Jair Eloi de Souza
sábado, 21 de janeiro de 2023
sexta-feira, 20 de janeiro de 2023
VIDA COMPLICADA
Valério Mesquita*
Não
existe mais critério para balizar as informações ou alterações sobre os riscos
da saúde humana. As referências qualitativas mudam a cada ano. Não há unidade
científica sobre esta ou aquela questão que afeta o ambiente vital. Falo assim
porque ouvi e assisti as últimas prescrições pela tv sobre os produtos e os
microorganismos causadores de infecções e doenças que rondam os ares e lares
brasileiros. São fatos que só podem ser discutidos pela mediação confrontativa.
São conselhos de saúde que conheço desde o tempo dos almanaques Capivarol, Jeca
Tatu ou do Biotônico. Eles atendiam a suficiência cultural do povo através da
mensagem simples e simplificada porque se vivia um tempo ingênuo e menos
complicado.
Hoje,
recomenda-se que a descarga do vaso sanitário, após o ato defecatório, somente
seja acionada com a tampa fechada a fim de evitar a proliferação de
micro-organismos. Esses vilões invisíveis podem infectar escovas de dentes
expostas, sabonetes, pastas, cremes e tudo que habita o espaço da privada.
Principalmente, seu usuário. Foi aí que remeti o pensamento para o tempo em que
não havia nos banheiros o bidê, o chuveiro e a descarga. Só a jarra, tina,
tonel, tanque e a milagrosa lata de querosene que empurrava, canal aberto, o
bolo fecal diretamente para a fossa. Era a higiene daquela época antes da
chegada da suíte, que me parece, mesmo cercada do conforto moderno – tornou-se
hospedeira dos mesmos coliformes fecais numa quadra doentia e propícia a
contaminações. Que saudade das tratáveis verminoses!
Nas
geladeiras, por exemplo, é inconcebível a mistura de alimentos. É o que sugere
a autoridade da saúde através do canal da Globo. Em priscas eras, juntava-se
carne, ovos, peixe, frutas, verduras, legumes, bebidas, leite, conservas e
enlatados de todo o tipo na famosa geladeira Cônsul ou Gelomatic à querosene,
sem problemas. Nos dias da moda, estão proibindo agrupar todos os gêneros
dentro do refrigerador. Latas de carne para cães ou gatos nem pensar. Somente
acondicionadas em papel-filme apropriado. No queijo reside o risco da bactéria
salmonella. Nas latas, a ferrugem é ninho de germes. Mas, o golpe emocional
veio depois: os adoçantes, de modo geral, são cancerígenos. Sabíamos que a
sacarina e o ciclamato de sódio teriam sido assim pesquisados e rotulados.
Salvava-se o aspartame. Todavia, a mutabilidade científica da pesquisa médica é
inexorável. Caiu o último produto químico popular que substituia o açúcar.
Um
diagnóstico médico virou doença nos ambulatórios e consultórios na
atualidade: virose. Gripe que se curava antigamente com analgésico comum hoje é
virose. Disenteria inespecífica também. Até sintomas de complicados estados
patológicos são pressagiados de virose. Os vírus, tão intensamente divulgados e
disseminados, tornaram-se realidade biológica e exigem de nós automatismo
defensivo. O tema não é vulgar porque trata de um hábito fisiológico que
integra o preocupante cotidiano humano. Na tarefa manual e rudimentar, um
famoso cronista social trouxe, certa vez, dos Estados Unidos, a novidade
incomparável de limpar-se, após a evacuação, através de suave instrumento
mecânico de contato. E com ele veio a dica de que ninguém se contamina por
falta de higiene. Veja o leitor como tudo hoje é complicado.
Depreende-se
que é preciso uma lei contra as impurezas. O mundo fede há muito tempo. Mas, o
ser humano é o seu principal agente. Nessa eleição, o assunto foi esquecido.
Nenhum candidato sustentou a defesa da saúde humana, nem da animal com tantos
pets instalados em Natal. Perderam o voto dos bichinhos.
(*)
Escritor
quarta-feira, 18 de janeiro de 2023
A Coluna Prestes no Rio Grande do Norte - I
Tomislav R.
