sábado, 5 de abril de 2014

 
Francisco Avelino dos Santos
 
04/09/1924
05/04/2014 
 
Velório
  • Centro Velório São José
  • 05/04/2014 às 21:00h
Sepultamento
  • Cemiterio de Nova Descoberta
  • 06/04/2014 às 15:00h 
Chico Avelino era um velho amigo, com grande acervo físico e memorial de Natal nos áureos tempos do início da aviação comercial. Prestou relevantes serviços a todas as Companhias de aviação instaladas no Rio Grande do Norte e, em particular à Panair do Brasil.
Foi se unir a Marluce, que partiu há seis meses para a morada eterna. Sentimentos aos seus filhos e filhas, netos e demais familiares.

Galo




O canto do galo 

Elísio Augusto de Medeiros e Silva

Empresário, escritor e membro da AEILIJ
elisio@mercomix.com.br


Uma dessas manhãs, ao acordar cedinho, dei-me conta que nunca mais ouvi um galo cantar, saudando o dia que chegava. O que será dos galos que, antigamente, cantavam ao raiar do dia?! Será que vão desaparecer até da nossa memória?! Nem me lembro mais da última vez que ouvi um prosaico galo cantar: qui-qui-ri-qui-qui – longo, solene e misterioso.
 Pelo visto, nós, escravos das horas, seremos mesmo obrigados a trocá-los por um despertador de cabeceira.
Contudo, ainda me lembro bem da imagem do galináceo: a plumagem colorida, a crista rubra, o andar altivo, o perfil soberano. Sempre disciplinado e pontual nos seus horários.
Insisto – onde está o som agudo do canto matinal? O canto que rasgava todas as madrugadas anunciando um novo dia.
Nunca mais ouvi aquele canto sonoro, que despertava os quintais da Rua Manoel Dantas, e era precedido por outros. Foi se apagando, acabando, até cessar por completo. Menos uma forma de poesia, uma forma de emoção nas nossas manhãs. Lembra-me o verso de Eliot: “Para onde vão as palavras quando cessa a fala?”.
Um galo canta de fato na Odisseia de Homero; e outro canta nos Evangelhos, naquela noite de agonia que se passa no Jardim das Oliveiras.
O galo é considerado o arauto do amanhecer. Segundo uma antiga lenda, se o galo não cantar, o sol não terá forças para subir ao céu. E ainda, que o seu trinado afugenta o manto negro da noite, e abre caminho para a luz do novo dia.
Depois que cumpre a sua missão de saudar a luz diária, o galo recolhe-se em silêncio ao galinheiro, onde reina soberano entre as companheiras, até que novamente a noite chegue e ele novamente estufe o seu peito e restaure a luz e a ordem.
Na sua sagrada hora espanta os demônios, como diz Shakespeare, em Hamlet: “... o galo, trombeta da manhã, desperta o Deus do dia, com a altissonante voz de sua sonora garganta, e que a este sinal, os espíritos errantes, encontrem-se na água ou no fogo, na terra ou no ar, retornam afobados a seus cárceres”.
Contam que, quando o galo canta fora do seu rotineiro horário, é de mau agouro aos homens. O galo ostenta vários poderes – agoura a tragédia e prenuncia a morte, mas, também, arauto do sol, sonoriza as manhãs e alegra o dia que nasce.
Quando alguém tenta ostentar bravatas, fala-se que esse “canta de galo”. Muitos dizem: “Não venha cantar de galo no meu terreiro”.
Em muitos países, a figura do galo dos ventos paira como profeta meteorológico no alto dos telhados. Aqui em Natal temos a Igreja de Santo Antônio, na Cidade Alta, onde em sua torre está a silhueta de um galo em folha de latão, característico da arquitetura religiosa portuguesa.
Vou terminar comprando um galo para soltá-lo no meu quintal. Capim Macio inteiro vai acordar ao mesmo tempo. Não sei se a ideia será bem aceita pelos vizinhos.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

