Assunto: Base
Aérea de Natal/RN
Justa homenagem
Durante
a segunda guerra mundial, os americanos estabeleceram
uma base aeronaval na cidade de Natal, no Rio Grande
do
Norte.
O que
determinou a escolha do local, não foi o fato de Natal
ser uma das mais aprazíveis cidades litorâneas do
Brasil, com uma deliciosa e refrescante brisa sempre
soprando do mar, mas sim a sua localização
estratégica, em uma das extremidades do ponto mais
curto de travessia do continente americano para a
África.
De Natal
até Freetown, a capital de Serra Leoa, são apenas uns
2.900
quilômetros.
Diz a
lenda que muitas crianças nascidas naquela época em
Natal, foram batizadas com o nome de Usnávi, uma
corruptela do "U. S. Navy", que os natalenses viam
escrito nos aviões americanos daquela
base.
Não sei
se isso foi mesmo verdade, ou se é só folclore, mas
não deixa de ser uma história
divertida.
Quando
os americanos finalmente conseguiram convencer o
Getúlio Vargas a deixar de lado a sua simpatia pela
Alemanha e entrar na guerra tomando o partido dos
Aliados, o Brasil recebeu bastante material bélico,
para reforçar as suas
defesas.
Foi
criada uma tal de Lei de Empréstimo e Arrendamento,
ou Lend-Lease, que facilitou
bastante essa transferência de equipamento
militar.
No meio
desse armamento todo, estavam incluídos 30
bombardeiros North American B-25 "Mitchell", nas
versões B, C, D e J, que chegaram no Brasil entre os
anos de 1942 e
1944.
Os B-25
eram bombardeiros relativamente pequenos, mas eram
muito eficientes e deliciosos de se pilotar, além de
serem resistentes e de fácil manutenção, coisa
indispensável em um teatro de
guerra.
North American B-25
"Mitchell"
Aliás,
foi uma esquadrilha desses B-25 americanos que
consegui a proeza de decolar sem catapulta de um
porta-aviões e fazer o primeiro bombardeio a Tóquio,
em uma espécie de resposta ao ataque a Pearl
Harbor.
Esse
incrível vôo sem volta, cada um dos 16 aviões que
participaram da missão pousou ou caiu onde deu lá na
Ásia, aconteceu em abril de 1942 e, além de Tóquio,
também destruiu alguns alvos em
Nagóia.
Foto
W.Duck
Era
comum os aviões de bombardeio serem batizados com o
nome de mulheres, com direito ao nome bem grande e um
retrato da homenageada pintados no nariz da
aeronave.
Um dos
casos mais famosos foi o do Memphis Belle, um Boeing
B-17F "Flying Fortress" que foi o primeiro bombardeiro
pesado a conseguir completar as 25 missões exigidas
das tripulações, antes que elas pudessem dar baixa e
voltar para
casa.
Conhecidos como Fortalezas Voadoras, esses
quadrimotores fizeram um estrago danado na parte
nazista da
Europa.
O
Memphis Belle foi praticamente destruído na última
missão, mas mesmo assim conseguiu pousar e, depois de
restaurado, foi para um museu dos Estados Unidos,
aonde se encontra até
hoje.
United States National
Archives
Um outro
caso clássico é do Enola Gay, o Boeing B-29
"Superfortress" que jogou a bomba atômica em cima de
Hiroshima.
Arq.
pessoal
O Coronel Paul Tibbets, posando ao lado do
Enola
Gay.
E já que
americano pode, brasileiro também pode e, por conta
disso, alguns dos bombardeiros da nossa força aérea
também tiveram o nome de suas musas pintados na
fuselagem.
O caso
mais pitoresco foi o da Maria Boa, que foi homenageada
por um daqueles B-25 que vieram a reboque da entrada
do Brasil na guerra do lado dos americanos. Maria Boa
era a dona de um lupanar em Natal onde, além das
raparigas, os clientes podiam saborear uma cerveja
gelada servida em mesas ao ar livre. Como boa parte
dos tenentes, pelo menos uma vez, foi até lá para
conhecer e saborear uma cerveja, com justa homenagem
lembraram-se da Maria
Boa.
Arq. da Força Aérea
Brasileira
Arq. da Força Aérea
Brasileira
Aeromodelo construído e fotografado pelo
Guick, de
Curitiba.
Da
homenageada, a Maria Boa, eu também não tenho nenhuma
foto de corpo inteiro, somente este pequeno
retrato.
Na
verdade Maria Boa era só um apelido, o seu nome de
batismo era Maria Oliveira
Barros.
Nascida
em Campina Grande, na Paraíba, ela era a dona do mais
famoso e mais agitado bordel da cidade de Natal,
naquela época da base aero-naval dos americanos e,
depois da guerra, na base aérea da
FAB.
Maria Oliveira Barros, a Maria Boa
(1920-1995)
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