sexta-feira, 11 de abril de 2014


A exposição de orquídeas 

Elísio Augusto de Medeiros e Silva


Empresário, escritor e membro da AEILIJ

elisio@mercomix.com.br

Naquela tarde, eu me encontrava em um shopping da Zona Sul de Natal, onde coincidentemente se realizava uma exposição de orquídeas. Quando eu e minha neta Letícia chegamos, o local estava apinhado de flores parecidas com borboletas. Era um verdadeiro festival de cores e formas exóticas. Orquídeas vermelhas, amarelas, brancas e fininhas como tiras de papel; a noturna, que pende até o chão, com suas pétalas em forma de antenas (Drácula).

Letícia adorou, parecia uma abelhinha à procura de néctar, naquele mundo encantado de orquídeas.

Muitas pessoas no local comprando, admirando e conversando sobre orquídeas. Algumas pinturas sobre o tema davam mais beleza ao local.

Expliquei a Letícia que as orquídeas são tão antigas quanto os dinossauros e podem viver bem mais que os homens. Sua longevidade e beleza parecem mágicas.

A partir daí, como leigos no assunto, passamos a observar a intensa movimentação. Havia alguns estrangeiros e botânicos noruegueses, que levavam as orquídeas muito a sério. Parecia um safári, em que todos aqueles “orquidófilos” estavam atrás de espécies raras. Comentavam até sobre uma orquídea fantasma!

Conversando com um e com outro, descobri que muitas daquelas flores exóticas tinham vindo do Equador, de uma província em torno de Quito, que possui 800 espécies endêmicas de orquídeas. Segundo comentavam no minúsculo Equador existem mais de 4.000 espécies dessas plantas fascinantes.

Letícia estava encantada diante da bela exposição. Mesmo aparentando fragilidade, as orquídeas prosperam em todos os lugares, com exceção dos desertos e geleiras.

Na Bacia Amazônica, onde os rios se embrenham nas matas sombrias, existem milhares de espécies de orquídeas selvagens, abrigadas nos troncos das árvores. As plantas que ficam na parte superior, perto das copas, são mais claras, ao passo que as que crescem nos pontos mais baixos são mais escuras – algumas são chamadas de Nosferatu.

A beleza de algumas orquídeas e a sua semelhança com alguns insetos induzem os do sexo masculino a pensarem que são da mesma espécie e a se lançarem sobre elas, na busca do acasalamento.

As orquídeas, além de serem escandalosamente belas, são também escandalosamente sexuais com suas generosas pétalas coloridas.

Nos tempos vitorianos, as mulheres eram desencorajadas a cultivarem tais plantas, demasiadamente eróticas. Porém, isso não impediu que a Rainha Vitória batizasse uma orquídea azul com o seu próprio nome: Dendrobium Victoria-Reginae.

Dizem que as orquídeas, às vezes, conduzem os homens apaixonados por elas a um comportamento irracional. Contam a história de um botânico que atravessou a alfândega com orquídeas selvagens escondidas na parte interna de sua jaqueta. Dizem que um pintor americano, residente no Equador, aguardou sete anos pelo florescimento de suas orquídeas para, então, poder pintá-las. Muitos se arriscam nas selvas, montanhas e paredões de pedra, apenas para fotografá-las.

Atualmente, o Orquidário do Jardim Botânico reúne em suas estufas uma das maiores coleções de orquídeas do Brasil, País que ocupa o quarto lugar do mundo em variedade de espécies. Ali estão registrados 3.580 exemplares de 600 espécies, entre orquídeas ameaçadas de extinção, raras por seu tamanho e valor histórico – algumas coletadas no início do século passado. Sua longevidade é mágica!

À tardinha, percebi que o amor por uma orquídea ultrapassa as fronteiras da botânica, do esporte, e parece avançar na esfera espiritual. Saímos de lá (eu e Letícia) completamente apaixonados por orquídeas.

Adquirimos manuais de cultivo, adubos e alguns exemplares, que hoje embelezam o canteiro central de nosso jardim.

 

 

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