domingo, 30 de junho de 2013

MEUS AMIGOS POETAS


Caros amigos, desculpem-me, mas redesenhei o último poema que lhes remeti. Fica a fórmula atual, após uma pequena "gaveta":

 

                        SONHOS


                                                                              “Yo sueño que estoy aqui

                                                                              destas prisiones cargado”

                                                                             - Calderón de la Barca –

sobre sonhos muito já se disse

e a conversa nunca chega ao fim


não há segurança e a cada dia

o domínio do vácuo se anuncia


em todos os sonhos e mesmo agora

tenho alertado que alguém nos sonha

e nos transmite o dom de sonhar


várias vezes sonhei que sonhava

e nos sonhos sabia que sonhava

e quando eu queria acordava

para cair noutro sonho


mas sem saber continuo

aonde agora sou levado

eis que vivo um grande sonho

após tantos sonhos sonhados


                                   (Horácio Paiva)


O MEU PÉ ESQUERDO

                                               (O vosso arco inspirou-me este poema...)

o meu pé direito está nas nuvens

o meu pé esquerdo teima e protesta


nas nuvens respiro a liberdade

mas o meu pé esquerdo

está sempre às voltas

com os tumultos do mundo



quando penso

que tudo é igual

e que enfim

alcancei a unidade

surge um grito

e vejo o meu pé esquerdo

ainda preso à terra

e me apresso em socorrê-lo

sob pena

de tudo perder



pois há um compromisso

e nesta aliança

não estou sozinho.


                        (Horácio Paiva  -  ante o arco-íris, 5/6/2013)


AMANHECER

Lúcia Helena

Hoje é sábado e seu amanhecer chove.
Busco estrelas na madrugada e elas se escondem.
Tento abrir uma porta, ou janela, mas chove!
Meu coração está bem aquecido, com poesia,
Como as luzes de um girassol, em algum lugar.

Vai amanhecendo.
Nenhum ruído do cotidiano,
Só a chuva intermitente,
Cheia de um cinza - prateando os pingos d´água.

Sinto vontade de chorar,
Em vez disso, ouço Piaff
E minha alma se alumbra!

Hoje é sábado, no grande relógio do tempo
Quimeras vão refulgindo diante dos meus olhos,
Nas luzes de terraços de outrora,
Das casas da Hermes da Fonseca,
Cujo edifício, por descuido e displicência...
Não recebeu o nome de Madalena Antunes,
De Abel Antunes Pereira ou Gipse Pereira Montenegro...

Sábado! Um dia de férias para todos,
Passeios, festas, encontros,
Almoços em shoppings ou churrascos por aí...
Porque vai amanhecendo...

Um comentário:

  1. Prezada Lúcia:

    Que belo poema este que você publicou no blog de Carlos Gomes (Blog do Miranda). Descrição da melancolia e da chuva como você fez, só vi em CONFESSO QUE VIV, de Pablo Neruda.
    Parabéns!
    Eduardo Gosson

    Dudu, foi o confrade Carlos gomes quem postou.

    grata pelo belo coment´rio.

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