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Este
dia é considerado um feriado nacional em muitos países pelo mundo todo e
em grande parte do ocidente, especialmente as nações de maioria
católica.
De acordo com os relatos nos evangelhos, os guardas do templo, guiados pelo
apóstolo Judas Iscariotes,
prenderam Jesus no
Getsêmani. Depois de
beijar Jesus, o sinal combinado com os guardas para demonstrar que era o líder do grupo, Judas recebeu
trinta moedas de prata (
Mateus 26:14-16) como recompensa. Depois da prisão, Jesus foi levado à casa de
Anás, o sogro do
sumo-sacerdote dos judeus,
Caifás. Sem revelar nada durante seu interrogatório, Jesus foi enviado para Caifás, que tinha consigo o
Sinédrioreunido (
João 18:1-24).
Muitas
testemunhas apareceram para acusar Jesus, mas seus relatos conflitavam
entre si e Jesus manteve-se em silêncio. Finalmente, o sumo-sacerdote
desafiou Jesus dizendo:
«Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus.» (
Mateus 26:63) A resposta de Jesus foi:
«Tu
o disseste; contudo vos declaro que vereis mais tarde o Filho do homem
sentado à direita do Todo-poderoso e vindo sobre as nuvens do céu.» (
Mateus 26:64) Por conta disto, Caifás condenou Jesus por
blasfêmia e o
Sinédrio concordou em sentenciá-lo à morte (
Mateus 26:57-66). Pedro, que esperava no pátio,
negou Jesus por três vezes enquanto o interrogatório se desenrolava, exatamente como Jesus havia previsto.
Na manhã seguinte, uma multidão seguiu com Jesus preso até o
governador romano Pôncio Pilatos e o acusaram de subversão contra o
Império Romano, de se opor aos impostos pagos ao
césar e de autodenominar "rei" (
Lucas 23:1-2).
Pilatos autorizou os líderes judeus a julgarem Jesus de acordo com seus
próprios costumes e passar-lhe a sentença, mas foi lembrado pelos
líderes judeus que os romanos não lhes permitiam executar sentenças de
morte (
João 18:31).
Pilatos
interrogou Jesus e afirmou para a multidão que não via fundamentos para
uma pena de morte. Quando ele soube que Jesus era da
Galileia, Pilatos delegou o caso para o
tetrarca da região,
Herodes Antipas, que, como Jesus, estava em
Jerusalém para a celebração da
Páscoa judaica.
Herodes também interrogou Jesus, mas não conseguiu nenhuma resposta e
enviou-o de volta a Pilatos, que disse para a multidão que nem ele e nem
Herodes viam motivo para condenar Jesus. Ele então se decidiu por
chicoteá-lo e soltá-lo, mas os sacerdotes incitaram a multidão a pedir
que
Barrabás,
que havia sido preso por assassinato durante uma revolta, fosse solto
no lugar dele. Quando Pilatos perguntou então o que deveria fazer com
Jesus, a resposta foi:
«Crucifica-o!» (
Marcos 15:6-14). A
esposa de Pôncio Pilatos havia sonhado com Jesus naquele mesmo dia e alertou Pilatos para que ele não se envolvesse
«na questão deste justo» (
Mateus 27:19) e, perplexo, o governador ordenou que ele fosse
chicoteado e
humilhado. Os sumo-sacerdotes informaram então Pilatos de uma nova acusação e exigiram que ele fosse condenado à morte por
"alegar ser o Filho de Deus". Esta possibilidade atemorizou Pilatos, que voltou a interrogar Jesus para descobrir de onde ele havia vindo (
João 19:1-9).
Voltando
à multidão novamente, Pilatos declarou que Jesus era inocente e lavou
suas mãos para mostrar que não queria ter parte alguma em sua
condenação, mas mesmo assim entregou Jesus para que fosse crucificado
para evitar uma rebelião (
Mateus 27:24-26).
Jesus carregou sua cruz até o local de sua execução (com a ajuda de
Simão Cireneu), um lugar chamado "da Caveira" (
Gólgota em hebraico e
Calvário em
latim). Lá foi crucificado entre dois ladrões (
João 19:17-22).
Quando Jesus morreu, houve um terremoto, túmulos se abriram e a cortina do
Templo rasgou-se cima até embaixo.
José de Arimateia, um membro do Sinédrio e seguidor de Jesus em segredo, foi até Pilatos e pediu o corpo de Jesus para que fosse sepultado (
Lucas 23:50-52). Outro seguidor de Jesus em segredo e também membro do Sinédrio,
Nicodemos, foi com José de Arimateia para ajudar a
retirar o corpo da cruz (
João 19:39-40). Porém, Pilatos pediu que o
centurião que estava de guarda confirmasse que Jesus estava morto (
Marcos 15:44) e um soldado furou o flanco de Jesus com uma lança, o que provocou um fluxo de sangue e água do ferimento (
João 19:34).
