sábado, 14 de abril de 2012

É GENTE NOSSA
MÚSICA POTIGUAR BRASILEIRA
Livro de Deífilo Gurgel será lançado dia 18/04, quarta-feira (Palácio da Cultura), 19h

Romanceiro Potiguar, de Deífilo Gurgel será lançado quarta-feira, 18 de abril
Lançamento da obra inédita do folclorista será na Pinacoteca do Estado, a partir das 19h

A Coleção Cultura Potiguar, que reúne os mais diversos temas da literatura norte-rio-grandense, da Secretaria Extraordinária de Cultura do RN e Fundação José Augusto (Secultrn/FJA) terá mais uma obra entre seus títulos. Dessa vez, uma das mais ilustres: O Romanceiro Potiguar, que será lançado na quarta-feira, 18 de abril, no Palácio Potengi - Pinacoteca do Estado, a partir das 19h. O livro será adquirido ao preço de R$ 40. O Romanceiro Potiguar é uma obra inédita do folclorista e pesquisador, Deífilo Gurgel - falecido em fevereiro deste ano - fruto de uma pesquisa realizada entre as décadas de 1980 e 1990 e que reúne um dos mais ricos apanhados da oralidade dos romanceiros tanto de origem Ibérica, quanto brasileira. O livro conta com ilustrações do presidente do Conselho Estadual de Cultura, Iaperi Araújo.

De acordo com Alexandre Gurgel, que em algumas viagens ao longo dos dez anos de pesquisa acompanhou o pai, Deífilo Gurgel conversou com muitas pessoas para a elaboração d´O Romanceiro Potiguar, como por exemplo, seu Atanásio, detentor deste saber popular e pai de outra conhecida romanceira, Dona Militana, que também figura na pesquisa, dentre muitos outros. Com esse feito, andando de norte a sul pelo Estado, Deífilo Gurgel conseguiu compilar romances que fazem parte do cancioneiro popular, desde as origens Ibéricas (da Espanha e Portugal), passando pelos romances Religiosos, do Cangaço, da Caatinga e da Pecuária. "Ele viajou o Estado inteiro e conseguiu reunir uma obra que preserva pelo menos cinco origens de Romances. E o mais importante desse trabalho é que ele conseguiu colher versões inéditas de alguns romances", informa o filho.

Para a secretária Extraordinária de Cultura, Isaura Rosado, O Romanceiro Potiguar dignifica o plano editorial do Governo do Estado conduzido pela Secultrn/FJA. "Deífilo pesquisou em sítios, vilas, povoados, nos espaços mais distantes do RN, seu trabalho é reconhecido para além do solo potiguar. Pensando em cultura de tradição, a assessoria de Deífilo sempre foi imprescindível. Digo isso para atestar minha admiração enquanto gestora, ao pesquisador, amigo, estudioso da cultura popular. Digo isso para expressar o quanto nos orgulhamos de Deífilo e o quanto as gerações que nos sucederem serão gratas a ele pelo registro e proteção às nossas raízes", disse ela em apresentação da obra.

O poeta e membro da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, Paulo de Tarso Correia de Melo, é quem faz a abertura do Romanceiro Potiguar, a convite do próprio Deífilo Gurgel e em determinado trecho, revela o apuro e dedicação deste que, certamente, foi um dos maiores estudiosos da cultura popular no RN e no Brasil: "O milagre é o mesmo de seus outros livros de pesquisa folclórica. A documentação precisa e conscienciosa de sempre. O relacionamento exato de fontes, lugares e datas da situação de pesquisa. Desta vez quero realçar o registro de saborosíssimos epílogos prosificados e por vezes prosificações completas de romances registrados acuradamente".

O trabalho e pesquisa de Deífilo Gurgel foi realizado de maneira solitária, já que não conseguiu bolsistas ou outros interessados na pequisa. E assim, aos 70 anos, Deífilo Gurgel de dispôs a "cansativas", porém "gratificantes" viagens pelo Rio Grande do Norte "à cata das últimas pepitas desse fabuloso tesouro, representadas pelas quase trezentas versões de romances, que coletamos nas mais diversas regiões do nosso Estado, dos romanceiros peninsular e brasileiro", escreve o próprio pesquisador em seu livro, agora póstumo.

O livro é constituído das seguintes divisões Romances Ibéricos e Romances Brasileiros, que se subdividem-se da seguinte forma: Romances Palacianos, acontecidos entre a nobreza europeia; Romances Religiosos ou Sacros, que falam da vida de Jesus e de episódios ocorridos na vida de santos do catolicismo; Romances Plebeus, da gente do povo; Romances da Pecuária, que contam a vida de bois legendários: Boi Espácio, Boi Misterioso, Boi Surubim; Romances do Cangaço, relatos da vida e da morte de valentões sertanejos, desde épocas remotas: “Zé do Vale”, “O Cabeleira” e vários outros; Romances Burlescos, encenados outrora em teatrinhos mambembes e circos de cavalinhos. Ao todo são 330 versões de romances ibéricos e brasileiros.

Mais informações:
Alexandre Gurgel: 8840 2767
Secultrn/FJA: 3232 5321
De: "Assessoria Fundação José Augusto" assecomfjarn@gmail.com







sexta-feira, 13 de abril de 2012


PIPA, TERRA DE NINGUÉM – Parte I
Ormuz Barbalho Simonetti

Uma noite tranquila é direito de todos

Há anos que o um dos mais famosos balneários do Brasil, a praia da Pipa, vem convivendo com um problema recorrente, e aparentemente sem solução. Quando acontece grandes feriados, horda de jovens, na sua grande maioria, procedentes de outros Estados, desembarca na praia da Pipa com o propósito de diversão a qualquer custo e a nítida intenção de transgredir a Lei e a Ordem pública.

