Capas negras
Publicação: 17 de setembro de 2013 às 00:00
Lívio Oliveira - livioliveira@yahoo.com.br
Inicio este texto já acalmando os diletos leitores. Não se preocupem. Não falarei aqui sobre julgamentos, colendos tribunais, homens de toga ou coisa parecida, apesar do título deste artigo, que se arrisca a conduzir a essa conclusão precipitada. Não trarei para essas poucas linhas o tiroteio verbal que contamina as ruas, meios de comunicação diversos e, fortemente, as redes sociais. Direita, esquerda ou centro (esse que detém o cetro); tucanos de bicos bicolores e de comportamentos ambivalentes; estrelas de vermelhidão intensa ou desbotada; ministros decadentes ou decanos, provectos ou novatos; embargos declaratórios, divergentes ou infringentes. Não. Nonada. Nadinha disso terá lugar especial nestas linhas. Buscarei outro norte.
Antes, lanço outra curta advertência e já peço: não acreditem que sou um alienado e que não acompanho coisas da política ou da Justiça. Acompanho, sim, até porque tenho minhas paixões e fortes convicções num desses campos e minhas obrigações ético-profissionais no outro. E tenho lado, sempre. Mesmo que eventualmente sozinho, fico sempre confortado com minha consciência cidadã. Confesso, no entanto, uma coisa: estou deveras cansado da maneira muitas vezes equivocada, bizarra mesma, como se passam as discussões externas às decisões “supremas” e que nesta semana terão mais um importante capítulo. Há uma algaravia interminável na internet e nas casas dos brasileiros, com algumas opiniões tão primárias, ou pior, dotadas de tanta má-fé e passionalidade, que prefiro nem responder ou comentar, filtrando dados e firmando íntimos convencimentos e posições pessoais. Sempre. Agora vou logo mudando de assunto, para não ser incoerente com o primeiro parágrafo do texto. E não deixarei de falar de flores. Jamais. Por sinal, prefiro sempre falar acerca das flores e das gentes. E já vou me desculpando pelo trocadilho fácil e besta com embargos infrin/gentes (perdoe-me o grande poeta Jarbas Martins, que afirma ser eu muito apegado a essas tolas miudezas. Fazer o quê?). E acho melhor eu entrar logo no assunto que (acho que) interessa. Falemos um pouquinho de música, então?
Em rápidas e derradeiras palavras, firmo o quanto tem sido importante para a nossa cultura a cena musical potiguar, através da produção local e de intercâmbios maravilhosos. Na última semana, para exemplificar, tivemos eventos de qualidade na música erudita e na música popular, espetáculos de alto quilate artístico e, ainda por cima, alguns com gratuidade de entrada. No Teatro Alberto Maranhão, no Parque das Dunas, na UFRN, em vários lugares, música boa e acesso democratizado. Destaco o IV Festival Internacional da Escola de Música da UFRN e a sua abertura na terça-feira, quando se apresentou a Orquestra Sinfônica da UFRN regida pelo carismático Maestro André Muniz, com acréscimo luxuoso dos músicos alemães Michael Uhde (piano) e Katharina Uhde (violino), ambos executando obras de Beethoven (a bela Sonata nº 9, op. 47, “Kreutzer” e o Concerto para violino e orquestra em ré maior, Op. 61).
Outro grande momento do evento – que tem continuidade nesta semana – foi o recital do grupo de Fado “Praxis Nova”. Três músicos portugueses vestindo as famosas capas negras dos acadêmicos de Coimbra, viajando pela história desse gênero musical que tem obtido renovado destaque a partir de nomes como Carminho e António Zambujo (estes se apresentaram por estas bandas, ano passado, acompanhando Milton Nascimento), Ana Moura, Mariza e outros. Queria falar mais sobre o tema, sobre música, sobre arte. O espaço é reduzido. Concluo, então, parabenizando à Escola de Música da UFRN por ter trazido a Natal esses geniais “capas negras”, destinando-nos raros instantes de fantasia poético-musical numa época de realidades dramáticas em outros campos da experiência e aventura humanas, tempo em que vivenciamos no Brasil um doloroso e muito longo “fado tropical”.