José
de Arimateia então levou o corpo de Jesus, envolveu-o numa mortalha de
linho e o colocou em um túmulo novo que havia sido escavado num rochedo (
Mateus 27:59-60) que ficava num jardim perto do local da crucificação. Nicodemos trouxe
mirra e
aloé e ungiu o corpo de Jesus, como era o costume dos judeus (
João 19:39-40). Para selar o túmulo, uma grande rocha foi rolada em frente à entrada (
Mateus 27:60) e todos voltaram para casa para iniciar o repouso obrigatório do
sabá, que começou ao pôr-do-sol (
Lucas 23:54-56).
Os fieis revisitam os eventos do dia com leituras públicas de
salmos específicos, dos
evangelhos e do canto de hinos sobre a morte de Cristo. Neste dia é observado um
jejum bastante
estrito e se espera que todos os cristãos bizantinos adultos abdiquem
de toda comida e bebida durante todo o dia, desde que não prejudiquem
suas condições de saúde. Àqueles que, por idade ou enfermidade, for
necessário comer, pão e água podem ser consumidos depois do pôr-do-sol
[4] .
A
observância da Grande e Sagrada Sexta-feira começa na noite da
quinta-feira com doze leituras dos quatro evangelhos e que recontam os
eventos da
Paixão de Cristo, da
Última Ceia até a
crucificação e
sepultamento de Jesus. Algumas igrejas utilizam um
candelabro com doze velas e as vão apagando, uma por vez, após cada uma das leituras.
A primeira destas leituras é
João 13:31 até
João 18:1,
a mais longa leitura do evangelho em toda a liturgia ortodoxa dentro do
ano litúrgico. Imediatamente antes da sexta leitura, que reconta os
eventos de Jesus sendo pregado na cruz, uma grande cruz é carregada para
fora do
presbitério pelo padre, acompanhado por
incenso e velas, e colocada no centro da
nave (onde estão os fieis); afixado nela está um
ícone do corpo de cristo. Cânticos específicos são entoados durante este ritual.
Durante
o serviço, todos os presentes beijam os pés de Cristo na cruz. Em
seguida, um comovente hino chamado "O Sábio Ladrão" é entoado por
cantores que ficam aos pés da cruz.
No dia seguinte, na manhã de sexta, todos se juntam novamente para as "Horas Reais", uma celebração expandida das
Pequenas Horas (incluindo a primeira, terceira, sexta, nona e a típica) pela adição de leituras do
Antigo Testamento,
Epístolas e do Evangelho e hinos sobre a crucificação em cada uma das horas.
À tarde, por volta das três horas, todos se juntam para celebrar a
Deposição da Cruz.
A leitura é uma concatenação baseada nos quatro evangelhos. Durante o
serviço, o corpo de cristo é removido da cruz e levado para o altar.
Perto do fim do serviço, um
epitaphios (um
pano bordado com a imagem de Cristo preparado para ser sepultado) é
levado em procissão até uma mesa baixa na nave, símbolo do
túmulo de Cristo, geralmente decorado com muitas flores. O
epitaphios representa
o corpo de Cristo já envolvo na mortalha e tem aproximadamente o
tamanho de um ícone escala real do corpo de Cristo. Alguns padres nesta
hora fazem uma
homilia e todos se aproximam para a
veneração.
Ao cair da noite de sexta-feira, começa o período conhecido como matinas do
Grande e Sagrado Sábado, e realiza-se um serviço único conhecido como "Lamentação no Túmulo" (
Epitáphios Thrēnos) ou "Matinas de Jerusalém" em volta do
epitaphios no centro da nave da igreja. Sua característica principal é canto das "lamentações" ou "glórias" (
Enkōmia), que consiste em versos cantados pelo clero intercalados aos versos do
Salmo 119 (que é, de longe, o mais longo salmo da
Bíblia). As
Enkōmia são
os mais apreciados hinos bizantinos, por sua poesia e música, que se
encaixam perfeitamente entre si e refletem a solenidade do dia. Não se
conhece o nome do autor, mas o estilo sugere uma data por volta do
século VI, provavelmente na época de
São Romano, o Melodista.
No final da cerimônia, o
epitaphios é levado em procissão para dar uma volta na igreja e de volta para o túmulo. Algumas igrejas praticam o costume de segurar o
epitaphios na
porta, pouco acima da linha da cintura, para que os fieis passem
curvados por baixo quando reentram na igreja, simbolizando sua entrada
na morte e ressurreição de Cristo. O
epitaphios ficará no túmulo até o serviço de
Páscoa no domingo de manhã.
A Igreja Católica trata a Sexta-feira Santa como dia de
jejum, o que, na
Igreja Latina, é compreendido como sendo um dia em se faz apenas uma refeição (menor do que uma refeição normal) e duas
colações (um
pequeno repasto que, contados juntos, não perfazem uma refeição
completa), todas sem carne. É por conta desta tradição que em muitos
restaurantes em países católicos servem peixe neste dia. Nos países onde
não é feriado, o serviço litúrgico das três da tarde é geralmente
atrasado algumas horas.
