quarta-feira, 7 de maio de 2014

Guga



Fatos reais de uma vida irreal  
Por: Augusto Coelho Leal, Engenheiro Civil

"O maior castigo que o destino aplica ao homem casado é ver que sua mulher sempre acaba por se parecer com sua sogra."

Oscar Wilde



            Pois é gente, a vida nos foi dada para vivê-la com intensidade até o fim. Sou um brincalhão, desde criança sou uma pessoa que gosta muito de ser alegre e transmitir essa alegria.

            Certo dia, estava com minha esposa fazendo compras em um super mercado e quando chegou na hora de pagar a despesa, eu olhei para ela e brincando disse-lhe.

            - Chegar em casa você vai ficar de castigo, trancada no quarto, porque está gastando muito dinheiro.

Uma senhora que estava no outro caixa, esticou-se todinha, balançou a cabeça rodopiando o cabelo, empinando a bunda olhou para mim (eu esperava um batido) e disse – Eu adoro homem brabo.

             Meu cardiologista pediu que eu fizesse uns exames em uma Casa de Saúde desta cidade. Pois bem, chegando lá, uma jovem médica muito bonita, cabelos longos e muito bem penteados, começou a preparação para fazer o exame. Passou um gel gelado no tórax. Senti mais perto o perfume dos seus cabelos. Ela foi colocar um dos eletrodos quase na parte posterior esquerda do ombro. (Eita Dr. Berilo, ta certo?) Aí “deu a cachorra das mulestas” e quando senti os cabelos envolvendo meu rosto, dei uma inspirada profunda. Ela, percebendo, parou, olhou para mim e perguntou.

            - O senhor está sentindo alguma coisa? Respondi.

            - Estou sim senhora.

            - O senhor está sentindo o quê?

            - Saudade dos meus dezoito anos de idade.

            Ela fez um ar de riso e perguntou – Fora isto o senhor sente alguma coisa?

            - Não senhora, está tudo bem, prosseguimos com o exame.

            Nós temos uma confraria ali no Bar do GG. Morreu um amigo nosso (Não é novidade, na nossa idade morre um por mês). Devido à dificuldade no trânsito, recebo um telefone quase na hora do enterro, do meu bom amigo Marcos Araujo, nervoso (também não é novidade) e pergunta.

            - Ô Guga me ajude, qual o melhor caminho para chegar no Cemitério Morada da Paz?

            - Depende amigo, se você quer chegar vivo, você faz assim –expliquei o caminho- agora se você quer chegar morto, vá ali na Avenida Um, compre veneno para matar rato, coma com queijo, telefone para nosso amigo Magnus que ele providencia o resto.

            - Vá tomar no (impublicável)

            Pensei comigo mesmo, puxa vida, até fazendo um favor você leva um esporro.

            Crianças, os netos são um bálsamo para nossa velhice. Uma das minhas netas, na época com uns quatro anos de idade foi tomar banho para o almoço. Demorou um pouco e minha esposa foi olhar o que estava havendo. Ela derramou o xampu quase todo na cabeça e era aquela alegria de criança. A avó vendo aquilo falou.

            - Ô Júlia, se você usar muito xampu seu cabelo vai cair todinho.

            Pois bem, na hora do almoço ela olhou para mim e perguntou a avó.

            - Ou Vovó, Vovô usou muito xampu foi? Para quem não me conhece sou totalmente careca.

            Eu tinha uma secretária no DER, que eu queria e quero muito bem. O nosso relacionamento não era de chefe para subordinada, era sim de ótimos amigos, muito alegre casava bem com as minhas brincadeiras. Ela na época não tinha carro e adorava pedir carona aos colegas, às vezes saia correndo, gritando – Me leva, me leva. Um belo dia, ela ia viajar para Fortaleza, para ver o Papa. Na saída do expediente da tarde, manobrando meu carro, quando a vejo abrir a porta do carro e “pinota” no banco – Vou com você, disse. Ela pensou que eu ia para a cidade, mas eu ia apanhar minha esposa no Campus Universitário. Quando percebeu o caminho, começou a gritar para parar o carro. Não parei, sabia que dava tempo de levá-la até o local que ela queria – Cidade Alta. Pois bem, ela começou a chorar como uma criança, então eu disse.

            - Pare de chorar, se não eu vou dizer a Alzira que você me chamou para ir para um motel, mas eu não aceitei, pois sou muito bem casado. Aí o choro diminui, mas o rosto já deixava as marcas. Quando Alzira entra no carro eu disse.

            - Olhe Alzira, Fulana me convidou para ir para um motel, mais eu disse que não ia, pois sou um homem direito, embora burro.

O choro recomeçou aos gritos de é mentira e só parou quando Alzira disse para ela que sabia muito bem com quem tinha casado.

            Tudo terminou bem, com um beijo na face e votos de uma boa viagem, mas sem eu deixar de ouvir.

            - Você me paga, sua peste.



           


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