Foi o que aconteceu no último feriado da Semana Santa. Apenas três casas foram alugadas pelos seus proprietários, porém, o suficiente para deixar toda a parte baixa da praia, onde se concentra a maioria das casas de veraneio, em polvorosa.

Quando acontecem esses aluguéis, os contratantes tratam diretamente com os proprietários e depois vendem os ingressos aos que desejarem participar da “festa”. Geralmente casas que comportariam de doze a quinze pessoas, são acomodadas, se é que podemos chamar de acomodação, até setenta indivíduos em sua maioria, constituída por jovens de ambos os sexos.

Munidos de equipamentos de som de alta potência, são ligados em todo o volume o que resulta num verdadeiro pandemônio. Nessas casas, para chamar a atenção, são colocadas faixas e cartazes com palavras obscenas e algumas exibem, com pequenos disfarces, a genitália masculina, indicando ser ali a Casa de todos. Não fosse esse cronista de página limpa, tentaria levar o leitor a identificar o verdadeiro nome.

Dentro delas a visão é estarrecedora. Homens e mulheres se entregam a uma orgia sem precedente. O álcool comanda o ambiente e dita o ritmo da festa. As mulheres, normalmente mais vulneráveis aos efeitos das bebidas alcoólicas, são as que mais se destacam e se exibem. Em notória degradação de sua dignidade, convidam, através de musiquetas com cunho sexual, cantadas em coro, futuros parceiros, com se fossem mercadoria em liquidação. Numa verdadeira afronta as famílias que residem nas adjacências, bem como aos turistas, palavrões de toda espécie são recitados em alto e bom som, independentemente de quem estiver passando nas imediações. Famílias quando acompanhadas de menores, se apressam para escapar daquele ambiente de permissividade comportamental e promiscuidade social e moral.

Quando a noite chega os grupos continuam no mesmo ritmo que iniciaram, porém, a embriaguez já tomou conta da maioria dos participantes. E assim continuaram durante todo o feriado. Enquanto alguns dormem, obviamente, vencidos pelo cansaço misturado ao estado de embriaguez, outros continuam na farra, de maneira que o som permaneça ligado no último volume.

É notória a indolência do poder público Municipal e principalmente a ausência do Estado, com relação ao policiamento, já que este é de competência do Governo Estadual. O efetivo responsável pela manutenção da ordem e da lei, em todo o balneário, é de apenas três homens. Segundo especialista em segurança pública, em razão das características e peculiaridades da praia da Pipa, esse número seria de no mínimo, dez homens para atender a demanda, principalmente durante os feriados prolongados. Imagine, meu caro leitor, o que é passar a noite fazendo rondas, solucionando conflitos dos mais diferentes níveis sem que o Estado lhes ofereçam as condições necessárias ao bom desempenho de suas funções constitucionais. É um caos. E mais. Há relatos de que as gratificações prometidas para o período do veraneio, ainda não foram lançadas nos contracheques dos valorosos militares.

Além do mais, pergunta o Agente, o que poderia fazer o policial para coibir esse tipo de abuso? Sem o apoio do Judiciário e do Ministério Público, seus poderes são altamente limitados. Questiona-se.

E foi o que aconteceu. Quando o policial ao se aproximar da residência para solicitar que o som fosse diminuído, um dos participantes o admoestou: “se não tem mandado a conversa é do portão pra fora”. De antemão, o policial sabe que dentre aquelas pessoas, existem vários advogados “com notórios saber jurídico” que conhecem bem “seus direitos”, mas infelizmente usurpam, ofendem e fazem menoscabo com os direitos alheios. Temendo a desmoralização, o agente da lei procura através de conversa, em sua maioria sem êxito, convencê-los a atender o clamor da população e pelo menos diminuir o volume do som, para que principalmente idosos e crianças possam dormir em paz.

Mesmo se os moradores-veranistas quisessem usar do direito assegurado no art. 42, III da Lei das Contravenções Penais, iriam até a Delegacia de Policia Civil e fariam um Termo Circunstanciado de Ocorrência, objetivando a solução do conflito. Ocorre, porém, que na Delegacia de Policia Civil da praia da Pipa, tem apenas um agente e, pasmem, sem viatura. Nesse caso, não restaria nenhuma outra solução a não ser reclamar ao Senhor Bispo, Dom Jaime, representante de Deus entre os homens.

Diferentemente, na praia de Pirangí acontecia problema semelhante. Mas, ao que pude apurar, as autoridades competentes dotaram, os policiais de instrumentos legais, previstos em nossa Constituição, para que pudessem ser utilizados no cumprimento da lei. Munidos de Mandado Judicial, aos policiais era permitido adentrar ao ambiente e apreender o equipamento de som que estivesse em desacordo com a legislação, caso o infrator se recusasse a cumprir o que determina a lei.

Solicitamos aos leitores que se manifestem a respeito da matéria para que possamos pressionar as autoridades competentes.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DAS CONTROLADORIAS

Carlos Roberto de Miranda Gomes, advogado e escritor

Há cerca de doze anos, mercê dos novos princípios introduzidos pela Constituição Federal de 1988, surgiu no Brasil a ideia de ampliação dos sistemas de controle da gestão pública, o que motivou, no Estado do Rio Grande do Norte a criação da Controladoria Geral do Estado, órgão de natureza instrumental que integra a Administração Pública Direta, através da Lei Complementar n.º 150, de 09 de janeiro de 1997, com posteriores alterações introduzidas pela lei Complementar n.º 157, de 23 de dezembro de 1997.

Com a nomeação do seu primeiro Controlador Geral, que tive o privilégio de ter sido o escolhido, deu-se início à sua instrumentalização, com a aprovação do Regimento Interno, através do Decreto nº 13.745, de 16 de janeiro de 1998, para funcionar como órgão central do Sistema Integrado de Controle Interno do Governo Estadual.

