Verdades cruzadas - V
CARLOS
ROBERTO DE MIRANDA GOMES, Professor aposentado do Curso de Direito da UFRN e
Presidente da Comissão da Verdade. Sócio do IHGRN.
A vida política e administrativa no
Estado do Rio Grande do Norte vivia a monotonia do “mesmismo” – nada de novo
nas práticas políticas; nenhum surgimento de político inovador; nenhuma prática
administrativa marcante.
No campo da cultura vivíamos ainda dos movimentos
do século anterior e o clima universitário ainda não brotara na terra potiguar,
senão nos encontros dos acadêmicos quando vinham de férias. Experiências
isoladas, já no pós-guerra, contudo, foram os passos iniciais de um novo
momento que somente viveríamos no correr dos anos 50.
A luta do velho
contra o novo que não era novo – disputas entre Dinarte Mariz e Aluízio Alves
pela liderança política do Rio Grande do Norte.Carlos H.P.Cunha e Walclei de A.Azevedo – Podres
Poderes-política e repressão. Natal: Infinita imagem, 2013.
Experiências
isoladas no RN: Escola de Pharmácia e Odontologia de Natal, 1920 – depois
Faculdade de Farmácia e Odontologia, 1947; Outras escolas – clima universitário
com os estudantes potiguares em férias de outras faculdades fora do Estado.
Escola de Serviço Social, 1945; Universidade Popular, 1948; Faculdade de
Direito, 1949; Faculdade de Medicina e Faculdade de Filosofia, 1955; Escola de
Engenharia e Facudade de Ciências Econômicas, Contábeis e Atuariais, 1957;
Criada a Universidade do Rio Grande do Norte, 1958, transformada em UFRN, 1960
pela Lei nº 3.849, de 18/12/1960.Veríssimo
de Melo e Carmen Lúcia de Araújo Calado (Síntese cronológica da UFRN – 1958-2010. Natal: EDUFRN, 2011).
No Rio
Grande do Norte a vida corria num diapasão de estado conservador, apesar de
circunstancial alteração ao tempo da “Intentona comunista de novembro de 1935”,
retornando em seguida ao acomodamento de um cosmopolitismo em contraste com os
vizinhos, que defendiam um padrão municipalista, de “bairrismo” e preservação
de suas mais recônditas tradições.
Aqui surgiu um clima universitário emprestado, a
partir dos encontros dos nossos jovens em período de férias dos cursos
frequentados em Recife, Maceió, Salvador e Rio de Janeiro, principalmente,
oportunidade em que trocavam informações e vaticinavam pela criação de cursos
superiores em nosso estado.
Experiências isoladas – Escola de Pharmacia e Odontologia de Natal nos idos de 1923 e após
a 2ª Guerra Mundial com o Instituto Filosófico São João Bosco (1941); Escola de
Serviço Social (1945); Faculdade de Farmácia e Odontologia (1947); Faculdade de
Direito (1949); Faculdade de Medicina (1955); Faculdade de Filosofia (1955);
Faculdade de Engenharia (1957); entre outras.[1][1]
Segundo registra o Professor Paulo de Tarso Correia
de Melo[2][2]
foram precursores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Dinarte de
Medeiros Mariz, Onofre Lopes da Silva, Luís da Câmara Cascudo, Januário Cicco
ao que acrescentamos Luiz Soares de Araújo.
A 8 de março de 1958, durante a passagem do Diretor
do Ministério da Educação e Cultura Jurandyr Lodi, José Teixeira – chefe de
Seção do MEC que o acompanhava, sugere a Onofre Lopes, então Diretor da Faculdade
de Medicina, a criação de uma universidade para o Estado. Deste para o
Governador Dinarte Mariz que remete mensagem à Assembleia Legislativa em 3 de
junho que no dia 25 do mesmo mês e ano aprova a Lei nº 2.307, sancionada no
Palácio Potengi.
Estava criada a Universidade do Rio Grande do Norte
composta das Faculdades já mantidas pelo Estado e as agregadas mantidas por
entidades de caráter privado, tendo como primeiro Reitor o Professor Onofre
Lopes e Vice-Reitor o Professor Otto de Brito Guerra. Instalação solene em 21
de março de 1959 no Teatro Alberto Maranhão com memorável discurso proferido
pelo Professor Câmara Cascudo.[3][3]
Daí por diante foi a luta sem fronteiras para a
federalização afinal obtida através da Lei nº 3.849, de 18 de dezembro de 1960,
sancionada pelo Presidente Juscelino Kubitschek (DOU de 21.12.60).
Já existia, então, o clima universitário próprio,
com o engajamento de jovens sonhadores e promissores que fizeram a história da
UFRN.
A literatura histórica registra acontecimentos que
marcam “sinais dos tempos”, assim explicitados nas percepções do Papa João
XXIII, motivados pelo grande aumento demográfico, da reordenação da economia
mundial, com reflexos, também, na América Latina, face à ascensão da burguesia
industrial e suas alianças com as camadas médias urbanas.[4][4]
[4][4] “havia
dificuldade de se formular uma resposta aos anseios participativos dos
estudantes católicos na vida política. E foi o padre Almery quem formulou a
teoria do Ideal Histórico, apresentada no Encontro da JUC em 1959...”MARIA
CONCEIÇÃO PINTO DE GÓES, A aposta de Luiz
Ignácio Maranhão Filho, p.129. Depois
desse Encontro da JUC em 1959, tudo ficou claro. Não se abriria mão do
Evangelho nem da História.
[1][1] SOUZA,
Itamar de. Universidade para quê? Para
quem? Natal: Clima, 1984 (apud Portal da Memória – UFRN, 2005). P. 19.
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