quarta-feira, 1 de outubro de 2014


Diálogo ocorrido entre 1643 e 1715

Este diálogo, da peça teatral "Le Diable Rouge", de Antoine Rault, entre os personagens Colbert e Mazarino, durante o reinado de Luís XIV, século XVIII, apesar do tempo decorrido.... não é bem atual? Leiam:

Colbert:
- Para arranjar dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é possível continuar a gastar quando já se está endividado até o pescoço…

 Mazarino:- Um simples mortal, claro, quando está coberto de dívidas e não consegue honra-las, vai parar na prisão. Mas o Estado é diferente! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se… Todos os Estados o fazem!
 Colbert:- Ah, sim? Mas como faremos isso, se já criamos todos os impostos imagináveis?

 Mazarino:- Criando outros.

Colbert:
- Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.

Mazarino:
- Sim, é impossível.

Colbert:
- E sobre os ricos?

Mazarino: -E os ricos também não. Eles parariam de gastar. E um rico que gasta, faz viver centenas de pobres.

Colbert: - Então, como faremos?

Mazarino:
 - Colbert! Tu pensas como um queijo, um penico de doente! Há uma quantidade enorme de pessoas entre os ricos e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer e temendo empobrecer. É sobre essas que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Quanto mais lhes tirarmos, mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos. Formam um reservatório inesgotável.
 É a classe média!
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Colaboração do leitor Sérgio Guedes da Fonseca Neto

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