SANTUÁRIOS E LUGARES DE PEREGRINAÇÃO
PADRE JOÃO MEDEIROS FILHO (pe.medeiros@hotmail.com)
Cristo legou à Igreja a missão de evangelizar a todos. E isto consiste em anunciar, com gestos e palavras, a doutrina, a vida e o mistério do Filho de Deus. E para poder realizá-la, necessita estar atenta a todos os momentos e oportunidades. Capelas, igrejas, basílicas, conventos e mosteiros antigos, estão repletos de imagens, quadros, afrescos, pinturas, estátuas, que são uma forma plástica e visual de catequese e evangelização. Quando a população não tinha acesso à leitura, a Igreja lançou mão desses recursos para transmitir sua mensagem. Os tempos mudaram, vieram os livros e suas ilustrações. Hoje, séculos depois, a mídia ostenta seu poder de expressão e convencimento.
No entanto, ainda nos emocionam certos locais, que recordam fatos, realidades e pessoas marcadas pela fé em Cristo num permanente convite para sentir a presença divina e a ação da graça. Há lugares que tocam e falam, mesmo em seu silêncio de pedra e argila; jardins, praças e naves, que são réstia do Divino e do Sagrado. Isso faz parte do turismo religioso, uma das oportunidades da Igreja para catequisar e evangelizar, bem como do estado e dos municípios para tornarem mais atuais suas tradições e história.
Ano após ano, milhares de pessoas dirigem-se a santuários, igrejas e locais sagrados, quer para uma experiência de fé, quer por mera curiosidade ou algum motivo cultural e científico. E, se a Igreja souber aproveitar tais momentos, poderá atingir pessoas que, de outra maneira, não conseguiria. Mas, muitos desses espaços carecem de estrutura adequada, acolhida organizada e algo que atraia e seja capaz de interessar aos visitantes. Necessitam, portanto, serem estudados, divulgados e conservados.
Toda e qualquer iniciativa para fomentar o turismo religioso é louvável. Sabe-se que essa atividade é relativamente nova no Brasil. Mas, em poucos anos, está dando passos importantes. Por exemplo, em Aparecida, toda a dinâmica implantada naquele santuário gira em torno da acolhida aos peregrinos, visitantes e turistas. E não podemos esquecer que acolher bem é evangelizar e Cristo recomendara: “Quem vos recebe a mim recebe”... (Mt 10, 40). Atualmente, naquela cidade paulista, estão sendo construídos hotéis, centros de convenções, áreas de lazer etc.
Entre nós, não podemos esquecer o empenho de Monsenhor Lucas Batista Neto, tentando difundir nossos lugares de turismo religioso. O ilustre sacerdote lança mão dessa atividade para uma ação catequética e missionária. Patu, Florânia, Carnaúba dos Dantas, Caicó, Acari, Mossoró, Assú, Santa Cruz, Cunhaú, Uruaçu etc. têm sido visitados com certa frequência. Há em seus roteiros e viagens uma proposta de evangelização. Além da peregrinação, há a preocupação cultural e histórica. Mostrar nosso passado, explicar o simbolismo e a dinâmica espiritual de um povo constitui-se em lição sobre o trabalho da Igreja e a caminhada das comunidades. Entretanto, falta ainda uma política oficial, seja oriunda de nossas dioceses, seja por parte dos órgãos governamentais, no sentido de aproximar o povo de suas riquezas culturais e espirituais. Poucos conhecem nossos templos seculares, imagens, monumentos e objetos sacros. Quem já se deparou com a história religiosa de nosso povo?
O importante é que cada diocese e as instituições públicas comecem a ter iniciativas concretas e eficazes, pois possuímos vários locais adequados para o turismo religioso. Faltam ainda organização, investimentos mínimos – oficiais e privados – planos, metas e ações. E não se pode negar que esse tipo de atividade, além de ser teologicamente uma fonte de graças e bênçãos, o é também de divisas financeiras e difusão cultural e histórica. Onde está a pastoral do turismo e dos santuários?
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