CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES, escritor
A propósito das recentes manifestações do povo ocorridas em todos os recantos deste nosso Brasil, somos forçados da rememorar fatos e coisas que já vimos verberando neste modesto veículo de comunicação social, porquanto em muitas oportunidades não logramos publicação na imprensa escrita.
O nosso primeiro grito foi contra o descaso do poder público em deixar à margem o estudo das prioridades dos seus programas e projetos.
Aliás, desde o movimento de março de 1964 vemos a falta de visão em cortar, em primeira ordem, o trabalho desenvolvido num projeto pioneiro, premiado por organismo internacional, de alfabetização de adultos e dos mais carentes, com ensino regular e oficinas de cultura - dança, teatro e canto, com a distribuição de merenda e assistência voluntária de profissionais e estudantes das áreas de saúde e social. O "perigo" alegado foi o de comunização.
Essa descontinuidade apenas gerou o prolongamento da ignorância, a pobreza cultural e o desencanto pelo saber, cujos reflexos estamos assistindo nos dias presentes, quando vândalos se introduzem entre a mocidade bem intencionada para macular um movimento reinvindicatório de introdução, já atrasada, de uma gestão mais abrangente, verdadeira, ao encontro dos anseios da população.
Nossos governantes há muitos anos fazem chacota com os reclamos do povo, desviando as verbas para gastos supérfluos, exagerando na promoção das suas administrações, deixando à margem as questões fundamentais da educação, da saúde e da segurança.
A nossa educação está péssima pelo descaso na seleção de professores, pagamento aviltante e prédios sucateados; hospitais sem leitos, sem médicos, sem instrumentos necessários parao atendimento; segurança sem o efetivo compatível com a necessidade, com poucas armas, mal remunerada, sem estabelecimentos prisionais adequados e suficientes e até o ITEP sem poder abrigar os corpos que para lá são encaminhados, gerando uma situação sinistra.
Ao contrário da lógica, são gastos milhões em obras secundárias, como Arena das Dunas, que deixaria um lastro de outros equipamentos públicos como legado da Copa do Mundo, mas que em verdade não sai do papel.
A mobilidade urbana não se concretizou, embora seja possível a inauguração apressada e demagógica de alguma coisa, sempre no interesse de fachada e proselitismo político.
Boa parcela dos nossos políticos possui um patrimônio incompatível com os seus subsídios, bastando acompanhar as declarações de bens prestados à Justiça Eleitoral; os fichas-sujas continuam ocupando cargos de expressão em toda a estrutura administrativa brasileira.
Pensavam que o povo não se indignaria, porquanto sempre reconhecido como passivo e ordeiro. Ledo engano, agora a explosão de indignação, embora algumas pessoas e Partidos queiram se aproveitar do movimento para lograr algum dividendo.
Não diremos que a coisa está resolvida, mas conclamamos a todos à tarefa de uma reflexão urgente e profunda da situação, evitando que o País caia na anarquia e venha a ser vitimada por mais um golpe.
Os e-mails que circulam na rede social são comprometedores, perigosos e desestrutoradores. Nunca o Brasil precisou tanto da compreensão e do respeito para recompor os seus ideais e melhorar a sua qualidade de vida.
O governantes que se precatem - chegou a hora da seriedade no governar, no legislar e no julgamento das suas demandas.
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