GRITOS NO DESERTO - agora GRITOS DAS RUAS
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES
Durante alguns meses algumas pessoas alimentaram o meu blog com protestos contra os gastos supérfluos do poder público, sem maior repercussão entre os natalenses, que sempre assistiram de camarote a banda passar.
Hoje, com a concretização das nossas advertências, chega o clamor, e aquilo que representou "gritos no deserto" agora se transforma em "gritos das ruas" com pompas e trombetas, que assanham a paz pública, mas revelam, até que enfim, que o povo acordou.
Transcrevemos alguns trechos de artigos e comentários que então divulgamos, para avivar a memória adormecida de parte dos nossos cidadãos . Parece até que foi ontem!
"CONTINUAM ESQUECENDO DO POVO*
De quando em vez tenho ocupado os leitores com algumas reclamações devidas ao
descaso com que o Poder Público, Estado e Município de Natal têm tratado o
cidadão, sem qualquer resultado positivo. O ano passado, escrevi artigos com o
título “Esqueceram do Povo”, “A mentira tem pernas curtas” e outros. E
daí!!!!!! Não deu em nada!
Posso até arriscar dizer que o produto mais valorizado entre nós é “A MENTIRA”,
pois qualquer Secretário de Governo que seja entrevistado sobre os reclamos do
povo, sempre tem um discurso preparado para as justificativas mais deslavadas e
garantindo solução em determinado prazo. Vencido este, quando a imprensa
retorna à cobrança, novo discurso já está preparado.
... e o
povo sofrendo, corredores de hospitais superlotados, falta de remédios básicos,
escolas em péssimo estado de conservação, greves de professores no início do
ano letivo, ITEP com cadáveres ao ar livre ...
Enquanto isso, os nossos formidáveis parlamentares continuam disputando cargos,
apadrinhamentos, negociatas de mandatos, infidelidade partidária, gastos
vergonhosos entre eles, a imprensa publicou que um Vereador custa mensalmente
cerca de R$ 52.000,00, mas o salário-mínimo é de R$ 545,00 - vergonha,
vergonha, vergonha.
A Prefeita, em sua mensagem do exercício confessou que esqueceu de colocar
dotação para o setor cultural. Enquanto isso o Governo Federal já nos mandou
Fernandinho o Beira-mar. A refinaria não veio, o aeroporto de São Gonçalo do
Amarante está na fase do blá, blá, blá, mas o Ministro Orlando Silva afirma que
Natal está dentro do cronograma para a Copa do Mundo de 2014.
... Derrubem logo a m. do Machadão e deixem o buraco aberto para enterrar esse lixo
fenomenal que existe na administração pública e guardem espaço para alguns
negociantes oportunistas que só enxergam $$$$$$, mas não investem nada dos seus
bolsos.
E as operações - isso ou aquilo viraram “Operação Tartaruga” – “Roda, roda e
vira, solta a roda e vem. Me passaram a mão na bunda e ainda não comi ninguém
... “ (Mamonas assassinas)."
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*CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES – advogado natalense
sábado, 26 de fevereiro de
2011
"A conta sairá mais cara:
Chega de mentiras. Se todos querem continuar cegos, como cidadão e urbanista,
tentarei restaurar a verdade, como alerta ao povo desta cidade. A sociedade
civil precisa saber quanto lhe custará esse “legado” que a CBF/FIFA promete, em
nome da Copa 2014, contando com a conivência leviana, ou negligência, dos
poderes públicos e da maioria das instituições civis locais.
Primeiramente, por que Natal é obrigada a demolir uma creche, um estádio e um
ginásio, todos funcionando, para construir, no mesmo local, uma arena de luxo,
quando poderia construí-la em outro espaço mais adequado, barateando custos e
poupando tempo, e ainda evitando o insuportável impacto ambiental? A resposta é
obvia, mas ninguém quer ouvi-la, ficando a sociedade à mercê de interesses
inconfessáveis, sem ninguém para defendê-la.
