LEMBRANDO O BAR, CAFÉ E LANCHONETE
DIA E NOITE
Jahyr Navarro, médico e escritor
Somos apenas a sombra das nossas
lembranças.
Ao longo dos anos, Natal ficou conhecida
por ter pontos tido comerciais como
bares, cafés e lanchonetes, cujo atrativo
não justificavam a freguesia cativa que
possuía. Eram locais de extrema
simplicidade, mas que prendiam seus
fregueses pelo bom atendimento, um
cardápio simplificado que atendia ao
paladar de todos, além de
oferecer um ambiente descontraído
onde quase todo mundo se conhecia.
por ter pontos tido comerciais como
bares, cafés e lanchonetes, cujo atrativo
não justificavam a freguesia cativa que
possuía. Eram locais de extrema
simplicidade, mas que prendiam seus
fregueses pelo bom atendimento, um
cardápio simplificado que atendia ao
paladar de todos, além de
oferecer um ambiente descontraído
onde quase todo mundo se conhecia.
Procurando conhecer a origem desse
comércio – dia e noite mais
promissor - , encontrei nos alfarrábios,
textos que lembram a nossa cidade
numa data mito recuada, quando
verifica-se que tudo teve seu início
com o surgimento de um bar que
foi pioneiro nesse setor. Este
foi inaugurado na travessa Aureliano,
na Ribeira, com o nome de bar “Chile”,
que serviu de modelo aos demais
seguidores.
comércio – dia e noite mais
promissor - , encontrei nos alfarrábios,
textos que lembram a nossa cidade
numa data mito recuada, quando
verifica-se que tudo teve seu início
com o surgimento de um bar que
foi pioneiro nesse setor. Este
foi inaugurado na travessa Aureliano,
na Ribeira, com o nome de bar “Chile”,
que serviu de modelo aos demais
seguidores.
Bairro da Ribeira - Natal RN
Logo depois, sequenciado pelo
modismo que já existia à época,
surgiu o bar “Antártica”, ainda na
Ribeira que depois de muito
sucesso cedeu seu espaço físico ao
“Cova da Onça”, que já chegou aos
nossos dias num estado agonizante.
modismo que já existia à época,
surgiu o bar “Antártica”, ainda na
Ribeira que depois de muito
sucesso cedeu seu espaço físico ao
“Cova da Onça”, que já chegou aos
nossos dias num estado agonizante.
Descobri ainda, que na Cidade
Alta, precisamente que na Rua Ulisses
Caldas, foi inaugurado o bar
“Potiguarânia”, seguindo a
mesma trilha de seus antecessores,
fazendo algumas inovações que
caíram no gosto de seus frequentadores.
Perdurou alguns anos, até ser
absorvido com toda sua estrutura
pelo “Magestic”, que deu continuidade
ao mesmo estilo.
Alta, precisamente que na Rua Ulisses
Caldas, foi inaugurado o bar
“Potiguarânia”, seguindo a
mesma trilha de seus antecessores,
fazendo algumas inovações que
caíram no gosto de seus frequentadores.
Perdurou alguns anos, até ser
absorvido com toda sua estrutura
pelo “Magestic”, que deu continuidade
ao mesmo estilo.
Confeitaria Cisne - Rua João Pessoa - Natal RN
Na Rua João Pessoa, - no Grande Ponto
do meu tempo – tivemos o café “Maia”
de Rossini Azevedo. O “Vesúvio” de
Maiorana, o “Botijinha” de Jardelino
Lucena, o bar e confeitaria “Cisne” de
Múcio Miranda e o “Dia e Noite” de
Nilton Armando de Souza. Este, com
larga vivência no ramo – ex-garçom-,
mas, sabia como ninguém, lidar com
sua freguesia usando a devida leveza,
o prazer de servir e a dignidade
profissional que ostentava.
do meu tempo – tivemos o café “Maia”
de Rossini Azevedo. O “Vesúvio” de
Maiorana, o “Botijinha” de Jardelino
Lucena, o bar e confeitaria “Cisne” de
Múcio Miranda e o “Dia e Noite” de
Nilton Armando de Souza. Este, com
larga vivência no ramo – ex-garçom-,
mas, sabia como ninguém, lidar com
sua freguesia usando a devida leveza,
o prazer de servir e a dignidade
profissional que ostentava.
Esse bar, próximo aos outros na
Rua João Pessoa, ficava quase em
frente à Caixa Econômica Federal,
com seu espaço físico sendo
ocupado hoje por uma loja que
vende óculos e outras bugigangas
de somenos importância. Abrigava
uma pequena área delimitada por
duas fileiras de mesas dispostas
paralelamente, e no meio, um corredor
por onde transitava o garçom e os
convidados de ocasião. Lá no fundo,
um balcão e por trás dele, a figura
sempre presente de seu proprietário
que se atinha a tudo o que se passava
no recinto. No final, existia uma
parede divisória e à sua direita,
uma pequena abertura de forma
semicircular que servia de comunicação
com a cozinha e por onde eram
enviados os pedidos e comandas.
No cardápio constavam os
mesmos itens desde sua
inauguração e quando ocorria
alguma alteração, era quase
sempre na ordem inversa de seus itens.
Entretanto, o seu ponto alto era o
garçom, vítima de todo tipo de
gozação. Muito estimado por todos,
atendia pelo apelido de “Gazolina”
e possuía o dom da tolerância, sem
nunca ter revidado as irreverências
recebidas. Nunca perdia a fleuma,
nem mesmo, quando os pedidos
estava inserido o duplo sentido,
tais como: - “Gazolina, suspenda os
ovos e passe a língua...” E assim por diante.
Rua João Pessoa - Natal RN
Esse bar, que nunca fechava, razão
do nome – era também palco
de muita confusão, principalmente
nas madrugadas dos fins e semana,
quando as rixas iniciadas nos
clubes sociais, terminavam quase
sempre no seu âmbito, ou
nas circunvizinhanças. Os motivos?
– Os mesmos de sempre: o ciúme,
a política, a polícia e o esporte.
Havia ainda uma particularidade pouco
observada, que era a ausência do
sexo feminino no seu interior.
Quando muito, elas eram atendidas
em seus automóveis que ficavam
nas imediações do bar.
Ainda lembro de muitos que
frequentavam esse bar com certa
assiduidade. Todos foram bem
sucedidos nas escolhas profissionais
que fizeram e houve quem atingisse
o topo na política, outros, nas
empresas e os demais nas profissões
que abraçaram. Citarei o nome de
alguns para poupar os poucos
leitores desse incômodo: Artuzinho,
Hélio Santa Rosa, Sidney e Ronald
Gurgel, Haroldo e Franklin Bezerra,
Marcos e Marciano Oliveira, Oscar e
Osmar Medeiros, José e Ivo Barreto,
Diógenes da Cunha Lima, Syllos
Carvalho, Fernando Bezerra,
Roberto Furtado, Lenilson
Carvalho, Mário Sá Leitão,
Waldemar Mattoso, Bentinho,
Murilo Concentino, Aldanir Araújo e
Abreu Junior.
Não darei ênfase – como fazia antes -,
ao velho adágio que diz: “aqui tudo
já teve”. Realmente, tivemos o
“Dia e Noite”, que sem a mínima
pretensão, marcou sua presença na
história da nossa cidade, quando
cativou pela plêiade de frequentadores
que deu a ele o prestígio que necessitava.
Lembrar o “Dia e Noite” é massagear
o ego de muitos que ainda guardam
em seus corações as lembranças
desse tempo. Somos apenas a
sombra das nossas lembranças.
Jahyr Navarro – médico e escritor
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