sexta-feira, 21 de junho de 2013


GRITOS NO DESERTO - agora GRITOS DAS RUAS
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES


Durante alguns meses algumas pessoas alimentaram o meu blog com protestos contra os gastos supérfluos do poder público, sem maior repercussão entre os natalenses, que sempre assistiram de camarote a banda passar.
Hoje, com a concretização das nossas advertências, chega o clamor, e aquilo que representou "gritos no deserto" agora se transforma em "gritos das ruas" com pompas e trombetas, que assanham a paz pública, mas revelam, até que enfim, que o povo acordou.
Transcrevemos alguns trechos de artigos e comentários que então divulgamos, para avivar a memória adormecida de parte dos nossos cidadãos . Parece até que foi ontem!


"CONTINUAM ESQUECENDO DO POVO*
De quando em vez tenho ocupado os leitores com algumas reclamações devidas ao descaso com que o Poder Público, Estado e Município de Natal têm tratado o cidadão, sem qualquer resultado positivo. O ano passado, escrevi artigos com o título “Esqueceram do Povo”, “A mentira tem pernas curtas” e outros. E daí!!!!!! Não deu em nada!
Posso até arriscar dizer que o produto mais valorizado entre nós é “A MENTIRA”, pois qualquer Secretário de Governo que seja entrevistado sobre os reclamos do povo, sempre tem um discurso preparado para as justificativas mais deslavadas e garantindo solução em determinado prazo. Vencido este, quando a imprensa retorna à cobrança, novo discurso já está preparado.
... e o povo sofrendo, corredores de hospitais superlotados, falta de remédios básicos, escolas em péssimo estado de conservação, greves de professores no início do ano letivo, ITEP com cadáveres ao ar livre ...
Enquanto isso, os nossos formidáveis parlamentares continuam disputando cargos, apadrinhamentos, negociatas de mandatos, infidelidade partidária, gastos vergonhosos entre eles, a imprensa publicou que um Vereador custa mensalmente cerca de R$ 52.000,00, mas o salário-mínimo é de R$ 545,00 - vergonha, vergonha, vergonha.
A Prefeita, em sua mensagem do exercício confessou que esqueceu de colocar dotação para o setor cultural. Enquanto isso o Governo Federal já nos mandou Fernandinho o Beira-mar. A refinaria não veio, o aeroporto de São Gonçalo do Amarante está na fase do blá, blá, blá, mas o Ministro Orlando Silva afirma que Natal está dentro do cronograma para a Copa do Mundo de 2014. 
... Derrubem logo a m. do Machadão e deixem o buraco aberto para enterrar esse lixo fenomenal que existe na administração pública e guardem espaço para alguns negociantes oportunistas que só enxergam $$$$$$, mas não investem nada dos seus bolsos.
E as operações - isso ou aquilo viraram “Operação Tartaruga” – “Roda, roda e vira, solta a roda e vem. Me passaram a mão na bunda e ainda não comi ninguém ... “ (Mamonas assassinas)." 
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*CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES – advogado natalense

sábado, 26 de fevereiro de 2011

No mesmo tom, publicamos artigo do arquiteto Moacyr Gomes da Costa, sob o título

"A conta sairá mais cara:
Chega de mentiras. Se todos querem continuar cegos, como cidadão e urbanista, tentarei restaurar a verdade, como alerta ao povo desta cidade. A sociedade civil precisa saber quanto lhe custará esse “legado” que a CBF/FIFA promete, em nome da Copa 2014, contando com a conivência leviana, ou negligência, dos poderes públicos e da maioria das instituições civis locais.
Primeiramente, por que Natal é obrigada a demolir uma creche, um estádio e um ginásio, todos funcionando, para construir, no mesmo local, uma arena de luxo, quando poderia construí-la em outro espaço mais adequado, barateando custos e poupando tempo, e ainda evitando o insuportável impacto ambiental? A resposta é obvia, mas ninguém quer ouvi-la, ficando a sociedade à mercê de interesses inconfessáveis, sem ninguém para defendê-la.
Em rápida análise contábil podemos deduzir o seguinte: A PMN deu de mão beijada ao Estado, o Machadão e o Machadinho, mais um terreno de 17 hectares que podem ser estimados em mais de R$480 milhões, portanto a cidade começa contabilizando um saldo negativo maior do que a arena que pretendem construir no local. 
Nessa orgia irracional, o Governo, ferindo o princípio da razoabilidade e da proporcionalidade, admite investir na referida arena, a importância de R$ 400 milhões, por meio de uma PPP, na qual o Parceiro Privado recebe do BNDES um empréstimo vantajoso para ser pago em 20 anos, sendo o Estado fiador, dando em garantia imóveis subavaliados em R$370 milhões, valendo mais do dobro, além de um “colchão financeiro” de R$70 milhões, para o empresário construir a arena ficando com a concessão de sua exploração comercial, e sua manutenção e conservação durante o prazo citado.
O Parceiro Privado pagaria o empréstimo com o “apurado da receita imaginária”, além de uma contrapartida do Governo, equivalente a uma prestação mensal, até a quitação do imóvel, que, ao final passaria a seu domínio, consequentemente, tornando-se o Estado, uma espécie de empresário de show business, ou pastorador de um “Elefante Branco”.
Ora, o Estado, “quebrado”, não tem como pagar ao Parceiro Privado, e, sabendo este que não terá as receitas dos grandes espetáculos internacionais, vai ter que lançar mão do Fundo Garantidor Imobiliário que poderá lhe render até R$ 4 mil por m2, dependendo do potencial construtivo de cada área, face à generosa permissibilidade do Plano Diretor da cidade.
Aí poderá estar a grande “sacada”: somando-se o esbanjamento dos patrimônios de Natal e do Estado, pode-se chegar ao astronômico saldo negativo (desperdício) de R$ 1,5 bilhões, valor que, se aplicado racionalmente, mudaria a cara da cidade; todo esse prejuízo justificado como geratriz de uma “visibilidade” em todas as telas do mundo, de 10 mil empregos provisórios por três anos, e ainda, de quebra, três jogos de menor importância, num período de 15 dias, para a FIFA/CBF e seus parceiros se locupletarem da nossa pobreza..
O TCU prevê um estouro significativo nas obras da Copa, (em todo o Brasil) com grandes riscos de aditivos contratuais, sobrepreço, (sic) contratos emergenciais e aportes desnecessários de recursos federais, a exemplo das obras do Pan Rio 2007, estimando-se para Natal o investimento de R$ 983 milhões (Diário de Natal, 11/02/2011). Será que vem de presente?
Mesmo a fundo perdido, esse “legado” ainda seria inferior à espoliação dos nossos bens, podendo ainda ser agravado o desequilíbrio custo/benefício decorrente da hipótese de superfaturamento levantada pelo TCU. 
Até aqui se sabe que a prefeita tomou um empréstimo de R$ 370 milhões para infra-estrutura, apelidada de “Mobilidade Urbana”. Como os supostos projetos são guardados em caixa preta, pergunta-se: essa mobilidade urbana, seria um sistema interativo das atividades urbanas básicas, habitação,trabalho, transporte. Lazer, natureza, de forma sustentável abrangente a toda área intra-urbana e metropolitana, ou, serão apenas intervenções pontuais no percurso, turista, aeroporto,arena, rede hoteleira, para iludir o visitante, jogando o lixo pra debaixo do tapete, continuando a cidade esburacada e abandonada como sempre?
Com tantas variáveis ocultas cavilosamente, corremos o risco de ficar sem patrimônio, sem copa, com uma dívida impagável, e com a sonhada “visibilidade” pichada, cabendo assim a pergunta, será que esse despautério compensa?" 
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No domingo, 27 de fevereiro de 2011, reproduzimos Carta recebida do escritor Ciro Tavares e endereçada ao meu irmão MOACYR GOMES DA COSTA, a propósito do artigo publicado, ontem, neste mesmo blog.
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Brasília, 26 de fevereiro de 2011.


