O MERCADO LOCAL E O INVESTIMENTO
Públio José – jornalista
A busca pelo lucro fácil tem desviado muita gente de boas
oportunidades. Em qualquer cultura, em qualquer lugar, em qualquer sítio
humano que se tenha conhecimento é comum a procura pelo encurtamento do
caminho que leva ao lucro, à vantagem imediata. E isso acontece em
todos os campos da atividade do “homo sapiens”. Não ficam livres dessa
praga os ambientes mais carentes aos mais refinados, nem mesmo os polos
onde impera o conhecimento científico, cultural, tecnológico. A Ciência
costuma jogar na vala comum da “natureza humana” esse pendor
incontrolável para a transgressão, enquanto a cultura bíblica explica
essa inclinação predadora do homem como consequência do pecado (de
desobediência) de Adão no Jardim do Éden. De um modo ou de outro, a
conclusão é uma só: o homem de todos os quadrantes se aproveita dos
momentos mais fugazes para levar vantagem.
Esse arrazoado acima se justifica em razão da recente informação,
divulgada pela grande imprensa, de que a Telexfree finalmente deu com
“os burros n’água” em território americano. Segundo a notícia, foram
indiciados, por fraude e conspiração, os dois fundadores da empresa –
por sinal, um deles brasileiro – com bloqueio de bens, incluindo casas e
barcos. O crime? Transferência de 10 milhões de dólares de fundos
pertencentes à Telexfree para contas pessoais dos dois diretores. Já
pensou? No Brasil, recentemente, a empresa levou ao prejuízo e ao
desespero milhares e milhares de pequenos e médios investidores – todos,
sem exceção, à cata da vantagem rápida. E o que se vê é que o tempo
passa, a roda gira, e sempre aparece alguém vendendo a ideia do lucro
fácil, se utilizando do marketing de rede como elemento de montagem de
pirâmide financeira – para alcance de objetivos imediatos.
Não é preciso ser expert no assunto para entender que não existe almoço
grátis. E que, no campo da ilegalidade, ganho e distribuição de lucro –
sem trabalho, sem produção de bens e serviços – só traz tropeço. Todo
lucro é suado. E obtido com enorme sacrifício, principalmente no Brasil
onde a carga tributária arranca quase 50% do lucro em qualquer atividade
empresarial. Assim, apesar dos inúmeros casos de enrolação de grandes
contingentes de pequenos e médios investidores por sabichões do lucro
fácil, muitos embarcam nessas aventuras em busca de melhoria da renda
doméstica, no caso dos pequenos, e na engorda rápida de patrimônio,
através de “negócios milagrosos”, caso dos investidores de maior porte. A
essa altura, cabe a pergunta: e há saída para maximizar investimentos
no Brasil diante da remuneração insignificante dos bancos e do retorno
minúsculo da caderneta de poupança?
É claro que nenhum investimento legal pode competir com a rapidez e a
voracidade das pirâmides, dos paraísos financeiros. Mas, analisando com
lucidez e espírito profissional, e contando com a orientação de
entidades sérias como o SEBRAE, o BNB, o Banco do Brasil, o investidor
poderá auscultar a realidade do mercado para apostar suas fichas em
empresas necessitadas de capital para expandir negócios, gerar mais
empregos, mais impostos, distribuir lucros honestos, e contribuir ainda
mais para o progresso da região e do país. Em outros países, quem produz
é respeitado e admirado. No Brasil, a ideologia da moda enxerga o
empreendedor apenas como interessado no lucro a qualquer preço – e,
pior, à custa da exploração do trabalhador. Balela ideológica. A empresa
precisa de capital; o trabalhador do emprego; e o investidor de retorno
para seu dinheiro. Simples assim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário