Minhas Cartas de Cotovelo – verão de 2021-17
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes
A pandemia do Covid19 nos trouxe, juntamente com o seu malefício mortal, o desenvolvimento de várias atividades na ciência, com criação de vacinas e também no cotidiano das pessoas, com fundamental mudança nos costumes.
Da minha parte, costumava regressar à minha casa de Natal, tão logo encerrado o período de Carnaval. Contudo, com a doença atingindo uma filha e um neto que moravam comigo na Capital, decidi continuar em Cotovelo, como garantia de não ser contaminado, sobretudo por ser pessoa portadora de comorbidade perigosa.
E aqui fiquei até agora, 06 de março e pretendo continuar por prazo indeterminado. Chego a pensar em inverter as coisas, morar em Cotovelo e passar temporadas em Natal.
Justifico essa possível escolha por vários motivos – primeiro porque aqui vivo perto da natureza, me abastecendo de verduras e frutas das hortas de Pium; segundo pela simplicidade desta Comunidade; terceiro porque produzo o que não consigo na cidade grande – terminei dois livros – um já sendo impresso para lançamento no Outono e que tem o título sugestivo de “Amor de Outono”, como uma sequencia de outro que lancei aqui em Cotovelo com o título de Amor de Verão, o outro “O Circo Vive”, só depende do recebimento das ilustrações a cargo de Wanderline; estou dando continuidade ao livro da minha existência; nesta Comunidade todo mundo se conhece e dá prazer e segurança, pois eventuais aventureiros, perturbadores do silêncio das noites não são daqui, mas filhinhos de papais pouco responsáveis; quinto é a satisfação de ver a comunidade ganhando melhoramentos da Prefeitura, com a colaboração dos moradores, proprietários e veranistas através da PROMOVE; o banho é paradisíaco; sexto, e mais importante, a reunião de família é permanente, fortalecendo a união e a solidariedade .
Temos uma rádio comunitária – um dos empreendimentos de Octávio Lamartine, empresário local, que é também o Presidente da PROMOVEC, que vem nos oferecendo equipamentos de segurança através de empresa motorizada e drones, além de trabalho bem organizado para a coleta de lixo em todas as ruas, sem contar ações sociais de enorme repercussão.
A vida tranquila da Comunidade, nos força invocar o poema de Manuel Bandeira – “Vou-me embora pra Pasargada”.
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me
embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como
farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em
Pasárgada tem tudo
É outra civilização..............