Luciano Capistrano -
Historiador/Comissão
Municipal da Verdade Luiz Maranhão
Em 2012
a convite do fotografo Esdras Rebouças e das professoras Naldemir
Saraiva e Nilza Carvalho, com o apoio dos gestores Marcelle Lucena e Bartolomeu
Carneiro, organizamos uma Caminhada Histórica, uma exposição fotográfica e uma
palestra, todas essas ações voltadas para a temática da memória de nossa cidade
Natal. Momentos de muita alegria e emoção ao falarmos sobre temas como
Patrimônio Histórico, tendo como palco uma das Instituições mais tradicionais
do nosso estado: ATHENEU NORTE RIOGRANDENSE.
Naquele momento a escola mais antiga do
Brasil, fundada em 03 de fevereiro de 1834, no governo de Basílio Quaresma
Torreão, passava por um completo abandono, faltava professores, em diversas
disciplinas, estruturas danificadas, o ginásio Sylvio Pedroza, antes palco de grandes
eventos esportivos e do Congresso de restruturação da UMES nos anos de 1980,
sem condições de uso, enfim era um caos.
Indignados com essa situação foi lançado um
movimento em defesa do ATHENEU, através da Associação dos ex-alunos a sociedade
potiguar organizou um abraço a escola. No dia 20 de novembro de 2012, alunos,
ex alunos, gestores, organizações sindicais, enfim, a sociedade de forma
simbólica abraçou o ATHENEU, abraçou a defesa da educação pública e de
qualidade. A mobilização saiu vitoriosa, demorou, agora, hoje o AHTENEU NORTE
RIOGRANDENSE, está em reforma.
Uma escola que respira história. Sim caro
leitor (a), andar pelos corredores do ATHENEU, é “ouvir’ e “sentir” a presença
de grandes mestres como Celestino Pimentel, João Tibúrcio, Luís da Câmara
Cascudo, Esmeraldo Siqueira, Djalma Maranhão, Luiz Maranhão Filho, e, tantos
outros professores ilustres, formadores de cidadãos potiguares, antes alunos e
alunas, hoje se destacando em diversos setores da sociedade. O ATHENEU foi o
nosso grande celeiro de talentos.
Nestes 180 anos de existência o ATHENEU
ultrapassou os limites de uma simples escola. O ATHENEU NORTE RIOGRANDENSE, é
desde 2010 Patrimônio Histórico, Tombado pelo Município de Natal, através de
iniciativa da SEMURB com a coordenação da arquiteta Andrea Garcia, á época
chefe do Setor de Patrimônio Histórico. A edificação construída na década de
1950 no bairro do Tirol para abrigar a escola, tem a proteção legal de sua
preservação. Antes o ATHENEU, funcionava no largo Junqueira Aires, onde hoje
funciona a SEMUT, desde 1954, esta no prédio atual.
Mais meu caro leitor (a), claro que uma
Instituição de 180 anos tem muitos fatos marcantes, gostaria de compartilhar de
um ocorrido nos conturbados anos de 1940, quando o mundo viveu seu pior
momento, a Segunda Guerra Mundial, como todos sabem nesta época Natal foi
transformada em Trampolim da Vitória, sediando as tropas americanas em nosso
solo.
Bem , na década de 1940, era diretor do
ATHENEU, o jovem e ousado professor, Alvamar Furtado. Este diretor, organizou uma série de conferências, o ano de
1943 é marcado em nossa pequena cidade, pelas “Conferências do Colégio
Estadual”.
Relembro essas conferências para demonstrar o
pioneirismo e a qualidade do ensino público praticado no ATHENEU NORTE
RIOGRANDENSE. Uma série de conferências realizadas por alunos apresentados
pelos professores, as noites de Natal, brilhavam nas salas da ESCOLA. O Sebo
Vermelho, publicou uma edição fac-símile das conferências. Nomes como dos
professores Américo de Oliveira, Edgar Barbosa, Esmeraldo Siqueira e dos
estudantes, Antônio Pinto, Luiz Maranhão João Wilson. Nomes que confirmam o ensino
de excelência da nossa mais antiga Instituição de Ensino.
Não é objetivo deste artigo, deixemos para
outro momento, relatar o descaso sofrido ao longo dos anos pelos sucessivos
governos. Sim caro leitor, o ATHENEU NORTE RIOGRANDENSE, foi criminosamente
sucateado. Queremos sim, festejar, celebrar e conclamar a todas e todos à
refletirem sobre os caminhos e descaminhos do ATHENEU em seus 180 anos de
história. Termino, com as palavras do Mestre Câmara Cascudo:
“Possa eu ter a alegria de ouvir, nas competições esportivas e nas horas de euforia estudantil, a conclamação entusiasmada e vitoriosa que sacudia, os nossos nervos vibrantes de alunos e de professores: Atheneu! Atheneu! Atheneu!”.
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