             Luciano Hortencio
 
CÁLICE - CALE-SE
Por Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello
Este é mais um exemplo de letra contra a censura, predominante entre nossos compositores à época (1973) em que a canção foi criada. Na verdade, "Cálice" destinava-se a um grande evento promovido pela PolyGram, que reuniria em duplas os maiores nomes de seu elenco, e no qual deveria ser cantada por Gilberto Gil e Chico Buarque.
No livro Todas as letras, Gil narra em detalhes a história da canção, a começar pelo encontro inicial dos dois no apartamento em que Chico morava, na Lagoa Rodrigo de Freitas, ocasião em que lhe mostrou os versos que fizera na véspera, uma sexta-feira da Paixão. Tratava-se do refrão ("Pai, afasta de mim este cálice / de vinho tinto de sangue"), uma óbvia alusão à agonia de Jesus no Calvário, cuja ambiguidade (cálice / cale-se) foi imediatamente percebida por Chico.
Gil levara-lhe ainda a primeira estrofe ("Como beber dessa bebida amarga / tragar a dor, engolir a labuta / mesmo calada a boca, resta o peito / silêncio na cidade não se escuta / de que vale ser filho da santa / melhor seria ser filho da outra..."), lembrando a "bebida amarga", uma bebida italiana chamada Fernet, que o dono da casa muito apreciava e sempre lhe oferecia, enquanto "o silêncio na cidade não se escuta" significava que "no barulho da cidade não é possível escutar o silêncio", ou "não adianta querer o silêncio porque não há silêncio", ou seja, metaforicamente: "não há censura, a censura é uma quimera", pois "mesmo calada a boca, resta o peito, resta a cuca". Deste e mais outro encontro, dias depois, saíram a melodia e as demais estrofes, quatro no total, sendo a primeira e a terceira ("De muito gorda a porca já não anda...") de Gil, a segunda ("Como é difícil acordar calado...") e a quarta ("Talvez o mundo não seja pequeno...") de Chico.
No dia do show, quando os dois começaram a cantar "Cálice" desligaram o microfone. "Tenho a impressão de que ela tinha sido apresentada à censura, tendo-nos sido recomendado que não a cantássemos, mas nós fizemos uma desobediência civil e quisemos cantá-la", conclui Gil. Irritadíssimo com o microfone desligado, Chico tentava outro mais próximo, que era cortado em seguida, e assim, numa cena tragicômica, foram todos sendo "calados", impedindo-o de cantar "Cálice" até o fim.
Liberada cinco anos depois, a canção foi incluída no elepê anual de Chico, com ele declarando que aquele não era o tipo de música que compunha na época (estava trabalhando no repertório de "Ópera do Malandro"), mas teria que ser registrado, pois sua tardia liberação (juntamente com "Apesar de Você" e "Tanto Mar") não pagava o prejuízo da proibição. Na gravação, as estrofes de Gilberto Gil, que estava trocando a PolyGram pela WEA, são interpretadas por Milton Nascimento, fazendo o coro o MPB 4, em dramático arranjo de Magro. 
Fonte: Livro 85 anos de Música Brasileira Vol. 2, 1ª edição, 1997, editora 34http://www.chicobuarque.com.br/letras/notas/n_zuza_calice.htm
 
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público ordinário, sem vergonha, e tão vil como ela mesma" - Joseph Pulitzer.
____________________________
Colaboração da minha amiga Marilene Leforrestier - França