Inicio este texto já acalmando os diletos leitores. Não se preocupem. Não falarei aqui sobre julgamentos, colendos tribunais, homens de toga ou coisa parecida, apesar do título deste artigo, que se arrisca a conduzir a essa conclusão precipitada. Não trarei para essas poucas linhas o tiroteio verbal que contamina as ruas, meios de comunicação diversos e, fortemente, as redes sociais. Direita, esquerda ou centro (esse que detém o cetro); tucanos de bicos bicolores e de comportamentos ambivalentes; estrelas de vermelhidão intensa ou desbotada; ministros decadentes ou decanos, provectos ou novatos; embargos declaratórios, divergentes ou infringentes. Não. Nonada. Nadinha disso terá lugar especial nestas linhas. Buscarei outro norte.
Antes, lanço outra curta advertência e já peço: não acreditem que sou um alienado e que não acompanho coisas da política ou da Justiça. Acompanho, sim, até porque tenho minhas paixões e fortes convicções num desses campos e minhas obrigações ético-profissionais no outro. E tenho lado, sempre. Mesmo que eventualmente sozinho, fico sempre confortado com minha consciência cidadã. Confesso, no entanto, uma coisa: estou deveras cansado da maneira muitas vezes equivocada, bizarra mesma, como se passam as discussões externas às decisões “supremas” e que nesta semana terão mais um importante capítulo. Há uma algaravia interminável na internet e nas casas dos brasileiros, com algumas opiniões tão primárias, ou pior, dotadas de tanta má-fé e passionalidade, que prefiro nem responder ou comentar, filtrando dados e firmando íntimos convencimentos e posições pessoais. Sempre. Agora vou logo mudando de assunto, para não ser incoerente com o primeiro parágrafo do texto. E não deixarei de falar de flores. Jamais. Por sinal, prefiro sempre falar acerca das flores e das gentes. E já vou me desculpando pelo trocadilho fácil e besta com embargos infrin/gentes (perdoe-me o grande poeta Jarbas Martins, que afirma ser eu muito apegado a essas tolas miudezas. Fazer o quê?). E acho melhor eu entrar logo no assunto que (acho que) interessa. Falemos um pouquinho de música, então?
Em rápidas e derradeiras palavras, firmo o quanto tem sido importante para a nossa cultura a cena musical potiguar, através da produção local e de intercâmbios maravilhosos. Na última semana, para exemplificar, tivemos eventos de qualidade na música erudita e na música popular, espetáculos de alto quilate artístico e, ainda por cima, alguns com gratuidade de entrada. No Teatro Alberto Maranhão, no Parque das Dunas, na UFRN, em vários lugares, música boa e acesso democratizado. Destaco o IV Festival Internacional da Escola de Música da UFRN e a sua abertura na terça-feira, quando se apresentou a Orquestra Sinfônica da UFRN regida pelo carismático Maestro André Muniz, com acréscimo luxuoso dos músicos alemães Michael Uhde (piano) e Katharina Uhde (violino), ambos executando obras de Beethoven (a bela Sonata nº 9, op. 47, “Kreutzer” e o Concerto para violino e orquestra em ré maior, Op. 61).
Outro grande momento do evento – que tem continuidade nesta semana – foi o recital do grupo de Fado “Praxis Nova”. Três músicos portugueses vestindo as famosas capas negras dos acadêmicos de Coimbra, viajando pela história desse gênero musical que tem obtido renovado destaque a partir de nomes como Carminho e António Zambujo (estes se apresentaram por estas bandas, ano passado, acompanhando Milton Nascimento), Ana Moura, Mariza e outros. Queria falar mais sobre o tema, sobre música, sobre arte. O espaço é reduzido. Concluo, então, parabenizando à Escola de Música da UFRN por ter trazido a Natal esses geniais “capas negras”, destinando-nos raros instantes de fantasia poético-musical numa época de realidades dramáticas em outros campos da experiência e aventura humanas, tempo em que vivenciamos no Brasil um doloroso e muito longo “fado tropical”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário