segunda-feira, 12 de novembro de 2012

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DO QUÊ NÃO DEVE SE ORGULHAR O PROFESSOR DE DIREITO

Honório de Medeiros


 Uma das armadilhas que o capitalismo impõe ao ensino jurídico é o conforto da aula técnica, exclusivamente voltada para a interna realidade do ordenamento jurídico, onde o que importa é o discurso intrinsecamente voltado para a norma jurídica e suas conexões com outras normas jurídicas, quando muito se permitindo, o professor, um arremedo de independência dessa camisa-de-força, ao tratar de princípios jurídicos de conteúdo indeterminado, fluídico, sem consistência, que esbarram, entretanto, em sólidos limites que nada mais são do que barreiras que o Estado e sua lógica de poder impõem (os limites que os grilhões em nossos pés estabelecem).

Ao se alienar consciente ou inconscientemente, reiterando essa prática de ocultar as questões subjacentes, essenciais, e que dizem respeito à própria estrutura do Direito, tal qual sua legitimidade, sua relação com o poder, sua relação com a justiça, seu status meramente técnico, por exemplo, o professor de Direito, seja por necessidade de sobrevivência, seja por ignorância, seja por comodismo, seja por cinismo, cumpre um papel pouco digno de reproduzir o modelo de exploração próprio da lógica do capital e, em o fazendo, não questionando, não criticando, não discutindo, crava, com o martelo da omissão, o prego da submissão e alienação nas mentes dos futuros profissionais do Direito, ajudando a construir, assim, a civilização doentia que estamos deixando como legado para nossos filhos.

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