A
Celebração da Paixão do Senhor se
realiza à tarde, idealmente às três da tarde, mas, por razões pastorais
(dar tempo aos fieis chegarem em países em que não há feriado, por
exemplo), é possível que seja mais tarde
[8] . As vestes utilizadas são vermelhas ou, mais tradicionalmente, negras
[9] . Até 1970, eram sempre negras, exceto para o ritual da comunhão, quando se usava o violeta
[10] Antes de 1955, só se usava o preto
[11] . Se um bispo ou
abade estiver celebrando, ele deverá vestir uma
mitra simples (
mitra simplex)
[12] .
- A
"Liturgia da Palavra" é um ritual no qual o clero e os ministros
ajudantes param de cantar e entram num silêncio completo. Sem nenhum
ruído, prostram-se como sinal do"rebaixamento do 'homem terreno'[13] e também o pesar e tristeza da Igreja"[14] . Segue-se a oração da coleta e a leitura de Isaías 52:13-Isaías 53:12, Hebreus 4:14-16,Hebreus 5:7-9 e o relato da Paixão no Evangelho de João, tradicionalmente recitado por três diáconos[15] ou pelo padre, um ou dois leitores e a congregação, que lê a parte da "multidão". Esta parte do ritual termina com as orationes sollemnes, uma série de oração pela Igreja, o papa, o clero e os leigos da Igreja, os que estão se preparando para o batismo,
a unidade dos cristãos, os judeus, os que não acreditam em Cristo, os
que não acreditam em Deus, os que prestam serviço público e os que
precisam de ajuda imediata[16] .
Depois de cada uma destas intenções, o diácono conclama os fieis a se
ajoelharem por um breve período de oração individual; o padre celebrante
então encerra com uma oração conjunta.
- A "Veneração da Cruz" apresenta um crucifixo,
não necessariamente o que está normalmente no altar ou perto dele em
situações normais, que é solenemente desembrulhado e mostrado para a
congregação e venerado por ela, individualmente se possível, geralmente
através de um beijo, enquanto se cantam hinos, a Improperia("censuras") e o Trisagion[17] .
- A "Sagrada Comunhão" é celebrada com base no rito do final da missa, começando com o Pai Nosso, mas omitindo a "Partilha do pão" e seu cântico, o "Agnus Dei". AEucaristia, consagrada na Missa da Ceia do Senhor da Quinta-feira Santa, é distribuída neste momento[18] . Antes da reforma do papa Pio XII, apenas o sacerdote recebia a comunhão, um rito chamado de "Missa do Pré-santificado", que incluía as orações normais do ofertório, inclusive o vinho no cálice[11] .
O padre e a congregação se despedem em silêncio e a toalha do altar é
retirada, deixando o altar limpo, exceto pelo crucifixo e duas ou quatro
velas[19] .
Em
Roma, desde o
papado de
São João Paulo II, o ponto alto à frente do
Templo de Vênus e Roma, em posição privilegiada à frente da entrada principal do
Coliseu,
tem sido utilizado como plataforma de discursos para a multidão. O
papa, pessoalmente ou através de representantes, lidera os fieis numa
jornada de meditações pelas estações da cruz acompanhando uma cruz que é
carregada até o Coliseu.
O
Livro de Oração Comum,
de 1662, não especifica um ritual específico a ser observado na
Sexta-feira Santa, mas os costumes locais geralmente incluem diversos
serviços, incluindo as
"Sete Frases de Jesus na Cruz" e
um serviço de três horas. Mais recentemente, as edições revisadas do
Livro de Oração Comum e da Liturgia Comum reintroduziram diversas
observâncias anteriores à
Reforma, que correspondem aos rituais da
Igreja Católica Romana.
Muitas comunidades
protestantes celebram serviços litúrgicos específicos na Sexta-feira Santa também.
Morávios realizam uma festa específica ("Festa do Amor") na sexta e comungam na quinta. Os
metodistas comemoram a Sexta-feira Santa com um serviço de adoração, geralmente baseado nas
sete frases de Jesus na cruz[20] . Não é raro também encontrar celebrações multi-
denominacionais em algumas comunidades neste dia.
Em
muitos países com forte tradição cristã, como Austrália, Brasil,
Canadá, as ilhas do Caribe, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador,
Finlândia, Portugal, Alemanha, Malta, México, Nova Zelândia
[23] [24] [25] , Peru, Filipinas, Cingapura, Espanha, Suécia, Reino Unido e Venezuela, a Sexta-feira Santa é um
feriado nacional. Nos Estados Unidos, em doze estados é feriado.
Em muitas cidades históricas ou interioranas do Brasil e Portugal, como
Paraty (RJ),
Ouro Preto (MG),
São João del Rei (MG), Oliveira (MG),
Pirenópolis (GO),
Jaraguá (GO),
Rio Tinto (Concelho de Gondomar em Portugal) e
São Mateus, a "Celebração da Paixão e Morte do Senhor" é procedida da
Procissão do Enterro, também conhecida como "Procissão do Senhor Morto", em que são cantados
motetos em
latim.