A MESINHA ESTÁ FICANDO PEQUENA
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes
Em
recente artigo que divulguei, fiz alusão ao quarto que preparei para o retorno
da minha amada Therezinha. Deus quis fosse diferente, então transformei-o em do
meu retiro voluntário de onde descortino o restinho do tempo que me foi
concedido nesta dimensão da vida.
Nele
apenas o essencial – a pequena mesinha redonda onde guardo pertences de uso
imediato, como lápis, papéis para estudos e escrever, livros, recortes de jornais
com trabalhos importantes para leitura mais cuidadosa, carregadores de celular,
controles remotos, meu copo com água e o indispensável “Vic” para alimentar meu
único vício estão presentes.
O
ambiente fica completos com os Anjos e Santos que dela herdei e o televisor
companheiro das constantes noites indormidas. Afinal o tempo que me resta é
breve – para que dormir? É aí que habito o dia todo, interrompido com subida ao
escritório para catar um livro ou usar o computador, pois é nesse modesto cômodo
que consigo dialogar com aquela que deu ritmo à minha vida e ainda mantém
comigo um diálogo criativo e extremamente objetivo.
Eu
não estou louco! Ora, os queridos articulistas Agnelo, Woden e Serejo não se dirigem
a personagens fictícios? Por que não posso também dialogar com ela de forma
transcendental?
Meu
Amor, as notícias de hoje estão quentes: o programa mais médicos tem
dificuldades para decolar; hospital sem soro antiveneno (cuidado com as cobras);
Gilmar adia julgamento de Moro (Quousque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?);
amigos que se foram recentissimamente – Lenine, Glênio Andrade, Dona Dóia e
agora Marcos Santos; hospitalizados minha irmã Elza e o colega de turma Arnaldo
França; uma crônica relevante e oportuna do grande confrade Padre João Medeiros
Filho – “A agressividade patológica”, onde pontua: No passado, pessoas divergiam e polemizaram, mas não se odiavam. Não
havia a predominância da agressividade de hoje (camuflada em petulância,
arrogância e violência) nem gestos ditatoriais, quando se quer impor uma
mentira maquiada de verdade.
Essas
indicações doem e deixam tristes os meus tumultuados dias do presente. Quanta hipocrisia
nesta terra em decadência.
Verifico que a mesinha está ficando pequena.