A
FALÊNCIA CONFESSADA DO SISTEMA PRISIONAL
Prof: Carlos Roberto de Miranda Gomes, advogado e
escritor
A mídia nacional tem
noticiado, com destaque, o recente pronunciamento do Ministro da Justiça José
Eduardo Cardoso, quando declara ser preferível a morte a ter que cumprir pena
de reclusão no Brasil.
Com tal dizer reconhece, com
excessivo atraso, a falência do sistema prisional brasileiro, considerado
medieval e cruel, que não tem o condão de ressocializar ninguém.
Isso eu já sabia há 44 anos,
ainda nos bancos da velha Faculdade de Direito da Ribeira, nas lições
inesquecíveis do Desembargador Carlos Augusto Caldas da Silva.
Hoje, a conduta tornou-se
uma afronta aos direitos humanos, pois é proclamado como escola de
aperfeiçoamento da delinquência, cujos alunos exigem do estado um gasto
individual bem mais alentado do que é destinado para o sustento de uma família
modesta ou ao incentivo à educação básica.
Prevalece a cultura da
violência, a superlotação dos presídios, o descaso, a incúria e a corrupção.
Estamos numa encruzilhada –
ou se cria uma política sustentável de segurança pública ou será melhor
revogar, urgentemente, a lei restritiva do registro e porte de arma, senão a
população honesta vai diminuir substancialmente de tamanho, consagrando o
império do caos.
Mas, o que surpreende nesse
inusitado pronunciamento, é o fato de que somente agora se proclama tal
desajuste, coincidente com a perspectiva de se abrigar nos estabelecimentos
prisionais, pessoas de importância no cenário político e empresarial do País,
desmascarados no processo do mensalão e julgados pelo Supremo Tribunal Federal.
Até quando vamos suportar tanto
cinismo no Brasil?
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