Em rápida análise contábil podemos deduzir o seguinte: A PMN deu de mão beijada
ao Estado, o Machadão e o Machadinho, mais um terreno de 17 hectares que podem
ser estimados em mais de R$480 milhões, portanto a cidade começa contabilizando
um saldo negativo maior do que a arena que pretendem construir no local.
Nessa orgia irracional, o Governo, ferindo o princípio da razoabilidade e da
proporcionalidade, admite investir na referida arena, a importância de R$ 400
milhões, por meio de uma PPP, na qual o Parceiro Privado recebe do BNDES um
empréstimo vantajoso para ser pago em 20 anos, sendo o Estado fiador, dando em
garantia imóveis subavaliados em R$370 milhões, valendo mais do dobro, além de
um “colchão financeiro” de R$70 milhões, para o empresário construir a arena
ficando com a concessão de sua exploração comercial, e sua manutenção e
conservação durante o prazo citado.
O Parceiro Privado pagaria o empréstimo com o “apurado da receita imaginária”,
além de uma contrapartida do Governo, equivalente a uma prestação mensal, até a
quitação do imóvel, que, ao final passaria a seu domínio, consequentemente,
tornando-se o Estado, uma espécie de empresário de show business, ou pastorador
de um “Elefante Branco”.
Ora, o Estado, “quebrado”, não tem como pagar ao Parceiro Privado, e, sabendo
este que não terá as receitas dos grandes espetáculos internacionais, vai ter
que lançar mão do Fundo Garantidor Imobiliário que poderá lhe render até R$ 4
mil por m2, dependendo do potencial construtivo de cada área, face à generosa
permissibilidade do Plano Diretor da cidade.
Aí poderá estar a grande “sacada”: somando-se o esbanjamento dos patrimônios de
Natal e do Estado, pode-se chegar ao astronômico saldo negativo (desperdício)
de R$ 1,5 bilhões, valor que, se aplicado racionalmente, mudaria a cara da
cidade; todo esse prejuízo justificado como geratriz de uma “visibilidade” em
todas as telas do mundo, de 10 mil empregos provisórios por três anos, e ainda,
de quebra, três jogos de menor importância, num período de 15 dias, para a
FIFA/CBF e seus parceiros se locupletarem da nossa pobreza..
O TCU prevê um estouro significativo nas obras da Copa, (em todo o Brasil) com
grandes riscos de aditivos contratuais, sobrepreço, (sic) contratos
emergenciais e aportes desnecessários de recursos federais, a exemplo das obras
do Pan Rio 2007, estimando-se para Natal o investimento de R$ 983 milhões
(Diário de Natal, 11/02/2011). Será que vem de presente?
Mesmo a fundo perdido, esse “legado” ainda seria inferior à espoliação dos
nossos bens, podendo ainda ser agravado o desequilíbrio custo/benefício
decorrente da hipótese de superfaturamento levantada pelo TCU.
Até aqui se sabe que a prefeita tomou um empréstimo de R$ 370 milhões para
infra-estrutura, apelidada de “Mobilidade Urbana”. Como os supostos projetos
são guardados em caixa preta, pergunta-se: essa mobilidade urbana, seria um
sistema interativo das atividades urbanas básicas, habitação,trabalho,
transporte. Lazer, natureza, de forma sustentável abrangente a toda área
intra-urbana e metropolitana, ou, serão apenas intervenções pontuais no
percurso, turista, aeroporto,arena, rede hoteleira, para iludir o visitante,
jogando o lixo pra debaixo do tapete, continuando a cidade esburacada e
abandonada como sempre?
Com tantas variáveis ocultas cavilosamente, corremos o risco de ficar sem
patrimônio, sem copa, com uma dívida impagável, e com a sonhada “visibilidade”
pichada, cabendo assim a pergunta, será que esse despautério compensa?"