CRÔNICA DE RINALDO BARROS

Estranho silêncio
(*) Rinaldo Barros
A conversa de hoje tem como foco a quase inexistente produção intelectual em nossa sociedade.
Quem observa o patropi com olhos de enxergar, fica deveras embaraçado. Antes de tudo, deve colocar de lado esses documentos sem valor que são as constituições (nacional e estaduais) e as leis orgânicas municipais. O patropi caminha como se estivesse numa aventura, sem mapa, numa região sacudida por um terremoto ou por um ciclone. Nem mais o Superior Tribunal Federal e o Tribunal de Contas da União são respeitados; como de resto nenhum outro tribunal. As instituições perderam a credibilidade.
Os estudiosos chamam a isso de "crise de hegemonia".
Não se trata de impor a vontade pela força, mas de propor uma alternativa cultural e ideológica que cimente solidariedades. Nesse sentido, somos ainda uma sociedade sem alternativas. Ou não?
Todavia, o foco da minha preocupação é a ausência (ou omissão) de formuladores e de, consequente, produção do conhecimento acerca da história, do presente e do futuro de nossa sociedade.
Há cerca de três décadas que, no patropi, não se conhece análises consistentes sobre nossa experiência histórica recente. Tudo se passa como se um grande desalento houvesse tomado conta dos nossos intelectuais. Dessa forma, a imprevisibilidade caracteriza o nosso tempo.
Vou tentar traçar aqui um resgate sucinto do que foi esse processo, em nosso país.
No Brasil do século XIX, não havia espaços próprios para a intelectualidade. Já durante o Império, uma alternativa dos pensadores de então era a carreira na diplomacia, posto público que garantia ganho financeiro, permitindo atividade intelectual paralela.      
Só no século XX se dá a consolidação de instituições “propriamente intelectuais”, como as universidades, abrindo “carreiras” autônomas e, a partir disso, ocorre a profissionalização da atividade.
Provoco: no século XXI, qual o papel do intelectual na sociedade da informação?
Como ensina a professora Ângela Alonso (USP), há “profissionais do conhecimento”, vinculados à universidade “da porta para dentro”; e há (ou deveria haver) “intelectuais públicos”, empenhados na enunciação e posicionamento político. Onde estão?
Entendo que a universidade brasileira passou por um processo de burocratização, tornando-se um lócus de habilitações, mais instrumental do que produtora de conhecimento novo, novos conceitos, ou novas teorias.
É o que pondera também o jornalista Bernardo Kucinski, para quem a fase da grande Sociologia se foi. “Não é mais a ciência em busca da verdade histórica, mas é a ciência das “carreiras”, argumenta.
O status da carreira acadêmica passa a se nortear por requisitos da universidade, como a “produtividade” mediante publicações de artigos “científicos”, títulos, orientações e participação em bancas. Tudo muito bem comportado, dentro dos parâmetros instituídos e controlados pelos estamentos.
Lamentavelmente, os intelectuais desta geração se despolitizaram, impregnados pela ideia-mestra de que “não há mais utopias”, dedicando-se unicamente à academia – onde, “a rigor, não há diferença entre um filósofo e um engenheiro”. Ou seja, as ciências ‘duras” dominam as pesquisas e detêm a hegemonia.
A historiadora Maria Helena Capelato corrobora essas considerações e faz uma distinção entre os pensadores comprometidos com a vida política. Ensina: “há intelectuais ligados ao PSDB e ao PT; e há os que apenas produzem conhecimento mantendo a velha postura, típica do século XIX, do “sábio” pensando e falando para si mesmo”.
Cá no meu canto, fico assuntando sobre esse estranho silêncio dos intelectuais orgânicos brasileiros.
Será que, nas trevas em caiu o Brasil, estão com paúra de registrar para a posteridade que, como alternativa à missão histórica ou revolucionária, o pragmatismo transformou parte significativa das lideranças desta geração em meros chefes de quadrilhas? Por que não formulam, nem sequer especulam, sobre os fatos?
Qual será o cenário que está sendo montado, ao longo do século XXI? Quais as grandes tendências?
Que ideologia está dominando a mídia à essa altura da história da humanidade? Quais os papéis da Internet? Conseguirá o capitalismo consolidar um novo padrão de acumulação? Qual o papel do Estado?
A ambição, a ganância, o individualismo, a competição, a busca do lucro máximo, a destruição ambiental, a desigualdade social, o colonialismo, a dominação, o autoritarismo, o patrimonialismo, a corrupção e a violência permanecerão sendo os nossos paradigmas? Quais os novos conceitos integradores das ciências?
Quais são os prováveis novos caminhos para a luta dos trabalhadores, no Brasil e no mundo?
Por que a esquerda logra ser alternativa de governo, mas não consegue ser alternativa de poder?
Será a derrota do pensamento e o triunfo das nulidades, de que falava Ruy?
(*) Rinaldo Barros é professor – rb@opiniaopolitica.com

quinta-feira, 3 de abril de 2014

HOJE - 18,30 h

Câmara Municipal de Natal

Câmara devolve mandatos de Djalma Maranhão e Luís Gonzaga dos Santos

Resolução 404/2014 de iniciativa do vereador George corrige injustiça histórica contra a democracia.