Femenick – Membro do Instituto Histórico e Geográfico do RN
A Coluna Prestes era
formada por militares rebeldes, principalmente pelos de São Paulo e do Rio
Grande do Sul. Seus principais líderes foram Luís Carlos Prestes, Juarez Távora
e Miguel Costa. Em 1924 alguns deles já tinham tentado fazer uma revolução,
tomando o Forte de Copacabana, mas fracassaram. Formados em pelotões, a Coluna
percorreu cerca de vinte e cinco mil quilômetros pelo interior do país, fazendo
uma “guerra de movimentos” e
enfrentando as forças do governo. No final de 1926, com a metade dos homens
dizimados pela cólera e sem condições de continuar a luta, refugiou- se na
Bolívia.
Porém no início daquele
ano, no dia 3 de fevereiro, tropas rebeldes da Coluna Prestes realizaram o seu
primeiro ataque no Rio Grande do Norte, contra a cidade de São Miguel. A luta
foi travada por 70 revoltosos, militares treinados, contra quatro soldados da
polícia do Estado e 28 atiradores (pistoleiros?), “num tiroteio que durou das quatro horas da tarde até ao crepúsculo,
com um rebelde morto e dois legalistas feridos. Um destes [...] caiu nas mãos dos rebeldes e foi degolado”. A população mais abastada de São Miguel
fez uma verdadeira debandada da cidade, quando se noticiou que outros mil
rebeldes estavam se dirigindo para lá. No dia seguinte a cidade foi saqueada
pelos integrantes da Coluna Prestes, que invadiam residências e lojas “arrebentando móveis e destruindo objetos
que não podiam usar ou transportar. [...] Partiram no mesmo dia em que chegaram, depois de queimar o [Cartório
de] Registro de Título e Documento”
(SILVA, 1966; MACAULAY, 1977). De São Miguel foram para Luiz Gomes, onde
repetiram o saque, invadiram e destruíram lojas e residências, levando tudo o
que podiam, e novamente incendiaram o Cartório local.
Antes desses ataques,
várias cidades do Estado se viram ameaçadas de invasão pelos tenentes rebeldes.
No dia 31 de janeiro, quando o jovem Padre Luiz Ferreira da Mota (o célebre
Padre Mota que depois viria a ser vigário geral, prefeito e deputado estadual)
tomava posse como o novo vigário de Mossoró, correu a notícia de que os
revoltosos da Coluna Prestes estavam na iminência de atacar a cidade. Em ata paroquial,
o Padre Mota registrou o impacto que a notícia de um provável ataque da Coluna
Prestes a Mossoró teve entre a população da cidade. Dizia ele:
“Neste mesmo dia, espalhou-se pela cidade o terror da notícia de que os
revoltosos se encaminhavam para nossas fronteiras, noticia que foi divulgada
pela manhã, e logo começou o êxodo da população. Quando me dirigia para a
Matriz, às 8 e meia, para a posse, fui, com surpresa, avisado do que se passava
e sobretudo de que certas pessoas de autoridade e responsabilidade já haviam
abandonado, precipitadamente, a cidade. Diante desta situação, resolvi fazer
um apelo de tranquilidade ao público, para melhor se resolver a situação e
convocar uma sessão de todas as autoridades e pessoas de responsabilidade, o
que fiz de púlpito, com palavras repassadas de fé no patrocínio de nossa Virgem
Padroeira, Santa Luzia, e também de confiança no patriotismo do nosso povo. A
sessão realizou-se no mesmo dia, a 1 hora da tarde, no edifício do Colégio
Diocesano, com grande comparecimento de povo e nela tomaram-se medidas que são
do domínio público. Daí por diante, nos dias de aflição e apreensão para o
nosso povo, sempre tomei a dianteira de todas as manifestações
cívico-patrióticas pela defesa da nossa cidade, procurando, sobretudo despertar
o ânimo do povo, aconselhando a calma, prudência e permanência na cidade, para
guarda dos acontecimentos. Aprouve a Deus que tudo se passasse sem desgraças e
atropelos para nosso povo; os rebeldes tomaram outro rumo e nossa população voltou
à paz do costume, que a caracteriza. Todos [nós] reconhecemos, nesta salvação
de tamanho flagelo, [que foi] o dedo de Deus que nos protegeu, por intercessão
da nossa querida Padroeira Santa Luzia. Em reconhecimento de tão grande graça,
cantou-se um ‘Te Deum’ solene, em ação de graças, no domingo, 21, pelas 5 horas
da tarde” – Texto extraído do livro do tombo da igreja de Santa Luzia, em
Mossoró-RN.
