sábado, 21 de dezembro de 2013

 “DIAGNÓSTICO DE NOSSO TEMPO”

PADRE JOÃO MEDEIROS FILHO (pe.medeiros@hotmail.com)

Em 1943, Karl Mannheim (1893-1947), sociólogo húngaro, de origem judaica, escreveu um ensaio com o mesmo título, traduzido para a língua portuguesa e publicado no Brasil, em 1961, pela Zahar Editora. Ali, o ilustre escritor analisou os paradoxos do seu tempo, como posteriormente fizera o cronista e comediante americano George Carlin (1937-2008), quando endereçou uma carta a sua esposa. Na verdade, verificam-se situações contraditórias e controversas no comportamento humano e social.

Estamos chegando ao tempo do Advento, que nos prepara para o Natal. As casas e edifícios, lojas e shoppings, ruas e cidades engalanam-se em nome da grande festa do cristianismo. Mas, o personagem principal (Cristo) fica esquecido e relegado a um plano inferior. Fala-se de tudo, menos Dele. Urge que Deus e o Sagrado sejam presentes. No entanto, o Divino parece cada vez mais distante da terra. Em seu lugar, cultuam-se e cultivam-se o consumismo, o egoísmo, o hedonismo e outros tantos ismos. No passado, dava-se primazia à alma. Quando éramos jovens, costumavam perguntar: “Quantas almas tem sua paróquia?” Atualmente, o corpo tomou o seu lugar. Há uma sacralidade corporal. Não a que entende o apóstolo Paulo, quando adverte: “Acaso ignorais que vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que mora dentro de vós”? (1Cor 6, 19).

Temos a sensação de que o mundo perdeu o seu rumo, como um trem que se descarrilha. Hoje, Deus torna-se a autoimagem, a sede e fome da beleza exterior. A religião é o culto do corpo. A fé reside na estética. O ritual virou malhação, aludiu o músico paraibano Herbert Vianna (1961-). Leva-se mais tempo nas academias do que nas missas. Temos mais novelas do que novenas.

Vários consideram o amor ultrapassado. A sinceridade para muitos é insignificante. Para outros a honestidade é ridícula. É válido roubar, perverter, trapacear, seduzir, subornar, corromper etc. Mas, envelhecer e enrugar são motivos de vergonha. Não raro, ser desonesto é sinônimo de sucesso. A ética é sufocada por interesses políticos, socioeconômicos. Pouco importa o bem, o que vale é a “realização” pessoal. O outro não conta. Deus é realmente um substantivo abstrato, etéreo (nada de eterno) e desconhecido.

Dissera Carlin: “Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores. Falamos demais, amamos raramente, odiamos frequentemente.  Aprendemos a sobreviver, mas não a viver. Adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos”. Fomos à lua e voltamos, mas sentimos dificuldades em cumprimentar o vizinho no elevador. Lançamos foguetes, satélites, numa palavra, conquistamos o espaço, mas não o nosso. Chegamos a dominar o átomo, mas não os preconceitos. Aprendemos sim a nos apressar e não a esperar. Uma frase desse autor norte-americano resume bem: “Temos edifícios mais altos e pavios mais curtos; estradas mais largas e pontos de vista mais estreitos”.

Dirigimos automóveis cada vez mais velozes e sofisticados, porém somos lentos para compreender ou perdoar. Por vezes, ficamos acordados até tarde, mas a caridade não é a causa de nossa insônia. Lemos pouco, passamos horas vendo televisão, filmes, navegando na internet etc. e oramos raramente. Hoje, temos mais remédios e menos saúde. Há pílulas para tudo: obesidade, tristeza, impotência, insônia etc. Quando vão descobrir algo que nos desperte realmente para Deus ou nos sacie Dele?

Será que neste Natal vamos nos lembrar da frase de Cristo à samaritana, junto ao poço de Jacó: “Ah! Se tu conhecesses o dom de Deus”? (Jo 4, 10).

CONTROLE, REGULAÇÃO?  É MAIS FÁCIL PROBIR (ou  quando é mais fácil  legislar)
                                      Geniberto Paiva Campos
              Comissão Brasileira de Justiça e Paz

Dezembro/ 2013
I)A indústria brasileira produz automóveis, aviões, plataformas de petróleo. São produtos competitivos no mercado internacional. Temos natural orgulho da  capacidade tecnológica de ponta das nossas fábricas.

Mas ainda temos um longo caminho a percorrer na produção de Leis e Normas  definitivas que regulamentam as relações econômicas, sociais e políticas dos brasileiros. Faz parecer que somos um país inacabado, em permanente construção. E que, na próxima esquina há algum  polêmico e inquietante projeto normativo em gestação, para enfim, colocar a sociedade nos trilhos.

