sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Agradecemos aos nossos leitores pelos 250.527 acessos até agora. Isto nos dá força para continuar em 2018.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

O VALE DOS CANAVIAIS PERDE OUTRO FILHO ILUSTRE

MINHA PROFUNDA SAUDADE

CIRO JOSÉ TAVARES

Flavia Sobral e Ciro Tavares - primos de 3º grau


Ciro José Tavares da Silva, nascido em Natal, a 25 de agosto de 1940, formou-se em Direito na Faculdade de Direito de Recife em 1964. De 1964 a 1980 militou na imprensa, exerceu a advocacia e integrou os quadros funcionais da Esso Brasileira de Petróleo e da Siderúrgica Açonorte, ocupando funções Administrativas. Em 1981, estimulado por seus pais, abandona definitivamente tarefas vinculadas a empresas, viaja à Europa e na volta retoma sua profissão de advogado.
Iniciou-se efetivamente na literatura em 1987, publicando, a convite do jornalista Marcus Prado, dois poemas na coluna do jornal Diário de Pernambuco. Um ano depois, recebe o Prêmio Ladjane Bandeira de Poesia com o livro “Além da Rosa-dos-Ventos”, posteriormente selecionado pela UBE, RJ para o Prêmio Jorge Lima de Poesia. Contudo, sua publicação pela FUNDARPE, uma semana antes da premiação, levou o autor a retirar sua inscrição, porquanto a obra não mais correspondia ao espírito do certame, destinado a estreantes. Paralelamente, na mesma ocasião, seu “As Elpses de Phoenix” credenciara-se para o Prêmio Jorge Fernandes de Poesia, também da UBE-RJ.
A nível regional, recebeu, duas vezes, o Prêmio de Poesia Raymundo de Moraes, do Gremio Cultural Rubem Van Der Linden e da Academia de Letras de Garanhuns (PE). Integrou diversas antologias de poesias no Brasil e no Exterior. Publicou ainda Baladas e Moinhos, seu terceiro livro de poesias, e as biografias À sombra do Tempo, sobre seu pai, o cirurgião José Tavares da Silva, e A Sinfonia do outono, sobre a figura centenária de João Paulo de Souza, um ícone do mundo empresarial do Rio Grande do Norte. Resgatou e organizou o livro Álbum de Versos Antigos, de Adele de Oliveira, sua tia-avó.
Eu conheci Ciro quando fazia contatos em Ceará-Mirim para a publicação do livro de sua tia-avó a poetisa Adelle de Oliveira. Fizemos uma reunião na Biblioteca Municipal e gravamos seu depoimento a respeito dos poemas e jornais deixado pela poetisa.
O escritor é descendente da família Sobral de Ceará-Mirim, e, quando criança, passou muitas férias na residência de Adelle ao lado da linha do trem onde conheceu a história dos engenhos do vale, principalmente, o Engenho Cumbe já em ruínas.
Para homenagear Ceará-Mirim o poeta escreve, em seu livro ANÊMONAS o poema Ode a Ceará-Mirim.
I


Ceará-Mirim, Ceará-Mirim adormecida.
Regresso saudoso e no encontro lamento teu destino, renascida Tróia, na Via Láctea suspensa pelo novelo de Ariadne.
Ceará-Mirim, Ceará-Mirim eterna, submersa no vale, rasgado pelo rio. Vento, sol, neblina, entrelaçados, tecem, no abandono, verdes que alucinam, pelas mãos dos fantasmas nos escombros dos engenhos.
Cidade abençoada, submetida aos sonhos construídos à sombra dos antigos átrios, circulados de colunas jônicas.
O pólen, expirado pelos poros da cana-de-açúcar, viajou no colo da brisa do estio.
Pelas ruínas das venezianas, entregou sua estranha alma aos nossos corpos e, no silêncio das noites, extinguiu as velas de oratórios ancestrais como se nossas vidas apagassem.

II

Ceará-Mirim, Ceará-Mirim, o espírito dos antepassados, a rapidez do tempo substituiu por envelhecidas sombras fixadas na arquitetura.
Apenas a igreja, consagrada à Virgem da Imaculada Conceição, resiste e desafia à decadência.
Ceará-Mirim, Ceará-Mirim das manhãs fugidias nos invernos, claros matizes recolhidos por duendes à caixa de Pandora.
Presos entre salas e alpendres, os meninos brincavam, mas doía-lhes a umidade, emanante do assoalho e das paredes.
Na queda intermitente da água, as biqueiras davam a impressão de pêndulos metálicos que, nos relógios, arrastavam horas preguiçosas.

