CRÔNICA DE MANOEL ONOFRE JÚNIOR,
NA GAZETA DO OESTE, DEDICADA A
PEDRO SIMÕES NETO.
PEDRO SIMÕES NETO
MANOEL ONOFRE JÚNIOR, amigo sincero e
presente na vida de Pedro Simões, fez publicar -
na Gazeta do Oeste - a matéria, que faço
transcrever na íntegra (Joventina Simões):
na Gazeta do Oeste - a matéria, que faço
transcrever na íntegra (Joventina Simões):
"Na manhã da sexta-feira, 1º de fevereiro, o
Rio Grande do Norte perdeu um dos seus
intelectuais mais importantes. Pedro Simões
se foi, após longa agonia, cerca de sete meses
numa UTI, quase sempre lúcido, suportando,
com resignação, sua pesada cruz. Escritor,
advogado e professor, deixou obra significativa
na Literatura e no Direito: numerosos livros,
dentre estes: “A Intriga do Bem”, “A Quinta
dos Pirilampos”, “De Quando Tudo Era Azul”,
culminâncias da nossa memorialística, e
“O Fabulário da Freguesia”, misto de ficção e
memórias, “obra de alta expressão literária, de
poderosa força vocabular”, no dizer com
justeza do escritor Veríssimo de Melo. Mas,
além do campo intelectual, Pedro Simões era
homem de ação; grande animador cultural,
fundou e dirigiu nos anos 80 a Nossa Editora,
havendo lançado dezenas de livros de
autores potiguares; ultimamente foi um dos
fundadores da Academia Ceará-mirinense de
Letras, com vistas à dinamização da vida
literária em sua terra adotiva.
literária em sua terra adotiva.
Teve destacada participação na vida pública
do Estado, como secretário de Segurança
Pública e presidente do Ipern, ambos os cargos
no Governo Geraldo Melo. Acompanhei,
comovido, o seu calvário, embora não pudesse
vê-lo, já que ele ficou, quase o tempo todo,
internado na UTI, proibidas a visitas por
ordem médica. Mas, um dia, quando retornou
ao apartamento do hospital,
do Estado, como secretário de Segurança
Pública e presidente do Ipern, ambos os cargos
no Governo Geraldo Melo. Acompanhei,
comovido, o seu calvário, embora não pudesse
vê-lo, já que ele ficou, quase o tempo todo,
internado na UTI, proibidas a visitas por
ordem médica. Mas, um dia, quando retornou
ao apartamento do hospital,
pediu aos seus familiares que fosse eu o
primeiro a visitá-lo. Encontrei-o, então, acamado,
muito magro, lívido, a voz débil, mas, sem perder
o senso de humor,
saudou-me: - Manoel Onofre, o condestável da
serra do Martins!
Ri, sem jeito, e profundamente impressionado,
disfarçando o meu assombro diante do seu
estado, disse-lhe palavras de encorajamento.
estado, disse-lhe palavras de encorajamento.
Infelizmente, não pudemos conversar. Tive,
porém a satisfação de constatar que ele estava
bem assistido, cercado pelo carinho dos
familiares, à frente Jailza, a
companheira de todos os dias. Ao deixá-lo,
lembrei-me do que ele me dissera, tempos
atrás: - O meu prazo de validade está vencido.
Não demorou a voltar à UTI, e ali ficou entre a
vida e a morte por mais alguns meses, tendo se
submetido a nada menos de vinte cirurgias. E -
pasmem - ainda encontrou alento para ditar as
suas impressões do hospital, “escrevendo”,
assim, o seu último livro."
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