RECORDANDO OS VENDEDORES
AMBULANTES E SEUS PREGÕES MATINAIS
– Parte final
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI
Recordo do sorveteiro, empurrava seu
carrinho de madeira, pintado com cores
alegres. Na frente, dois espelhinhos redondos,
imitavam os faróis de um carro. Entre eles,
duas flâmulas: uma do ABC e outra do
América. Não revelava o time do coração,
nem sob tortura. Tinha medo de perder
os fregueses adversários. Num dos braços
do carro, uma buzina tipo “fom, fom”
era acionada para chamar a atenção
da clientela. Naquela época o sorvete
era feito em casa, e os sabores
pouco mudavam: coco, coco- queimado,
chocolate feito com toddy, morango
(utilizava essência, pois a fruta só
conhecíamos por foto) e algumas
frutas sazonais.
carrinho de madeira, pintado com cores
alegres. Na frente, dois espelhinhos redondos,
imitavam os faróis de um carro. Entre eles,
duas flâmulas: uma do ABC e outra do
América. Não revelava o time do coração,
nem sob tortura. Tinha medo de perder
os fregueses adversários. Num dos braços
do carro, uma buzina tipo “fom, fom”
era acionada para chamar a atenção
da clientela. Naquela época o sorvete
era feito em casa, e os sabores
pouco mudavam: coco, coco- queimado,
chocolate feito com toddy, morango
(utilizava essência, pois a fruta só
conhecíamos por foto) e algumas
frutas sazonais.
Sem horário nem dia definidos
para sua aparição, ouvia-se também o
grito do vendedor de cestos e
espanadores. Vendia inclusive um
espanador em miniatura que era
comprado para as crianças brincar.
Era um homem ainda jovem,
porém sempre o via descansando
à sombra dos enormes fícus-
benjamina, que outrora arborizavam
a Avenida Deodoro.
para sua aparição, ouvia-se também o
grito do vendedor de cestos e
espanadores. Vendia inclusive um
espanador em miniatura que era
comprado para as crianças brincar.
Era um homem ainda jovem,
porém sempre o via descansando
à sombra dos enormes fícus-
benjamina, que outrora arborizavam
a Avenida Deodoro.
Havia ainda os vendedores
de serviços. O funileiro, que
consertava panelas, caçarolas e
toda a tralha utilizada nas cozinhas,
inclusive o velho bule de café,
feitos de ágata ou alumínio,
substituídos que fora pelas garrafas
térmicas. Às vezes sinto saudade
daquele antigo bule sempre cheio
de um gostoso café, torrado em
casa, descansando sobre a chapa
quente do fogão de lenha, na
fazenda do meu pai. Os pequenos
consertos que utilizava solda branca
ou cravo eram realizados no local.
Para isso utilizava uma pequena
lamparina à base de álcool, que não
deixa tisna, para aquecer o
ferro de solda. Quando
estava trabalhando, geralmente
era acompanhado por olhos atentos
e curiosos da meninada que em
volta, cravava o homem das
mais diversas perguntas. Ele
pacientemente ia respondo a todos,
enquanto trabalhava.
de serviços. O funileiro, que
consertava panelas, caçarolas e
toda a tralha utilizada nas cozinhas,
inclusive o velho bule de café,
feitos de ágata ou alumínio,
substituídos que fora pelas garrafas
térmicas. Às vezes sinto saudade
daquele antigo bule sempre cheio
de um gostoso café, torrado em
casa, descansando sobre a chapa
quente do fogão de lenha, na
fazenda do meu pai. Os pequenos
consertos que utilizava solda branca
ou cravo eram realizados no local.
Para isso utilizava uma pequena
lamparina à base de álcool, que não
deixa tisna, para aquecer o
ferro de solda. Quando
estava trabalhando, geralmente
era acompanhado por olhos atentos
e curiosos da meninada que em
volta, cravava o homem das
mais diversas perguntas. Ele
pacientemente ia respondo a todos,
enquanto trabalhava.
Outro vendedor de serviço
era o sapateiro que também acumulava
a função de engraxate. Usava a
mesma caixa de madeira com escovas,
flanela e graxa nugette e mais as
ferramentas necessárias aos consertos.