III

Ceará-Mirim, Ceará-Mirim.
O milagre, no final da invernada, devolução do azul ao céu escampo, lusco-fusco vespertino a conduzir nas chalupas da noite as sombras do ocaso, coaxar de rãs nos charcos, monocórdicos ruídos de grilos e besouros, a efêmera luz dos frágeis vaga-lumes.
Claros das luas espraiados nos telhados, novenas de maio, rosário de dezembro, casais de namorados nas calçadas, terraços elevados, violões harmoniosos, um estudo de Tárrega, uma sonata de Beethoven, débil luz de candeeiros, refulgindo a aguardente nas taças cristalinas.
A fumaça dos cigarros evolando-se, a solidão noturna das ladeiras, o quadro de lembranças concluído.

IV

Nas esquinas vazias, a alma dos avôs, o aroma fresco da alfazema, a lentidão dos passos.
De repente, o sino melancólico, distante, Senhor da vida, escurecendo lâmpada, estrela cadente, vida arrebatada, o caminho da estação do trem das Parcas, o último minuto, lágrimas, adeus.
Ceará-Mirim, Ceará-Mirim adormecida.
Nada regressará do mistério da viagem.
Somente eu pareço desperto no teu seio, até que a vida me liberte da saudade.
FONTE: Blog Ceará-Mirim Cultura e Arte




CIRO TAVARES FALECEU ONTEM, EM BRASÍLIA.


MINHA ÚLTIMA COMUNICAÇÃO COM CIRO


"NÃO CHORE O QUE SE FOI CELEBRE O NOVO AMANHÃ
Estamos aqui entre as lágrimas de um crepúsculo e as alegrias de uma nova luz que resplandece no horizonte.
Afasto dos meus pensamentos as imagens das calças – curtas de outrora, quando esperávamos que o sono viesse mais depressa e quando o sol empurrasse a noite para frente, a claridade arrastasse-nos dos cálidos colchões para a fantasia das lembranças pousadas nos chinelos.
A realidade, de um ano para outro fez desaparecer o mito e crescidos fomos apresentados à saudade. 

A todos os amigos abraço comovido desejando um belo e Feliz Natal, Ano Novo de muita luz e paz. E faço em nome da família." 


quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

H O J E



PODERÁ SER ADQUIRIDO DIRETAMENTE NO HOSPITAL.

Lívio Oliveira – membro da ANRL e do IHGRN - PRESTA HOMENAGEM


Sanderson e o querer bem

Sanderson Negreiros partiu. Foi em busca de outras paisagens e paragens. Despediu-se de nós um dos maiores escritores do Rio Grande do Norte, um dos nossos mais sensíveis e profundos poetas, um amante dos livros, um sábio. Sanderson nos deixou após uma longa temporada de solidão e recolhimento. Imensamente sofria pela perda, há alguns anos, de sua amada Ângela: aquela que ele avistou, pela primeira vez, no céu.

Agora, novamente, o fez. No céu. No céu pleno e azul.

Lembro-me dos dias em que tive a especial oportunidade de visitá-lo e entrevistá-lo. O grande poeta e cronista ainda morava no Alto da Candelária, onde convivia apaixonadamente com Ângela e com os livros.

Cheguei a acreditar, antes de ingressar naquele verdadeiro templo do intelecto e da sensibilidade, diante de uma bela Acácia que ele plantara, que Sanderson não me receberia bem, que exibiria algum humor dificultoso ou vaidade demasiada (o que chega a ser comum no meio intelectual potiguar). Talvez eu tivesse tais impressões em face do seu semblante muitas vezes hermético, com ares de reflexão ou devaneio. 

Nada disso. Nada de mau humor. Sanderson era uma figura terna e harmoniosa. A partir da minha entrada em sua casa, passei a alimentar por ele um querer bem que me pareceu mesmo ser correspondido. Ele me dizia, sim, que eu era uma figura agradável e do bem. E isso me envaidecia, trazia-me e me traz responsabilidades, como me trouxe o voto entusiástico (considero sagrado) que dele recebi para o ingresso na Academia.

Foi ali, em meio aos livros, quando eu escrevia uma série de textos para O Galo –posteriormente enfeixados num volume publicado pelo Sebo Vermelho, intitulado “Bibliotecas Vivas do Rio Grande do Norte” – que Sanderson me falou acerca do seu maior amor, amor de toda a vida. Nada mais belo do que aquela história. Foi ele mesmo quem me disse, apontando para a presença forte de Ângela, a nos acompanhar na conversa:

“Conheci a minha mulher na praia de Genipabu, quando eu visitava, junto com Luís Carlos Guimarães, a casa dos pais de Ângela. Um avião pequeno dava rasantes sobre o mar. Eu, que estava pensando em voltar para o Rio de Janeiro, onde estava trabalhando, avisado sobre a moça aviadora, disse logo, sob o olhar desconfiado do seu pai: – Vou casar com ela! Hoje, a minha esposa é a minha conselheira espiritual, minha colaboradora, minha censora, a única pessoa que eu permito que me censure.”