A Câmara Municipal de Natal realiza hoje (quinta-feira) uma Sessão Solene para a entrega de certificados de diplomação “in memoriam” às famílias do Prefeito e Vice-Prefeito de Natal, Djalma Maranhão e Luís Gonzaga dos Santos, devolvendo de forma simbólica os mandatos cassados pela ditadura militar aos mesmos. A solenidade ocorre às 18:30 horas no plenário da Casa Legislativa. Na sexta-feira (4) às 10 horas haverá também o descerramento de uma Placa alusiva ao ato no Salão Nobre da Prefeitura de Natal. O dia 3 de abril de 2014 foi escolhido por ocasião do aniversário de 50 anos do impeachment e cassação dos mandatos de Djalma e seu vice.
De autoria do vereador George Câmara (PCdoB), a Resolução Nº 404/2014 reconheceu como atos antidemocráticos e injustos a decretação do impeachment e a cassação dos mandatos e direitos políticos do Prefeito e Vice-Prefeito de Natal, Djalma Maranhão e Luís Gonzaga dos Santos durante o golpe militar em 1964. A resolução foi aprovada por unanimidade pelos 29 vereadores da Casa no dia 20 de fevereiro.
 A iniciativa anulou a decisão da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Natal ocorrida no dia 3 de abril de 1964 devolvendo (in memoriam) os mandatos de Djalma Maranhão e seu vice durante o período da ditadura militar no Brasil. "Os 21 vereadores que faziam parte da legislatura que cassou o prefeito e seu vice fizeram um documento na época afirmando que não havia ocorrido pressão pela aprovação do impeachment, quando todos sabiam da pressão e influência dos militares. Foi uma grande mentira, uma farsa montada", que agora tem a verdade reposta para a posteridade histórica.
Ainda de acordo com o vereador, a iniciativa repudia a decisão tomada por aqueles vereadores quando aprovaram o decreto que acatava os argumentos do Exército Brasileiro: que o Prefeito e o Vice-Prefeito de Natal, sendo comunistas, estavam impedidos de exercer seus mandatos. “Como forma de corrigir essa injustiça histórica, os nomes de Djalma Maranhão e Luís Gonzaga dos Santos, eleitos democraticamente, serão inscritos nos anais da Câmara Municipal, bem como, na sede da Prefeitura, como dignos representantes dos cidadãos natalenses”, coloca George.
O Visionário
Por: Augusto Coelho Leal, engenheiro civil


                “Visionário é aquele que possui a rara habilidade de aliar a visão à competência. Ele não enxerga apenas o presente: enxerga também o futuro. É capaz de prever tendências e de antecipar mudanças, em vez de ser simplesmente atropelado por elas Um profissional assim é extremamente valioso para qualquer negócio. Tanto que as empresas à frente de seu tempo já têm até um nome para ele: CVO - chief visionary officer.”
                Tive a honra e o prazer de trabalhar com um visionário. Homem simples, educado, alegre, bom pai de família. Sertanejo no bom sentido da palavra, um homem tranqüilo e trabalhador, acordava cedo, chegava às vezes no expediente pela manhã muitas e muitas vezes primeiro do que qualquer outro funcionário que não fosse o vigia, seu nome, Vauban Bezerra de Faria. Foi prefeito da cidade de Natal no período de 1975 a 1979. Um homem que trabalhou muito por Natal, mas são poucas as pessoas que reconhecem isto.
                Vejo hoje se falar muito nas obras de drenagem e pavimentação  do prolongamento da Av. Prudente de Morais. Pois bem, na administração Vauban Bezerra ele deixou projetos de viabilidade e construção do prolongamento da Prudente, previu e deixou projetos para alargamento das Avenidas Hermes da Fonseca e da própria Prudente, que juntamente com as Ruas Jaguararí e Olinto Meira iam ate o município de Parnamirim, na época chamado de Eduardo Gomes. Essas ruas funcionavam duas a duas com sentido único do trânsito, ou seja, mão única e com o fluxo de veículos contrários para as ruas paralelas, As Avenidas Bernardo Vieira e Antonio Basílio funcionavam da mesma maneira. Neste mesmo projeto previa o alargamento da Rua Mário Negócio e Felizardo Moura e muito outros projetos.
                Vauban teve a coragem de fazer uma equipe quase de jovem. Na Secretaria de Planejamento (época) o economista Antonio Ferreira de Melo que com sua equipe fez um excelente trabalho. A Superintendência de Obras, Sumov (época) comandada pelo jovem e competente engenheiro Clóvis Veloso freire tinha uma equipe de engenheiros jovens e competentes da qual me orgulho de ter feito parte, juntamente com os engenheiros Jovelino Marques Campos, Janilson Carvalho, Maurício Coelho Maia, Hiran Paiva, esses na direção daquele órgão, e outros colegas auxiliares que não recordo de memória seus nomes.
                Vauban teve a coragem de indenizar dezenas de imóveis para poder executar suas obras. Criou uma comissão de avaliação e indenização de imóveis, que com um bom trabalho fez tudo sem desagradar uma só pessoa, todos receberam os valores justos dos seus imóveis e as obras foram realizadas.
                A importância da administração Vauban foi tão grande para o desenvolvimento de Natal, os prefeitos que lhe sucederam (José Agripino Maia e Marcos Cesar Formiga) que também fizeram um bom governo, aproveitaram parte dos seus projetos.
                Não citando  as pequenas, entre as obras de Vauban Bezerra podemos destacar:
·         Primeiro Plano Diretor de Drenagem de Natal e Projeto executivo Aqua-Plan, do Recife que foi acompanhado de perto pela equipe técnica da Sumov
·         Projeto e execução da pavimentação e drenagem da Avenida Prudente de Morais no trecho entre a Rua Apodi e a Avenida da Integração. Projetos elaborados pela empresa Humberto Santana Engenheiros Consultores Ltda, e execução da empresa EIT – Empresa Industrial Técnica.
·         Projeto e execução da Avenida de Contorno, ligando os bairros da Ribeira e Alecrim sem passar pelo centro da cidade. Vale salientar que na época a Ribeira era importante bairro comercial
·         Projeto e execução da Avenida Beira Canal e do Viaduto do Baldo que a exemplo da Avenida de Contorno objetivava também desafogar o trânsito do Centro da Cidade, ligando a Ribeira com a Avenida Prudente de Morais, e dai direto com as zonas oeste e sul da nossa cidade. Nesta época já se projetava melhorias para o Porto de Natal.
·         Projeto e execução do alargamento da Avenida Getulio Vargas e duplicação da Ladeira do Sol, com a contenção das Encostas da Getulio Vargas, sendo esta a primeira obra de contenção em concreto atirantado executada em Natal.
Olhem o volume de obras e a magnitude dessas obras.  Isto há trinta e oito anos Era realmente uma equipe jovem, idealista e competente, com um detalhe, nenhum de nós foi indicado por político qualquer, à escolha foi dele. Ele nos tratava como filhos e nós tínhamos o maior respeito aos seus ensinamentos de vida.
                Hoje vejo o serviço publico esfacelado, com pessoas sem a menor capacidade exercendo cargos de chefia. A competência é ser amigo de político, que na sua maioria são uns irresponsáveis e poucos estão ligando para o bem comum.
                Natal deve e deve muito a memória de Vauban Bezerra de Faria. Mas infelizmente até a maioria de nós engenheiros, já esqueceu quem ele foi.

               



quarta-feira, 2 de abril de 2014



 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
COMISSÃO DA VERDADE

MANIFESTAÇÃO

            No ensejo da passagem dos 50 anos do golpe de Estado de 31 de março de 1964, a Comissão da Verdade da UFRN vem manifestar o seu repúdio aos atos e ações praticados durante o regime de exceção, eliminando vidas, suprimindo direitos, perseguindo e torturando pessoas, desviando carreiras e destruindo ideais de jovens estudantes, professores e servidores públicos da UFRN, fazendo da repressão o meio de empanar o caminho largo da democracia.

Natal, março de 2014

Carlos Roberto de Miranda Gomes

Presidente

Ivis Alberto Lourenço Bezerra de Andrade

Vice-Presidente

Almir de Carvalho Bueno (CERES)

José Antonio Spinelli (Ciências Sociais)

Maria Ângela Ferreira (ADURN)

Moisés Alves de Sousa (SINTEST),

Juan de Assis Almeida (DCE)
CNBB divulga declaração sobre os 50 anos do golpe civil-militar
 
O Conselho Episcopal Pastoral (Consep) aprovou hoje, 1º de abril, declaração sobre os 50 anos do golpe civil-militar, intitulada “Por tempos novos, com liberdade e democracia”. O texto, assinado pela Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), alerta as “gerações pós-ditadura para que se mantenham atuantes na defesa do Estado Democrático de Direito”.
 
Os bispos relembram “os 21 anos que fizeram do Brasil o país da dor e da lágrima” e reafirmam “o compromisso da Igreja com a defesa de uma democracia participativa e com justiça social para todos”. Leia, na íntegra, a declaração da CNBB.
 
