Quo Vadis?
Por: Augusto Coelho
Leal, sócio efetivo do IHGRN
Não
lembro bem o ano, mas acho que era 2014, mês de outubro, domingo dia
cinco. A minha memória está meio confusa,
pois já faz algum tempo e eu estava em um lugar em que o povo era mais confuso
que minha memória.
Tentava sair daquele lugar, pois não entendia bem o que o
povo queria. Peguei as minhas malas, entrei no meu carro, rumo a uma longa
estrada, sem destino certo. De repente, nada mais que de repente, surge uma
nuvem escura na frente do para brisa. Freei forte, escuto um forte trovão, e
uma voz perguntando – quo vadis?
-
Covarde? Covarde uma ova, quem és tu para me agredir assim?
-
Calma filho. Estás assustado? Eu perguntei aonde vais?
-
Sei lá para onde vou, vou sair deste lugar. Lugar de povo confuso, sem amor próprio,
que gosta de viver sobre o cabresto de uma minoria. Apanhando e achando bom.
-
Ouça com atenção filho. Hoje é dia das eleições, você não vai escolher os seus
representantes legais junto ao Congresso Nacional? O presidente da República? O
governador do seu Estado, juntamente com os deputados estaduais?
-
Peraí. Primeiro Dona Voz me diga quem és
tu? Segundo, não sou o Altemar Dutra, mas que queres tu de mim?
-
Sou sua consciência, quero que volte e vá votar. Escolha seus candidatos, pois
votando você está exercendo o seu direito como cidadão de escolher o destino do
seu Estado, do seu País.
-
Ah! Ta, quer dizer que uma andorinha só vai fazer verão. Eu com meu voto vou
concertar essa bandalheira que aí está. Vou colocar essa corja de ladrões que
aí está na cadeia, ah, ta entendi.
-
Não foi bem isso que eu quis lhe dizer, mas aproveitando, se todos votarem em
pessoas dignas certamente as coisas vão mudar.
-
Olha Dona Voz, “derna do tempo que King Kong era saguim” que escuto esta
história. E sabe por que não quero votar? Porque não vi mudar “nadica de nada.”
A senhora entendeu bem? E outra coisa, ta pensando que o povo sabe votar?
Nunca. Estou vendo um partido há doze anos no poder, falando em mudanças e o
povo aceitando, vivendo de esmolas e achando bom. Muitas pessoas ditas
esclarecidas me perguntam - estamos vivendo um período longo de estiagem, você
está vendo alguma invasão em alguma cidade? O povo agora tem pelo menos
“dinheiro” para comer - dizem. Quando pergunto quanto o governo federal
investiu para amenizar este problema, ninguém me responde nada. A tática é
manter o povo sobre cabresto, e por isto a roubalheira está solta neste país, e
o Zé Povo achando uma beleza, todos fazem festa com a Bolsa Família e outros
engodos.
Ouço
gente que estudou, nível superior, que sabe lê muito bem, escrever melhor ainda,
dizendo que não vota em tal candidata, porque é feia, magricela e nunca exerceu
cargo no executivo. Pode? Dona Voz me poupe. Eleição não é concurso de beleza,
ou é? E quanto ao segundo argumento, quantos bons governadores foram antes
somente deputados ou senadores? Ou mesmo nada disto? E tem mais. A senhora não
está vendo famílias aqui e nesse Brasil afora, querendo se perpetuar no poder? Acha isto normal? Temos
que nos sujeitarmos a isto? Olha Dona Voz o poeta canta
“O
povo foge da ignorância apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores tempos idos, contemplam essa vida numa cela
Esperam nova possibilidade de verem esse mundo se acabar
A arca de Noé, o dirigível, não voam nem se pode flutuar
E sonham com melhores tempos idos, contemplam essa vida numa cela
Esperam nova possibilidade de verem esse mundo se acabar
A arca de Noé, o dirigível, não voam nem se pode flutuar
Ê,
ô ô, vida de gado, povo marcado, ê, povo feliz.”
É isso Dona Voz, “povo marcado, é, povo feliz. Analise
bem esse final.
E sabe de uma coisa? Estou de saco cheio, e já sei para
onde eu vou. Eu vou para Maracangalha, se Alzira não quiser ir eu vou só. Tchau.
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