O XÊRO DO SERTÃO... – Poema Matuto:
Autor: Bob Motta
NATAL-RN
MAI 2007
Seu dotô, o meu sertão,
pissui um xêro distinto,
e juro qui quando eu sinto,
tremo nais base, meu irmão.
Discasca ais minhas firida,
remexe no meu passado,
me dêxa intupigaitado,
de sodade, o coração.
O xêro bom da fumaça,
do fugão de aivenaria,
do istrumo da vacaria,
da melancia quebrada.
Do melão de São Caetanto,
da frô do maracujá,
de sua rama a se inrroscá,
puras ripa da latada.
Xêro do mio muído,
do orváio da madrugada,
do quarenta, da quaiáda,
do corredô e do pirão.
Xêro do mato irmagado ?
Muntas vêiz levei prá casa;
do quêjo assando na brasa,
e do meu suó no gibão.
Do suó do meu cavalo,
da farta mesa da cêia,
do chiquêro dais uvêia,
dais cabra, demenhãzinha.
Do fumo qui eu carregava,
quando ia caçá de noite,
mode num levá açôite,
de “Cumade Fulôsinha”.
Xêro da póiva queimada,
Na fuguêra de São João,
Do jumento garanhão,
c’á jumenta, qui beleza!
Do bode Pai de Chiquêro,
da carne, no ispêto, assando,
da madêra crepitando,
dispôi da fuguêra acesa.
O xêro da panelada,
do café virge no cáco,
do véio xêrando tabaco,
dais fôia duis imbuzêro.
Dais quixaba, dais gogóia,
dais égua e porda no cio,
xêro do fubá de mio,
e dais fôia de maimelêro.
Muçambê e chuva caindo,
se infirtrando pura terra.
No forró de pé de serra,
do suó da cavalêra.
Num ai nada mais gostoso,
no machucado de um xote,
do qui o xêro do cangote,
de uma cabôca facêra.
Ela se arrupêia tôda,
geme, suspira, iscangota,
e o cabra, p’rá uma grota,
reboca ela, dotô.
E o xêro do seu côipo ?
Supera, juro a vocêis,
o mio prefume francêis,
meu fíi, é xêro de amô.
Meus irmão, é esse uis xêro,
qui além de munto gostoso,
é bem prá lá de sardôso,
do sertão qui num isquicí.
Mêrmo a chorá de sodade,
agradeço munto a Deus,
nuis matutos versos meus,
o tempo qui eu lá vivi... |
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