O PAPA FRANCISCO E O CELAM
PADRE JOÃO MEDEIROS FILHO (pe.medeiros@hotmail.com)
Em discurso
proferido ao Comitê de Gestão da Conferência Episcopal Latino-Americana –
CELAM, no Centro de Treinamento do Sumaré, no Rio de Janeiro, durante a sua
permanência para a JMJ de 2013, o Papa Francisco afirmou, sem meias palavras,
que os bispos estão "atrasados"
e a Igreja mantém "estruturas
caducas". Para o Pontífice, chegou o momento de assumir que ela
precisa se modernizar e deixar de viver de tradições ou apenas oferecer
esperanças para o futuro. Segundo teólogos e vaticanólogos, esse pronunciamento
foi um verdadeiro programa de governo, em que proclama uma reconstrução
eclesial. “Francisco, restaura a minha
casa”, dissera Cristo ao Poverello de Assis. O Papa acrescentara ainda que
toda a projeção utópica (para o futuro) ou restauracionista (para o passado)
não é do espírito bom. Deus é real e manifesta-se no cotidiano. Explicou que o
hoje é o que mais se parece com a eternidade. Mais ainda, é uma centelha de
eternidade. Nele, projeta-se a vida eterna.
Nessa alocução, considerada, até o momento, a mais densa teologicamente,
de seu pontificado, Francisco apelou para uma Igreja atual e apresentou Raios X
dos problemas que, segundo ele, estão impedindo seu crescimento e fazendo
proliferar sua imaturidade.
Francisco disse ainda que os bispos da América
Latina estão atrasados, alertando sobre o abuso do poder na Igreja. “Peço que
não se ofendam, mas estamos um pouco atrasados”, comentou o Papa, dizendo que
gostaria de ter uma conversa "de
bispo para bispo" com os presentes. Criticou a mentalidade, a cultura e a “psicologia
de príncipes” dos bispos, a inclusão de ideologias sociais no Evangelho e
fez uma denúncia frontal contra o carreirismo e a distância imposta pelos
bispos aos fiéis. “O que derruba as
estruturas caducas, o que leva a mudar os corações dos cristãos é justamente a
missionariedade”. Por outro lado, lembrou que isso “exige gerar a consciência de uma Igreja que se organiza para servir a
todos os batizados e homens de boa vontade”. O discipulado-missionário é o
caminho que Deus quer para a Igreja hoje.
E
arrematou: “A missionariedade da Igreja
deve ser a expressão de sua ternura. Por isso, devemos pregar e realizar a
revolução da ternura”! Entendemos porque, em sua primeira mensagem como
Papa e, ao se despedir dos brasileiros, pediu que rezassem por ele. Está bem
consciente de que sua tarefa de reconstruir a Igreja de Cristo será árdua!
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