quarta-feira, 1 de outubro de 2014


As alegrias de um avô!

Elísio Augusto de Medeiros e Silva


Empresário, escritor e membro da AEILIJ


A partir dos sete anos de idade, já alfabetizada, um dos presentes que Letícia mais gostava eram livros, que evoluíam de acordo com a sua idade.

Na sua avidez infantil, ela sempre procurava adquirir novos conhecimentos.

Que facilidade possui a infância em aprender seja o que for. Na infância, a mente das crianças tem uma maleabilidade que não mais se encontra em nenhuma outra fase da vida – o que elas aprendem fica gravado para sempre.

Era benquista no colégio – a doçura já fazia parte do seu temperamento – bem-educada e com bons modos na mesa. Daí a importância de uma boa formação na infância.

Nas horas em que não estava no colégio, Letícia adorava ler e estudar, no que era estimulada por todos os familiares.

Gostávamos de brincar de rimas – parecíamos duas crianças, esquecíamos da diferença de nossas idades e sorríamos quando as palavras rimavam.

Não conheço maior felicidade quando de nossos passeios aos shoppings de Natal, em que, eu, apesar dos meus 61 anos, fazia questão de deixá-la escolher o roteiro de sua predileção. Era simples: ela escolhia e eu fazia a sua vontade.

Nas lojas de brinquedos eletrônicos – parada obrigatória – ela se achava num verdadeiro paraíso, em meio a todos aqueles jogos e muito barulho... e hajam fichas!

Vale salientar que, em função do meu ofício, normalmente adoro silêncio, mas, ao lado dela, absorvia toda aquela efervescência infantil com ânimo.

E não havia risco dela perder-se de mim – sentia-me seguro – sua voz estridente e afinada permitia a sua rápida localização, no meio de todas aquelas crianças e brinquedos barulhentos. Às vezes, até penso que, no futuro, Letícia será uma cantora de ópera.

Então, achei-me em pouco tempo conduzido novamente aos inocentes prazeres da infância, e procurava ao máximo aproveitar a sua doce companhia.

Em pouco tempo já estava familiarizado com todas as suas preferências. No Natal íamos ver o Papai Noel no Midway, no Natal Shopping... Ainda bem que ela nunca me obrigou a sentar no colo do bom velhinho!

Passei a ver as coisas com a mesma intensidade dos seus olhinhos infantis – alegrar-me com fatos que anos atrás não me chamavam mais atenção, nem despertavam o meu interesse. Na companhia de sua avó fazemos passeios e viagens adoráveis.

Outro dos seus lugares preferidos eram as livrarias, onde passávamos boas tardes dos sábados. Pena que nossa cidade tenha tão poucas opções.

Depois de horas nos shoppings, eu já totalmente esgotado, ela radiante e saltitante, íamos à Praça da Alimentação, onde a escolha dos pedidos, como sempre, era dela.

Felizmente, o seu gosto é parecido com o meu. Depois do lanche, a visita obrigatória a uma loja de chocolates, o que aumentava consideravelmente o número de sacolas que eu conduzia.

Recordo-me de um passeio dominical que fizemos a um parque de diversões, instalado na Avenida Engenheiro Roberto Freire, ao lado do Hiper Bompreço. No local o que mais lhe chamou atenção foram uns carrinhos que giravam... giravam (tipo carrossel) sobre trilhos, fiz tudo para que ela desistisse do brinquedo, mas foi em vão. Preocupado, não podia deixá-la ir sozinha naquela empreitada e resolvi acompanhá-la. Fiquei tonto, tudo girava ao meu redor. Senti ânsias de vômito – mas, não larguei a mão dela. Letícia não percebeu e pude notar com os olhos marejados que ela se divertia bastante. Foi o suficiente para que meu mal-estar passasse. Cumpri fielmente os meus deveres de avô!

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