POEMAS DO AMOR ETERNO
O teu riso
Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar,
mas não me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me
todas as portas da vida.
Meu amor, nos momentos
mais escuros solta o teu riso
e se de súbito vires
que o meu sangue manchar
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
À beira do mar,
no outono,
teu riso deve erguer sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso
como a flor que esperava,
a flor azul, a rosa da minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
As sem-razões do amor
Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
Amor
Vamos brincar, amor?
vamos jogar peteca
Vamos atrapalhar os outros,
amor, vamos sair correndo
Vamos subir no elevador,
vamos sofrer calmamente e sem precipitação?
Vamos sofrer, amor? males da alma, perigos
Dores de má fama íntimas como as chagas de Cristo
Vamos, amor? vamos tomar porre de absinto
Vamos tomar porre de coisa bem esquisita, vamos
Fingir que hoje é domingo, vamos ver
O afogado na praia, vamos correr atrás do batalhão?
Vamos, amor, tomar thé na Cavé com madame de Sevignée
Vamos roubar laranja, falar nome,
vamos inventar Vamos criar beijo novo, carinho novo,
vamos visitar N. S. do Parto?
Vamos, amor? vamos nos persuadir imensamente dos acontecimentos
Vamos fazer neném dormir, botar ele no urinol
Vamos, amor? Porque excessivamente grave é a vida.
Esta coletânea está de primeira! Porém, passei para desejar um 2013 bem diferente...além de paz, prosperidade e alegrias para nossos seguidores...meu desejo é que haja mais poesia para alegrar a vida!
ResponderExcluirAbraço do Pedra do Sertão