domingo, 27 de abril de 2014


ATHENEU!  ATHENEU! ATHENEU! 180 anos de História

Luciano Capistrano -

Historiador/Comissão Municipal da Verdade Luiz Maranhão

Em 2012  a convite do fotografo Esdras Rebouças e das professoras Naldemir Saraiva e Nilza Carvalho, com o apoio dos gestores Marcelle Lucena e Bartolomeu Carneiro, organizamos uma Caminhada Histórica, uma exposição fotográfica e uma palestra, todas essas ações voltadas para a temática da memória de nossa cidade Natal. Momentos de muita alegria e emoção ao falarmos sobre temas como Patrimônio Histórico, tendo como palco uma das Instituições mais tradicionais do nosso estado: ATHENEU NORTE RIOGRANDENSE.

Naquele momento a escola mais antiga do Brasil, fundada em 03 de fevereiro de 1834, no governo de Basílio Quaresma Torreão, passava por um completo abandono, faltava professores, em diversas disciplinas, estruturas danificadas, o ginásio Sylvio Pedroza, antes palco de grandes eventos esportivos e do Congresso de restruturação da UMES nos anos de 1980, sem condições de uso, enfim era um caos.

Indignados com essa situação foi lançado um movimento em defesa do ATHENEU, através da Associação dos ex-alunos a sociedade potiguar organizou um abraço a escola. No dia 20 de novembro de 2012, alunos, ex alunos, gestores, organizações sindicais, enfim, a sociedade de forma simbólica abraçou o ATHENEU, abraçou a defesa da educação pública e de qualidade. A mobilização saiu vitoriosa, demorou, agora, hoje o AHTENEU NORTE RIOGRANDENSE, está em reforma.

Uma escola que respira história. Sim caro leitor (a), andar pelos corredores do ATHENEU, é “ouvir’ e “sentir” a presença de grandes mestres como Celestino Pimentel, João Tibúrcio, Luís da Câmara Cascudo, Esmeraldo Siqueira, Djalma Maranhão, Luiz Maranhão Filho, e, tantos outros professores ilustres, formadores de cidadãos potiguares, antes alunos e alunas, hoje se destacando em diversos setores da sociedade. O ATHENEU foi o nosso grande celeiro de talentos.

Nestes 180 anos de existência o ATHENEU ultrapassou os limites de uma simples escola. O ATHENEU NORTE RIOGRANDENSE, é desde 2010 Patrimônio Histórico, Tombado pelo Município de Natal, através de iniciativa da SEMURB com a coordenação da arquiteta Andrea Garcia, á época chefe do Setor de Patrimônio Histórico. A edificação construída na década de 1950 no bairro do Tirol para abrigar a escola, tem a proteção legal de sua preservação. Antes o ATHENEU, funcionava no largo Junqueira Aires, onde hoje funciona a SEMUT, desde 1954, esta no prédio atual.

Mais meu caro leitor (a), claro que uma Instituição de 180 anos tem muitos fatos marcantes, gostaria de compartilhar de um ocorrido nos conturbados anos de 1940, quando o mundo viveu seu pior momento, a Segunda Guerra Mundial, como todos sabem nesta época Natal foi transformada em Trampolim da Vitória, sediando as tropas americanas em nosso solo.

Bem , na década de 1940, era diretor do ATHENEU, o jovem e ousado professor, Alvamar Furtado. Este diretor,  organizou uma série de conferências, o ano de 1943 é marcado em nossa pequena cidade, pelas “Conferências do Colégio Estadual”.

Relembro essas conferências para demonstrar o pioneirismo e a qualidade do ensino público praticado no ATHENEU NORTE RIOGRANDENSE. Uma série de conferências realizadas por alunos apresentados pelos professores, as noites de Natal, brilhavam nas salas da ESCOLA. O Sebo Vermelho, publicou uma edição fac-símile das conferências. Nomes como dos professores Américo de Oliveira, Edgar Barbosa, Esmeraldo Siqueira e dos estudantes, Antônio Pinto, Luiz Maranhão João Wilson. Nomes que confirmam o ensino de excelência da nossa mais antiga Instituição de Ensino.

Não é objetivo deste artigo, deixemos para outro momento, relatar o descaso sofrido ao longo dos anos pelos sucessivos governos. Sim caro leitor, o ATHENEU NORTE RIOGRANDENSE, foi criminosamente sucateado. Queremos sim, festejar, celebrar e conclamar a todas e todos à refletirem sobre os caminhos e descaminhos do ATHENEU em seus 180 anos de história. Termino, com as palavras do Mestre Câmara Cascudo:

“Possa eu ter a alegria de ouvir, nas competições esportivas e nas horas de euforia estudantil, a conclamação entusiasmada e vitoriosa que sacudia, os nossos nervos vibrantes de alunos e de professores: Atheneu! Atheneu! Atheneu!”.

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