DECLARAÇÃO
 
POR TEMPOS NOVOS, COM LIBERDADE E DEMOCRACIA
 
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB faz memória, neste 1º de abril, com todo o Brasil, dos 50 anos do golpe civil-militar de 1964, que levou o país a viver um dos períodos mais sombrios de sua história. Recontar os tempos do regime de exceção faz sentido enquanto nos leva a perceber o erro histórico do golpe, a admitir que nem tudo foi devidamente reparado e a alertar as gerações pós-ditadura para que se mantenham atuantes na defesa do Estado Democrático de Direito.
 
Se é verdade que, no início, setores da Igreja apoiaram as movimentações que resultaram na chamada “revolução” com vistas a combater o comunismo, também é verdade que a Igreja não se omitiu diante da repressão tão logo constatou que os métodos usados pelos novos detentores do poder não respeitavam a dignidade da pessoa humana e seus direitos.
 
Estabeleceu-se uma espiral da violência com a prática da tortura, o cerceamento da liberdade de expressão, a censura à imprensa, a cassação de políticos; instalaram-se o medo e o terror. Em nome do progresso, que não se realizou, povos foram expulsos de suas terras e outros até dizimados. Ate hoje há mortos que não foram sepultados por seus familiares.
Ainda paira muita sombra a encobrir a verdade sobre os 21 anos que fizeram do Brasil o país da dor e da lágrima. Ajuda-nos a pagar essa dívida histórica com as vítimas do regime a Comissão da Verdade que tem por objetivo trazer à luz, sem revanchismo nem vingança o que insiste em ficar escondido nos porões da ditadura.
 
Graças a muitos que acreditaram e lutaram pela redemocratização do país, alguns com o sacrifício da própria vida, hoje vivemos tempos novos. Respiramos os ares da liberdade e da democracia. Porém, é necessário superar a injustiça, a desigualdade social, a violência, a corrupção, o descrédito com a política, o desrespeito aos direitos humanos, a tortura... A democracia exige participação constante de todos.
 
Fiel à sua missão evangelizadora, a CNBB reafirma seu compromisso com a defesa de uma democracia participativa e com justiça social para todos. Conclama a sociedade brasileira a ser protagonista de uma nova história, livre do medo e forte na esperança.
 
Nossa Senhora Aparecida, padroeira de nossa Pátria, nos projeta com seu manto, ilumine nossas mentes e corações a fim de que trilhemos somente os caminhos da paz, da justiça e do amor.
 
Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida - Presidente da CNBB
 
Dom José Belisário da Silva, OFM
Arcebispo de São Luís do Maranhão - Vice Presidente da CNBB
 
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília - Secretário Geral da CNBB

terça-feira, 1 de abril de 2014

 A ALEJURN FAZ HOMENAGEM AO SAUDOSO JOSÉ ARNO GALVÃO, DIA 04-04-2014.




Homenagem a José Arno Galvão
A Academia de Letras Jurídicas /RN-ALEJURN, através de convite de seu Presidente, Procurador Adalberto Targino, comunica que irá prestar homenagens póstumas ao pranteado Acadêmico José Arno Galvão, ultimo ocupante da cadeira de numero 38 (Patrono –Jurista Hélio Galvão), em solenidade de começará às 10h do dia 04 de abril/2014, em sua sede provisória, no Edf. Da Procuradoria Geral do Estado,  sito à Av. Afonso Pena, 1155, Tirol.
O Necrológio será proferido pelo Acadêmico Valério Marinho e outras homenagens serão prestadas  ao falecido intelectual, pelos demais membros do Colégio Acadêmico da ALEJURN, que, naquela data, estarão reunidos em Assembléia Geral.
O saudoso Confrade José Arno Galvão era membro vitalício fundador daquela Academia, advogado militante há 50 anos, foi Procurador Geral do Município de Natal, Diretor Geral do Tribunal de Contas do estado e colaborador de vários jornais do RN.  Era conhecido pela sua capacidade como advogado e escritor, mas, sobretudo, como servidor público austero e honrado.
E ASSIM CAMINHA O ANALFABETISMO

