sexta-feira, 31 de março de 2017

quinta-feira, 30 de março de 2017


domingo, 26 de março de 2017


ARENEBÊ: RESGATANDO UM EPISÓDIO

Valério Mesquita*

A crônica política de 1977/1978, chegou a me apontar, com certo rigor, como um dos fundadores do arenebê no Rio Grande do Norte (mistura híbrida do bipartidarismo da época). Mas, existe um episódio isolado nessa história que explica a situação ordenadamente e que nunca foi narrado ou analisado pela imprensa. Antes de Tarcísio Maia assumir o governo do estado, o meu nome foi amplamente especulado pelos jornais como possível candidato a prefeito indireto de Natal, defendido pelo deputado Djalma Marinho e pela revelação como administrador de Macaíba além do meu desempenho político na Grande Natal. Em razão de um atrito em 1974 com Dinarte Mariz, por não haver apoiado a candidatura de Wanderley Mariz a deputado federal e sim a de Grimaldi Ribeiro, recebi o veto formal do velho senador que impôs junto a Tarcísio o nome de Vaubam Bezerra. Absorvida e atenuada a desinteligência e por instancias de Djalma e Leonel Mesquita resolvi aceitar o cargo oferecido de presidente da EMPROTURN, renunciando a prefeitura de Macaíba na metade do mandato, no final de 1975.
O fato, sem dúvidas, me deixou magoado. Mesmo assim, em 1976, ajudei a eleição de Silvan Pessoa e Silva, candidato da Arena que derrotou o ex-prefeito Manoel Firmino do MDB. Mas, em 1977, aconteceu o meu rompimento com Tarcísio Maia. O epicentro foi a restauração do Solar do Ferreiro Torto, o mais importante monumento histórico de Macaíba. O governador discordava de minhas divergências públicas com o diretor administrativo da EMPROTURN, o ex-deputado Francisco Revoredo, pessoa de Vingt Rosado. A arenga foi a destinação de recursos da EMPROTURN  para a Fundação José Augusto restaurar o Solar, à época, dirigida por Sanderson Negreiros. Revoredo e Vingt queriam que esse investimento fosse aplicado em Mossoró. Diferenças políticas-geográficas, diria. O governador da Revolução deu cartão vermelho aos dois diretores. Outra mágoa profunda, pois ei já era órfão de Djalma Marinho que não se elegera senador e de Grimaldi Ribeiro que perdera o mandato de deputado federal. Além de fustigado pelo dinartismo, afastei-me do sistema, exilando-me na praia de Cotovelo. Em 1978, fui sondado por Ângelo Fernandes, emissário de Aluízio Alves, ainda com os direitos cassados, se poderia recebê-lo em minha casa. E o encontro se deu num sábado à tarde, em Macaíba para o espanto de muita gente. Daí tratei de conversar com os meus amigos que foram contrários ao meu ingresso no MDB mas favoráveis ao entendimento com Aluízio, nascendo aí, para alguns, o Arenebê, que escondia só pra mim, por trás do rótulo, uma triste e repetida história de preterições.

Nas eleições parlamentares de 1978, como troco à Arena, dei o meu apoio a Henrique Alves/Paulo de Tarso Fernandes e votei em Jessé Freire para senador. O fato é que o Arenebê foi o precursor da paz pública com todos os traumas e efeitos colaterais. Porém, aí começa outra história.

* Escritor