MAIS UM BOÊMIO QUE SE VAI
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes
A semana começou
triste, pois se foi para o outro lado da vida GLICÉRIO CÍCERO DE OLIVEIRA
FRANÇA, quando ainda não alcançara a idade bíblica, posto que nascido em 12 de
outubro de 1943, em pleno clamor da guerra e falecido neste 05 de novembro do
ano corrente. Por conseguinte, com apenas 69 anos.
Sim, digo apenas,
porque os boêmios são essenciais para amenizar as agruras da vida, para
difundir oralmente a poesia, o romantismo.
Conheci Glicério
quando servidor da Ordem dos advogados do Brasil, ainda do tempo do Dr.
Claudionor de Andrade e, na minha gestão, entreguei-lhe o encargo de tomar
conta da sala do advogado no fórum da Ribeira.
Mas o seu talento foi
mesmo a música – bom cantor e violonista que alegrava as rodas seletas da
boemia de anel no dedo.
Incursionou pela vida
profissional participando do Trio Iataí. Depois,
ingressou no Trio Ipanema, que fez história através de vários componentes como
Luciano Oliveira, Wilson Pires Leite, Otávio Osvaldo Garcia, Januário da Silva
Moura, Luiz Gonzaga Júnior, Abel Raimundo da Silva e Glicério Cícero de
Oliveira França. Esse trio foi formado em1963, com a influência da bossa nova,
tanto que o nome do trio vem de uma canção clássica de Vinicius de Moraes e Tom
Jobim – “Garota de Ipanema”. Teve passagem pela Rádio Poti, celeiro de grandes
artistas. Chegou a gravar um disco em 1967 e levou a sua arte aos cantões de
São Paulo e todo o Nordeste.
No Recife, o trio se apresentou nos
programas mais destacados da época, "Você faz o show" e "Noite
de black tie", fazendo apresentações em outros programas de rádio e
televisão, gravando vários jingles para a fábrica de cervejas e refrigerantes
Antárctica, atuando, ainda, nas TVs Excélsior, Tupi, Bandeirantes e Record, nos
programas "Gaiola de Ouro", "Hotel do sossego", "Praça
da Alegria", "Corte Real show" e "O fino da bossa".
Colhi na internet que o trio realizou
diversos shows pelo interior de São Paulo, contratados pela Vigorelli,
participando de uma turnê de 30 dias pelo Brasil ao lado de Wilson Simonal,
Agnaldo Timóteo, Agnaldo Rayol, Ângela Maria, Cauby Peixoto, Nélson Gonçalves,
Mário Zan, Carlos Alberto, Elza Soares, Carlos Galhardo, Carlos José e outros.
Realizou ainda uma excursão até a Argentina promovida por Hélio Mandarino Show.
Em 1967, lançou pela RCA Victor o LP "Nordeste jovem", onde
interpretaram diversos sucessos de Luiz Gonzaga, entre os quais
"Paraíba", "Juazeiro" e "Asa branca", de Luiz
Gonzaga e Humberto Teixeira. Em 1973 o trio desfez-se.
Agora se foi Glicério – um violão está chorando.
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COMENTÁRIOS:
1. Não tenho uma lembrança nítida do Glicério.
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COMENTÁRIOS:
1. Não tenho uma lembrança nítida do Glicério.
Teria ele algum parentesco com o Antonio Elias de França, se não me engano, irmão do Erivan França, deputado da Cruzada da Esperança? O Antonio Elias, falecido há algum tempo, era um boêmio militante. Voz muito bonita e um repertório de serestas maravilhoso. Havia , à época, uma discussão interminável sobre quem era o melhor intérprete: Silvio Caldas ou Orlando Silva.?Bons tempos.
Que os seresteiros celestes recebam o Glicério. Como sabemos, nossos artistas habitam o paraíso e o tornam mais ameno.
Neste fim de semana, assisti o show dos “OS CARIOCAS”, em sua décima formação. Ah, Odúlio, Deus existe... se eles passarem pelo nossa cidade, corra para comprar o ingresso. E avise aos amigos. Os que amam a MPB e a Bossa e os que ainda têm dúvidas. O arranjo que o Severino Filho fez para “Minha Namorada”, quase à capela ,é um dos momentos altos do show.
(E como o Carlos Gomes escreve bem).
Abs, Geniberto
2. Muito bem, Carlos. Belo trabalho de reminiscência. Glicério era filho do grande boêmio Antônio Elias França e neto do velho Adolfo França, poeta, cantor e menestrel. A música, como vc. disse estava nas suas veias. Morou um tempo com Edinho França (Edinho) no Rio de Janeiro. É tanto, que a batida do violão de Glicério parecia com a do grande Edinho ( um dos músicos mais vocacionados do Brasil) . Violonista, arranjador do Trio IraKitan e compositor ( " Bá, vc. me bateu "... / A mulher das ervas ( formidável) e tantos outros. Glicerinho aprendeu com ele a voz sonora propícia a formação de trios, dos quais vc. tão bem repercute no seu trabalho, muito oportuno, por sinal. Abs. Odúlio .
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