Nossa Controladoria adotou estrutura e funcionamento de tal ordem, que encontrou prontas e eficazes soluções de problemas da gestão pública, e serviu de modelo para outras iniciativas de Estados e Municípios.

É do conhecimento geral que o nosso País vem atravessando mares agitados no combate às frequentes irregularidades e ineficiências denunciadas na Administração Pública, com larga escala de corrupção em todas as esferas de governo, despertando a atenção do Parlamento e da própria Administração, tanto que motivou o então Senador pelo Estado do Espírito Santo, Renato Casagrande, hoje governador capixaba, que apresentou ao Senado a Proposta de Emenda Constitucional nº 45, de 2009, que institui a obrigatoriedade de todos os entes federativos criarem em suas estruturas órgãos nos moldes da Controladoria Geral da União.

A PEC teve a sua tramitação regular e foi aprovada na manhã da quarta-feira (04.04) pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) do Senado Federal, inserindo ao artigo 37 da Constituição Brasileira o inciso XXIII, que dispõe sobre a criação de órgãos em suas estruturas administrativas que congreguem as funções de Ouvidoria, Corregedoria, Auditoria e Controle Interno, seguindo para sua apreciação em Plenário.

Na justificativa do projeto, temos a indicação dos fundamentos de sua elaboração:

“Desta forma, a regulação constitucional incorporará de forma explícita a noção de controle interno, tornando ademais obrigatória a sua estruturação, inclusive em tratamento similar ao que recebeu a função de arrecadação a partir da Emenda Constitucional 42, de 2003. Este conteúdo organizacional e funcional reflete a longa experiência acumulada pela União e pelos principais Estados da Federação”.

A iniciativa teve respaldo nas diversas discussões promovidas pelo Conselho Nacional dos Órgãos de Controle Interno (Conaci) nos últimos anos, bem como as boas experiências verificadas por vários Estados Brasileiros, assim como a própria União, no estabelecimento e criação de órgãos que congreguem as quatro funções expostas.

Infelizmente não se deu maior ênfase ao pioneirismo do Rio Grande do Norte, até porque todo o acervo de suas realizações - informativos, atos normativos, doutrina e legislação foi retirado da internet, ficando difícil pesquisar suas fontes históricas e a comprovação do seu efetivo funcionamento que, pela atuação eficaz desde o início, provocou à época uma oposição cerrada de vários segmentos com a pretensão de logo na reforma administrativa que ocorreu no Estado, a extinção, não apenas da Controladoria, mas igualmente da Consultoria Geral do Estado, com o que não concordou o Governador Garibaldi Alves Filho, que manteve as duas Instituições e lhes conferiu até mais poderes.

Ficamos felizes por assistir a elevação dos Órgãos de Controle Interno à altitude de natureza constitucional, esperando possa aperfeiçoar as diversas instâncias de poder, permitindo uma fiscalização mais eficiente, no caminho da extirpação da corrupção ou sua radical redução.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

NO MEIO DA SELVA DA CORRUPÇÃO, UM GRITO DE PATRIOTISMO:
VAMOS SALVAR O BRASIL!

terça-feira, 10 de abril de 2012

CONVOCAÇÃO PARA A ASSEMBLÉIA GERAL ORDINÁRIA.


EDITAL 01/2012

ASSEMBLÉIA GERAL ORDINÁRIA - EDITAL DE CONVOCAÇÃO

O Presidente da União Brasileira de Escritores - UBE/RN convoca os associados que estejam em pleno gozo de seus direitos sociais estabelecidos no Estatuto, para se reuniram em Assembléia Geral Ordinária, que se realizará no dia 12 de Abril (quinta-feira) de 2012, no auditório da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, à Rua Mipibu,443- Petrópolis, nesta Capital, às 16h30 (Dezesseis horas e trinta minutos) em primeira convocação, com presença de maioria absoluta dos associados; trinta minutos após, em segunda convocação, com qualquer número dos Associados, a fim de discutir e deliberar sobre a seguinte Ordem do Dia:

A) Eleição de novos sócios;
B) Relatório das Atividades de 2011;
C) Prestação de contas do exercício de 2011.


Natal/RN, 30 de março de 2012

Eduardo Gosson

Presidente

Entrevista de Millôr Fernandes à revista "Oitenta" (*)Sexta-feira, 6 de Abril de 2012
Millôr - Eu quero fazer um pequeno introito a esta entrevista absolutamente sincero: não gostaria de estar dando esta entrevista. Estou porque gosto muito fraternalmente - como não posso dizer fraternalmente por causa da idade, eu costumo dizer fra-paternalmente - do Lima e do Ivan. Por osmose comecei a gostar dos outros. Eu só não digo que estou começando a ficar gaúcho porque não tenho rebolado gaúcho. Agora - nada, na minha estrutura, soi disant intelectual, com todas as aspas, me conduz a dar uma entrevista a sério, sobretudo a pessoas altamente respeitáveis como vocês. Quero que fique gravado nesta entrevista: realmente, eu não me levo a sério. Mas na proporção em que o tempo passa, a idade avança, as pessoas vão te levando insuportavelmente a sério, e você acaba assumindo um mínimo disso.

- Quando você começou no Jornalismo?

Millôr - Eu comecei a trabalhar no dia 28 de março de 1938; tinha 13 pra 14 anos de idade. E essa é uma das coisas de que me orgulho - a minha vanglória - a consciência profissional. Eu era um menino solto no mundo, uma vida que dependia só de mim mesmo. Naquela época, o Ministério do Trabalho era recém-fundado. O meu empregador já era O Cruzeiro. Pedi que me assinassem a carteira de trabalho. Quando cheguei em casa (uma pensão) e vi que a data que estava lá na carteira era a data em que eu havia pedido a assinatura da carteira e não a em que eu havia começado a trabalhar, voltei e pedi retificação. Veja você, um menino com menos de 14 anos, sem nenhuma influência ideológica de trabalhismo, de nada, apenas com aquela consciência de que tinha direito. Então a carteira diz assim: "onde se lê tal, leia-se tal data". Está lá registrado o primeiro dia de trabalho: 28 de março de 1938. Já fiz 43 anos de jornalismo, mais anos do que vocês, em conjunto, têm de vida.

