quinta-feira, 31 de janeiro de 2013


CARTAS DE COTOVELO - 2013.13
Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor-veranista

                   O ÚLTIMO LUAR

                                  
Esta é a última Carta de Cotovelo, da temporada 2013. 
Se na chegada para o veraneio era só alegria e expectativa, agora me inunda a saudade de deixar o meu paraíso nesta praia acolhedora.
E somente tenho boas recordações, até pela coincidência de ter concluído com um luar sem igual, registrado pela máquina do meu filho Carlos Rosso, para deixar a lembrança de tanta beleza e a servir de paradigma para as temporadas futuras.

À noite, a razão dorme e as coisas são o que são. (Exupéry)

O período de férias de 2013 foi muito feliz, com toda a família presente e solidária. Tivemos 30 dias de sol, pouco barulho, a não ser o Circo da Folia de Pirangi, que espalha os seus abusivos decibéis por Cotovelo e embaralha o trânsito. Esperamos que com o triste caso de Santa Maria, haja mais rigor e as coisas melhorem em todos os sentidos.
A PROMOVEC, mesmo no final, deu o ar de sua graça e convoca reunião dos associados para estudar propostas para a sua reativação. Alvíssaras para 2013/2014, ano da decantada Copa do Mundo em que nossa praia poderá abrigar boa quantidade de visitantes.
Coloquei em  dia as minhas leituras e escrevi as minhas Cartas, sempre relatando momentos vividos, fatos ocorridos ou fazendo a crítica das obras consultadas, num liame entre o passado e o futuro, através do presente vivenciado, com o seu indispensável lirismo saudosista.
Tive, ainda, a alegria de ver ressurgir as chananas (xananas, com preferem os poetas), que haviam sido tiradas pelo setor de limpeza pública, evidentemente por equivoco. No carnaval elas deverão estar florindo novamente.
O meu emocional quebrou a minha inspiração, pois é a hora da volta para o aconchego de Natal, retomando as muitas e graves obrigações assumidas para este ano, como sejam, dar colaboração para a renovação do nosso Instituto Histórico e Geográfico do RN, lutar pela recuperação física do casarão de Tavares de Lyra, do prédio da Rampa, da velha Faculdade de Direito da Ribeira, os encargos com a Comissão da Verdade da UFRN, com o INRG, a ALEJURN e a UBE/RN, a conclusão de dois livros, as reuniões profissionais na OAB/RN e os saraus telúricos na Confraria da Livraria Câmara Cascudo, agora um tanto desfalcada com o encantamento do nosso decano Dr. José Pinto.
Guardo desse descanso praiano muitos 'dizeres e pensares', que a convivência familiar, as visitas dos parentes e amigos e os livros trouxeram. 
Que bom constatar que na minha idade ainda tenha o que aprender e o direito de sonhar!
Desarmei a minha rede. Dei um olhar final em meu quarto. Tive vontade de chorar. 
NÃO, lágrima atrevida, volta, pois a hora não é de adeus, mas só de um até breve. 
Afinal, em todo findar existe um amanhecer!

Um comentário:

  1. Que lindo fechamento desta última Carta de Cotovelo 2013 !!! É quando o texto se confunde, ou melhor, se funde com a imagem descrita e a gente consegue quase "participar" da cena...
    Parabéns, querido amigo, por esse poder de síntese sem comprometer a ternura. Além de seu amigo, sou fã do escritor que é.
    Na próxima semana estarei participando, aqui em Natal, de umas gravações em estúdio que, espero, mostrar-lhe em breve.
    Um grande abraço.
    DIDI

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