A “constituição cidadã” de 1988 ainda não foi suficiente para suprir, com o seu minucioso conteúdo, o aparentemente insaciável apetite dos dirigentes políticos brasileiros por normas  e regulamentos que controlem, impeçam, dificultem todo tipo de fraude e desvios embutidos nos negócios, na política, nos relacionamentos sociais e familiares.

Nós, brasileiros, acreditamos no aparato legal como alavanca de transformação da sociedade. Outros povos caminham em sentido contrário: as leis e regulamentos adquirem conteúdo formal após serem assimiladas e aceitas consensualmente  por seus integrantes.

Temos  uma infatigável capacidade de produzir todos os tipos de leis. Na crença  inabalável destas leis como elementos impeditivos de comportamentos erráticos, reprováveis, socialmente inaceitáveis. A LEI como o mais indispensável fator educativo. Ou a pedagogia da repressão legal.

II) Vivemos na plenitude democrática há aproximadamente trinta anos. E sob a égide de um novo texto constitucional há um quarto de século. Podemos dizer com orgulho, portanto, que o país, após períodos de turbulência política e autoritarismo, finalmente caminha para a normalidade institucional e plena garantia das liberdades democráticas. No entanto, há um ator, talvez o ator principal, sendo negligenciado nesse processo.

Nestes 25 anos de vigência constitucional, foram feitas, pelo menos, cinquenta alterações na nossa Constituição. O que dá uma média de duas reformas por ano. Nenhuma dessas alterações teve  participação direta da população brasileira. Solenemente ignorada pelos seus representantes. Embora no próprio texto constitucional esteja  inserido,   no seu artigo 1º, parágrafo único, princípio fundamental que diz:  “todo poder emana do povo, que o exerce por meio  de representantes eleitos ou diretamente . (1)

Sabemos que algumas alterações, pela sua relevância mereciam consulta popular, através de plebiscito ou referendo. Um bom exemplo, a PEC que  permitiu a possibilidade de reeleição para cargos executivos. Emenda  aprovada a toque de caixa – o duplo sentido é proposital – e de grande impacto no processo político. Gerando significativas mudanças em nossa cultura política. Os seus executores, diretamente beneficiados pela nova norma, que previa validade já para eleição subsequente, não atinaram para a importância da convocação da consulta plebiscitária, que conferiria legitimidade a tal inovação.

III) Caberia, portanto, um alerta aos representantes do povo  brasileiro no Congresso Nacional: Sobre a necessidade de fazer valer o princípio constitucional, claramente inserido em nossa Carta Magna, que confere ao povo o direito de se manifestar, de forma direta, diante de propostas de emendas constitucionais, ou de projetos inovadores, do real interesse da população  brasileira .  A qual não pode ficar alheia às decisões que têm o potencial de modificar os seus direitos, muitos deles inseridos na Constituição.

Mais ainda, devolver a decisão sobre consultas plebiscitárias ao povo que, em última instância, é  quem outorga  o mandato dos seus representantes. Em decisões futuras, torna-se essencial, para o necessário aperfeiçoamento democrático, promover consultas populares, para fazer valer a verdadeira Opinião Pública.

Nota – (1)  Comparato, F.K, in “ A República Incabada” – Faoro, R.  ed. Globo – pag.  18.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013




Reginaldo Rossi compartilhou o status de Ivanilson Cahú.
 
Hj é dia de prestar Homenagem!
Peça musica!
Chame o Garçom!
Hoje os bares lotarão
Garçons mudarão de função
Psicanalistas de bandeja na mão
Abridores a postos
Divãs numerados
Pacientes por todos os lados
Um pouco de rei pra cada plebeu
Um pouco de rainha pra cada leviana
Todos perante o trono vazio
Lamentando a partida do rei...
Num barzinho com radiola de ficha
Pra preencher o coração com sua poesia
Sua maestria
Sua tristeza

Colaboração do leitor Luis jose de o Bezerra
 
RINALDO BARROS
 
   POR QUEM OS SINOS NÃO DOBRAM “Aos omissos, está reservada a antecâmara do inferno”. (Dante Alighieri, in Divina Comédia) (*) Rinaldo Barros Em que pese a falta de memória do brasileiro, todos
 