- Obrigado pela generosidade. Você acha que o jornalismo brasileiro melhorou muito de lá pra cá?

Millôr - Muito, tecnicamente. Lamentavelmente, porém, do ponto de vista ético, moral e social, melhorou muito pouco. E já era quase criminosamente ruim naquela época. Conforme você sabe, eu não tenho nenhuma formação marxista, não acredito em excessivos determinismos históricos. É evidente, é liminar, que as forças de produção regem muitas coisas. É liminar que o contexto da sociedade reja fundamentalmente muitas coisas. Agora - o que não é liminar é o seguinte: há forças metafísicas, há entrerrelações no mundo que não estão previstas em qualquer ideologia; a isso eu chamo o anticorpo. O Marx é o próprio anticorpo dentro da sociedade em que vivia. Se as teorias de Marx fossem perfeitas, ele não existiria. Porque o contexto social e as relações de produção da época não o previam, não o permitiram. Você pode dizer que a imprensa é resultado do meio, a imprensa é resultado da sociedade em que funciona. Certo. Mas, às vezes, por força de um indivíduo, ou por força de um pequeno grupo de indivíduos, ela pode se antecipar ao seu meio e fazer progredir esse meio. Mas a imprensa brasileira sempre foi canalha. Eu acredito que se a imprensa brasileira fosse um pouco melhor poderia ter uma influência realmente maravilhosa sobre o país. Acho que uma das grandes culpadas das condições do país, mais do que as forças que o dominam politicamente, é nossa imprensa. Repito, apesar de toda a evolução, nossa imprensa é lamentavelmente ruim. E não quero falar da televisão, que já nasceu pusilânime.

- Há um consenso de que a imprensa brasileira, tecnicamente, teria atingido uma qualidade comparável com o que de melhor se faz no mundo.

Millôr - De acordo. A revista onde trabalho, Veja, é um exemplo, tem todas as possibilidades; praticamente iguais às da Time. A TV Globo só não tem mais possibilidades porque não quer. Ela pode mandar 30 repórteres amanhã pra Polinésia com o poder que tem, fazer a cobertura que quiser. Mas só age em função do merchandising. Nos falta até o contraste, que existe em países supercapitalistas como os Estados Unidos, onde o choque de interesses é tão violento que faz da imprensa americana a melhor imprensa do mundo. Quando o New York Times não quer dar cobertura a um setor, o Washington Post vai em cima. A França tem dois fenômenos de boa imprensa: são Le Monde e Le Canard Enchainé: prova de que a chamada imprensa burguesa, ou a imprensa dentro de países burgueses, pode ser realmente a expressão de uma absoluta liberdade, maior do que em países socialistas (nestes não há imprensa: há boletins).
É possível fazer imprensa com independência. Se o Canard Enchainé faz, se o Le Monde faz, por que não se pode fazer no Brasil? É uma coisa que pode parecer até brincadeira: quando nós fizemos o Pasquim, num certo momento eu disse pro pessoal: "Olha, eu sou o único comunista daqui". Eu acreditava que aquele negócio fosse mesmo um negócio comunitário, para o bem público. É verdade! Os que se presumiam comunistas (não só eles!) começaram a roubar da maneira mais deslavada, mais escrota possível. Mas que se pode fazer dentro de um contexto capitalista, de um contexto burguês, uma imprensa de alta eficiência social voltada para o bem público, isso se pode, sim! Dei provas: você tem o Le Monde e o Canard Enchainé, duas coisas até bem contrastantes.

- Em Nova York, há um Village Voice, e um canal 13 de televisão orientado como serviço público. Por que no Brasil não existem condições, neste momento ao menos, de se ter uma imprensa alternativa - mas não marginal - de grande penetração na sociedade? Por que não existe isso?

Millôr - Respondo voltando àquela velha anedota de Deus criando o mundo: todo mundo conhece. Alguém (havia mais "alguém" por ali?) reclamou que Deus tinha feito este país maravilhoso, sensacional. O Chile foi feito cheio de terremotos, o Paraguai tinha pântanos incríveis, outro país tinha furacões, o outro tinha desertos e o escambau e, de repente, no Brasil não tinha nada desastroso: florestas maravilhosas, mares maravilhosos, montanhas lindas. Aí Deus parou e disse: "Espera porque você vai ver a gentinha que eu vou botar lá".

- Que tipo de imprensa poderia contribuir melhor pro bem social?

Millôr - Estou pensando, além dos que já citei, no Village Voice. Hoje, um jornal rico. Já é até um jornal do sistema. Talvez hoje, curiosamente, jornais maiores, como o Washington Post e o New York Times, para falar dos dois que sempre se confrontam, ajam mais em função do bem público do que o Village Voice. Mas a imprensa alternativa (e o Village Voice foi um dos seus grandes exemplos), eu acho que ela é a grande solução para a liberdade de expressão. Os jovens precisavam se conscientizar disto. Saber que eles podem fazer um jornal que, ocasionalmente, vai ficar preso ao bairro, mas é importante que o bairro seja protegido, é importante que as misérias do bairro sejam mostradas ao poder público, até que o poder público chegue àquele negócio mínimo (que é o máximo!) que é consertar o buraco da rua. Não se vai partir para a solução do mundo partindo do macrocosmo; precisamos partir do microcosmo, não tenha dúvida nenhuma. Cristo começou com uma cruz só. Essa pretensão do homem de fazer o organograma universal acaba em Delfim Neto, acaba em tecnocracia, acaba em "herói". E chega de heróis. O homem tem que se convencer de que o mais importante de tudo é o dia a dia. O homem vive é todo dia. A maior utopia é a resistência diária. Ser herói é fácil. Herói se faz em três meses. Tem amigos nossos, feito o Gabeira, que fazem três meses de heroísmo, viram heróis de todos os tempos e passam a viver disso. E é aquele negócio, é bicha porque está na moda, elogia mulher porque está na moda, é incapaz de dizer alguma coisa contra a corrente, mesmo que a corrente seja lamentável, odiosa, reacionária.