Públio José – jornalista
                        Uma das piores chagas sociais que atinge a humanidade é o analfabetismo. E seus efeitos se tornam ainda mais dolorosos porque o analfabetismo não escandaliza a mais ninguém. Ao longo do tempo tornou-se um cadáver insepulto, um tipo de paciente que perdeu a capacidade de tocar as pessoas, de fazê-las reagir aos seus pedidos de socorro. Na verdade, o analfabetismo é como um local putrefato no qual as pessoas que nele estão já se acostumaram com o odor que impera no ambiente. As narinas já não reagem mais à acidez que domina o lugar. E, com o passar dos dias, e diante dos atuais avanços tecnológicos, mais se acentua a distância que separa o analfabeto dos demais seres viventes deste mundo. Por outro lado, os esforços aplicados na sua solução têm apresentado, até o presente, resultados muito aquém do esperado, enquanto suas conseqüências se alastram feito pingo de tinta no papel.

        A UNESCO já na quarta edição do Relatório Global de Monitoramento da Educação para Todos atentava para o caráter doloroso do tema. O documento de nome bonito e pomposo objetiva alertar governos e entidades civis a respeito da gravidade da situação. Lamentável, para nós brasileiros, é a posição ocupada pelo Brasil no citado documento. Lá está registrado: no Brasil, e em mais outros onze países, é onde se concentram três quartos de todos os analfabetos do mundo. Independente das mazelas apontadas no Relatório Global de Monitoramento da UNESCO, o grande estigma que dilacera o analfabetismo é a leitura piegas, desfocada, piedosa, meramente assistencialista que governos e entidades civis fazem do problema. Insistem em alfabetizar por um ato de misericórdia, como uma esmola, quando a alfabetização representa, de fato, um fator inerente à economia de uma região.

          E estão nesse rumo as conclusões finais do documento da UNESCO. Lá está consignado que “o analfabetismo prejudica os esforços globais para reduzir pela metade a pobreza no mundo dentro de uma década”. Pela leitura vê-se, então, que o analfabetismo termina por ser causa e efeito de sua própria desgraça, pois, além de carregar em si mesmo a cruz da separação, da segregação, da dificuldade do analfabeto em existir como elemento profissional, ainda impede que a ação governamental se interne nos guetos para a erradicação da pobreza. Não é à toa, portanto, que o documento ainda arremata: “A poderosa ligação existente entre a alfabetização de adultos e uma melhor saúde, maior renda, uma cidadania mais ativa e a educação das crianças, deveria funcionar como forte incentivo para que governos e doadores sejam mais pró-ativos”. Porque?

           Porque alfabetizar faz bem, gera renda, diminui a marginalidade, eleva a auto-estima individual e melhora os índices de qualidade de vida onde sua ação é implementada. No entanto, as estatísticas, ao contrário, e por enquanto, são de estarrecer: cerca de 20% da população mundial, segundo o relatório, ainda são constituídos de analfabetos e mais de 100 milhões de crianças em idade escolar estão fora das salas de aula. O Brasil, por sua vez, tem presença assegurada, de forma negativa, nesse ranking, fazendo companhia a países como Índia, China, Bangladesh, Paquistão, Nigéria, Etiópia, Indonésia, Egito, Irã, Marrocos e República Democrática do Congo. Sinal de que, em se tratando de alfabetização, nossas prioridades estão bem próximas das metas estabelecidas por esses países. Ou por outra: pobres dos nossos analfabetos. Continuarão, por longo tempo, em péssima companhia.

segunda-feira, 31 de março de 2014

1964


O GOLPE DE 1964 E AS VERDADES CRUZADAS
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes


