EXPLOSÃO CARCERÁRIA JÁ ERA
ESPERADA
Carlos Roberto de
Miranda Gomes, advogado e escritor
Os recentes episódios ocorrentes no Sistema Penitenciário
do Estado não é algo que tenha tomado de surpresa os agentes do governo, pois o
problema tem longo curso.
Lembro-me bem da grande preocupação da Ordem dos
Advogados do Brasil, Seccional do Rio Grande do Norte, mais acentuadamente a
partir da gestão do Doutor Mário Moacyr Porto (1983 a 1985), onde uma Comissão,
que presidi, fez uma visita à Colônia Penal Dr. João Chaves e concluiu num exaustivo
Relatório, a realidade da situação encontrada, o qual foi entregue oficialmente
ao Governo do Estado.
Naquela ocasião já levantávamos os problemas mais graves
e pedíamos providências oficiais urgentes para evitar a falência futura do
sistema.
Essa vigilância foi continuada nas gestões que se
seguiram. Contudo, em minha gestão (1989 a 1991), tive a oportunidade de ser
convidado pelo Governador Geraldo Melo para, junto ao Secretário de Segurança
Luiz Antônio Vidal, visitar espaço reservado para a construção de uma
Penitenciária de Segurança Máxima, em Alcaçus, cujos passos iniciais seriam
dados, além da providência mais imediata que foi a construção de um presídio
feminino para superar o grave problema da convivência promíscua de apenados, de
forma tal que não evitava os encontros íntimos sem cautelas.
A partir de então a Corporação dos Advogados passou a
fazer cobraças veementes a cada governo que se instalava, sem que as medidas
urgentes e necessárias fossem concretizadas na medida ditada pela necessidade,
razão pela qual a explosão dos protestos dos apenados era aguardada para qualquer
momento.
Infelizmente eclodiu de forma contundente, agora, no
começo do Governo Robinson Faria, sendo notícia em todo o País, exigindo o
auxílio da força pública nacional e possivelmente até do Exército, como vem
sendo anunciado, para minimizar o estado de calamidade decretado.
São verdadeiras e lúcidas as ponderações que a mídia tem
colhido de algumas autoridades no assunto, a teor do Dr. Henrique Baltazar e do
Dr. Edilson França e outros analistas.
Entendo que, em certa proporção, os presidiários têm o
que reivindicar, embora nada justifique as ações, em cadeia, criando uma
situação caótica em todo o Estado do Rio Grande do Norte, cuja população se
encontra atemorizada, máxime com a divulgação irresponsável de notícias pela
rede social eletrônica gerando um verdadeiro pânico.
A hora não é de estrelismos, nem dos oportunistas, mas de
união que permita, de uma forma definitiva, encontrar as soluções não tomadas
no tempo oportuno, mesmo que com o sacrifício de muitos outros e importantes
investimentos anunciados pelo novo mandatário.
Chegou o momento de enfrentar o problema e para isso deve
contar com todas as forças vivas do Estado, dos Poderes e Órgãos, da imprensa, convocando-se
esses especialistas para participarem dos debates e deles receber a opinião
experiente, sem se dobrar às exigências descabidas dos presos, mas levando ao atendimento
mínimo da subsistência condigna e de medidas que permitam a ressocialização
dessas pessoas que se desviaram do caminho normal da vida.
Que sejam suspensas, neste momento crítico, as greves e
as reivindicações mais agressivas de classes, para que se possa iniciar um
mutirão visando retirar o nosso Estado de posição tão incômoda e recuperar a
sua capacidade econômica.
Tive a oportunidade de incontáveis vezes, protestar
contra obras faraônicas em detrimento da infraestrutura essencial para uma boa
qualidade de vida do povo. Não fui ouvido, mas os foguetões e inaugurações
aconteceram aumentando o fosso financeiro do Estado.
O Brasil está indo às ruas protestar contra as omissões e descasos em
nome da moralidade.
É a hora de retomar o rumo da verdadeira história deste povo honrado!
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