CARLOS
ROBERTO DE MIRANDA GOMES, escritor
Mais
uma vez cuidamos do assunto “movimentos populares”, que há 15 dias vem
concentrando as atenções do povo brasileiro, mercê da força transformadora de
costumes e da forma de reivindicar direitos.
Tais
acontecimentos já existiam no esplendor da Grécia clássica, onde o povo, em
praça pública (Ágora), decidia em assembleia o seu destino através do debate
público e do voto direto e igualitário. Representava o legítimo espaço da
cidadania no campo social, da cultura e da política.
Com
o passar do tempo e aumento populacional das cidades, foi criada a figura do
Estado na condição de pessoa moral, criatura gerada pela vontade popular para
concentrar as ações em favor da coletividade, através de cidadãos eleitos com
mandato representativo, como no Brasil, onde se pressupõe que os parlamentares
agem na conformidade da vontade dos governados; em outros, prevalece o mandato
imperativo, onde os parlamentares agem exclusivamente dentro do compromisso
social assumido com o povo e, em caso de desvio, devolvem ao criador (povo) o
mandato dele recebido. Este assunto é desenvolvido com mestria pelo Professor
Paulo Bonavides, em sua consagrada obra “Ciência Política”.
Há
um bom espaço de tempo que no Brasil existe a enganação de uma maioria dos
nossos representantes que, uma vez eleitos, esquecem os seus compromissos,
reduzindo as suas ações naquilo que lhes traga mais compensação individual, com
gastos excessivos do dinheiro público (notícia recente de um Deputado Federal
do RN), intermediando corrupção e apresentando projetos secundários, sem
atentarem para as prioridades do povo e sob os olhares contemplativos dos seus
respectivos partidos.
De
tanto esperar, a população resolveu tomar as suas decisões e passou a ditar aos
governantes os seus anseios, usando certo grau de agressividade, sem o qual em
nada amedrontaria os mandatários e os que legislam as regras de conduta social.
Com
isso, não há que se confundir com a violência, que somente aproveita aos
desprovidos de ideologia e nacionalismo e alimentam os oportunistas que querem
gerar o caos para desestabilizar governos em nome de mudanças que em verdade terminam
no jogo do poder e assim vão se passando os anos e os mandatos, ficando apenas
o lastro da enganação.
Agora
a coisa começou a mudar, pois medidas emergenciais estão sendo tomadas com
enorme rapidez, a teor da redução do preço das passagens nos transportes
urbanos e interestaduais; locação de recursos certos para melhorar a educação e
a saúde (royalties); procedimentos para a modernização da máquina
administrativa; reforço material e humano para o aparato policial; exigência de
parcimônia na distribuição dos recursos com viagens, diárias, pirotecnia
(propaganda) e efetivamente mais pão, cultura e investimentos para os
equipamentos urbanos essenciais à melhoria da qualidade de vida.
A
par disso, há um clamor para a apuração dos gastos supérfluos com o luxo de
arenas desportivas em contraste com o sucateamento dos serviços primários –
saúde, educação e segurança.
Precisamos,
de agora em diante, uma vez provada a força de arregimentação do povo, para a
realização das assembleias populares (Ágoras), com deliberações fundamentadas e
com objetivos sustentáveis para que tudo não termine em um “oba-oba” e se
destrua por si mesmo. Cada um no seu espaço – profissionais liberais,
estudantes, universidades, academias; instituições públicas. Corporações privadas,
partidos políticos e sindicatos.
Vejam
todos que até a seleção brasileira aprendeu a jogar com seriedade e terminou
campeão da Copa das Confederações.
Comecemos
a exigir uma reforma política no País para retirar de circulação os demagogos,
da situação e oposição, forçando que os partidos políticos reformulem os seus
estatutos sociais trazendo fortalecimento para a democracia e que 2014 não
tenha a Copa do Mundo como o objetivo primordial, mas sim a sucessão dos
mandatários. Temos vivido a maior parte de nossa vida republicana sob o comando
de governos ditatoriais, civis, militares ou de partidos. Precisamos de uma
verdadeira independência.
Terminamos
com o pensador Thiago de Mello – “Agora só vale a verdade...”.
V I V A O B R A S I L !
Nenhum comentário:
Postar um comentário