 
POR QUEM OS SINOS NÃO DOBRAM
“Aos omissos, está reservada a antecâmara do inferno”. (Dante Alighieri, in Divina Comédia) 
(*) Rinaldo Barros
            Em que pese a falta de memória do brasileiro, todos ainda lembramos da comoção (comedida, contida no interior dos lares) que tomou conta do Brasil como reflexo do assassinato da menina Isabela, fato que pode ser explicado pela dor profunda que nos envergonha, enquanto seres humanos.
            Todavia, lamentavelmente, esse caso não é uma exceção: no Brasil, uma criança é assassinada a cada dez horas, mas por causa de sua condição social e da impunidade reinante, não se transformam em notícia.
Em seis anos (2005 a 2011), o Ministério da Saúde registrou 5.049 homicídios de meninos e meninas com idades até 14 anos. Os bebês não escapam da brutalidade e, segundo pesquisa do Lacri – Laboratório de Estudos da Criança, da USP, apenas 10% dos casos de violência física e psicológica em crianças é notificado. E o percentual dos "arrependidos" de ter filhos, sem planejamento, é maior entre as pessoas de menor renda (a maioria da sociedade). Com um agravante: a violência doméstica infantil é mais velada que a violência urbana. Vizinhos fingem não saber. A grande maioria é omissa, como se não fosse co-responsável.
Essa realidade é a mesma dos espancamentos e assassinatos de mulheres e de jovens na faixa entre 16 a 24 anos, compondo a banalização da vida, em cenários do inferno cotidiano de milhões de miseráveis morais, guiados pelo individualismo, e motivados para o ter, o ter mais.
Acrescente-se a isso a ausência de valores na Família (desestruturada), na Escola defasada em relação à complexidade do mundo pós-moderno, mutante, onde tudo é descartável; e teremos o caldo de cultura eivado de armadilhas que induzem à violência.
As crianças estão cada vez mais entregues à própria sorte, à televisão, à internet ou ao traficante. Quase nunca mantêm contato com o calor humano das relações familiares educativas (respeito, solidariedade, perseverança, tolerância, onde até o castigo físico era - antigamente - para corrigir e moralizar, era uma forma de amor), nem com os exemplos dos mestres inesquecíveis, nem com os grandes nomes da história ou da literatura; e muito menos com os valores universais que deveriam presidir as nossas instituições.
Aliás, já existe uma tese (do francês Charles Melman) de que, “pela primeira vez na história, a instituição familiar está desaparecendo, e isso tem conseqüências imprevisíveis".
Tudo indica que, com raras exceções, o mundo contemporâneo vivencia uma crescente inversão de valores. Sobretudo, vivemos num mundo eivado de hipocrisia, cuja estrutura moral ameaça ruir; e o deus-mercado domina quase todas as instâncias da vida.
Em pleno século XXI, lanço um olhar sobre o Planeta e vejo que as mesmas potências que desenvolvem a ciência para a vida, estimulam a indústria da morte.
Prega-se a virtude, mas pratica-se a falsidade generalizada: um falso compromisso, uma falsa democracia, uma falsa justiça, uma falsa liberdade, uma falsa eterna juventude, uma falsa estética.
 Dói constatar que as instituições que deveriam assegurar a Justiça e a Ética, em nosso país, num gesto muito estranho, não raramente desmoralizam seus próprios pilares.
Como orientar, preparar o espírito do jovem adolescente que adentra cada vez mais cedo na selva da vida? Como os jovens reagirão frente à inexistência de parâmetros morais?
Até quando consentiremos calados, na destruição gradativa da nossa civilização, em todos os campos da expressão humana?
Temo que esta situação já anuncie a derrota do pensamento, a morte dos sonhos e o florescer da barbárie. Será que não cabe mais perguntar “onde vamos parar?”.
Será que já chegamos ao inferno mais profundo?
Para reverter essa tendência suicida, e evitar a barbárie, é urgente eliminar a miséria e a fome, urbanizar os espaços degradados, organizar as comunidades, universalizar o ensino fundamental e médio, valorizar a escola e resgatar o papel do professor, garantir a qualidade e vincular a escola ao mundo do trabalho, da ciência e da cultura, através de uma “Lei de Responsabilidade Educacional”.
Resumo da ópera: nenhum de nós é inocente nesse sentido, e não é ético virar as costas. Estamos todos conectados. Não existe separação entre nós e o que fazemos uns aos outros.  
“Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”, como queria Mateus (6:24).
E não esqueçam que, em Dante, aos omissos está reservada a Antecâmara, o lugar mais quente do Inferno. Por serem tão perniciosos, nem o capeta permite sequer que os omissos adentrem ao círculo natural do inferno. Resumo da ópera: é pelos omissos que os sinos não dobram.
 
 (*) Rinaldo Barros é professor - rb@opinaopolitica.com

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013


NÃO CONSIGO ENTENDER

Carlos Roberto de Miranda Gomes, apenas um cidadão potiguar

 

Estamos chegando ao final de 2013 e, fazendo uma retrospectiva desse período, chegamos à triste constatação de que o Estado do Rio Grande do Norte está falido do ponto de vista administrativo.

A violência galopante em que vivemos acena negativamente para o turismo e os grandes eventos, registrando índices alarmantes de assassinatos e sucateamento do aparato repressivo e ostensivo que chega à indignação.

Não bastasse o fechamento da principal Central do Cidadão (Cidade Alta), onde a população tinha a possibilidade de tirar sua documentação de cidadania, agora o caos do ITEP que não tem condições de atendimento, sendo diários os reclamos feitos através da imprensa.

Estamos apontando apenas um aspecto dessa gestão desastrosa do Estado, sem prioridades,  insistindo em investir na Copa do Mundo de 2014, mas não se preparando em tempo hábil para a garantia dos que aqui estarão para comparecer ao Estádio Arena das Dunas.

A sabedoria indica que primeiro se cuida da infraestrutura, preparando o terreno para as obras de qualquer natureza.

Os hospitais continuam sem funcionamento satisfatório, o trânsito cada vez fica dificultado com muitas obras realizadas ao mesmo tempo; arrastões anunciados em supermercado; o policiamento precário pela falta de um efetivo ideal, de veículos, armamentos. E fica assim mesmo, isto é, só nos falatórios e reclamações da imprensa.

Seria fundamental que o Ministério Público assumisse a tarefa de fiscalizar essa situação deplorável e firmar ajustamentos de conduta, a curtíssimo prazo, senão vamos começar o ano de 2014, o da Copa, com o pico da insegurança e uma perspectiva negativa para o sucesso do evento.

Enquanto isso o cidadão tem dificuldades de fazer a sua própria segurança com uma lei que se diz de desarmamento, que precisa ser reapreciada, pois até agora o grande beneficiado é o marginal, que não precisa de licença para portar armas, pois a clandestinidade é mais forte.

Realmente, em pleno Século XXI, NÃO CONSIGO ENTENDER!
NATAL SEM FAUSTO GOSSON - POR EDUARDO GOSSON - UM AMOR INFINITO POR SEU FILHO, NO CÉU.


FAUSTO E SEU PAI EDUARDO GOSSON
NATAL SEM FAUSTO GOSSON
 Por Eduardo Gosson 

 Natal é tradicionalmente o mês da família e das crianças, simbolizado no Menino Jesus. Este Natal será o mais melancólico da minha vida: no meu presépio falta um menino bom - Fausto - que partiu aos vinte oito anos, vítima de uma sociedade que está perdendo a guerra para as drogas (recentemente aqui bem perto, no Uruguai, o governo liberou o uso da maconha). Abrem-se as portas para o império do Mal. Em nome de uma pretensa liberdade total, proclama-se a legalização como forma de controle das atividades criminosas. Esquecem esses falsos intelectuais que nunca leram um Graciliano Ramos: “liberdade total não existe: começa-se preso pela sintaxe e muitas vezes termina-se numa Delegacia de Ordem Política Social – DOPS”. O Brasil não fez ainda o dever de casa: saúde, educação e segurança pública. Nada funciona neste país. Ao ver na comitiva presidencial que foi ao enterro de Nelson Mandela, Sarney, Collor, Fernando Henrique e Lula conclui-se que é tudo farinha do mesmo saco. Qual é o governo que compensará a solidão de um pai na Noite de Natal?

É POETA.
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Crédito da publicação: Lúcia Helena

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Dia 20.12.2013, sexta-feira próxima, às 9: hs, teremos a última REUNIÃO ORDINÁRIA do corrente ano, portando estamos convidando todos os membros da DIRETORIA, CONSELHO FISCAL, COMISSÃO DE ADMISSÃO e DISCIPLINA para que se façam presente.

Atenciosamente,

Valério Mesquita

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

SANTUÁRIOS E LUGARES DE PEREGRINAÇÃO

PADRE JOÃO MEDEIROS FILHO (pe.medeiros@hotmail.com)

Cristo legou à Igreja a missão de evangelizar a todos. E isto consiste em anunciar, com gestos e palavras, a doutrina, a vida e o mistério do Filho de Deus. E para poder realizá-la, necessita estar atenta a todos os momentos e oportunidades. Capelas, igrejas, basílicas, conventos e mosteiros antigos, estão repletos de imagens, quadros, afrescos, pinturas, estátuas, que são uma forma plástica e visual de catequese e evangelização. Quando a população não tinha acesso à leitura, a Igreja lançou mão desses recursos para transmitir sua mensagem. Os tempos mudaram, vieram os livros e suas ilustrações. Hoje, séculos depois, a mídia ostenta seu poder de expressão e convencimento.

No entanto, ainda nos emocionam certos locais, que recordam fatos, realidades e pessoas marcadas pela fé em Cristo num permanente convite para sentir a presença divina e a ação da graça. Há lugares que tocam e falam, mesmo em seu silêncio de pedra e argila; jardins, praças e naves, que são réstia do Divino e do Sagrado. Isso faz parte do turismo religioso, uma das oportunidades da Igreja para catequisar e evangelizar, bem como do estado e dos municípios para tornarem mais atuais suas tradições e história.