Essa a grande paixão de Sanderson. E todos sabem o que a perda da inesquecível companheira ocasionou no interior do imortal. Todos nós, os seus amigos (apesar das diferenças relativas às gerações, acredito que ele me considerava assim), percebemos que o semblante de Sanderson mudara. Mesmo assim, não deixou de distribuir o bem querer entre as pessoas que o procuravam. A mim, por exemplo, sempre dirigiu palavras de incentivo honesto, verdadeiro e edificante. Sempre as colhi como quem colhe as mais belas flores da primavera. E as guardo na profundidade do coração. E da mente, porque Sanderson também sabia ensinar, orientar. Era uma das suas inegáveis vocações.

Sigo aqui, caro mestre Sanderson, com algumas de suas lições anotadas, como aquela advertência serena com que me presenteou uma vez: – Lívio, não trate o seu livro por “livrinho”. Nunca! Ele pode ficar triste! 

Estamos tristes, sim, querido Sanderson, mas ainda ouvimos firme a sua voz, que deixou impressa no tempo, para nos alegrar sempre. Vá em paz, em busca do seu maior amor no céu, onde o viu pela primeira vez.

Por aqui, vamos repetindo palavras com que nos brindou a todos, tatuadas na pele do mar: “Tenho a solidão/conhecida por altos príncipes/do azul.”

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

NATAL - 418 ANOS



25/12/2017  Parabéns Natal, pelos seus 418 anos! Fundada em 25 de dezembro de 1599 - NATAL, a Cidade do Sol e do sal; Terra dos Santos Reis; Esquina do Continente; Capital Espacial do Brasil; Trampolim da Vitória ou simplesmente Natal: das dunas, do rio, do mar. A capital do Rio Grande do Norte também tem como símbolo a sugestiva estrela de Belém, formato da Fortaleza dos Reis Magos, que “protege” a cidade, banhada pelas águas do Potengi e do Atlântico, e emoldurada de dunas por todos os lados.



FRATERNIDADE
 
Que me ajude o meu sangue árabe
Que me ajude o meu sangue judaico
Que me ajude o meu sangue europeu
Que me ajude o meu sangue africano
Que me ajude o meu sangue asiático
e aborígine
 
Que me ajudem todos os meus sangues
a construir a fraternidade universal
 
                                   (Horácio Paiva)

domingo, 24 de dezembro de 2017

ELE ESTÁ CHEGANDO


MENSAGEM NATALINA 2017

     Foi difícil preparar esta mensagem, pois justificar dificuldades não é o meu forte! Sempre vivi o clima natalino com perspectivas positivas, desde os tempos em que ainda recebia de Papai Noel os meus soldadinhos de chumbo.
    A magia dos presentes encobria o real sentido do Natal, a vinda do Cristo Salvador, que somente um pouco depois chegou à consciência. Hoje, infelizmente, sou forçado a pedir desculpas aos meus filhos, netos, afilhados e amigos por não lhes ofertar nenhum presente face os percalços da vida de um homem que sempre viveu do seu trabalho, não permitindo reservas para essas benesses.
    Este ano, mercê de uma administração incompetente em nosso Estado, vivemos o drama dos atrasos em nossos salários/vencimentos/proventos, o que implica na escassez de recursos para os tão esperados presentes. Contudo, não é motivo para o desespero, pois já preconiza o Livro Sagrado, no Eclesiastes, 3.1. – para tudo há um tempo certo. Este agora é de dificuldades e devemos aceitar os desígnios de Deus não desejando nenhum mal aos que nos causaram transtornos pelas ações distorcidas ou omissões irresponsáveis.
    Agora, mais do que nunca, devemos abraçar o Menino Deus, comemorando a alegoria festiva do seu nascimento, mas no íntimo da alma, apenas reconhecendo que é tempo de renovação da esperança de dias melhores, porque Ele é O Caminho, a Verdade e a Vida.
    Renovo nesta mensagem os votos para que JESUS seja o centro das nossas intenções, e o encontro da família se faça com saúde, paz e amor, augurando que em 2018 possamos recomeçar a luta por dias melhores para a humanidade.

FELIZ NATAL – PRÓSPERO ANO NOVO.

Carlos Roberto de Miranda Gomes


PAN Y LUZ

con lápiz invisible
describo en la oscuridad
lo que no veo

y puesto sobre la mesa
creo haber un pan
a la espera de la luz


PÃO E LUZ
com lápis invisível
descrevo na escuridão
o que não vejo

e posto sobre a mesa
creio haver um pão
à espera da luz


(Horácio Paiva)