CARTAS
DE COTOVELO (VERÃO DE 2018/2019)
Por:
Carlos Roberto de Miranda Gomes (nº 06)
Um trivial passeio matinal nas areias límpidas de Cotovelo, cercanias das
falésias do Barramares, em passos mansos com a minha Therezinha, dei-me a
contar-lhe algo da história daquele local.
Precisamente nas águas do pontal onde
agora se instala o Condomínio Porto Brasil, na grande enseada que ali começa e
vai até a barreira do inferno, em 1633 aportaram algumas naus de holandeses,
já invasores das terras recifenses, para alargarem sua audácia na direção de Natal,
haja vista o malogro de uma tentativa anterior em outubro de 1631, com uma
grande expedição, que terminou face à reação eficaz do capitão mor Cipriano
Pita Porto Carreiro.
Desta feita,
com quatro navios e outras pequenas embarcações, partiram do Recife em 5 de
dezembro e dois dias depois fundearam os veleiros na costa de Cotovelo, depois
levantaram âncoras, contornando o pontal desta bacia e novamente, com grande
cautela, aportaram na praia de Ponta Negra, no rumo da Fortaleza dos Três Reis Magos, poucos quilômetros dali em 8 de dezembro de 1633, sob o comando do
Amirante Jean Cornelisseb Liichthord e mais 808 homens. Entre eles, registram-se
as presenças do tenente-coronel
Baltasar Bima, comandante das operações militares e o conselheiro Carpentier e
Matais ou Matthijs van Ceulen, um dos diretores da Companhia das Índias
Ocidentais, que emprestou o seu patronímico para a mudança do nome da Fortaleza
como “Castelo de Keulen” ou Ceulen, (Kasteel Keulen).
A tomada não foi
pacífica, haja vista que “diante da
recusa do Comandante do Forte, Pero Mendes Gouveia, em ceder ao pedido dos
holandeses, que queriam tomar o Forte, o combate se inicia em 8 de dezembro. No
dia 10, o comandante do Forte é gravemente ferido. No dia 12, surge uma
bandeira branca sobre as muralhas da Fortaleza, pedindo paz, a luta era de
total incompatibilidade, 808 flamengos contra 85 portugueses. Ao ver a bandeira
branca, o tenente-coronel Baltasar envia uma mensagem ao comandante do Forte,
pedindo que ele se rendesse imediatamente; este, no entanto, negou-se e afirmou
não ter sido dele a ideia de pedir paz.
Dentro do Forte havia pessoas estranhas e estes haviam colocado a bandeira pedindo a paz, entre as pessoas estavam um foragido, um condenado à morte e outro que havia vindo na expedição. O coronel Baltasar recebe uma carta de rendição e a recusa por não ter a assinatura do comandante, mas o Sargento Sebastião Pinheiro Coelho, que era o foragido que estava refugiado no Forte, afirma ter assumido o comando, uma vez que Pero Mendes encontrava-se enfermo e incapaz de tomar alguma decisão.
Dentro do Forte havia pessoas estranhas e estes haviam colocado a bandeira pedindo a paz, entre as pessoas estavam um foragido, um condenado à morte e outro que havia vindo na expedição. O coronel Baltasar recebe uma carta de rendição e a recusa por não ter a assinatura do comandante, mas o Sargento Sebastião Pinheiro Coelho, que era o foragido que estava refugiado no Forte, afirma ter assumido o comando, uma vez que Pero Mendes encontrava-se enfermo e incapaz de tomar alguma decisão.
As negociações são feitas, os holandeses atendem a
algumas reivindicações dos derrotados e, no forte, é hasteada a bandeira dos
flamengos, substituindo a bandeira portuguesa. Após tomarem o Forte, os
holandeses se mostraram solidários com os derrotados, prestaram socorro ao
comandante Pero Mendes e o enviaram para Recife. Há historiadores que
consideram a tomada do Forte como sendo possibilitada por uma traição, visto as
negociações terem sido feitas com um preso e outro condenado à morte. Outros
consideram realmente rendição.”
A Fortaleza teve a construção iniciada
em 06 de janeiro de 1598 – Dia dos Santos Reis, que lhe deram o nome. Depois
reconstruída, com formato em cinco pontas. Os invasores chegaram ao seu
objetivo em 12 de dezembro de 1633, dando início de um domínio que durou até
1654, quando foram expulsos.
Durante o
domínio holandês o nosso Estado foi governado por três capitães: Joris
Garstman foi o primeiro holandês a comandá-la (diz-se que foi genro
de João Lostão Navarro? dono da casa de pedra de Pium). Depois Johans Blaenbeeck, Jan Denniger e um major:
Bayert, todos eles flamengos.
O Conde Maurício de Nassau (1604-1679) mandou repará-la
(1638). Esse nosso marco
histórico tem sido vítima do descaso oficial, mas agora existe uma determinação
de restaurá-lo. Que assim seja!
(Cotovelo/Natal,
15 de janeiro).
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