As alegrias de um avô!
Elísio Augusto de Medeiros e Silva
Empresário,
escritor e membro da AEILIJ
A
partir dos sete anos de idade, já alfabetizada, um dos presentes que Letícia
mais gostava eram livros, que evoluíam de acordo com a sua idade.
Na
sua avidez infantil, ela sempre procurava adquirir novos conhecimentos.
Que
facilidade possui a infância em aprender seja o que for. Na infância, a mente
das crianças tem uma maleabilidade que não mais se encontra em nenhuma outra
fase da vida – o que elas aprendem fica gravado para sempre.
Era
benquista no colégio – a doçura já fazia parte do seu temperamento – bem-educada
e com bons modos na mesa. Daí a importância de uma boa formação na infância.
Nas
horas em que não estava no colégio, Letícia adorava ler e estudar, no que era
estimulada por todos os familiares.
Gostávamos
de brincar de rimas – parecíamos duas crianças, esquecíamos da diferença de
nossas idades e sorríamos quando as palavras rimavam.
Não
conheço maior felicidade quando de nossos passeios aos shoppings de Natal, em
que, eu, apesar dos meus 61 anos, fazia questão de deixá-la escolher o roteiro
de sua predileção. Era simples: ela escolhia e eu fazia a sua vontade.
Nas
lojas de brinquedos eletrônicos – parada obrigatória – ela se achava num
verdadeiro paraíso, em meio a todos aqueles jogos e muito barulho... e hajam
fichas!
Vale
salientar que, em função do meu ofício, normalmente adoro silêncio, mas, ao
lado dela, absorvia toda aquela efervescência infantil com ânimo.
E
não havia risco dela perder-se de mim – sentia-me seguro – sua voz estridente e
afinada permitia a sua rápida localização, no meio de todas aquelas crianças e
brinquedos barulhentos. Às vezes, até penso que, no futuro, Letícia será uma
cantora de ópera.
Então,
achei-me em pouco tempo conduzido novamente aos inocentes prazeres da infância,
e procurava ao máximo aproveitar a sua doce companhia.
Em
pouco tempo já estava familiarizado com todas as suas preferências. No Natal
íamos ver o Papai Noel no Midway, no Natal Shopping... Ainda bem que ela nunca
me obrigou a sentar no colo do bom velhinho!
Passei
a ver as coisas com a mesma intensidade dos seus olhinhos infantis – alegrar-me
com fatos que anos atrás não me chamavam mais atenção, nem despertavam o meu
interesse. Na companhia de sua avó fazemos passeios e viagens adoráveis.
Outro
dos seus lugares preferidos eram as livrarias, onde passávamos boas tardes dos
sábados. Pena que nossa cidade tenha tão poucas opções.
Depois
de horas nos shoppings, eu já totalmente esgotado, ela radiante e saltitante,
íamos à Praça da Alimentação, onde a escolha dos pedidos, como sempre, era
dela.
Felizmente,
o seu gosto é parecido com o meu. Depois do lanche, a visita obrigatória a uma
loja de chocolates, o que aumentava consideravelmente o número de sacolas que
eu conduzia.
Recordo-me
de um passeio dominical que fizemos a um parque de diversões, instalado na
Avenida Engenheiro Roberto Freire, ao lado do Hiper Bompreço. No local o que
mais lhe chamou atenção foram uns carrinhos que giravam... giravam (tipo
carrossel) sobre trilhos, fiz tudo para que ela desistisse do brinquedo, mas
foi em vão. Preocupado, não podia deixá-la ir sozinha naquela empreitada e
resolvi acompanhá-la. Fiquei tonto, tudo girava ao meu redor. Senti ânsias de
vômito – mas, não larguei a mão dela. Letícia não percebeu e pude notar com os
olhos marejados que ela se divertia bastante. Foi o suficiente para que meu
mal-estar passasse. Cumpri fielmente os meus deveres de avô!
Nenhum comentário:
Postar um comentário