Tive a oportunidade de colocar na mídia eletrônica, em capítulos, estudo que fiz sobre o golpe de Estado de 1964, que agora completa 50 anos.
Em razão da proximidade do dia 31 deste mês de março, renovo, com alguns retoques, o relato que escrevi, considerando que o estopim do movimento foi a atitude precipitada do Presidente Janio Quadros, que renunciou o seu mandato, num governo que duraria apenas alguns meses do ano de 1961 e convocou o Vice-Presidente João Goulart para completá-lo, sem a simpatia dos militares, provocando crises sucessivas.
“Depois de passar 19 anos sendo convocado por políticos para debelar crises, o Exército interveio mais uma vez em 1964, desta vez num golpe de Estado que exilou o presidente João Goulart. O governo não foi entregue aos civis: os militares resolveram exercer eles mesmos o poder, acreditando que seriam os únicos a ter a disciplina e a honestidade necessárias para a função. Foram tragados para um turbilhão de autoritarismo, disputas internas, guerrilha, inflação, tortura nos quartéis e atentados que desmoralizaram a instituição e seus generais-presidentes, apesar da censura imposta à imprensa. No governo do último general-presidente, João Figueiredo, a ditadura havia se tornado um labirinto cuja saída foi a devolução do poder aos civis, com a eleição indireta de Tancredo Neves em 1985.” [1]
Começava no Brasil o caminho dos tanques, um período de mordaça dos segmentos sociais e a censura à imprensa sob uma divulgação de combate à subversão e corrupção – temas profundamente contraditórios em razão da história do País, usando-se para isso a força bruta e a grotesca ostentação de armas, torturas, perseguições e mortes, com a conivência e o apoio de parcelas importantes da sociedade – empresários, proprietários rurais, parcela da imprensa, a igreja católica, importantes corporações profissionais e influentes governadores de estados e o silêncio do Supremo Tribunal Federal.
Os golpistas sabiam que teriam problemas a enfrentar e para tanto não usaram o diálogo, mas o convencimento pela repressão, pela truculência, manipulando o processo democrático, cassando mandatos e orquestrando uma farsa eleitoral de dois partidos apenas – ARENA e MDB.
A moldura do governo militar passou a ser “o milagre econômico”, com projetos de mega dimensão como a Transamazônica e a Perimetral Norte, fomentando um ufanismo nacionalista retratado no slogan “Brasil – ame-o ou deixe-o”.
O Ato Institucional nº 5, em 1968, recrudesceu a ditadura e as forças democráticas repeliriam a violência de todas as maneiras que podia, ostensivas ou alternativas, estas desenvolvidas no Teatro, no Cinema e na Música.
             O retorno à normalidade democrática vai acontecendo paulatinamente no percurso dos governos do general Ernesto Geisel, com o anunciado programa de “abertura lenta, gradual e segura”, num processo político que passou a ser o ponto fundamental da luta nacional pela transição do regime no caminho da verdadeira Democracia, com a revogação dos atos institucionais e reforma da Lei de Segurança Nacional, das eleições legislativas de 1974, com as manifestações da sociedade em favor da redemocratização do país, do Movimento Feminino pela Anistia em 1975, o Comitê Brasileiro pela Anistia em 1978, que permitiram efetivamente a sua aprovação na Lei 6.683, de 28 de agosto de 1979, no Governo João Figueiredo, e finalmente com a emenda Dante de Oliveira de 25 de março de 1984, que mesmo não aprovada, abriu o caminho da restauração do processo político.

Forças reacionárias ainda tentaram reverter o processo de abertura, mas mesmo com o atentado fracassado no Riocentro, em 1981, não foi suficiente para interromper o movimento das “Diretas Já” que preparou a eleição indireta de Tancredo Neves em 1985.
  “A ditadura terminara – e o novo desafio era consolidar a democracia.”[2]
As eleições se sucedem. Tancredo Neves – a velha raposa mineira que se tornara símbolo da redemocratização ao derrotar o candidato Paulo Maluf, coincidentemente, adoece e é internado na véspera de sua posse, em seu lugar assume interinamente José Sarney, em solenidade no dia 15 de março de 1985, um político comprometido com a ditadura, assustado com o encargo que não cogitava.
Não foi um recomeço fácil. A fatalidade de Tancredo deixa atônito o País, notadamente com o seu falecimento em 21 de abril de 1985 – Dia de Tiradentes.
A economia atinge patamar de inflação nunca antes ocorrido, produzindo drástica corrida ao mercado de capitais, fomentando falências e concordatas.
Contudo, a penosa reconstrução da democracia contava com um grande aliado – Deputado Ulisses Guimarães, ganhando força na Nova República de Sarney, como Presidente do Congresso e da Assembleia Nacional Constituinte, dando ao Brasil, a sua nova Carta Política em 05 de outubro de 1988, denominada de “Constituição Cidadã”, com instrumentos jurídicos e políticos modernos para retomar o caminho da normalidade. Mas o destino fez desaparecer o “Senhor das Diretas”, num desastre de helicóptero em 12 de outubro de 1992.



[1] DN Especial – (8) Anos de Chumbo12/7/2005.
[2] Diário de Natal, 12/7/2005.