segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013


CRÔNICA DE MANOEL ONOFRE JÚNIOR, 

NA GAZETA DO OESTE, DEDICADA A 

PEDRO SIMÕES NETO.


PEDRO SIMÕES NETO

MANOEL ONOFRE JÚNIOR, amigo sincero e 
presente na vida de Pedro Simões, fez publicar - 
na Gazeta do Oeste - a matéria, que faço 
transcrever na íntegra (Joventina Simões): 

"Na manhã da sexta-feira, 1º de fevereiro, o 
Rio Grande do Norte perdeu um dos seus 
intelectuais mais importantes. Pedro Simões 
se foi, após longa agonia, cerca de sete meses 
numa UTI, quase sempre lúcido, suportando, 
com resignação, sua pesada cruz. Escritor, 
advogado e professor, deixou obra significativa 
na Literatura e no Direito: numerosos livros, 
dentre estes: “A Intriga do Bem”, “A Quinta 
dos Pirilampos”, “De Quando Tudo Era Azul”, 
culminâncias da nossa memorialística, e 
“O Fabulário da Freguesia”, misto de ficção e 
memórias, “obra de alta expressão literária, de 
poderosa força vocabular”, no dizer com 
justeza do escritor Veríssimo de Melo. Mas, 
além do campo intelectual, Pedro Simões era 
homem de ação; grande animador cultural, 
fundou e dirigiu nos anos 80 a Nossa Editora, 
havendo lançado dezenas de livros de 
autores potiguares; ultimamente foi um dos 
fundadores da Academia Ceará-mirinense de 
Letras, com vistas à dinamização da vida 
literária em sua terra adotiva. 
Teve destacada participação na vida pública 
do Estado, como secretário de Segurança 
Pública e presidente do Ipern, ambos os cargos 
no Governo Geraldo Melo. Acompanhei, 
comovido, o seu calvário, embora não pudesse 
vê-lo, já que ele ficou, quase o tempo todo, 
internado na UTI, proibidas a visitas por 
ordem médica. Mas, um dia, quando retornou 
ao apartamento do hospital, 
pediu aos seus familiares que fosse eu o 
primeiro a visitá-lo. Encontrei-o, então, acamado, 
muito magro, lívido, a voz débil, mas, sem perder 
o senso de humor, 
saudou-me: - Manoel Onofre, o condestável da 
serra do Martins! 
Ri, sem jeito, e profundamente impressionado, 
disfarçando o meu assombro diante do seu 
estado, disse-lhe palavras de encorajamento. 
Infelizmente, não pudemos conversar. Tive, 
porém a satisfação de constatar que ele estava 
bem assistido, cercado pelo carinho dos 
familiares, à frente Jailza, a 
companheira de todos os dias. Ao deixá-lo, 
lembrei-me do que ele me dissera, tempos 
atrás: -  meu prazo de validade está vencido. 
Não demorou a voltar à UTI, e ali ficou entre a 
vida e a morte por mais alguns meses, tendo se 
submetido a nada menos de vinte cirurgias. E - 
pasmem - ainda encontrou alento para ditar as 
suas impressões do hospital, “escrevendo”, 
assim, o seu último livro."

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