Neste domingo estou retornando com a página dedicada à cultura poética.
Mote de Sebastião Siqueira (Beijo)
Dedé Monteiro
(NA ÍNTEGRA)
Nunca pensei na velhice,
Mas a danada chegou…
E o seu fantasma me disse
Que o tempo bom acabou.
E o mesmo tempo, sisudo,
Me quis despojar de tudo,
Desmoronando os meus planos.
E, pra maior pesadelo,
Jesus pintou meu cabelo
Co’a tinta branca dos anos.
Mas a danada chegou…
E o seu fantasma me disse
Que o tempo bom acabou.
E o mesmo tempo, sisudo,
Me quis despojar de tudo,
Desmoronando os meus planos.
E, pra maior pesadelo,
Jesus pintou meu cabelo
Co’a tinta branca dos anos.
O tempo passa veloz,
Deixando tudo em desgraça.
Nós nem pensamos em nós
Tão veloz o tempo passa.
Eu mesmo, em mim, só pensei
Depois que velho fiquei,
Depois de mil desenganos…
Já não represento nada,
Tendo a cabeça pintada
Co’a tinta branca dos anos.
Deixando tudo em desgraça.
Nós nem pensamos em nós
Tão veloz o tempo passa.
Eu mesmo, em mim, só pensei
Depois que velho fiquei,
Depois de mil desenganos…
Já não represento nada,
Tendo a cabeça pintada
Co’a tinta branca dos anos.
Tudo na vida se acaba…
A mocidade, também.
A juventude se acaba
Quando a caduquice vem.
Sinto que a morte me afronta
E que a consciência conta
O meu tempo entre os humanos.
Vejo os meus dias contados
Nos meus cabelos pintados
Co’a tinta branca dos anos.
A mocidade, também.
A juventude se acaba
Quando a caduquice vem.
Sinto que a morte me afronta
E que a consciência conta
O meu tempo entre os humanos.
Vejo os meus dias contados
Nos meus cabelos pintados
Co’a tinta branca dos anos.
A tinta que o tempo bota
Sobre a cabeça da gente
É d’uma que não desbota,
Permanece eternamente.
Tem gente que compra tinta,
Mete na cabeça e pinta,
Só pra nos causar enganos…
Mas é besteira do povo.
Depois sai cabelo novo
Co’a tinta branca dos anos.
Tabira/1970
Sobre a cabeça da gente
É d’uma que não desbota,
Permanece eternamente.
Tem gente que compra tinta,
Mete na cabeça e pinta,
Só pra nos causar enganos…
Mas é besteira do povo.
Depois sai cabelo novo
Co’a tinta branca dos anos.
Tabira/1970
* * *
SETE ELEGIAS DE UM ANO FINDO
1
vestida de azul levaram a
infanta
e a sua casa ficou vazia
2
A luiz maranhão
filho, mártir do povo:
sob o peso da noite
e do vinho amargo
bati à porta da treva
e gritei o teu nome
mas nada ouvi senão ecos
a fulminar
a memória
3
dois olhos vazios
bebem sonolentos
as águas do rio
entre eles a ponte
recolhe o choro inútil
da argila molhada
4
noite
noite fria
o vento traz a lembrança
da poeira pisada
e do estrume dos currais
a lua e o vento
brincam na rua deserta
e o som do chocalho
desmaia
nas cinzas do passado
5
alguém chora
mas não há lágrimas
exceto vagalumes
náufragos aéreos
que espalham à deriva
luzes
do éden perdido
6
há um abismo doce
nesses beirais que falam
da chuva que veio do mar
e que esqueceu
a velha paixão]
do sal abandonado
no leito secreto
dos amores soterrados
7
não voltarão mais
essas águas que passaram
levando no asfalto
folhas caídas
das sete colinas de lisboa
no último dia do ano findo
mas a passar vejo-as ainda
pois na eternidade nada finda
(Horácio Paiva –
Lisboa, 31/12/2013)
* * *
ARCHOTES
Ciro
José Tavares
Antes da hora acenderei
candelabros das salas sem ninguém,
no frágil lume das velas do oratório honrarei meus
santos.
Nos quintais da casa
arruinada farei queimar candeias,
abrir a cortina do tempo,
redescobrir caminhos
e neles como filho pródigo
me encontrarei.
Durante a derradeira hora
entre músicas, gritos,
repicar de sinos, céu coberto de fogos de
artifício,
terei meus olhos outonais
iluminados pela nova aurora
e no coração acenderei
minhas palavras para falar de amor.
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