Caríssimo Moacir:
Assustaram-me suas palavras, hoje, postadas no blog do seu irmão Carlos Roberto. Afinal, o que se passa com os nossos conterrâneos? Estão adormecidos? Bêbados de absinto, fascinados diante de sonhos que não vemos? Confesso abertamente o meu medo, a preocupação com o futuro da cidade e o amanhã do Estado. O Rio Grande do Norte não é rico e o ensandecido poder Público articula a própria quebra, que encherá seus filhos de vergonha.
Há muito estou fora do Estado, ainda que, esporadicamente, retorne para reencontrar os amigos que não esquecemos. Ando pelas nossas ruas e perplexo vejo a falência do urbanismo. A Ribeira, dos valentes e inesquecíveis canguleiros, abandonada, a Cidade Alta, que prefiro chamar de Ribeira do Alto, num flagrante processo de decomposição ambiental e o Alecrim, dia após dia, ingressando no túnel do esquecimento.
Afinal, o que se passa com a nossa sociedade, outrora tão ciosa dos deveres e incrivelmente atenta aos problemas? A mídia nativa sedenta de notícias escandalosas, estampando manchetes de oito colunas para registrar crimes e desgraças, está silenciosa e demorando na abordagem corajosa da onírica construção da Arena das dunas, destinada a ser, e você diz bem, um elefante branco. Basta refletir sobre o atual estádio, num passado recente chamado de poema de concreto armado. O descaso administrativo permitiu que seus espaços ociosos não fossem aproveitados com projetos socais para beneficiar determinados setores da comunidade, a exemplo do que foi feito com os CIEPS, no Rio de Janeiro, no Governo Brizola, e à semelhança do Programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte. Iniciativas desse porte certamente facilitariam a injeção de recursos, além dos provenientes dos paupérrimos eventos esportivos que muito pouco ou quase nada ajudam para garantir a boa manutenção da estrutura física, hoje deteriorada e apresentando problemas Não sou especialista no assunto, mas creio que a negligência pode ter provocado danos irreparáveis ou, pelo menos, a custos consideráveis. E agora toquemos um tango argentino diante das promessas mirabolantes. Você falou dos valores olhando o templo tupiniquim do rei Salomão, sonhado pela municipal e pretensiosa rainha de Sabá que não dispõe do ouro de Ofir para fazê-lo. E as obras complementares na infraestrutura da urbe, das maiores como o aeroporto às menores, como o equacionamento de ruas e avenidas para melhorar a circulação de veículos e minorar o trânsito caótico? Que nos digam o valor final dessa gastança. 
Arquivei seu comentário o que todos de bom senso deveriam fazer para juntos, amanhã, cobrarmos o preço da irresponsabilidade.
Receba o forte abraço do
Ciro José Tavares.
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Ontem, 20 de junho de 2013, o Brasil assistiu a colossal movimentação do povo na busca rumos novos, mas os bandidos estavam infiltrados e não foi possível separar o joio do trigo.
Constata-se, assim, que a Polícia ainda não está preparada para enfrentar essas iniciativas, sem contingente suficiente e inteligência sem o instrumental necessário para fazer a triagem entre o bem e o mal.
Podemos comemorar o grito de independência. As bandeiras partidárias quiseram se aproveitar do instante, mas foram afastadas.
No próximo ano acreditamos que a campanha vai ser diferente! 
Vamos aperfeiçoar o movimento e colocar os vândalos na lata do lixo.

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