- E você acha, por exemplo, que os jornais alternativos estão contribuindo pra alguma coisa neste sentido no Brasil?

Millôr - Neste momento estão um pouco em recesso. Mas de qualquer forma estão contribuindo. A maior contribuição que foi dada à imprensa brasileira, nos últimos tempos, foi a imprensa opcional a partir do Pasquim, não tenho dúvida nenhuma. Mas a própria abertura forçou um pouco o recesso no setor. A própria abertura trouxe junto muita vigarice, os caras estão explorando demais o sexo, estão explorando o homossexualismo, o sensacionalismo: pegando os vícios da outra imprensa. A coisa essencial é "vender". Mas continuo achando que a imprensa opcional é uma solução. Bem feita, essa imprensa opcional forçará a grande imprensa a dar cobertura a certos assuntos. Cobra! Envergonha! Força! Aquele negócio: o socialismo força o capitalismo a ceder em certas coisas. Você pega o Manifesto do Partido Comunista do Marx: das oito ou dez exigências básicas do Marx, pelo menos uns seis itens nem Uganda deixa de aplicar hoje em dia. O imposto de renda é um deles.
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(*)No início da década de 1980, a revista "Oitenta", inspirada na “Granta” inglesa, entrevistou o escritor e jornalista Millôr Fernandes por mais de sete horas.
Colaboração de "Walter Gomes" walgom@uol.com.br

segunda-feira, 9 de abril de 2012

O   M E N I N O,   de  CHICO ANYSIO
<Chico Anysio na Primeira Comunhão
RIO - Num Natal, já faz alguns anos, Chico Anysio escreveu um texto e pensou em usá-lo na TV Globo. Acabou não fazendo isso. O texto permaneceu inédito e agora é publicado com exclusividade pelo O GLOBO. Trata-se de um texto autobiográfico, em que o humorista — que morreu na sexta-feira passada, aos 80 anos — relembra o menino que um dia foi.
            Apesar do tom melancólico e triste, há uma passagem bem-humorada, quando ele diz que o mundo pode ser um inferno ou uma badalação, dependendo se ele é visto pelo escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues ou pelo novelista Gilberto Braga.
            O texto mostra o Chico Anysio já adulto procurando pelo Chico Anysio ainda criança, um menino de 11 anos, comum, tímido, com grandes olhos, "desproporcionais ao tamanho do rosto".
            Nessa busca, ele relembra um amor não correspondido, os brinquedos de infância, as roupas de época, os sentimentos de então. Um autorretrato revelador e inédito de um grande gênio do humor nacional. Leia abaixo o texto:
O menino, de Chico Anysio
            Vou fazer um apelo. É o caso de um menino desaparecido.
Ele tem 11 anos, mas parece menos; pesa 30 quilos, mas parece menos; é brasileiro, mas parece menos.
          É um menino normal, ou seja: subnutrido, desses milhares de meninos que não pediram pra nascer; ao contrário: nasceram pra pedir.
          Calado demais pra sua idade, sofrido demais pra sua idade, com idade demais pra sua idade.
          É, como a maioria, um desses meninos de 11 anos que ainda não tiveram infância.
          Parece ser menor carente, mas, se é, não sabe disso. Nunca esteve na Febem, portanto, não teve tempo de aprender a ser criança-problema. Anda descalço por amor à bola.
          Suas roupas são de segunda mão, seus livros são de segunda mão e tem a desconfiança de que a sua própria história alguém já viveu antes.
         Do amor não correspondido pela professora, descobriu que viver dói. Viveu cada verso de "Romeu e Julieta", sem nunca ter lido a história.
         Foi Dom Quixote sem precisar de Cervantes e sabe, por intuição, que o mundo pode ser um inferno ou uma badalação, dependendo se ele é visto pelo Nelson Rodrigues ou pelo Gilberto Braga.
         De seu, tinha uma árvore, um estilingue zero quilômetro e um pássaro preto que cantava no dedo e dormia em seu quarto.
         Tímido até a ousadia, seus silêncios grita$nos cantos da casa e seus prantos eram goteiras no telhado de sua alma.
         Trajava, na ocasião em que desapareceu, uns olhos pretos muito assustados e eu não digo isso pra ser original: é que a primeira coisa que chama a atenção no menino são os grandes olhos, desproporcionais ao tamanho do rosto.
         Mas usava calças curtas de caroá, suspensórios de elástico, camisa branca e um estranho boné que, embora seguro pelas orelhas, teimava em tombar pro nariz.
         Foi visto pela última vez com uma pipa na mão, mas é de todo improvável que a pipa o tenha empinado. Se bem que, sonhador de jeito que ele é, não duvido nada.
Sequestrado, não foi, porque é um menino que nasceu sem resgate.
         Como vocês veem, é um menino comum, desses que desaparecem às dezenas todas os dias.
Mas se alguém souber de alguma notícia, me procure, por favor, porque... ou eu encontro de novo esse menino que um dia eu fui, ou eu não sei o que vai ser de mim.
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Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/um-autorretrato-inedito-de-chico-anysio-4428439#ixzz1r5ekM3kg
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COLABORAÇÃO DO LEITOR DIDI AVELINO, RIO DE JANEIRO.
OSWALDO DE SOUZA E A MODINHA
postado por O Santo Ofício - abril 1, 2012
(Transcrito do NOVO JORNAL) [Natal, 01 de abril de 2012]