Saltos e salteiras de couro e borracha,
cola, que ficou conhecida como
“cola de sapateiro”, biqueiras de aço,
muito requisitada pelos jovens,
brochas de diversos tamanhos, agulha
grossa, um carretel de linha “urso”
e cera de carnaúba que passava na linha
para torná-la mais resistente. Trazia ainda,
uma peça de sola enrolada em baixo
do braço, além de uma pequena faca
muito afiada que usava tanto no corte
da sola como no arremate dos solados.
No ombro, enganchado em um dos
lados, um “pé de ferro” peça
imprescindível nos consertos dos
sapatos e sandálias, principalmente
no brocheamento. Apregoava seus
serviços geralmente a uma clientela
cativa, já que naquela época, os calçados
eram utilizados até a total
impossibilidade de novo conserto.
Seu grito ecoava pelas ruas feito
um lamento: sapateeeeiro! solado,
meia-sola, salteiras e costuras.
Sapateeeeiro!
era o sapateiro que também acumulava
a função de engraxate. Usava a
mesma caixa de madeira com escovas,
flanela e graxa nugette e mais as
ferramentas necessárias aos consertos.
Saltos e salteiras de couro e borracha,
cola, que ficou conhecida como
“cola de sapateiro”, biqueiras de aço,
muito requisitada pelos jovens,
brochas de diversos tamanhos, agulha
grossa, um carretel de linha “urso”
e cera de carnaúba que passava na linha
para torná-la mais resistente. Trazia ainda,
uma peça de sola enrolada em baixo
do braço, além de uma pequena faca
muito afiada que usava tanto no corte
da sola como no arremate dos solados.
No ombro, enganchado em um dos
lados, um “pé de ferro” peça
imprescindível nos consertos dos
sapatos e sandálias, principalmente
no brocheamento. Apregoava seus
serviços geralmente a uma clientela
cativa, já que naquela época, os calçados
eram utilizados até a total
impossibilidade de novo conserto.
Seu grito ecoava pelas ruas feito
um lamento: sapateeeeiro! solado,
meia-sola, salteiras e costuras.
Sapateeeeiro!
Por fim, me vem à figura do
confeiteiro Mané Anão. Impávido,
junto ao tabuleiro sortido de buzis,
torrões, drops dulcora, chicletes
Adams - aquele que trazia um
pequeno número numa das orelhas,
quando a caixinha era aberta -, o
chiclete de bolas ping pong, que
acompanhava figurinhas infantis,
as coloridas jujubas, confeitos (balas)
de mel e hortelã, além das desejadas
barras de chocolate Diamante Negro,
para nós, de valor inalcançável. Tinha
a prerrogativa de ser o único
vendedor em frente ao Cine Rio
Grande, sob as bênçãos do seu
proprietário Dr. Moacir Maia, c
orroborada por “Seu Antônio”, o
temido administrador do cinema,
sempre de prontidão impedindo a
entrada dos garotos, que sonhavam
em assistir filmes impróprios
para sua idade.
confeiteiro Mané Anão. Impávido,
junto ao tabuleiro sortido de buzis,
torrões, drops dulcora, chicletes
Adams - aquele que trazia um
pequeno número numa das orelhas,
quando a caixinha era aberta -, o
chiclete de bolas ping pong, que
acompanhava figurinhas infantis,
as coloridas jujubas, confeitos (balas)
de mel e hortelã, além das desejadas
barras de chocolate Diamante Negro,
para nós, de valor inalcançável. Tinha
a prerrogativa de ser o único
vendedor em frente ao Cine Rio
Grande, sob as bênçãos do seu
proprietário Dr. Moacir Maia, c
orroborada por “Seu Antônio”, o
temido administrador do cinema,
sempre de prontidão impedindo a
entrada dos garotos, que sonhavam
em assistir filmes impróprios
para sua idade.
Todos esses saudosos personagens
ainda continuam desfilando nas
minhas lembranças de garoto, morador
da Avenida Deodoro.
ainda continuam desfilando nas
minhas lembranças de garoto, morador
da Avenida Deodoro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário