CRÔNICA DE
Rinaldo Barros
O que fazer...de nossas vidas?
Você já parou para pensar no que significa a
palavra "progresso"? E “prosperidade”?
Pense mais um pouco, pois as palavras têm força:
desenvolvimento, avanço, melhoria, evolução, expansão, ampliação, riqueza,
fartura, abundância, qualidade de vida, civilização, trabalho, saúde, educação,
informatização, cidades limpas, pontes, estradas, indústrias e muitas outras
coisas, que ainda estão por vir e que não conseguimos sequer imaginar.
Agora pense um pouquinho mais: será que tudo isso
de bom não tem um preço?
Será que para ter toda essa facilidade de vida nós
não pagaremos nada?
A sabedoria popular ensina que para tudo na vida
existe um preço. Pois é, nesse caso não é diferente.
O atual modelo hegemônico de crescimento econômico,
globalizado, gerou enormes desequilíbrios. Se, por um lado, nunca houve tanta
riqueza no mundo, por outro lado, a miséria, a violência, a degradação
ambiental, a poluição e a barbárie aumentam geometricamente dia-a-dia.
Em contraponto, é totalmente viável a idéia do
Desenvolvimento Sustentável (DS), buscando conciliar o desenvolvimento
econômico e tecnológico com a preservação ambiental e com a redução da pobreza
no mundo. Construindo o progresso, a prosperidade, a civilização.
Os estudiosos do Desenvolvimento Sustentável (DS),
o definem como: equilíbrio entre o desenvolvimento tecnológico, o aumento da
produtividade, e o respeito à Natureza, tendo como centro os diversos grupos
sociais, na busca da eqüidade social.
Alerto para o fato de que o conceito de “eqüidade”
é mais realista do que o de “justiça”, pois o primeiro recomenda tratar
desigualmente os desiguais.
A meu ver, e acho que o caro leitor concorda,
tratar a todos igualitariamente é injusto.
Para alcançarmos o DS, a proteção da Natureza tem
que ser entendida como parte integrante do processo de desenvolvimento, e não
pode ser considerada isoladamente. É aqui que entra uma questão primordial: a
diferença entrecrescimento e desenvolvimento.
A diferença é que o crescimento não
conduz nem à justiça nem à eqüidade social, pois não leva em consideração
nenhum outro aspecto a não ser o acúmulo de riquezas nas mãos de uma minoria.
O desenvolvimento, por sua vez,
preocupa-se com a geração de riquezas sim, mas tem o objetivo de distribuí-las
eqüitativamente, de melhorar a qualidade de vida de toda a população, de gerar
prosperidade.
Ou seja, desenvolver com sustentabilidade é
conquistar: 1) a satisfação das necessidades básicas da população (habitação,
alimentação, segurança, saúde, educação e lazer); 2) a solidariedade para com
as gerações futuras, de modo que elas usufruam de igualdade de oportunidades,
que tenham chance de viver melhor no médio e longo prazo; 3) a preservação da
identidade histórico-cultural de cada povo; 4) a participação democrática da
população de cada comunidade envolvida e; 5) redução da poluição e preservação
da diversidade dos recursos naturais: água limpa, oxigênio, fauna e flora.
Para tanto, o olhar da Ciência para essa questão deve
ser político (com “P” maiúsculo), e exige uma abordagem teórica informada pela
visão pragmática, considerando o Ser Humano como centro da vida no planeta.
Todavia, na luta para chegar ao DS, no atual
momento histórico, é preciso utilizar a arma do voto com essa perspectiva,
refletindo seriamente sobre uma questão fundamental: quem, de verdade, pela sua
história de vida, reúne melhores condições, experiência e competência, para
administrar como uma ponte para o futuro?
Se a política faz parte da nossa vida e está
presente em todas as relações sociais, porque a participação do cidadão comum
nesse processo ainda é tão limitada?
A única saída é acordar, sair da inércia e
enfrentar o grande desafio de assegurar a participação política da população,
pois, só através do exercício consciente da cidadania teremos possibilidades de
questionar o modelo excludente da nossa sociedade, na busca de soluções.
Resumo da ópera: agora em 2014, o caro leitor vai
ter a rara oportunidade de decidir, com a força do seu voto, sobre qual herança
deseja deixar para os seus filhos e netos.
(*) Rinaldo Barros é professor – rb@opiniaopolitica.com
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