quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Foto: O crepúsculo de Dara

Fidelíssima na sua irracionalidade, Dara, a cadela Akita do meu amigo Pedro Simões, levou-me a refletir sobre dois diálogos da peça Hamlet, de William Shakespeare. O primeiro, Ato I, Cena V, quando o príncipe faz a Horácio a seguinte observação: “Há mais coisas no céu e na terra, Horácio, do que pode sonhar tua filosofia.” O outro, na última cena do Ato V, quando diante do corpo inerte de Hamlet, Horácio exclama: ”Assim estala um nobre coração! Boa noite, gentil príncipe! Que legiões de anjos te conduzam, cantando, ao eterno descanso!” o que aconteceu com Dara é comovente e faz chorar. Mais de um ano distante de Pedro a quem era muito apegada, resistiu numa bravura que desconheço. Na semana decisiva parece que sentindo o abatimento de Jailza, Joventina, Adriana, Maria e Pedrito, Dara deu sinais de que compreendia que o lume da vela enfraquecia perigosamente. Buscou os cantos solitários, recusando o alimento, como se estivesse doando ao dono a própria vida, num gesto solidário que me faz estremecer de emoção. No dia das exéquias, Dara não respondeu ao chamado das pessoas da casa porque acompanhara o falcão no seu voo ao sol. Impossível esquecê-la, branca, linda, meiga, quieta, deitada no terraço enquanto conversávamos. Agora, nos labirintos do universo Pedro e Dara caminham juntos procurando desvendar mistérios.


Compartilhando do amigo Ciro José Tavares, e corroborando o fato. A cadela Dara, era a preferida de Pedro Simões, que tinha 3 cachorros em casa, mas a fidelidade e a capacidade de amar desta cadela, foi surpreendente. Ela abateu-se de forma radical, nos 4 dias que antecederam a passagem do amigo e, no dia do desencarne, quando nós viemos do velório, para trocar de roupa, antes do sepultamento, ela estava encostada num canto de muro, também e inexplicavelmente morta.
Nos anos 70, Pedro tinha um pastor belga chamado Ringo, a quem dedicava grande afeto. Quando ele foi passar uns tempos no Piaui, o cachorro morreu e ele fez uma crônica belíssima para Ringo, que terminava dizendo, mais ou menos, que "... um animal que morria de saudade é porque tinha uma capacidade de amar muito superior..." e ainda se perguntava "... será que há um céu para cachorros?..."
E a cena se repete.
O crepúsculo de Dara

Fidelíssima na sua irracionalidade, Dara, a cadela Akita do meu amigo Pedro Simões, levou-me a refletir sobre dois diálogos da peça Hamlet, de William Shakespeare. O primeiro, Ato I, Cena V, quando o príncipe faz a Horácio a seguinte observação: “Há mais coisas no céu e na terra, Horácio, do que pode sonhar tua filosofia.” O outro, na última cena do Ato V, quando diante do corpo inerte de Hamlet, Horácio exclama: ”Assim estala um nobre coração! Boa noite, gentil príncipe! Que legiões de anjos te conduzam, cantando, ao eterno descanso!” o que aconteceu com Dara é comovente e faz chorar. Mais de um ano distante de Pedro a quem era muito apegada, resistiu numa bravura que desconheço. Na semana decisiva parece que sentindo o abatimento de Jailza, Joventina, Adriana, Maria e Pedrito, Dara deu sinais de que compreendia que o lume da vela enfraquecia perigosamente. Buscou os cantos solitários, recusando o alimento, como se estivesse doando ao dono a própria vida, num gesto solidário que me faz estremecer de emoção. No dia das exéquias, Dara não respondeu ao chamado das pessoas da casa porque acompanhara o falcão no seu voo ao sol. Impossível esquecê-la, branca, linda, meiga, quieta, deitada no terraço enquanto conversávamos. Agora, nos labirintos do universo Pedro e Dara caminham juntos procurando desvendar mistérios.
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Eu também tenho um inevitável amor pelos animais e sei do sentimento deles. É algo inexplicável, mas existe uma solidariedade entre os animais e deles com algumas pessoas. O seu texto tem uma beleza pura. Parabéns Jojó. É uma forma de homenagear PEDRO SIMÕES, no 7º dia do seu encantamento.

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