terça-feira, 25 de junho de 2019




A MESINHA ESTÁ FICANDO PEQUENA
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

                                                                                                        Em recente artigo que divulguei, fiz alusão ao quarto que preparei para o retorno da minha amada Therezinha. Deus quis fosse diferente, então transformei-o em do meu retiro voluntário de onde descortino o restinho do tempo que me foi concedido nesta dimensão da vida.
                                                                                                        Nele apenas o essencial – a pequena mesinha redonda onde guardo pertences de uso imediato, como lápis, papéis para estudos e escrever, livros, recortes de jornais com trabalhos importantes para leitura mais cuidadosa, carregadores de celular, controles remotos, meu copo com água e o indispensável “Vic” para alimentar meu único vício estão presentes.
                                                                                                        O ambiente fica completos com os Anjos e Santos que dela herdei e o televisor companheiro das constantes noites indormidas. Afinal o tempo que me resta é breve – para que dormir? É aí que habito o dia todo, interrompido com subida ao escritório para catar um livro ou usar o computador, pois é nesse modesto cômodo que consigo dialogar com aquela que deu ritmo à minha vida e ainda mantém comigo um diálogo criativo e extremamente objetivo.
                                                                                                        Eu não estou louco! Ora, os queridos articulistas Agnelo, Woden e Serejo não se dirigem a personagens fictícios? Por que não posso também dialogar com ela de forma transcendental?
                                                                                                        Meu Amor, as notícias de hoje estão quentes: o programa mais médicos tem dificuldades para decolar; hospital sem soro antiveneno (cuidado com as cobras); Gilmar adia julgamento de Moro (Quousque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?); amigos que se foram recentissimamente – Lenine, Glênio Andrade, Dona Dóia e agora Marcos Santos; hospitalizados minha irmã Elza e o colega de turma Arnaldo França; uma crônica relevante e oportuna do grande confrade Padre João Medeiros Filho – “A agressividade patológica”, onde pontua: No passado, pessoas divergiam e polemizaram, mas não se odiavam. Não havia a predominância da agressividade de hoje (camuflada em petulância, arrogância e violência) nem gestos ditatoriais, quando se quer impor uma mentira maquiada de verdade.
                                                                                                        Essas indicações doem e deixam tristes os meus tumultuados dias do presente. Quanta hipocrisia nesta terra em decadência.
Verifico que a mesinha está ficando pequena.