Por Franklin Jorge

Do tempo em que o maestro Oswaldo de Souza e Dona Lourdes nos recebiam para o almoço, jantar, ou simplesmente para tomarmos um drinque de fim de tarde, quase todos estão mortos. O professor Henrique Batista, o maestro Waldemar Henrique, e, mais remotamente, o escritor Luis da Câmara Cascudo [a quem chamava de Cascudinho] e Dona Dahlia, Grácio Barbalho e Dona Zoraide, as cantoras líricas Atenilde Cunha, dormem profundamente. Sobrevivemos poucos dessa época: Anna Maria Cascudo Barreto, Camilo Barreto e este escriba que volta pela memória a curta e acanhada Rua do Motor, no Areal. Uma noite, creio que encontrei lá, num jantar, o jornalista Vicente Serejo e Carlos Lira.

Oswaldo era um acontecimento. Trabalhara no Embu, em São Paulo, com o polígrafo Mário de Andrade, mas creio que dele não tinha boas lembranças, ao contrário de seu grande amigo, Câmara Cascudo, que era chegado ao autor de “Macunaíma”. Era cheio de manias e, apesar disso ou por espírito de contradição, odiava os velhos maniáticos; na verdade, tinha horror á velhice e ao provincianismo. Seria a sua principal mania não ter manias. Era um perfeccionista em tudo.

Compositor requintado, fazia parte de uma geração de músicos abençoada por predecessores ilustres, como Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Alberto Nepomuceno, Francisco Mignone, Oswaldo Lacerda, Villa-Lobos… Era amigo de Waldemar Henrique, que o jovem Cascudo interpretava ao piano com virtuosidade, embora nunca tivesse estudado música. Como critico musical, muito arguto e sensível às individualidades, dizia-me Oswaldo do virtuose Cascudo que ele conheceu em pessoa, na cidade de Nova Cruz, no inverno de 1918.

Recebia como um grão-senhor, com distinção e savoir faire. Gostava de fabricar licores caseiros de pitanga e jabuticaba – sua especialidade -, apreciadíssimos por todos os que freqüentavam aquela casa de onde se descortinava uma nesga de mar. Gostava de conversar e beber uísque quando acompanhado. Ao tempo em que freqüentava a sua minúscula casa cheia de atrativos e raridades, como o quadro pintado por Anita Malfatti – que trouxe do seu tempo de servidor público em São Paulo -, conversávamos sobre a crônica secreta da cidade e sobre a esfera da música que dominou em sua mocidade laboriosa. Tínhamos em comum a amizade do maestro paraense Waldemar Henrique, autor de Tambatajá, que o visitava toda vez que passava por Natal voltando para a sua Belém.

Autor de algumas preciosidades musicais, como “Pingo d´água”, notável na interpretação de Atenilde Cunha, Oswaldo realizou notável pesquisa, coletando as canções dos barqueiros do rio São Francisco, publicadas em dois volumes pelo Ministério da Educação e Cultura. Mas, a sua grande pesquisa, a pesquisa que o consagraria, estava destinada a ser sobre a Modinha norte-riograndense, sobre a qual ele nos falava com entusiasmo e às vezes lia algum fragmento desta que seria a sua magna obra, como historiador da música. A obra que deleitaria a sua velhice, vendo o mar do seu terraço, enquanto a escrevia. Embora trabalhasse lentamente, à medida que ia escrevendo o livro, lia-nos o resultado de seus esforços, em reuniões que culminavam, geralmente, com um delicioso jantar. Assim, em 1984, chegou a publicar em plaquete “A modinha” pela Nossa Editora, pequeno fragmento de uma obra que se agigantava com o passar do tempo.

Pararia alguns momentos, para fumar o seu cachimbo e pensar quanto sua vida fora boa. Quanto a aproveitara, em seu hedonismo musical, elaborado segundo uma verve popular filtrada pela cultura e o talento do artífice. Era um grão-senhor e, como tal, recebia-nos, servindo-nos em seus cristais e Limoges, fumando e bebendo o seu uísque com espírito e vagar, enquanto Dona Lourdes, uma paulistana quatrocentona, duma dessas famílias que tem o nome em algumas ruas dos Jardins; educadíssima e elegante, cuidava para que tudo saísse a contento.

Nos últimos anos, após a morte de seu amigo Cascudinho, não foi mais visto pelas ruas de Natal. Às vezes, viajava para o Recife por alguns dias, segundo me contaria Henrique Batista, em almoço em Ponta Negra, que passara a vê-lo só muito raramente, por que não simpatizara com um seu novo amigo que passou a monopolizá-lo. Aos poucos, os outros também foram sendo contagiados por esse espírito de auto-exclusão e reduziram ou deixaram de visitar o velho músico modernista, que representara para a nossa cultura musical papel semelhante ao da poesia Jorge Fernandes. No caso de Oswaldo, um músico erudito trabalhando uma matéria popular eclética.