Ano após ano, milhares de pessoas dirigem-se a santuários, igrejas e locais sagrados, quer para uma experiência de fé, quer por mera curiosidade ou algum motivo cultural e científico. E, se a Igreja souber aproveitar tais momentos, poderá atingir pessoas que, de outra maneira, não conseguiria. Mas, muitos desses espaços carecem de estrutura adequada, acolhida organizada e algo que atraia e seja capaz de interessar aos visitantes. Necessitam, portanto, serem estudados, divulgados e conservados.

Toda e qualquer iniciativa para fomentar o turismo religioso é louvável. Sabe-se que essa atividade é relativamente nova no Brasil. Mas, em poucos anos, está dando passos importantes. Por exemplo, em Aparecida, toda a dinâmica implantada naquele santuário gira em torno da acolhida aos peregrinos, visitantes e turistas. E não podemos esquecer que acolher bem é evangelizar e Cristo recomendara: “Quem vos recebe a mim recebe”... (Mt 10, 40). Atualmente, naquela cidade paulista, estão sendo construídos hotéis, centros de convenções, áreas de lazer etc.

Entre nós, não podemos esquecer o empenho de Monsenhor Lucas Batista Neto, tentando difundir nossos lugares de turismo religioso. O ilustre sacerdote lança mão dessa atividade para uma ação catequética e missionária. Patu, Florânia, Carnaúba dos Dantas, Caicó, Acari, Mossoró, Assú, Santa Cruz, Cunhaú, Uruaçu etc. têm sido visitados com certa frequência. Há em seus roteiros e viagens uma proposta de evangelização. Além da peregrinação, há a preocupação cultural e histórica. Mostrar nosso passado, explicar o simbolismo e a dinâmica espiritual de um povo constitui-se em lição sobre o trabalho da Igreja e a caminhada das comunidades. Entretanto, falta ainda uma política oficial, seja oriunda de nossas dioceses, seja por parte dos órgãos governamentais, no sentido de aproximar o povo de suas riquezas culturais e espirituais. Poucos conhecem nossos templos seculares, imagens, monumentos e objetos sacros. Quem já se deparou com a história religiosa de nosso povo?

O importante é que cada diocese e as instituições públicas comecem a ter iniciativas concretas e eficazes, pois possuímos vários locais adequados para o turismo religioso. Faltam ainda organização, investimentos mínimos – oficiais e privados – planos, metas e ações. E não se pode negar que esse tipo de atividade, além de ser teologicamente uma fonte de graças e bênçãos, o é também de divisas financeiras e difusão cultural e histórica. Onde está a pastoral do turismo e dos santuários? 

 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013



ARTIGO: À Memória do Professor Chagas Rocha, com Estima e Reverência


Por: José Maria Bezerra - presidente da Subseção Currais Novos

Na minha trajetória jurídica, ao longo dos meus 25 (vinte e cinco) anos de pleno exercício da Advocacia, tive a oportunidade e graça de estar ao lado de grandes figuras humanas que compõem e integram a Advocacia, a Magistratura e o Ministério Público no Estado do Rio Grande do Norte, e, algumas delas, contribuíram, decisivamente, para a consolidação de minha carreira como Advogado com atuação no Seridó, e, especialmente, na minha querida Currais Novos, e, também, atualmente, em Natal.

No começo da Década de Oitenta, do Século findo, ainda estudante secundarista, e entusiasta do processo de redemocratização brasileira, tive a honra de participar como jovem cidadão anônimo, da primeira Reunião da Executiva Estadual Provisória do Partido Democrático Trabalhista – PDT, que contou com a presença dos seus líderes nacionais Leonel de Moura Brizola, Doutel de Andrade, Francisco Julião, idealizador das Ligas Camponeses, nos anos que antecederam ao Golpe de 64.

Essa reunião ou convenção, não lembro exatamente qual o nome do evento, foi coordenado pelo jovem estudante de direito Gutemberg Tinoco, membro da direção do PDT em nosso Estado, e pelo jovem líder trabalhista pernambucano Anacleto Julião, filho de Francisco Julião, evento esse realizado na antiga sede da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, encravada nos fundos do prédio do IPE, na Rua Jundiaí, nessa Capital.

Naquele compromisso partidário, além dos belos e provocantes discursos dos líderes e próceres do PDT daquela época, me chamou muito a atenção a presença de um senhor de meia idade, de nome Francisco das Chagas Rocha, vestindo terno de cor sóbria, assistindo àquele evento partidário, sempre em silêncio, de gestos comedidos. Imediatamente, perguntei ao professor Jaci Nascimento, que me levara àquele ato histórico, quem era aquele senhor, que, logo me disse tratar-se do Representante do Ministério Público Federal no Estado, presença essa necessária e exigida pela legislação eleitoral de então, sob pena de nulidade daquela convenção.

