beleza do reflexo da Lua na mansidão das mansas ondas do mar de Cotovelo; ouvir os sons das árvores ou das quebradas das ondas do mar, numa sinfonia inspiradora; o cantar dos pássaros anunciando o amanhecer e a maravilha do silêncio das noites mal iluminadas, sentindo o sopro constante de uma brisa litorânea.

De repente retornamos a uma época lúdica da convivência com os nativos, como só era possível na vida interiorana das minhas passagens pelas paisagens bucólicas de Angicos, Penha e Macaíba em tempos inesquecíveis, andando de pés nus, das feiras de cada lugar, do tirar dos sacos das mercearias algum torrão de açúcar bruto, buscar os frutos e legumes fresquinhos como aqui se repete na feirinha de Pium.

Nas casas da praia, inexplicavelmente, temos melhor sabor para o pão de cada dia, do café da tarde, o desjejum com cuscuz, tapioca e inhame, harmonizando-se com o bom estado de espírito que a todos contamina.

Todos esses acontecimentos me retornam à infância da Redinha, às sessões dos cinemas de Natal, hoje inexistentes como antigamente. A propósito, o veraneio me leva ao filme “Amor de Outono”, com o jovem ator Gino Leurini e sua primeira experiência de amor em um veraneio europeu, película que me foi presenteada pelo inesquecível Dr. Ernani Rosado, quase setenta anos depois que eu o tinha assistido, trazendo de volta a minha emoção de adolescente (Cinema Rex).

Agora vem a realidade cruel – o dia de retorno à selva de pedra, momento indesejável de arrumar as malas, a volta da rotina citadina e a invasão irreversível da saudade que invade o nosso ser, notadamente no caso de um idoso que não tem a garantia de um próximo veraneio.

Mas em fevereiro farei um breve retorno, de passagem apenas para interromper a prescrição até que chegue a quarta-feira de cinzas, quando o hiato será muito mais acentuado, quando então se fecham as cortinas do espetáculo.

Afinal, temos o lenitivo de que em todo findar existe um renascer. Economizarei forças para voltar ao seio da minha “nirvana” no próximo tempo de emoções praianas 2019-2020, se Deus assim o permitir.

Tchau!!!!!!.

 (Cotovelo/Natal, 27 de janeiro).