domingo, 27 de janeiro de 2013


COISAS DO COTIDIANO EM FORMA DE POESIA

"ELOGIO DA PREGUIÇA
Juvenal Antunes

Bendita sejas tu, preguiça amada,
Que não consentes que eu me ocupe em nada.
Mas, queiras tu, preguiça, ou tu não queiras,
Hei de dizer em versos, quatro asneiras.

Não permuto por toda a humana ciência
Esta minha honestíssima indolência.
Está na Bíblia esta doutrina sã:
Não te importes com o dia de amanhã.

Para mim, já é grande sacrifício
Ter de engolir o bolo alimentício.
Oh! Sábios! Dai à luz um novo invento:
A nutrição ser feita pelo vento.

Todo trabalho humano em que se encerra?
Em, na paz, preparar a luta, a guerra.
Dos tratados, e leis, e ordenações,
Zomba a jurisprudência dos canhões.

Juristas que queimais vossas pestanas,
Tudo o que legislais dá em pantanas.
Plantas a terra, lavrador? Trabalhas
Para atiçar o fogo das batalhas.

Cresce o teu filho; é forte, é belo, é louro.
Mais uma rês votada ao matadouro,
Pois, se assim é, se os homens são chacais,
Se preferem a guerra à doce paz,
Que arda depressa a colossal fogueira
E morra, assada, a humanidade inteira.

Não seria melhor que toda gente,
Em vez de trabalhar fosse indolente?
Não seria melhor viver à sorte,
Se o fim do mundo é sempre o nada, a morte?

Queres riquezas, glórias e poder...
Para que, se amanhã tens de morrer?
Qual mais feliz, o mísero sendeiro,
Sob o chicote e as pragas do cocheiro,
Ou seus antepassados que, selvagens,
Comiam livremente nas pastagens?

Do trabalho, por serem tão amigas,
Não sei se são felizes as formigas.
Talvez o sejam mais, vivendo em farras,
As preguiçosas, pálidas cigarras.

Oh! Laura! Tu te queixas que eu, farsista,
Ontem faltei à hora da entrevista,
E que ingrato, volúvel e traidor,
Troquei o teu amor por outro amor,
Ou que, receando a fúria marital,
Não quis pular o muro do quintal...

Que não me faças mais essa injustiça!
Se ontem, não fui te ver, foi por preguiça.
Mas, Juvenal estás a trabalhar!
Larga a caneta e vai dormir, sonhar!"


Mote de Sebastião Siqueira (Beijo)
Dedé Monteiro

(NA ÍNTEGRA)

Nunca pensei na velhice,
Mas a danada chegou…
E o seu fantasma me disse
Que o tempo bom acabou.
E o mesmo tempo, sisudo,
Me quis despojar de tudo,
Desmoronando os meus planos.
E, pra maior pesadelo,
Jesus pintou meu cabelo
Co’a tinta branca dos anos.

O tempo passa veloz,
Deixando tudo em desgraça.
Nós nem pensamos em nós
Tão veloz o tempo passa.
Eu mesmo, em mim, só pensei
Depois que velho fiquei,
Depois de mil desenganos…
Já não represento nada,
Tendo a cabeça pintada
Co’a tinta branca dos anos.

Tudo na vida se acaba…
A mocidade, também.
A juventude se acaba
Quando a caduquice vem.
Sinto que a morte me afronta
E que a consciência conta
O meu tempo entre os humanos.
Vejo os meus dias contados
Nos meus cabelos pintados
Co’a tinta branca dos anos.

A tinta que o tempo bota
Sobre a cabeça da gente
É d’uma que não desbota,
Permanece eternamente.
Tem gente que compra tinta,
Mete na cabeça e pinta,
Só pra nos causar enganos…
Mas é besteira do povo.
Depois sai cabelo novo
Co’a tinta branca dos anos.
  C O R T  A R  O  T E M PO
Carlos Drummond

Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias,
A que se deu o nome de ano,
Foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança,
Fazendo-a funcionar no limite da  exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar
E entregar os pontos,,
Aí entra  o milagre da renovação
E tudo começa outra vez, com outro número
E outra vontade de acreditar que
Daqui prá diante vai ser diferente.

*****
MORO NO NORDESTE, SOU DE NATAL
Ivam Pinheiro.

Essa é a minha Terra Potiguar
Beleza pura demais à encantar
Olhares na natureza tão linda
Natal com seu litoral nos brinda.

Moro na Natal que namora o mar.
No Potengi rio e durmo na redinha
que nina na brisa do mar o sonhar,
o sol da manhã e lua quase minha. 

Pode ser minha a lua, se for amor
ou talvez do cantor - eu, menino
poeta potiguar de uni.versos à pôr
sinais de realeza no lar nordestino 

Essa é a bela terra de tanta luz
de Poti - Felipe e Clara Camarão.
Nação Natal do ABC no coração
e da Praieira do amor que seduz.

Seduzir tem minha cidade e lugar
Seu povo cordial faz o bem valer
e meu coração bate e tem prazer
de dizer que Natal é feita de amar. 

"Prece do Agradecimento" por Maia Pinto

Nós vos agradecemos
Menino santo
Por todos os dias que nos destes

Nós vos agradecemos
Menino santo

Pela saúde que temos
Pelo pão que comemos todos os dias

Nós vos agradecemos
Menino santo

Pelo amor que recebemos
Dos nossos pais
Dos nossos irmãos
Dos nossos filhos
Dos nossos parentes
Dos nossos amigos

Nós vos agradecemos
Menino santo

Pelo afeto das nossas namoradas
E dos nossos namorados
Pelo beijo das nossas noivas
E dos nossos noivos
Pela cumplicidade amorosa
Das nossas mulheres
E dos nossos maridos

Nós vos agradecemos
Menino santo

Pelos filhos que temos
Pelos filhos que somos

Nós vos agradecemos
Menino santo

Pelo poder que nos destes
De mitigar a fome dos famintos
De levar a água à boca que tem sede

Nós vos agradecemos
Menino santo

Pela ferida que sarou
Pela dor aliviada
Pela lágrima consolada

Nós vos agradecemos
Menino santo

Pela caridade que tivemos
Para tocar na chaga
Do irmão ferido

Nós vos agradecemos
Menino santo

Por tudo que recebemos
Por tudo que podemos dar

E agradecemos
Menino santo

Acima de tudo
Por terdes plantado em nós
A milagrosa semente do amor



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