O tempo passou, tornei-me estudante de Direito, vindo a reencontrar àquele senhor, o Professor Chagas Rocha, nos corredores da UFRN. Embora não tenha tido a honra de ser seu aluno no Curso de Direito, essa lacuna foi compensada com o magistério de seu irmão José Taumaturgo da Rocha, com o qual passei a ter uma convivência edificante para quem queria, no futuro, exercer a Advocacia, como de fato a exerço há 25 (vinte e cinco) anos.

Na sala de aula, além de nos brindar com belas lições de direito, o Professor Taumaturgo Rocha nos encorajava para que não desistíssemos de nossos objetivos, contando a sua saga e a do seu querido irmão mais velho Chagas Rocha, que, meninos pobres nessa cidade do Natal, lutaram e alcançaram um lugar no panteão na elite intelectual do pensamento jurídico do estado.

A partir dali minha admiração pelo professor Chagas Rocha, cujo primeiro contato tive naquela Convenção do PDT no Estado, só aumentou. Pelas boas trapaças da vida, abençoadas por Deus, tive a honra de reencontrá-lo no final do pleito municipal de 1992. Eu, na condição de jovem advogado da prefeita eleita Jandira Alves de Medeiros, do município de Florânia.

Após a eleição da senhora Jandira Alves de Medeiros, foi instaurada uma controvérsia eleitoral por seus opositores, para que a mesma não fosse diplomada,  e  se o fosse, não deveria ser empossada no mandato eletivo conquistado livremente nas urnas. A partir dali, como principiante na seara do direito eleitoral, vi que os meus conhecimentos não eram suficientes à manutenção do seu mandato, por isso indiquei a figura do Professor Chagas Rocha para patrocinar os seus interesses diante do Tribunal Regional Eleitoral e Tribunais Superiores.

Firmado o contrato com o Professor Chagas Rocha, este, para minha surpresa, condicionou o patrocínio da prefeita eleita à minha permanência no processo, razão pela qual passei a atuar em conjunto com o mesmo, oportunidade em que esclareceu à contratante que todas as minhas petições tinham sido ajuizadas corretamente no âmbito da 21ª Zona Eleitoral – Florânia-RN.

Esse fato me encheu de júbilo e de alegria, por saber que o abono as minhas peças vinha do conhecimento de um jurista de nomeada formação, que dividia as atenções dos que militavam no direito eleitoral com dois outros grandes juristas, no caso, Armando Roberto Holanda Leite e Paulo de Tarso Fernandes, que viriam a ser, num futuro próximo, pessoas com as quais pude sempre contar também como o apoio e incentivo decisivos no meu fazer advocatício.

Logramos êxito em manter o mandato da prefeita Jandira Alves de Medeiros, eu, o Professor Chagas e o igualmente Professor Taumaturgo Rocha, que substituiu o seu irmão nos autos, em razão de o mesmo ter sofrido um infarto do miocárdio no tortuoso pleito municipal de 1992.

Daquele momento em diante nunca mais deixei de devotar admiração e respeito pelo Professor Chagas Rocha, que posso afirmar, sem sombra de dúvida, ser o responsável pelo aprimoramento de meus conhecimentos em direito eleitoral e em outas vertentes do conhecimento jurídico, pois o meu querido e saudoso Professor tinha saber enciclopédico. Mas, muito do mais do que simplesmente brindar-me com lições sobre temas jurídicos, o Professor Chagas Rocha teve o cuidado de me orientar, indicando a forma devida de como proceder na Corte Eleitoral, quais as palavras que deveriam ser utilizadas numa inicial, num recurso, sem resvalar para ataques a meus opoentes (colegas advogados e partes) ou para os Juízes da Corte.

Assim, grande parte do que conquistei no exercício da Advocacia, devo ao magistério profissional do Professor Chagas Rocha, que nunca mediu esforços em apontar os caminhos seguros que devia seguir para que chegasse aonde cheguei, aos meus bem amadurecidos 25 (vinte e cinco) anos de Advocacia plena, sem lapso de interrupção.

A morte do Professor Chagas Rocha, ou a sua passagem desse plano material para uma dimensão infinitamente espiritual, acometeu-me de uma grande tristeza, pranteada pelo fato de não ter tido condições de ir ao seu sepultamento, por compromissos forenses inadiáveis.

O seu legado de ensino jurídico deixado a minha pessoa não morrerá, e nem o seu exemplo de homem das letras jurídicas que soube exercê-las com proficiência de conhecimento, determinação e firmeza.

Saudades!

A MODERNIDADE DA IGREJA

A MODERNIDADE NA IGREJA
(publiojose@gmail.com)                     
   Tenho ouvido muito, ultimamente, se falar, se discutir, até se esbravejar sobre a modernidade da Igreja. É um tema recorrente e que vem abrasando sucessivos debates e polêmicas em auditórios os mais variados. Em toda revista que você abre, em todo programa de tv, ou matéria de jornal, principalmente para justificar os argumentos da comunidade gay, a exigência é uma só: a Igreja precisa se modernizar. O interessante em toda essa questão é que os defensores da necessidade urgente, premente, inadiável da Igreja passar por um processo de modernização não entendem do ofício, ou seja, não entendem de igreja. É como se um agricultor passasse a opinar sobre a modernização da política nuclear ou, da mesma forma, como se um pescador quisesse, por cima de pau e pedra, direcionar a política de investimentos de um banco. Seriam fatos totalmente impensáveis, para não dizê-los fora de propósito.
                       Assim, além das inúmeras dificuldades que a Igreja enfrenta nos seus movimentos de evangelização, ainda é obrigada a ver esse descabido propósito se avolumar diante de seus olhos. Em primeiro lugar, é preciso deixar bem claro que esse conceito de modernidade não se aplica à Igreja. Por quê? Porque a Igreja é uma instituição intemporal. Ela não se move de acordo com modismos e tendências delimitados pelo tempo. Mas o que, afinal, move a Igreja? Princípios. E princípios não se modernizam. Tomemos, como exemplo, o princípio mais forte a lastrear a ação da Igreja: o amor. Por ventura, o amor se moderniza? Tomemos outro exemplo: o princípio da verdade. A verdade se moderniza? Tomemos mais um: o princípio do perdão. O perdão se moderniza? Em vista disso, como modernizar a Igreja? Ou como modernizar fidelidade, honestidade, santificação?  
                        Estes, e os demais fundamentos que eternizam sua atividade, não são modernizáveis, nem passíveis de alteração. Muito menos podem ser objeto do desejo de alguns de reformar a base, o alicerce, da atuação da Igreja. Pois foi o próprio Jesus – o proprietário da Igreja – quem disse que “as portas do inferno não prevalecerão sobre ela”. Ora, de que forma as portas do inferno poderiam prevalecer sobre a Igreja? Através do pecado. Aí é onde está o X da questão. O que se pretende, na verdade, é que a Igreja abra seu corolário de princípios para nele ser inoculado o princípio do pecado – este sim, com capacidade suficiente para neutralizar, paralisar, anular, aniquilar a essência da atuação e do discurso da Igreja, atribuições, por sua vez, herdadas do ministério e do discurso de Jesus. Por sinal, na Bíblia, na primeira epístola a Timóteo, capítulo 3, versículo 15, Paulo realça uma das principais qualidades da Igreja.
                        Diz ele: “Para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na Casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade”. E aí, tão-somente pelo querer de alguns, modernizar-se-ia, por acaso, a verdade? Mas talvez possamos encontrar uma saída para a questão. Se for moderno, por exemplo, alterar a cor das paredes da Igreja, vá lá que seja. Troquemos a pintura. Se for moderno o piso da Igreja subir ao telhado e o telhado assumir o lugar do piso, façamos isso, então. Quem sabe não fosse melhor trocar a posição das janelas? Elas se abrindo para fora – ao invés de se abrirem para dentro? Ironias à parte, o aspecto físico da Igreja pode até ser modernizado. Seus princípios jamais. Pois, sofrendo eles qualquer alteração, deixam de ser princípios, jogando a Igreja, em conseqüência, na vala comum das instituições humanas. Por acaso, seria este o propósito de Jesus?         

domingo, 15 de dezembro de 2013


Verdades cruzadas - V
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES, Professor aposentado do Curso de Direito da UFRN e Presidente da Comissão da Verdade. Sócio do IHGRN.
A vida política e administrativa no Estado do Rio Grande do Norte vivia a monotonia do “mesmismo” – nada de novo nas práticas políticas; nenhum surgimento de político inovador; nenhuma prática administrativa marcante.
No campo da cultura vivíamos ainda dos movimentos do século anterior e o clima universitário ainda não brotara na terra potiguar, senão nos encontros dos acadêmicos quando vinham de férias. Experiências isoladas, já no pós-guerra, contudo, foram os passos iniciais de um novo momento que somente viveríamos no correr dos anos 50.
A luta do velho contra o novo que não era novo – disputas entre Dinarte Mariz e Aluízio Alves pela liderança política do Rio Grande do Norte.Carlos H.P.Cunha e Walclei de A.Azevedo – Podres Poderes-política e repressão. Natal: Infinita imagem, 2013.
Experiências isoladas no RN: Escola de Pharmácia e Odontologia de Natal, 1920 – depois Faculdade de Farmácia e Odontologia, 1947; Outras escolas – clima universitário com os estudantes potiguares em férias de outras faculdades fora do Estado. Escola de Serviço Social, 1945; Universidade Popular, 1948; Faculdade de Direito, 1949; Faculdade de Medicina e Faculdade de Filosofia, 1955; Escola de Engenharia e Facudade de Ciências Econômicas, Contábeis e Atuariais, 1957; Criada a Universidade do Rio Grande do Norte, 1958, transformada em UFRN, 1960 pela Lei nº 3.849, de 18/12/1960.Veríssimo de Melo e Carmen Lúcia de Araújo Calado (Síntese cronológica da UFRN – 1958-2010. Natal: EDUFRN, 2011).
No Rio Grande do Norte a vida corria num diapasão de estado conservador, apesar de circunstancial alteração ao tempo da “Intentona comunista de novembro de 1935”, retornando em seguida ao acomodamento de um cosmopolitismo em contraste com os vizinhos, que defendiam um padrão municipalista, de “bairrismo” e preservação de suas mais recônditas tradições.
Aqui surgiu um clima universitário emprestado, a partir dos encontros dos nossos jovens em período de férias dos cursos frequentados em Recife, Maceió, Salvador e Rio de Janeiro, principalmente, oportunidade em que trocavam informações e vaticinavam pela criação de cursos superiores em nosso estado.
Experiências isoladas – Escola de Pharmacia e Odontologia de Natal nos idos de 1923 e após a 2ª Guerra Mundial com o Instituto Filosófico São João Bosco (1941); Escola de Serviço Social (1945); Faculdade de Farmácia e Odontologia (1947); Faculdade de Direito (1949); Faculdade de Medicina (1955); Faculdade de Filosofia (1955); Faculdade de Engenharia (1957); entre outras.[1][1]
Segundo registra o Professor Paulo de Tarso Correia de Melo[2][2] foram precursores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Dinarte de Medeiros Mariz, Onofre Lopes da Silva, Luís da Câmara Cascudo, Januário Cicco ao que acrescentamos Luiz Soares de Araújo.
A 8 de março de 1958, durante a passagem do Diretor do Ministério da Educação e Cultura Jurandyr Lodi, José Teixeira – chefe de Seção do MEC que o acompanhava, sugere a Onofre Lopes, então Diretor da Faculdade de Medicina, a criação de uma universidade para o Estado. Deste para o Governador Dinarte Mariz que remete mensagem à Assembleia Legislativa em 3 de junho que no dia 25 do mesmo mês e ano aprova a Lei nº 2.307, sancionada no Palácio Potengi.
Estava criada a Universidade do Rio Grande do Norte composta das Faculdades já mantidas pelo Estado e as agregadas mantidas por entidades de caráter privado, tendo como primeiro Reitor o Professor Onofre Lopes e Vice-Reitor o Professor Otto de Brito Guerra. Instalação solene em 21 de março de 1959 no Teatro Alberto Maranhão com memorável discurso proferido pelo Professor Câmara Cascudo.[3][3]
Daí por diante foi a luta sem fronteiras para a federalização afinal obtida através da Lei nº 3.849, de 18 de dezembro de 1960, sancionada pelo Presidente Juscelino Kubitschek (DOU de 21.12.60).
Já existia, então, o clima universitário próprio, com o engajamento de jovens sonhadores e promissores que fizeram a história da UFRN.
A literatura histórica registra acontecimentos que marcam “sinais dos tempos”, assim explicitados nas percepções do Papa João XXIII, motivados pelo grande aumento demográfico, da reordenação da economia mundial, com reflexos, também, na América Latina, face à ascensão da burguesia industrial e suas alianças com as camadas médias urbanas.[4][4]


[1][1] SOUZA, Itamar de. Universidade para quê? Para quem? Natal: Clima, 1984 (apud Portal da Memória – UFRN, 2005). P. 19.
[2][2] Portal da Memória – UFRN, 2005, p. 35-43.
[3][3] Carlos Newton Júnior. Portal da Memória – UFRN, 2005, p. 17-31.
[4][4] “havia dificuldade de se formular uma resposta aos anseios participativos dos estudantes católicos na vida política. E foi o padre Almery quem formulou a teoria do Ideal Histórico, apresentada no Encontro da JUC em 1959...”MARIA CONCEIÇÃO PINTO DE GÓES, A aposta de Luiz Ignácio Maranhão Filho, p.129. Depois desse Encontro da JUC em 1959, tudo ficou claro. Não se abriria mão do Evangelho nem da História.