As Modinhas, combustível dos saraus e das tocatas do seu tempo de moço, seriam a alma nostálgica e melancólica de Natal, cidade que, desde o seu surgimento, amou a música e a exemplo de outras cidades de tradição portuguesa, teve os seus outeiros, suas cantatas e serenatas rituais. Pertencente a uma corrente musical nacionalista, Oswaldo pesquisou os ritmos populares e deles se abeberou para compor sua arte alegre e comunicativa. Fez aqui o que o maestro Waldemar Henrique fez pela música do Pará, sua terra natal cheia de magia e sortilégios florestários. Suas chulas marajoaras seriam, certamente, as Modinhas que tanto o encantara desde a mocidade, quando a cidade não se fartava nem enjoava de seus menestréis que saíam às ruas em noites enluaradas.

domingo, 8 de abril de 2012

P Á S C O A
Páscoa (do hebraico Pessach - Êxodo 12, 14, significando passagem através do grego Πάσχα). Para os Cristãos significa a vitória da Ressurreição de Jesus Cristo depois da sua morte por crucificação; Para os Judeus é a vitória da Libertação do cativeiro do Egito para a Terra Prometida; Os Muçulmanos não festejam propriamente a Páscoa, mas a festa da primavera, coincidindo com o mesmo período. Contudo, em tal oportunidade sempre será a Renovação da Fé Islâmica.

A Páscoa não representa confronto, mas restauração, confirmação de crenças, renovação do amor entre os povos e com Deus.

Aos Meus Amigos Cristãos, Judeus e Muçulmanos, no respeito da fé de cada um, o abraço fraterno de Páscoa.

Carlos Roberto de Miranda Gomes e Família.

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO
E o seu significado para nós
Pr. Edemar V. da Silva

Texto:

"Mas, no primeiro dia da semana, alta madrugada, foram elas ao túmulo, levando os aromas que haviam preparado.
E encontraram a pedra removida do sepulcro;
mas, ao entrar, não acharam o corpo do Senhor Jesus.
Aconteceu que, perplexas a esse respeito, apareceram-lhes dois varões com vestes resplandecentes.
Estando elas possuídas de temor, baixando os olhos para o chão, eles lhes falaram: Por que buscais entre os mortos ao que vive?
Ele não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos de como vos preveniu, estando ainda na Galiléia,
quando disse: Importa que o Filho do homem seja entregue nas mãos de pecadores e seja crucificado e ressuscite no terceiro dia.
Então se lembraram das suas palavras.
E, voltando do túmulo, anunciaram todas estas cousas aos onze e a todos os mais que com eles estavam.
Eram Maria Madalena, Joana, Maria, mãe de Tiago; também as demais que estavam com elas confirmaram estas cousas aos apóstolos.
Tais palavras lhes pareciam um como delírio, e não acreditaram nelas.
Pedro, porém, levantando-se, correu ao sepulcro. E, abaixando-se, nada mais viu senão os lençóis de linho; e retirou-se para casa, maravilhado do que havia acontecido."
Lucas 24:1-12

Introdução:
De acordo com o calendário da chamada "semana santa", o domingo é o "Dia da Ressurreição" do Senhor.
A ressurreição teve profundo significado para os discípulos do Senhor naqueles dias...
E hoje, qual o significado para nós?

I - OS MOTIVOS QUE LEVARAM OS DISCÍPULOS A CREREM NA RESSURREIÇÃO

a) A PROVA DO TÚMULO VAZIO
a.1) Os romanos tomaram precaução excessiva com o sepulcro, objetivando evitar a ressurreição...
"No dia seguinte, que é o dia depois da preparação, reuniram-se os principais sacerdotes e os fariseus e, dirigindo-se a Pilatos, disseram-lhe: Senhor, lembramo-nos de que aquele embusteiro, enquanto vivia, disse: "Depois de três dias ressuscitarei." Ordena, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até ao terceiro dia, para não suceder que, vindo os discípulos, o roubem, e depois digam ao povo: Ressuscitou dos mortos; e será o último embuste pior que o primeiro." Disse-lhes Pilatos: Aí tendes uma escolta; ide e guardai o sepulcro como bem vos parecer. Indo eles, montaram guarda ao sepulcro, selando a pedra e deixando alí a escolta." - Mateus 27:62-66.
Notas: 1) Escolta: dezenas de soldados;
2) "selando a pedra" - provavelmente usaram uma corda, passando-a por sobre a pedra e selando as extremidades no sepulcro com cera, de modo que qualquer violação poderia ser facilmente detectada.
a.2) As medidas tomadas por eles de nada adiantaram... Jesus Ressuscitou!
Quando o Anjo chegou, os soldados cairam desacordados...
"Eis que houve um grande terremoto; porque um anjo do Senhor desceu do céu, chegou-se, removeu a pedra e assentou-se sobre ela.
O seu aspecto era como um relâmpago, e a sua veste alva como a neve.
E os guardas tremeram espavoridos, e ficaram como se estivessem mortos." - Mateus 28:2-4
a.3) Mas o "túmulo vazio" não foi a única prova, e não foi suficiente para a crença na ressurreição. No primeiro momento, o "túmulo vazio" significou:-
1) Para as Mulheres: "M Ê D O"
"E, saindo elas, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de temor e de assombro; e de medo nada disseram a ninguém." - Marcos 16:8.
2) Para Maria Madalena: "R O U B O"
"Então lhes perguntaram: Mulher, por quê choras? Ela lhes respondeu: Porque levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram." - João 20:13
3) Para os Discípulos: "INDIFERENÇA"
"De fato alguns dos nossos foram ao sepulcro e verificaram a exatidão do que disseram as mulheres; mas a ele, não o viram" - Lucas 24:24
4) Para Tomé: "TOTAL INCREDULIDADE"
"Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o meu dedo, e não puser a minha mão no seu lado, de modo algum acreditarei" - João 20:25
b) AS "APARIÇÕES DO SENHOR"
Além da prova do "túmulo vazio" foram as "aparições do Senhor" que propiciaram a crença imediata na ressurreição.

As dúvidas foram completamente dissipadas...

