domingo, 29 de janeiro de 2023

 

Cartas de Cotovelo – Verão de 2023 – 5

Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

MANHÃ DE VERANEIO

Mais um dia que surge, sob um sol maravilhoso como dádiva do Criador. Os pássaros foram os primeiros e os seus gorjeios me despertaram do sono de um outro dia dadivoso. Quiçá a paz de criança dormindo!

Mesmo com este cenário maravilhoso que a Praia de Cotovelo nos oferece, não consigo apagar um pouco de nostalgia e saudade, quando falta a presença de THEREZA, mentora de todos os programas dos dias de veraneio, principalmente do domingo, quando passeávamos na orla e tirávamos fotografias que registraram durante 71 anos de convivência, uma amizade e um amor, daqueles que podemos dizer, sonhado e realizado.

Claro está que estou agora em imensa regressão no tempo e isso não pode causar espanto, eis que já caminho para os 84 anos de uma vida que somente deixou saudades de vitórias, de alegria, de convivência, embora também estivessem presentes instantes de perdas e dor, porque é a sina de todo cristão vivente ou, apenas de todo vivente.

Me perdoem, mas todos nós temos, de vez em quando, momentos de depressão, doença que nos impõe sofrimento.

Nesses instantes volto-me para Deus e sua grandeza e dos ensinamentos do Cristo Nosso Senhor, da Santa Mãe Maria e do operoso e exemplar José, ou mesmo, uma boa e salutar leitura, como “De uma longa Caminhada”, do meu amigo Honório de Medeiros, de onde colhi essa preciosidade:

Quero me sentar nas calçadas nos finais de tarde, xícara de café na mão, o chiste, o juízo-temerário, a anedota, a estória e a história na ponta da língua e na raiz do ouvido, o pensar leve, o dizer ameno, o lamento – se houver – sentido, enquanto a vida passa como em um sonho, suave e derruidora, o tempo se esgota evanescente até que não haja mais o momento seguinte e eu, sábio posto que velho – assim espero -possa ter a certeza de que tudo pelo qual se ensanguenta o homem, a não ser quando em defesa de si e dos seus, não vale a pena, e que acertei quando despi meu espírito, até o nada, do supérfluo, e compreendi o tamanho de minha ignorância.

Nada a reclamar e tudo a agradecer – esta natureza exuberante que não estamos sabendo cuidar; desse clima de humanidade, que não estamos conduzindo de forma competente; alimento que recebemos todos os dias; das companhias dos familiares e dos amigos, sempre gentis e prestativos.

Particularmente, adoro esta Comunidade ordeira de Pium e Cotovelo, a simplicidade do seu povo e solidariedade dos visitantes, bem presentes nas missas dominicais do Padre Sidnei, cativante porque singela.

3 comentários:

  1. Bom dia professor!
    Cada fez que leio o texto seu, fico radiante pela beleza com que o senhor usa as palavras. Muito obrigado, alegrou o meu domingo.

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  2. Bom dia Dr. Carlos Gomes!
    Sua leitura, sempre amena e cativante, mostra a relevåncia de sua pessoa para todos os seus amigos. ouso aqui me incluir entre eles.
    Sua inteligència e simplicidade, além de uma bondade e generosidade incomum o tornam uma pessoa tão especial. Sei o quanto amou D. Thereza. Seus filhos, pessoas igualmente especiais, herdaram o melhor do casal. Quero bem a todos vocês.
    Um grande abraço,
    Herman

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  3. São crônicas leves que nós revelam profundidade do existir. Grato amigo Carlos Gomes!

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