POSTURAS INCOERENTES
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes
O noticiário
da imprensa me impulsionou a tratar do assunto da demolição do Hotel
Internacional dos Reis Magos e os defensores do patrimônio público.
Realmente
não sei explicar o critério adotado pelos ‘defensores’ quando abraçam um prédio
cujas linhas arquitetônicas não têm características singulares, esteticamente
sem expressar uma beleza defensável e que esteve em descaso durante muitos
anos, sem qualquer grito de quem quer que seja.
A estrutura
destruída pela maresia ensejaria uma pequena fortuna para sua reconstrução,
pois reparação é pouco diante de tanto estrago, além do fato de que os seus
espaços estão superados pelas exigências da atividade moderna.
Não faz
muito tempo que alguns poucos abnegados – e bote pouco nisso – tentaram o
tombamento do Estádio Machadão que, ao reverso do hotel, estava sendo
utilizado, tinha linhas arquitetônicas arrojadas, construiu uma história de rara
beleza e foi apontado até como “poema de concreto armado”. Contudo forças “ocultas”
fincaram pé pela sua demolição, quando existiam outras opções de construção da
Arena das Dunas em outro local mais adequado, com gasto menor e sem comprometer
a mobilidade urbana, já precária naquele local.
O ato de abraçar o Machadão foi
simplesmente melancólico, pois a sociedade não apoiou, os ‘defensores’ do
patrimônio público não apareceram e a obra foi destruída.
Precisamos
ter uma linha de conduta sem cinismo e dar a Cesar o que é de Cesar e a Deus o
que é de Deus.
Estou ao
lado do magistrado Airton Pinheiro pela sua coragem e coerência, voltado
unicamente para o bem da cidade.
Ainda na
linha da defesa da nossa cidade, também estou plenamente ao lado do Juiz
Federal Magnus Delgado quando determinou a interdição da praia de Areia Preta.
Pode até
parecer uma atitude forte demais, contra a qual já existem movimentos em
contrário, mas é preciso analisar que a omissão do poder público e o descaso
dos ecologistas já se estendem por muitos anos (o processo data de 1991), posto
que a decisão decorrente da ação contra os esgotos clandestinos construídos
pelos especuladores imobiliários nunca foi cumprida e agora chegou a hora de se
respeitar o cidadão natalense. Está certo o Juiz – é agora ou nunca.
Em ambos os
casos espero que as instâncias superiores examinem as questões sem se incomodar
com as pressões externas e vejam somente o que é melhor para a cidade de Natal.
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