1) Maria Madalena:
"Disse-lhe Jesus: Maria! Ela voltando-se, lhe disse em hebraico: RABÔNI, que quer dizer: MESTRE"
"Então saiu Maria Madalena anunciando aos discípulos: VI O SENHOR! e contava que lhe dissera estas cousas!"
- João 20:16,18
2) Os Dois Discípulos no Caminho de Emaús:
"... então se lhes abriram os olhos, e o reconheceram..."
"... voltaram para Jerusalém onde acharam reunidos os onze e outros com eles... contaram o que lhes acontecera no caminho, e como fora por eles reconhecido no partir do pão." - Lucas 24:31,33 e 35.
3) Os discípulos, no Cenáculo:
"...Alegraram-se, portanto, os discípulos ao verem o Senhor" - João 20:20
"Então, eles, adorando-o, voltaram para Jerusalém, tomados de grande júbilo;" - Lucas 24:52
4) Tomé:
"Senhor meu e Deus meu!" - João 20:28

II - O QUE É A RESSURREIÇÃO

1) É um fato histórico:
Não diretamente, mas indiretamente, já que ninguém presenciou o "ato da ressurreição" em si!

É indiretamente um fato histórico porque:-
- O sepulcro vazio
- As aparições
- O testemunho das mulheres
- O testemunho dos discípulos
- O testemunho e a ratificação dada pelos apóstolos
- e até mesmo o testemunho dos soldados ( Mateus 28:11 )

==== >>> AFIRMAM QUE ELE RESSUSCITOU!
É preciso crer, pela fé!
Exemplo: nós não vimos quem descobriu o Brasil, contudo, com base nos relatos cremos que foi Pedro Alvares Cabral!

2) Não é apenas a revivificação de um cadáver, mas a entronização da realidade corporal de Jesus, transfigurado na glória de Deus! Paulo disse: "A esse Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor".

3) É vida!
"Porque assim como em Adão todos morrem, assim também todos serão VIVIFICADOS EM CRISTO" - I Cor 15:22

III - O SIGNIFICADO DA RESSURREIÇÃO PARA NÓS

1) As provas que temos:
a) da história
===>> traz até nós os relatos do....
- O sepulcro vazio
- As aparições
- O testemunho das mulheres
- O testemunho dos discípulos
- O testemunho e a ratificação dada pelos apóstolos
- e até mesmo o testemunho dos soldados ( Mateus 28:11 )

b) o relato da Bíblia Sagrada, que é para nós A PALAVRA DE DEUS!
A Bíblia é a nossa única regra de fé e prática. Cremos a Bíblia Sagrada não contém a palavra de Deus, Ela é a Palavra de Deus! Assim sendo, cremos na veracidade de todos os fatos bíblicos registrados...

c) os testemunhos dos cristãos ao longo destes 2002 anos de história...
Milhares e milhares de pessoas se encontraram com o Senhor, e deram veementes testemunhos... Pessoas sérias, responsáveis, cujos relatos merecem total credibilidade!

d) os testemunhos dos cristãos de hoje
O evangelho se alastrou por todo o mundo. Há milhares de cristãos por toda parte. Há sempre alguém por perto que teve um encontro real com o Senhor, que foi transformado pelo poder vivificador do Cristo resurreto, mudando radicalmente a sua forma de viver... Estes testemunhos vivos nos ajudam a crer que de fato Cristo vive!

e) as "aparições" do Senhor a nós...
Tudo o que dissemos acima contribue para a nossa crença na ressurreição de Cristo. Contudo o que nos leva a crer piamente são as "aparições" do Senhor a nós...

Da mesma forma que Ele apareceu aos discípulos nos dias imediatos à crucificação e sepultamento, Ele vem hoje e se revela a cada um de nós, pessoalmente... Hoje Ele não se manifesta físicamente como naqueles dias, sendo a Sua presença perceptível espiritualmente.

Ele vem a nós hoje através do Espírito Santo, e bate à porta dos nossos corações: "Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo." (Apoc 3:20) Quando abrimos a porta, Ela entra e faz ali morada. A Sua presença afeta e muda radicalmente as nossas vidas, espiritualmente, e também fisicamente. Nunca mais seremos as mesmas pessoas...

2) O que a ressurreição do Senhor significa para nós:
a) iluminação - iluminou o nosso entendimento e nos revelou Deus e o Seu reino
b) salvação - fomos salvos por ele da morte espiritual decorrente do pecado
c) libertação - conhecemos a Verdade, e a Verdade nos libertou - Agora somos verdadeiramente livres!
d) paz - a agitação interior que nos inquietava foi dissipada, em Cristo temos verdadeira paz!
e) vitória - em todas as cousas somos mais que vencedores em Cristo Jesus que nos amou!
f) vida abundante neste mundo em Cristo temos: - vida espiritual, saúde , constante alegria!
g) vida eterna - da mesma forma que a morte não foi suficiente para reter o Senhor Jesus, também não nos reterá! Temos vida aqui neste mundo, e a teremos para sempre (eternamente) junto a Deus, no novo céu e na nova terra!

IV - CONCLUSÃO

A ressurreição é o complemento no plano da redenção.
Não tivesse havido ressurreição, a mensagem do Evangelho não estaria completa!
É a partir da ressurreição que se fortalecem as demais doutrinas básicas da fé cristã. Esse evento fortaleceu a crença na deidade de Cristo, na imortalidade da alma e na vida eterna.
A postura dos discípulos, antes da ressurreição, era de desânimo, e até pensavam em fracasso... "pensávamos que era Ele quem havia de remir a Israel..."! Estavam confusos e desnorteados. A certeza da ressurreição de Cristo recrudesceu os ânimos e injetou nova vida em todos eles.
Assim, a ressurreição é a vitória de Cristo sobre a morte, mas é também a vitória da Igreja Apostólica, e a vitória de todos os homens de fé, em todos os tempos. É, inclusive, a nossa vitória.
Temos, portanto, que comemorá-la!
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Mensagem do Pr. Edemar Vitorino no culto dominical da Comunidade Presbiteriana Shekinah, no "domingo da ressurreição, dia 31/ março/2002.