terça-feira, 16 de agosto de 2022

 

Walter Medeiros 
Walter escreveu: "NO TEMPO DA MARICOTA - CX (Crônicas de Walter Medeiros) ÍCONE DA REPORTAGEM POLICIAL Os anos sessenta e setenta do Século XX foram marcantes para a imprensa potiguar, por terem formado o período em que o jornalismo viveu momentos determinantes para a formação dos profissionais. Aqueles dias foram marcados como última era do jornalismo tradicional, pela organização definitiva da legislação profissional, que tratava de direitos, formação e obrigações, bem como a consolidação das entidades representativas. Neles ocorreu a transição entre a impressão antiga, baseada na tipografia e Linotypo, para o processo baseado em off-set e impressoras rotativas. Foi nesse cenário que viveram, trabalharam e se projetaram muitos jornalistas, entre eles um companheiro que partiu para outra vida recentemente, considerado por muitos como o maior ícone da reportagem policial do Rio Grande do Norte, o repórter Nathanael Virgínio. Ele atravessou décadas levando as notícias policiais para as páginas da Tribuna do Norte, e para os noticiários da Rádio Cabugi, desde o tempo em que a emissora funcionava na Praça Pedro II. Através do seu trabalho, tomamos conhecimento de muitos fatos que entraram para a história da nossa imprensa. Naqueles anos, a vida do natalense, como dos demais brasileiros, era muito diferente. As notícias chegavam através do jornal e do rádio, pois televisão ainda era muito limitada, praticamente sem produção local. As notícias policiais limitavam-se ao horário da Patrulha da Cidade, que a Rádio Cabugi apresentava entre 11:00 horas e Meio-Dia. E nos jornais, Diário de Natal e Tribuna do Norte, ocupavam, sempre, no máximo, uma página. Em alguns períodos, a última página do primeiro caderno. Os fatos policiais tornavam-se objeto de conversas nas ruas, na calçada do Café São Luiz, nos botecos e nas ruas da Ribeira. Atravessavam anos, acompanhando-se a evolução de prisões, processos e julgamentos. Conhecia-se os envolvidos naqueles fatos, como o lendário ladrão Baracho, o famoso Brinquedo do Cão, Pé Seco, Azougue, entre tantos, num tempo em que a prisão era mesmo a Casa de Detenção, onde hoje funciona o belo Centro de Turismo, com aquela vista privilegiada para o mar e o Forte dos Reis Magos. Foi um tempo em que as manchetes dos jornais eram apregoadas nas ruas pelos gazeteiros, que gritavam os títulos mais chamativos, e vendiam os jornais pelas ruas e avenidas. Quando os fatos policiais eram destaque naquelas manchetes, por trás daqueles textos estava o trabalho dedicado, vibrante e competente de Nathanael Virgínio, na Tribuna do Norte, e Pepe dos Santos, no Diário de Natal, este, outra figura cujo trabalho sempre merecia destaque, numa disputa incansável pela notícia. Pepe também já partiu para outra vida. Convivi com Nathanael Virgínio no meu tempo de Rádio Cabugi e Tribuna do Norte. Conversávamos muito sobre as notícias da época. Quando nos encontrávamos pela cidade afora, com tempo para discutir os destinos do mundo, sentia o seu entusiasmo com os fatos internacionais, achando fascinante a vida, e até os nomes daqueles que faziam a história, como Yasser Arafat, Moamar Kadafi, Idi Amin Dada. Ao mesmo tempo em que apreciava a literatura e as artes, entre elas o trabalho do seu irmão Falves Silva. Aquele repórter magro, sempre com lápis e papel à mão, expressava a sua responsabilidade para com os leitores, na insistência que sempre tinha em busca dos detalhes de cada fato que registrava. Tudo transformado em textos significativos, que parece estarem em extinção, em vista das mudanças drásticas nos sistemas de comunicação, que dá lugar a superficialidades, num novo mundo, no mínimo, muito estranho. Bom seria que os arquivos daqueles jornais, com os trabalhos aqui citados, servissem de fonte para as pesquisa das novas gerações. --- Foto: Jornal/Internet"

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