terça-feira, 17 de janeiro de 2023
O vandalismo, as suas origens e formas
Padre João Medeiros Filho
A humanidade progride célere em muitos aspectos,
notadamente tecnológicos. Entretanto, o homem evoluiu pouco interiormente. Comporta-se
em certas circunstâncias como os vândalos medievais. Estes, segundo alguns
historiadores, dentre os quais, Procópio de Cesareia, procedem de uma tribo
germânica, sediada em Cartago (cidade da Tunísia,
na África do Norte). O termo origina-se provavelmente de “wandalen” (os que vagam,
em alemão antigo). Em 455, invadiram o Império Romano, saquearam a sua sede e arruinaram importantes obras de
arte. Surgiu então a palavra vandalismo, definindo ações irracionais de
depredação de bens públicos e privados. Segundo etimólogos, o termo foi usado
pela primeira vez em 1794 pelo bispo Henri Grégoire, em Blois (França), para
denunciar a destruição de objetos culturais, durante a Revolução Francesa. O
étimo foi dicionarizado, a partir da derrubada da Coluna de Vendôme (Paris),
símbolo do poder napoleônico. Com o tempo, a palavra adquiriu a conotação de destruir,
destroçar etc. A origem de tais
ações deletérias está no radicalismo ideológico, político, cultural ou religioso.
Na Antiguidade, as diferenças teológicas entre arianos e católicos foram uma
constante fonte de tensões e batalhas.
Tal fenômeno resiste às civilizações. Na Segunda Guerra
Mundial, obras históricas e artísticas foram saqueadas nos museus da Europa. Em
2001, assistiu-se à demolição da estátua de Buda, do século IV. Em 2015, a parte antiga de Palmira, cidade
síria fundada no período neolítico, foi devastada. Vândalos continuam ativos, inclusive no Brasil
hodierno. Ao passar por várias cidades, encontram-se monumentos históricos
pichados ou parcialmente arrasados, sob o olhar complacente de alguns. A
impunidade torna-se um incentivo aos novos bárbaros, sedentos de sórdidas
vanglórias. Propriedades privadas não ficam imunes a esses predadores. Lugar
algum está a salvo dessas agressões. É deplorável verificar que nem sempre seus
autores são pessoas de nível socioeconômico ou intelectual elementar. Ao
adentrar em certos prédios universitários, escolas e logradouros públicos
depara-se com barbáries.
Repudiamos veementemente todo e qualquer tipo de vandalismo. Um erro não
justifica outro. É uma estultícia, porque os bens materiais não são culpados
pelos atos reprováveis de autoridades ou proprietários. No entanto, como
cristãos, caberia refletir sobre algumas realidades, denominadas pelo Papa
Francisco como vandalismos invisíveis. “Estes, apesar de silenciosos e
aparentemente não violentos, podem deixar sequelas físicas, psíquicas, morais, e
econômicas irreversíveis.” Há dificuldade em tipificar como ações de vandalismo
desmandos e improbidades administrativas, deteriorando o ente público, ética e
economicamente. Isso poderá desencadear movimentos de protesto e revolta. Pessoas
reagem contra abusos que consideram graves. Não há controle. Portanto,
inescrupulosos se misturam, extravasando sua violência. Têm atitudes danosas, como
fizeram os vândalos, em Roma e alhures, noutros momentos da História. Em
determinados lugares e ocasiões, alguns movimentos organizados tentam disseminar
o medo ou ampliar o caos.
O vandalismo não tem limites, pátria ou lado. Ele não é apenas material.
Lamentavelmente, o patrimônio público é irresponsavelmente o mais atingido por
aqueles que deveriam conservá-lo. Afinal, vivem-se tempos do “é proibido
proibir”, da cômoda presunção de inocência, da retórica dos defensores de “direitos
humanos”. Os malefícios do vandalismo invisível, afirma o atual Sumo Pontífice,
“fazem estragos e vítimas, não obstante sua forma sutil e sorrateira, entretanto
não menos perniciosa.” Perguntemo-nos: saquear o erário, à sorrelfa, não se configura
em um tipo de vandalismo? Não o será também deixar por desídia hospitais,
estradas e escolas públicas funcionando precariamente? Como classificar a
eventual sede institucional de revanche? Cientistas políticos e sociais
indagam: aprovar leis levianamente, desprezando a transparência, em detrimento
do bem-estar do povo, não se enquadraria nessa espécie de destruição? Linguistas
interpelam: impor sem convencimento e diálogo a linguagem neutra não é aviltar o
idioma pátrio e sua norma culta? À luz da Ética, atitudes vandálicas são injustificáveis.
