Um poema de ROBERTO MANZANO
A três metros está o vizinho da esquerda;
a três metros, o da direita; a três metros,
o da frente; a três metros, o de trás.
Ouve-se na noite a tosse do outro
como se fora, sob o lençol, nossa própria tosse:
o cheiro do arroz queimado chega
de visita: e entra silenciosa
a miséria: promíscua, aglomerada, unânime!
E eu, no meio de tudo, latejante,
com meu cadáver responsável, sem claramente entender
como resolverei viver com um mínimo de dignidade.
(Tradução de Horácio Paiva)
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