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No domingo, 27 de fevereiro de
2011, reproduzimos Carta recebida do
escritor Ciro Tavares e endereçada ao meu irmão MOACYR GOMES DA COSTA, a
propósito do artigo publicado, ontem, neste mesmo blog.
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Brasília, 26 de fevereiro de 2011.
Brasília, 26 de fevereiro de 2011.
Caríssimo Moacir:
Assustaram-me suas palavras, hoje, postadas no blog do seu irmão Carlos
Roberto. Afinal, o que se passa com os nossos conterrâneos? Estão adormecidos?
Bêbados de absinto, fascinados diante de sonhos que não vemos? Confesso
abertamente o meu medo, a preocupação com o futuro da cidade e o amanhã do
Estado. O Rio Grande do Norte não é rico e o ensandecido poder Público articula
a própria quebra, que encherá seus filhos de vergonha.
Há muito estou fora do Estado, ainda que, esporadicamente, retorne para
reencontrar os amigos que não esquecemos. Ando pelas nossas ruas e perplexo
vejo a falência do urbanismo. A Ribeira, dos valentes e inesquecíveis
canguleiros, abandonada, a Cidade Alta, que prefiro chamar de Ribeira do Alto,
num flagrante processo de decomposição ambiental e o Alecrim, dia após dia,
ingressando no túnel do esquecimento.
Afinal, o que se passa com a nossa sociedade, outrora tão ciosa dos deveres e
incrivelmente atenta aos problemas? A mídia nativa sedenta de notícias
escandalosas, estampando manchetes de oito colunas para registrar crimes e
desgraças, está silenciosa e demorando na abordagem corajosa da onírica
construção da Arena das dunas, destinada a ser, e você diz bem, um elefante
branco. Basta refletir sobre o atual estádio, num passado recente chamado de
poema de concreto armado. O descaso administrativo permitiu que seus espaços
ociosos não fossem aproveitados com projetos socais para beneficiar
determinados setores da comunidade, a exemplo do que foi feito com os CIEPS, no
Rio de Janeiro, no Governo Brizola, e à semelhança do Programa Segundo Tempo,
do Ministério do Esporte. Iniciativas desse porte certamente facilitariam a
injeção de recursos, além dos provenientes dos paupérrimos eventos esportivos
que muito pouco ou quase nada ajudam para garantir a boa manutenção da
estrutura física, hoje deteriorada e apresentando problemas Não sou especialista
no assunto, mas creio que a negligência pode ter provocado danos irreparáveis
ou, pelo menos, a custos consideráveis. E agora toquemos um tango argentino
diante das promessas mirabolantes. Você falou dos valores olhando o templo
tupiniquim do rei Salomão, sonhado pela municipal e pretensiosa rainha de Sabá
que não dispõe do ouro de Ofir para fazê-lo. E as obras complementares na
infraestrutura da urbe, das maiores como o aeroporto às menores, como o
equacionamento de ruas e avenidas para melhorar a circulação de veículos e
minorar o trânsito caótico? Que nos digam o valor final dessa gastança.
Arquivei seu comentário o que todos de bom senso deveriam fazer para juntos,
amanhã, cobrarmos o preço da irresponsabilidade.
Receba o forte abraço do
Ciro José Tavares.
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Ontem, 20 de junho de 2013, o Brasil assistiu a colossal movimentação do povo na busca rumos novos, mas os bandidos estavam infiltrados e não foi possível separar o joio do trigo.
Constata-se, assim, que a Polícia ainda não está preparada para enfrentar essas iniciativas, sem contingente suficiente e inteligência sem o instrumental necessário para fazer a triagem entre o bem e o mal.
Podemos comemorar o grito de independência. As bandeiras partidárias quiseram se aproveitar do instante, mas foram afastadas.
No próximo ano acreditamos que a campanha vai ser diferente!
Vamos aperfeiçoar o movimento e colocar os vândalos na lata do lixo.
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