Lê-se no Livro dos Salmos: “Muitos têm boca, mas não falam; olhos, mas não veem;
ouvidos, mas não ouvem” (Sl 115/113-B, 5-6). Nos dias atuais, quem terá a
coragem e a dignidade de bater no peito e fazer o “mea culpa”? Diz ainda o salmista: “Até quando, Senhor
Deus, os ímpios triunfarão?” (Sl 94/93, 3).
UMA HERDADE À BEIRA-MAR
- Horácio Paiva*
A realidade é a opção do provável. A consciência tem muitos caminhos, mas apenas um, de fato, nos é dado viver em nosso mundo. Os demais pertencem à definição dos universos paralelos, traçada pela magia lógica da física quântica.
A
realidade
é
a opção do provável -
o real é Deus.
Porém
não é a filosofia agora o que nos importa, mas a poesia, com o seu aglomerado
infinito de sonhos, à disposição do imaginário de cada um. Afinal,
Todo
homem
traz
uma
mensagem.
Todo
homem
é
mensageiro
dos deuses.
Quanto a mim, cumpro meu papel contemplativo, ou missão: sou um sonhador nato, isto é, sonho muito - o que não significa, necessariamente, originalidade. Desses sonhos, inúmeras vezes, nasceram ações e realidades que foram úteis não apenas a mim, mas também ao meu próximo. Apraz-me, por exemplo, haver participado intensamente, e em momentos decisivos, de lutas sociais.
A par disto, sou igualmente um sonhador individual, e, neste caso, nem sempre a contemplação leva à ação, contentando-me no campo prazeroso e desafiador das divagações espirituais, devocionais ou mesmo sensoriais. Quanto a estas últimas, e não obstante por vezes fazer residência numa fazenda, no interior do mato, o meu amor à natureza tem duas almas, levando-me a um sítio à beira-mar, acolhedor ao encontro com a poesia que, como Vênus, parece haver nascido do mar, espelho de uma beleza absoluta onde, desprendidos, nos deixamos ficar - como no encanto desses versos de Fernando Pessoa:
“Aqui na orla da praia, mudo e contente do
mar,
Sem nada já que me atraia, nem nada que desejar”.
Ou no embalo dramático desses outros, também do grande poeta, que lembram a saga dos antigos navegadores portugueses, desbravadores do Mar Oceano:
“Ó
mar salgado,
Quanto
desse sal
São lágrimas de Portugal.”
Ah, Vênus!... Ah, o diálogo amoroso com a amada no alvorecer da clara manhã!... Não é o mesmo que sugere o anjo Amadeus, no andante pausado e quase sacro de seu Concerto 21 para piano?
Disse-me certa vez o meu saudoso amigo Luiz Evangelista de Oliveira, cearense nascido no vale do Jaguaribe e médico dos marítimos de Macau, num tempo que jamais se perderá, preferir sítios que reunissem o sertão e o mar. Havia nele - e certamente ainda há, onde estiver - essas duas almas.
Corria o ano de 1916, no fragor da Primeira Grande Guerra, quando o poeta norte-americano Alan Seeger, com 28 anos de idade, lutava nas fileiras das tropas aliadas. Às vésperas de morrer em combate, escreveu um poema intitulado “Tenho um Encontro com a Morte” (“I Have a Rendez-vous with Death”), cujos versos profeticamente anunciavam o seu fim trágico:
“Eu
tenho um encontro com a morte,
E jamais a esse encontro eu faltarei.”
O amor, a vida e a morte sempre foram o universo da grande poesia... Miguel Hernández:
“Llegó
con três heridas:
La
del amor,
La
de la muerte,
La de la vida.”
O meu encontro com a poesia numa herdade à beira-mar, mesclado de serenidade, sonho e prazer, terá o tempo completo de um dia - mas não de precisas vinte e quatro horas -, observadas, porém, essas quatro estações: manhã, meio-dia, tarde e noite. Divirto-me a imaginar o que estaria recordando, lendo ou ouvindo...
E não se surpreendam se encontrarem a manhã repleta de música, já que não poderei esquecer o primeiro movimento da nona sinfonia de Beethoven - música absoluta, como diria Carpeaux - e o encanto da “Ode à Alegria”, com os belos, sonoros e românticos versos de Schiller, ao final.
O lugar e a hora me farão mais uma vez recordar essa estranha e diáfana Annabel Lee, em seu reino à beira-mar, e cujo amor fora invejado pelos próprios serafins, tema de memorável poema de Edgar Allan Pöe.
“Eu
era criança, ela era uma criança
no
reino à beira-mar,
mas
nosso amor chegava, ó Annabel Lee,
o
amor a ultrapassar,
amor
que os próprios serafins celestes
vieram a invejar.”
O meio-dia tropical, porém, requer um poema forte, de crença de força na vida, e lembro o nosso Gonçalves Dias:
“Se
a vida é combate
Que
aos fracos abate,
Aos
fortes, aos bravos
Só pode exaltar.”
Ainda ao meio-dia, nordestino, pleno de sol e luz, vejo e escuto a natureza do semiárido, onde o raios de sol, além dos passarinhos, cantam.
Os
raios de sol gorjeiam
na
límpida claridade
do meio-dia.
À
tarde, na hora frágil que antecede o pôr do sol, estarei nostálgico e
pensativo. Recordarei a infância e a casa de meu pai, e buscarei viver esse
mundo aparentemente perdido, refugiando-me à sombra do limoeiro que encontro em
Antonio Machado:
buscando
uma ilusão cândida e velha.”
“Esse
aroma evocativo dos fantasmas
das fragrâncias virginais e já desfeitas.”
Mas a noite é a hora do recolhimento em Deus e na esperança - la fuente que mana y corre - e entrego-me à leitura de San Juan de la Cruz e de sua obra-prima, quiçá de toda a poesia escrita em língua espanhola, “Noche Obscura”. Ouvindo Bach, naturalmente, e acompanhando Jesus no Horto das Oliveiras, como também o faz o inspirado compositor em sua sublime Ária na Corda Sol ...
“Sin
outra luz y guia
sino la que en el corazón ardia.”
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segunda-feira, 16 de janeiro de 2023
Cartas
de Cotovelo – Verão de 2023 – 3
Por:
Carlos Roberto de Miranda Gomes
VOLTANDO
À ROTINA
Até que enfim pude gozar das
dádivas da natureza. Fui à praia para receber as bênçãos do sol e me banhar nas
águas límpidas da Praia de Cotovelo, comungando com alguns moradores e
veranistas que, palidamente, armaram as suas sombrinhas e guardavam atenção
para com a meninada que se deleitava na maré enchente.
No
almoço, como estou em casa somente com meu filho Rocco e meu neto Guilherme,
preferi ir a Rosinha de Dona Helena, onde degustei uma maravilhosa posta de
peixe, com caldo e outros acompanhamentos.
No
mesmo recinto a alegria de um reencontro – João Maria Cavalcanti Nogueira, filho
dos meus saudosos vizinhos Milton e Lourdinha, cuja casa de moradia eu comprei
para resguardar a memória dos bons amigos que partiram. Ele estava com sua
esposa e dois filhos adolescentes.
Muitas
rememorações de um tempo lúdico na Travessa Coronel João Gomes, Barro Vermelho,
em especial, das peladas e peladeiros de um tempo retalhado, desde quando ainda
era o sítio do Coronel que dá nome à rua e travessa, que chamávamos o campo das
goiabeiras, com suas mangueiras, coqueiros, goiabeiras e pitangueiras que
ficavam em sua extensão, dando sombra e nos ensinando, desde então, a jogar contornando
aqueles obstáculos naturais.
Pouco
depois, quando então construí ali a minha casa, as peladas passaram para o
quintal da casa do Dr. Ricardo Guedes (Cadinho), das quais guardo, ainda, a
lembrança de um vidro rachado, intercalado com outro campinho próximo, na rua
Meira e Sá, que chamávamos de campo do turco (local descampado onde eram
armados os circos).
E
foram surgindo os nomes dos jogadores – alguns já perto de Deus e outros, agora
vetustos ou jovens senhores.
Da
primeira geração foram lembrados dos doutores Moacyr e Clovis Gomes, João
Charuto, Renato Praxedes, eu, Osman (vizinho), Dôta, Serginho, Gustavo, Zezinho,
Maeterlink, Cuca Benfica, Abimael Morais ... iiiii, a memória falhou para
lembrar os demais. Depois, já sob o comando de Cadinho, João Maria, Roquinho, Marcos
Tejeba, Carlinho, Serginho, João perna santa, Fábio, Jonas rato, Jorginho,
Fábio China, Janaí, Gustavo Paiva, Lívio, Nogueira, Mário Júnior, Pixinga, Adriano e
vários outros.
É
sempre bom lembrar coisas passadas, principalmente quando elas são do bem!